segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Um bom filme

Mother and Child é um bom filme! "Destinos ligados", esse o nome que a película ganhou em português. É um filme com narrativa criativa, ótimos atores e uma direção segura (Rodrigo Garcia, que vem a ser filho do escritor Gabriel Garcia Marquez).

A sinopse do filme (que eu capturei do site http://pt-br.paperblog.com/cine-dicas-video-hobby-15-55260/) é a seguinte:

"Três mulheres vivem histórias diferentes e ao mesmo tempo ligadas por um único tema: a adoção. Elizabeth (Naomi Watts) é uma advogada inteligente e bem-sucedida que usa seu corpo para conseguir o que quer, e é através do seu charme que ela inicia um romance com o chefe (Samuel L. Jackson). Karen (Annette Bening) é uma profissional da saúde, muito sensível e amável, mas que esconde este seu jeito humano e vive amargurada. Isso porque ela engravidou aos 14 anos, entregou a filha Elizabeth para adoção há quase 40 anos e não supera a dor por ter tomado esta decisão. Lucy (Kerry Washington) é uma mulher casada que não consegue engravidar e resolve recorrer à adoção para ter a família que tanto deseja."


Se você se orientar apenas pela sinopse, acho que não vai se abalar para vê-lo. Posso te assegurar que é uma estória bem articulada, com emoção na dose certa, um humor corrosivo e um painel muito atual das relações raciais nos EUA. Eu gostei!
Confira o trailer abaixo!

Um bom artigo sobre a realidade social mexicana

A guerra contra (e entre) os cartéis de narcotraficantes mexicanos merece toda a nossa atenção. Podemos e devemos tirar algumas lições. Para não repetirmos os mesmos erros e a mesma tragédia. Por isso, assim que possível, posto alguma coisa sobre o México neste espaço.

Hoje, prá variar, sairei do jornalismo e postarei um texto mais acadêmico. Publicado na revista NOVOS ESTUDOS CEBRAP. Confira abaixo!

Notas para entender a realidade mexicana


Víctor Manuel Durand Ponte
tradução: Luciana Pudenzi



A imagem que os meios de comunicação de massa apresentam do México, para o exterior e para o interior do país, é a de uma sociedade em crise e em franco processo de deterioração.

A crise social tem como indicador mais perceptível e divulgado a violência do crime organizado, seja internamente (luta entre diferentes cartéis ou organizações), seja nos confrontos com as instituições do Estado (forças armadas e polícia), seja, ainda, na violência contra a sociedade, que acomete especialmente jornalistas e vítimas inocentes dos conflitos armados. A violência cada vez mais intensa1, brutal e sangrenta gera a impressão de que o Estado é incapaz de conter e punir os culpados. Afirma-se, inclusive, que o Estado mexicano seria um Estado falido.

À imagem da violência acrescenta-se ainda outro elemento, também muito noticiado, menos conjuntural e mais permanente: a migração ilegal de mexicanos para os Estados Unidos. Calcula-se que cerca de 400 mil migrantes cruzam a fronteira anualmente, em busca da oportunidade de trabalho que não encontram no México ou para reunir-se com seus familiares já radicados nos Estados Unidos. Sem dúvida, isso é um indicador da falta de dinamismo do mercado de trabalho interno, que encontra sua solução parcial no trânsito migratório. Sem essa válvula de escape, a miséria, o desemprego e a informalidade no México seriam muito maiores, e os conflitos sociais a eles associados ainda mais intensos2.

Estes dois temas também constituem os pontos críticos das relações entre o México e os Estados Unidos. Felizmente, há um espírito de cooperação entre os governos, mas a questão não deixa de ser um fator de tensão política e diplomática, especialmente com os setores conservadores do país do norte.

A crise possui também uma expressão econômica, talvez menos divulgada, mas igualmente grave. A última demonstração disso foi a recessão enfrentada pela economia mexicana em 2009, a maior entre os países da América Latina (com queda de 6, 5% no PIB). No entanto, o problema é maior, como demonstra o fraco crescimento econômico dos últimos trinta anos (média anual de 2% de crescimento do PIB)3. Paradoxalmente, a crise contrasta com a estabilidade macroeconômica que o país manteve na última década.

Por fim, outra imagem da realidade mexicana que preocupa os observadores é o espectro de uma espécie de fracasso do regime democrático, fracasso que se expressa no "inevitável" retorno do Partido Revolucionário Institucional (PRI) à presidência4. Não há como deixar de pensar que isso significa a volta do velho autoritarismo, sobretudo porque, nos últimos anos, o PRI não se reformulou, persistindo com os mesmos dirigentes do período autoritário, com suas velhas ideias e hábitos.

Como explicar essa situação? Como entender que, embora outros países da região tenham desenvolvimento econômico e social muito significativos (como o Brasil e o Chile, mas também o Peru ou a Colômbia), o México esteja vivenciando, aparentemente, uma dinâmica muito diferente? Como explicar a fragilidade da democracia mexicana?

Neste breve ensaio, pretendo apenas assinalar alguns elementos que possam ajudar a compreensão, de maneira geral, do que está ocorrendo.

