Augusto Boal foi uma das referências de minha geração. O "teatro do oprimido" expressou a possibilidade de um fazer artístico que rompia com os limites convencionais nos quais até então se enquadrava as manifestações supostamente "engajadas na transformação". As minhas primeiras lições sobre o significado da obra de Boal me foram passadas, no início da década de 1980, por Bosco Cariri. Bosco era, então, ator, diretor teatral, agitador cultural e mais um bocadão de coisas. E, como poucos, espantou a mesmice e varreu a mediocridade provinciana que imperava no ME (Movimento Estudantil) da UFRN naqueles anos mágicos. Suas esquetes teatrais marcaram todo um período. Eu era então um campônio amedrontado, recém chegado ao estranho mundo da Universidade e da capital. Pois Bosco apostou em mim e eu descobri no teatro uma forma de superar a timidez do sertanejo. Durante anos, na UFRN, fui identificado como "Bandeijão" (um personagem que o Bosco criou e me fez encenar pelos mais diversos espaços da Universidade). E como esse personagem me ajudou!
A morte do Boal me pegou de jeito. E uma forma de manter viva a sua lembrança é rememorar o que ele significou para mim e para minha geração. E lembrar que, na esquina do Atlântico Sul, um cara chamado Bosco Cariri fazia das lições de Boal uma forma de re-inventar mundos e mudar pessoas.
terça-feira, 5 de maio de 2009
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário