Qual o papel de Lula no PT? Confira abaixo a análise de Renato Janine Ribeiro. Eu a transcrevi do Blog Leituras do Favre. O artigo foi publicado originalmente no sempre muito bom VALOR ECONÔMICO.
Lula na sucessão do PT
Por Renato Janine Ribeiro*
Já antes de 2010, o presidente Lula decidiu quem concorreria pelo PT nas principais eleições daquele ano – uma ministra de perfil técnico, ex-militante de esquerda mas que nunca disputara uma eleição. Vários nomes foram excluídos devido a escândalos – Dirceu, Palocci – mas Lula também escanteou outros que poderiam ganhar a indicação, como Jaques Wagner, Patrus Ananias, os dois Suplicy ou Tarso.
Desde o ano passado, o ex-presidente Lula defende para as principais eleições de 2012 – as da cidade de São Paulo – um ministro de perfil técnico, militante de esquerda no passado mas que nunca disputou eleição oficial. Lula assim exclui líderes petistas que poderiam até ganhar na convenção, como Marta ou Eduardo Suplicy.
O esquema se repete. Vejo quatro explicações para ele, que enumero, caso alguém queira ensaiar um rápido teste:
1) Lula tem um faro político incrível, que o faz encontrar soluções criativas para problemas difíceis;
Lula tem intuição mas pode abusar na autoconfiança
2) Lula acha que tem um faro político incrível, que o faz crer na sua intuição mais que no diálogo com os próprios correligionários;
3) Lula sabe que o PT não consegue, sozinho, ganhar o centro do poder. Por isso, monta cenários que acabam beneficiando um partido que, perdoai-o, nem sempre sabe o que faz;
4) Lula descrê dos procedimentos institucionais, que fariam um partido aprender por ensaio e erro, e usa seu carisma para impor soluções que dão certo para o PT mas o mantêm imaturo, dependente dele.
Se quiser, escolha uma ou duas respostas, antes de continuar a leitura.
Vamos ao “gabarito”. Quem cravou o ímpar tem bom juízo de Lula. Acredita que, sem ele, o PT viverá dificuldades. Concorda que a sucessão do líder carismático, que dominou o partido por trinta anos, seja conduzida por ele mesmo. Já quem preferiu as respostas pares receia que Lula enfraqueça as instituições – incluindo o próprio PT, que talvez não sobreviva a ele.
Mas, com esta interpretação, não abri minha resposta. Na verdade, são todas. Lula é um gênio da política – e acredita tanto em sua intuição que não se acha igual aos outros atores. Lula é o tutor necessário, que ajudou o PT a crescer e agora busca um sucessor – e o pai onipresente que impede o filho de crescer. Chegamos aqui ao limite tanto de Lula quanto do PT. Eles cresceram juntos. Já observei que quase todos os líderes petistas nasceram entre 1945 e 1950. Em 2018 será quase impossível um deles disputar a Presidência. Seria deixar a mesma geração no comando político por três décadas, isso depois de ter ela chefiado a oposição por vinte anos. Dilma, apenas dois anos mais nova que ele, pôde suceder-lhe em 2010. Já Tarso (por exemplo), se concorresse em 2018, estaria tarde – não por causa dos 71 anos que terá, mas porque manteria a mesma faixa etária do mesmo partido dirigindo o país.
Por que o PT jamais conseguiu definir um líder que, nem de longe, se comparasse a Lula? O Partido dos Trabalhadores nasceu, em 1980, como algo radicalmente novo. Não tinha débitos com os partidos comunistas, nem com a principal tradição marxista. Era criação de sindicalistas – tanto que velhos comunistas ainda hoje não o perdoam por isso: por ter líderes trabalhadores que não se subordinavam aos apparatchik do Partido – somados a dirigentes de lutas novas, como as comunidades de base católicas, movimentos de periferia e até defensores da descriminação da maconha. No mundo, não há partido de esquerda que tenha ao mesmo tempo o impacto, a dimensão e essa natureza não ou pouco comunista do PT. Daí que ele fosse a epítome do que era moderno. Daí que, quando quem ficou no PMDB se cansou de Quércia e foi fundar o PSDB – oito anos depois do PT -, ele também quisesse ser um “partido moderno”. Isso levou, nos dois casos, a tentar novas formas e conteúdos.