Para se compreender a realidade mexicana, é necessário levar em consideração dois grandes processos. Em primeiro lugar, a mudança na economia mexicana, que passou do modelo de desenvolvimento voltado para dentro (por meio da substituição de importações) a uma economia mundial aberta, com ênfase no mercado mundial. O segundo processo são as transformações do sistema político, a crise do velho sistema autoritário centrado no presidencialismo, no nacionalismo revolucionário, e a criação de uma democracia eleitoral, com importantes modificações nas instituições políticas. Estes processos, que constituíram dois círculos viciosos, dificultam a solução da violência gerada pelo crime organizado e pelas migrações ilegais, assim como por toda a dinâmica do país.

Parto da hipótese de que os processos se deram por decisões governamentais que geraram verdadeiros círculos viciosos e introduziram a sociedade mexicana em um movimento de franca decadência. Isso implica que havia alternativas, mediante outras decisões; não houve, nem há , nada predeterminado.

Na próxima seção, apresentarei uma descrição da violência associada ao crime organizado e recordarei os fatores básicos do fenômeno migratório. Em seguida, abordarei o processo que desembocou no círculo vicioso da economia mexicana. Prosseguirei tratando das mudanças no sistema político e seu desdobramento na frágil democracia eleitoral. Por fim, algumas conclusões.



A CRISE SOCIAL

A atividade mais divulgada do crime organizado é o narcotráfico, mas não é a única - a ele, unem-se o tráfico de armas5 e o tráfico de pessoas, tanto o relativo à migração para os Estados Unidos, como o tráfico ligado à prostituição nacional e internacional. A isso somam-se, ainda, o sequestro de pessoas para a exigência de resgates, o roubo de veículos e sua venda, inclusive em solo estrangeiro, o roubo em grande escala de combustíveis da empresa Pemex6 etc.

No caso do narcotráfico, seu início remonta aos anos da Segunda Guerra Mundial, quando se cultivou maconha no estado de Sinaloa (sede do cartel mais poderoso) para consumo do exército norte-americano em combate. A presença dos grupos que cultivavam e comercializavam as drogas não se interrompeu; pelo contrário, tornou-se cada vez mais complexa à medida que o consumo na sociedade norte-americana aumentou e que o cultivo em outros países da América do Sul requeria, para que a droga chegasse aos Estados Unidos, a intermediação de organizações mexicanas. Assim, os cartéis da droga fortaleceram-se e internacionalizaram-se, enquanto os volumes de drogas e de dinheiro cresceram exponencialmente.

Durante muitos anos, as organizações criminosas mantiveram-se na obscuridade - embora se soubesse de sua existência e de suas relações com os governos locais e até com o governo nacional. Seu aparecimento no espaço público na última década deveu-se a muitos fatores, mas cabe assinalar os seguintes como os mais relevantes: (1) as organi-zações criminosas7 tinham territórios bem definidos e havia um acordo de não interferir nas áreas controladas por outro cartel. Esse acordo foi rompido quando certas rotas de tráfego foram fechadas por intervenção do Estado, obrigando as organizações a entrar em territórios já ocupados. Em alguns casos houve alianças, em outros, guerra. (2) O consumo de narcóticos no país aumentou, formando-se um mercado interno que era abastecido por intrincadas redes de narcotraficantes até a chegada ao consumidor final. Esses mercados também passaram a ser áreas de disputa por parte das organizações. (3) A cumplicidade entre as organizações e os governantes, a polícia e o poder Judiciário foram crescendo e ameaçando a autonomia do Estado, em especial em alguns estados da República e em determinados municípios em que o controle do crime organizado era intolerável. As disputas entre os cartéis envolviam funcionários do governo, dividindo-os e enfrentando-os. No final do século passado e nos primeiros anos do atual, a presença e a atividade do narcotráfico e das organizações criminosas tornou-se inaceitável para o governo federal.

(...)
Leia o artigo completo aqui

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Qual Parnamirim?

Parnamirim, sim! O slogan pegou, em 2008. E alavancou a vitória eleitoral do candidato apoiado pelo agora deputado estadual Agnelo Alves, Maurcío Marques. Sim, dizemos sim para Parnamirim. Mas qual Parnamirim? O município que mais cresce no RN carece de uma unidade. É como um menino que cresceu demais e ainda tem a cabeça infantil. Grandão, mas abobalhado...

Parnamirim é condomínio de luxo, conjuntos residenciais antigos, áreas militares, indústrias, armazéns, praia, torres gigantescas e... favelas e vilas. Passos importantes foram dados, mas a administração municipal necessita urgentemente construir uma visão totalizante da gestão do município que caminha para ser o segundo do RN. E, mais que isso, trabalhar para construir uma unidade, algo que agregue e dê sentido à frágil identidade que hoje articula os moradores do município que se gaba de ter sido o Trampolim da Vitória na Segunda Guerra.

O desafio não é pequeno. Uma coisa é uma cidade; outra, um ajuntamento. Parnamirim ainda pode ser uma cidade. Ter uma gestão municipal com visão global do seu território. Pode, e eu acrescentaria que deve, construir uma pauta própria, não subordinada a esse trem desgovernado que é Natal.

Mas, para que isso ocorra, é necessário um choque de gestão. Precisa azeitar a máquina administrativa para recuperar e fornecer sentido à essa Parnamirim que precisa emergir. O ordenamento espacial é, nesse sentido, fundamental. Ordenar a ocupação e uso do solo urbano é um dos maiores desafios colocados para a cidade. Para conseguir fazer isso, não há saída!, tem-se que romper com os clientelismos e parternalismos das gestões passadas. E é necessário também uma articulação dos órgãos de fiscalização e das promotorias.

À Prefeitura deveria caber o papel de liderança institicional de uma governança urbana renovada de Parnamirim. O prefeito deveria reunir órgãos públicos, empresários e lideranças da sociedade civil local e traçar algumas metas simples e exequíveis. E institucionalizar um fórum de acompanhamento dessas ações.

Quais as ações? Em primeiro lugar, uma vigilância acurada sobre o cumprimento das normas de ocupação do território. Aqui, de imediato, caberia a aprovação de um Código de Postura novo e adequado para uma cidade de quase duzentos mil habitantes. Em segundo lugar, a Prefeitura deveria fortalecer a vigilância sanitária e a Secretaria de Meio Ambiente, com recursos, mas também com instrumentos legais, para o ordenamento do espaço público. E isso deveria ocorrer em todo o município, não apenas na faixa litorânea. De Passagem de Areia até Cotovelo, esse choque deveria ser sentido.

Algumas áreas do município estão tomadas por águas servidas. Estas formam pequenos riachos. Produzem imagens dantescas, típicas dos retratos feitos por historiadores sobre as cidades medievais. Um espetáculo vergonhoso! É necessário investir contra isso, logo. Enquanto as obras de saneamento básico não saem do papel, é necessário coibir os excessos e fazer pequenos reparos.

Juntar todos os órgãos públicos em um mutirão de limpeza urbana pode elevar a auto-estima da população local. Mas é preciso também atuar firmemente contra as ocupações abusivas e ilegais dos espaços públicos por grandes e pequenos negócios. Certamente, alguns vereadores reclamarão disso, dado que alguns dos que têm quiosques nos canteiros são seus protegidos. Mas caberá ao prefeito pensar grande. Pensar no direito à cidade para todos!

A degradação ambiental tem como efeito perverso a queda da auto-estima da população e a diminuição de responsabilidade para com os espaços públicos. A Secretaria de Meio Ambiente do município deveria ser equipada, juntamente com a Vigilância Sanitária, para a realização de ações conjuntas.

A ausência de um ordenamento espacial aumenta o stress urbano e potencializa situações violentas. Esse o caso da poluição sonora. A Prefeitura pode, e deve, ter um importante papel na segurança pública. Nesse sentido, a fiscalização e o consequente impedimento de funcionamento em horários inapropriados de bares e boates, ao contrário do que possa parecer à primeira vista, receberão um apoio forte da população.

Parnamirim entrou na sua hora da verdade. Para o Prefeito Maurício Marques, feliz ou infelizmente, esse momento veio a ocorrer durante a sua gestão. Dois anos já se passaram. Algumas coisas importantes foram feitas (ou continuaram sendo feitas, já que herdadas da gestão anterior), mas é preciso muito mais. É preciso marcar. Parnamirim tem tudo para ser uma vitrine positiva para o prefeito. Para que isso venha a ocorrer, ele não precisa apenas repetir o "sim" à Parnamirim, mas também responder qual a Parnamirim que ele quer no seu último dia de mandato.

Minha coluna no Terra Magazine

Acesse aqui a minha coluna de hoje no Terra Magazine.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Uma ponte para Natal, por favor!

A abertura de uma cratera na BR 101, à altura do Rio Pitimbu, na entrada da cidade, transformou em um tormento a vida de quem se dirige a Natal. A capital do Rio grande do Norte ainda conta como principal acesso àquele que nos foi legado pelos militares norte-americanos, na Segunda Guerra.

Com um lado da rodovia interditado, a única solução foi a utilização de duas das pistas do lado contrário, de saída de Natal. Com essa situação, quem mora em Parnamirim, que é o meu caso, está pagando um dobrado danado para trabalhar em Natal.

A mobilidade urbana na Grande Natal já é caótica, agora o caldo entornou. E ainda tem gente levando a sério a idéia de sede da Copa do Mundo. Fala sério!

Se não fosse o PSOL...

... o bigodudo do Maranhão teria se transformado em unanimidade nacional. Gostei do discurso do candidato do partido da Heloisa Helena. Bem diferente, por sinal, do estilo que caracterizou a ex-senadora alagoana.

Voltei!!!!

Após alguns dias, minhas férias possíveis, estou cá, de volta, no batente. Mas as coisas prá fazer são tantas que, oh!, falta-me tempo tranqüilo para umas inserções mais longas neste espaço que eu amo cultivar.

Bom ano para todos e que nos encontremos sempre por aqui.