Quando a coisa aperta, naquelas horas em que os esquemas
mentais a que estamos acostumados a mobilizar se mostram ineficientes, não é
raro que as emoções sobrepujem a razão com mais força do que sói ocorrer
costumeiramente. Tem ocorrido exatamente isso no que diz respeito às avaliações
soi-disant aprofundadas sobre as manifestações que alteraram a rotina de nossas
grandes cidades e deram uma chacoalhada na agenda política nacional.
Isso é o que tem ocorrido, dentre outros, com o conceito de
classe média. Aqui e ali, para embalar “análises”, demoniza-se a dita cuja. O
engraçado é que a definição mesmo, especialmente os dados de realidade que
daria substância à definição, ficam ao largo da discussão.
Acho que algumas pessoas precisam retornar, se não aos
velhos manuais, ao menos a algum texto do Pierre Bourdieu. O sociólogo francês,
mesmo para quem, como é o meu caso, não compra o seu pacote teórico inteiro, é
um santo remédio contra as platitudes.
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