José Genoíno, um dos melhores parlamentares que o PT já teve em toda a sua história, assinou documento contrariando a desastrada posição da direção do partido sobre o conflito na faixa de Gaza. Em um texto, publicado no site do partido, o deputado (acesse aqui sua página) reforça o seu posicionamento. Vale a pena ler!
Gaza - não existe um terror menor que outro
A política externa do governo Lula é baseada na não-intervenção, na paz, no multilateralismo e na busca de solução negociada para os conflitos e não tem se omitido diante de nenhum fato importante no mundo nestes últimos 6 anos.
Isto está na base da orientação que o governo tem adotado frente aos acontecimentos em Gaza. A posição clara do Brasil em condenar a invasão israelense e em invocar o cessar fogo, somadas a iniciativas concretas - como a recente viagem do ministro Celso Amorim ao Oriente Médio - demonstram a mudança de rumo do Itamaraty sob o comando do governo Lula.
Os críticos desta viagem não compreendem que a diplomacia não é só elaboração de notas ou a defesa deste ou daquele setor comercial. A miopia, o preconceito e o sectarismo impedem que alguns analistas da mídia e setores da oposição percebam o sentido estratégico deste tipo de ação. Missões como esta não podem ser avaliadas pelo seu resultado imediato. É um processo! Por isso, seu sucesso ou seu fracasso só podem ser mensurados dinamicamente. É o Brasil construindo uma posição de prestígio no cenário mundial, já visíveis no crescimento das relações comerciais com os países árabes e na intensificação das relações com o Estado de Israel.
É importante, na condenação à ação militar israelense na Faixa de Gaza e a suas bárbaras consequências, reafirmarmos referenciais e valores já estabelecidos na política internacional do PT ao longo destes 28 anos. A legitimidade histórica, institucional e legal do estado de Israel e a defesa incondicional da criação do estado palestino, bem como a condenação de qualquer tipo de ação terrorista fazem parte, há muito tempo, do programa petista.
Nenhuma ação terrorista pode justificar a barbárie, a violência, a destruição e os assassinatos de civis, noticiados nos últimos dias pela imprensa mundial. Da mesma forma, não se pode estabelecer níveis proporcionais ou fazer comparações para ações bárbaras. Nossa repulsa à barbárie não depende do seu tamanho ou da magnitude, porque não existe um terror menor que outro. Por outro lado, em minha opinião, não é correto equiparar o que foram as práticas nazistas com as atitudes dos militares israelenses e isso não deve fundamentar nosso repúdio às atitudes de Israel em Gaza. Até porque setores da sociedade israelense como intelectuais e entidades de defesa dos direitos humanos, se mobilizam e se articulam na defesa do cessar fogo e na denúncia da crueldade de algumas ações do Exército de Israel.
Para concluir, não é demais lembrar que os conflitos no Oriente Médio são historicamente complexos, de difícil solução. A conquista da paz naquela região exige dos líderes e da opinião pública mundial, dos partidos políticos e da sociedade muita determinação e vontade política. Só assim construiremos uma ordem mundial justa, pacífica e democrática.
José Genoino é deputado federal pelo PT-SP
quarta-feira, 28 de janeiro de 2009
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