Aí começa o problema. O PSDB tinha muito cacique e pouco índio. Seus chefes podiam ser respeitados, mas isso não bastava para organizar o partido. Não fosse a intervenção externa de Itamar Franco, que pinçou o líder menos “povão” do partido para fazê-lo presidente, teríamos uma federação de iguais, talvez se matando uns aos outros. Como FHC foi o escolhido, e ficou oito anos na Presidência, um mandato inédito no Brasil, o partido se acertou. Só não conseguiu, até hoje, renovar-se, mas esse é outro problema.
Já o PT – a agremiação mais inovadora em termos de costumes, mais radical dentre os grandes partidos brasileiros – paradoxalmente nunca se emancipou de seu grande líder carismático. Eis o problema: o PT seria racional, mas seu chefe lidera pelo carisma, que não é razão, mas sentimento.
Daí, a encruzilhada do PT. Se Lula continuar escolhendo, é melhor para o sucesso e talvez dê para, depois, o partido encontrar sua via. Mas se, com todos os seus líderes, o PT não consegue promover de baixo para cima a sucessão nas principais escolhas de 2010 e 2012, precisando da intervenção do chefe, um risco paira. Sempre é difícil passar do carisma para a instituição – de Gaulle foi o grande exemplo disso, na França. O ideal para o PT seria seus candidatos e filiados lançarem quem queiram, ouvindo Lula, mas apenas ouvindo. O partido poderia perder alguma eleição mas, a longo prazo, se emanciparia. Deixaria de ser o partido de Lula para ser ele mesmo. Mas, na política, geralmente se prefere a vitória logo; passar do carisma à instituição sempre é difícil; e num país como o nosso, multipartidário até a medula dos ossos, talvez seja mesmo absurdo um partido prescindir do líder que deu certo. Pois o PSDB, que é a negação do carisma e a exaltação das instituições, não sente a mesma enorme dificuldade para substituir FHC?
* Renato Janine Ribeiro é professor titular de ética e filosofia política na Universidade de São Paulo.
E-mail rjanine@usp.br
terça-feira, 6 de setembro de 2011
Como tenho inveja dos ingleses!
Não tenho complexo de vira-lata e nem costumo praticar esse esporte pátrio que é passar a vida a falar mal das coisas e das pessoas destas plagas. Muito antes pelo contrário. Se não me ufano em demasia deste país, 5º lugar mundial em homicídios, também não se pode dizer que eu não cultive, em canteiros pequenos é certo, alguns referentes de esperança.
Bueno, mas algumas vezes, não tão raras assim, quando paro e analiso a produção das ciências sociais brasileiras, dou-me conta do nosso atraso. Especialmente, quando comparo o que fazemos com o que é feito no mundo anglo-saxônico.
Veja o caso dos distúrbios ocorridos há pouco mais de um mês em algumas das principais cidades inglesas. Fosse aqui, ainda estaríamos devorando artigos carregados de achismos. Ou, o que não refrescaria, elaborações prenhes de referências àquelas, como direi?, “ferramentas conceituais” que Bourdieu, com uma boa dose de ironia, uma vez denominou de “sociologia mole”. Nesta, abundam referências a um tal de “imaginário”...
E o que fizeram os cientistas ingleses diante do caos que tomou conta de suas grandes cidades? Foram fazer ensaios obscuros? Longe disso! Foram pesquisar! Montaram rapidamente baterias de questionários e saíram à campo, no calor dos acontecimentos, para auscultar a, como é que se diz nestas bandas?, “voz rouca” das ruas.
O resultado é um baita projeto de estudos, que ainda vai dar muito o que falar.
Bom, os caras de lá também não encontram as nossas barreiras burocráticas, é bom que fique claro. Nem bem o rolo começou e os caras logo conseguiram com que duas fundações (Joseph Rowntree Foundation e Open Society Foundations) apoiassem o seu projeto de pesquisa. Pragmáticos, eles não foram inventar a roda. Que é isso? Não! Os caras pegaram um modelo e o utilizaram. Qual modelo? Um survey aplicado quando dos distúrbios de Detroit em 1967.
O projeto de pesquisa incorporou técnicas qualitativas e quantitativas. O Guadian, um grande jornal inglês, entrou no projeto e facilitou o acesso a um banco de dados do cacete: informações substanciais sobre 1.100 pessoas que compareceram diante das autoridades judiciais como vítimas de ocorrências no período.
O mesmo jornal, em tempo recorde, organizou ainda uma base de dados com as mensagens postadas nas chamadas redes sociais.
Logo, logo, os caras vão estar produzindo baitas estudos sobre distúrbios.
Diga aí: não é para ter inveja?
Bueno, mas algumas vezes, não tão raras assim, quando paro e analiso a produção das ciências sociais brasileiras, dou-me conta do nosso atraso. Especialmente, quando comparo o que fazemos com o que é feito no mundo anglo-saxônico.
Veja o caso dos distúrbios ocorridos há pouco mais de um mês em algumas das principais cidades inglesas. Fosse aqui, ainda estaríamos devorando artigos carregados de achismos. Ou, o que não refrescaria, elaborações prenhes de referências àquelas, como direi?, “ferramentas conceituais” que Bourdieu, com uma boa dose de ironia, uma vez denominou de “sociologia mole”. Nesta, abundam referências a um tal de “imaginário”...
E o que fizeram os cientistas ingleses diante do caos que tomou conta de suas grandes cidades? Foram fazer ensaios obscuros? Longe disso! Foram pesquisar! Montaram rapidamente baterias de questionários e saíram à campo, no calor dos acontecimentos, para auscultar a, como é que se diz nestas bandas?, “voz rouca” das ruas.
O resultado é um baita projeto de estudos, que ainda vai dar muito o que falar.
Bom, os caras de lá também não encontram as nossas barreiras burocráticas, é bom que fique claro. Nem bem o rolo começou e os caras logo conseguiram com que duas fundações (Joseph Rowntree Foundation e Open Society Foundations) apoiassem o seu projeto de pesquisa. Pragmáticos, eles não foram inventar a roda. Que é isso? Não! Os caras pegaram um modelo e o utilizaram. Qual modelo? Um survey aplicado quando dos distúrbios de Detroit em 1967.
O projeto de pesquisa incorporou técnicas qualitativas e quantitativas. O Guadian, um grande jornal inglês, entrou no projeto e facilitou o acesso a um banco de dados do cacete: informações substanciais sobre 1.100 pessoas que compareceram diante das autoridades judiciais como vítimas de ocorrências no período.
O mesmo jornal, em tempo recorde, organizou ainda uma base de dados com as mensagens postadas nas chamadas redes sociais.
Logo, logo, os caras vão estar produzindo baitas estudos sobre distúrbios.
Diga aí: não é para ter inveja?
segunda-feira, 5 de setembro de 2011
domingo, 4 de setembro de 2011
Negociando o futuro dos outros
A Prefeitura de Natal e o Governo do Estado estão pleiteando empréstimos de grande monta junto ao Banco Mundial. Eles comprometerão receitas futuras. A destinação dos recursos não é muito clara.
O que os governantes de plantão estão fazendo, seguindo prática já iniciada nas gestões anteriores, é negociar o futuro das próximas gerações. Como não existe almoço grátis, como não cansam de nos alertar os acacianos, a dívida vai estourar no colo das futuras gerações.
Poucas vozes tem se levantado contra uma situação que compromete a sustentabilidade financeira das próximas gestões. O Deputado Fernando Mineiro (PT) é uma delas. A TRIBUNA DO NORTE, outra.
A sociedade civil do RN precisa monitorar esses empréstimos. E cobrar uma ação mais eficaz dos órgãos de fiscalização.
O que os governantes de plantão estão fazendo, seguindo prática já iniciada nas gestões anteriores, é negociar o futuro das próximas gerações. Como não existe almoço grátis, como não cansam de nos alertar os acacianos, a dívida vai estourar no colo das futuras gerações.
Poucas vozes tem se levantado contra uma situação que compromete a sustentabilidade financeira das próximas gestões. O Deputado Fernando Mineiro (PT) é uma delas. A TRIBUNA DO NORTE, outra.
A sociedade civil do RN precisa monitorar esses empréstimos. E cobrar uma ação mais eficaz dos órgãos de fiscalização.
sábado, 3 de setembro de 2011
Clóvis Rossi e a grita em defesa da autonomia do Banco Central
O veterano Clóvis Rossi, articulista da Folha e um dos grandes jornalistas deste país, comenta, em coluna no UOL, a grita contra suposta perda de autonomia do Banco Central. Confira!
Abaixo a histeria (e a independência)
Clóvis Rossi
É espantosa a histeria desatada pela decisão do Banco Central de reduzir a taxa de juros.
Histeria não pela redução em si, que, a esse respeito, as opiniões se dividem. Lembra até velha piada sobre econometria, mas que vale para a economia em geral. É assim: dois econometristas saem para caçar patos. O primeiro atira e erra por meio metro à direita. O segundo atira, erra por meio metro à esquerda e grita: acertamos.
Pois é, palpite de economista é assim, quase sempre e com exceções que apenas confirmam a regra.
No caso dos juros, a histeria se deu porque grande número de economistas e colunistas de economia decretaram que a decisão do BC equivale a sepultar a independência do Banco Central, o que seria, na opinião dessa turma, uma tragédia de proporções bíblicas. Bobagem.
Cito o editorial da Folha a respeito: "Tomá-la [a redução dos juros] como sintoma de revés na autonomia do BC diante das pressões políticas do Planalto seria precipitado".
Aliás, defender a independência como regra de ouro me parece total equívoco. Quem tem legitimidade para decidir a política econômica é quem foi eleito ou eleita para defini-la, no caso, a presidente Dilma Rousseff. O BC não é uma instância eleita. Recebe apenas a delegação do Executivo, o que implica, por elementar bom senso, que deva estar sintonizado com a política de quem lhe delega poderes.
A "rationale" por trás da tese da independência é a de que políticos são incapazes de fazer uma política econômica séria, porque gostam de gastar demais, e, portanto, precisam de uma babá severa, que seria o BC. É um raciocínio torpe porque despreza a hipótese de que o BC também faça barbeiragens. A crise de 2008/09 demonstrou à sociedade que o BC norte-americano foi em boa medida irresponsável o suficiente para facilitar a eclosão da crise.
(Diga-se que, no Brasil, aconteceu o contrário).
Sempre que critico a teologia em torno da independência do BC vem alguém --em geral economista-- para lembrar o exemplo dos Estados Unidos e, por extensão, da arqui-louvada independência do Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos.
Minha resposta: como o Fed errou na crise, prefiro erros praticados pelos políticos, que são eleitos para fixar políticas e podem ser cobrados, nas urnas, pelos erros que eventualmente cometerem, ao passo que o presidente do Fed não é facilmente demissível.
Segunda resposta: é lenda a independência total que se atribui ao Fed. Quem duvida que leia "Maestro", a biografia de Alan Greenspan, ex-presidente do Fed. Nela, verifica-se que o então presidente George H. Bush (pai de George W.) chamava à Casa Branca o então presidente do BC, Paul Volcker, hoje aliás assessor de Obama, para ponderar que a economia estava desacelerando, o que implicava a necessidade de reduzir juros.
Bush pai não dizia diretamente que era preciso baixar os juros, em respeito à autonomia do BC, mas, curiosamente, o juro baixava pouco depois. E ninguém via na coincidência o fim da independência do BC. Apenas uma manifestação de bom senso.
Aqui no Brasil, um monte de gente mostra todos os dentes porque Dilma Rousseff teve comportamento idêntico ao de George H., com resultado também idêntico. Pura histeria tropical.
Que o BC tenha autonomia relativa é até bom porque introduz uma instância menos sujeita às tensões da política no xadrez das decisões sobre economia. Mas daí a pretender que possa tomar decisões que colidam com a linha geral da política econômica de um governo legitimamente eleito para isso é um delírio.
Abaixo a histeria (e a independência)
Clóvis Rossi
É espantosa a histeria desatada pela decisão do Banco Central de reduzir a taxa de juros.
Histeria não pela redução em si, que, a esse respeito, as opiniões se dividem. Lembra até velha piada sobre econometria, mas que vale para a economia em geral. É assim: dois econometristas saem para caçar patos. O primeiro atira e erra por meio metro à direita. O segundo atira, erra por meio metro à esquerda e grita: acertamos.
Pois é, palpite de economista é assim, quase sempre e com exceções que apenas confirmam a regra.
No caso dos juros, a histeria se deu porque grande número de economistas e colunistas de economia decretaram que a decisão do BC equivale a sepultar a independência do Banco Central, o que seria, na opinião dessa turma, uma tragédia de proporções bíblicas. Bobagem.
Cito o editorial da Folha a respeito: "Tomá-la [a redução dos juros] como sintoma de revés na autonomia do BC diante das pressões políticas do Planalto seria precipitado".
Aliás, defender a independência como regra de ouro me parece total equívoco. Quem tem legitimidade para decidir a política econômica é quem foi eleito ou eleita para defini-la, no caso, a presidente Dilma Rousseff. O BC não é uma instância eleita. Recebe apenas a delegação do Executivo, o que implica, por elementar bom senso, que deva estar sintonizado com a política de quem lhe delega poderes.
A "rationale" por trás da tese da independência é a de que políticos são incapazes de fazer uma política econômica séria, porque gostam de gastar demais, e, portanto, precisam de uma babá severa, que seria o BC. É um raciocínio torpe porque despreza a hipótese de que o BC também faça barbeiragens. A crise de 2008/09 demonstrou à sociedade que o BC norte-americano foi em boa medida irresponsável o suficiente para facilitar a eclosão da crise.
(Diga-se que, no Brasil, aconteceu o contrário).
Sempre que critico a teologia em torno da independência do BC vem alguém --em geral economista-- para lembrar o exemplo dos Estados Unidos e, por extensão, da arqui-louvada independência do Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos.
Minha resposta: como o Fed errou na crise, prefiro erros praticados pelos políticos, que são eleitos para fixar políticas e podem ser cobrados, nas urnas, pelos erros que eventualmente cometerem, ao passo que o presidente do Fed não é facilmente demissível.
Segunda resposta: é lenda a independência total que se atribui ao Fed. Quem duvida que leia "Maestro", a biografia de Alan Greenspan, ex-presidente do Fed. Nela, verifica-se que o então presidente George H. Bush (pai de George W.) chamava à Casa Branca o então presidente do BC, Paul Volcker, hoje aliás assessor de Obama, para ponderar que a economia estava desacelerando, o que implicava a necessidade de reduzir juros.
Bush pai não dizia diretamente que era preciso baixar os juros, em respeito à autonomia do BC, mas, curiosamente, o juro baixava pouco depois. E ninguém via na coincidência o fim da independência do BC. Apenas uma manifestação de bom senso.
Aqui no Brasil, um monte de gente mostra todos os dentes porque Dilma Rousseff teve comportamento idêntico ao de George H., com resultado também idêntico. Pura histeria tropical.
Que o BC tenha autonomia relativa é até bom porque introduz uma instância menos sujeita às tensões da política no xadrez das decisões sobre economia. Mas daí a pretender que possa tomar decisões que colidam com a linha geral da política econômica de um governo legitimamente eleito para isso é um delírio.
Ainda sobre a autonomia do Banco Central
Paulo Linhares, no artigo deste final de semana, acerta o alvo: aborda as escaramuças da imprensa nacional a respeito de suposta quebra da autonomia do Banco Central. Vale a pena conferir!
A AUTONOMIA DO BANCO CENTRAL
PAULO AFONSO LINHARES
A vida dos presidentes da República não é fácil. Cada ato que pratica agrada uns e desagrada sempre muitos outros. Veja-se, p. ex., a questão da evolução da taxa Selic, que é a taxa de juros fixada pelo Conselho de Política Monetária (COPOM), do Banco Central do Brasil, e que se constitui no mais importante balizador da economia nacional, do ponto de vista da política monetária. O saudoso ex-vice-presidente das República no governo Lula, José Alencar da Silva, passou oito anos, entre uma sessão de quimioterapia e outra, a bradar aos céus contra a alta da taxa Selic. E não foi ouvido. Do mesmo modo, todas as importantes lideranças empresariais do país e setores importantes da imprensa nacional faziam coro contra os altos juros do Brasil.
Na atual gestão da presidente Dilma, a Selic continuou a subir, como esses perigosos balões juninos, mas, nesta última semana, para surpresa geral o COPOM resolveu derrubar, de uma só vez, meio (0,5%) ponto percentual dessa taxa, recuando dos 12,5% para 12%. O mundo veio abaixo, sobretudo, com prevalência de um argumento de que a baixa se deu por pura pressão do Palácio do Planalto, pois tanto o ministro Guido Mantega quanto a própria presidente Dilma se manifestaram a favor de um arrefecimento da taxa Selic. Em suma, por essa gritaria toda teria ocorrido uma perda da autonomia do Banco Central, algo de sacrossanto respeito nos governos FHC e Lula.
Bobagem. Em primeiro lugar porque institucionalmente o Banco Central não goza da mesma autonomia que os seus congêneres da Inglaterra, Estados Unidos da América, Alemanha ou Suécia. A questão é que os presidentes FHC e Lula ainda tinham muito presente a questão do combate à inflação, esta que se mantém em níveis moderados com uma política de altas taxas de juros. E preferiram que as autoridades monetárias, à frente o presidente do Banco Central, definissem os rumos da política econômica, mas, reservaram para si, sempre e sempre, a última palavra sobre ela. Neste momento de muita incerteza no cenário econômico mundial - cena que FHC não vislumbrou e que Lula somente viu no final do seu segundo governo - não parece ser prudente manter juros altos que, entre outros efeitos, reprime o crescimento da economia ao mesmo tempo em que anestesia o dragão inflacionário; é necessário, sim, manter um bom nível de crescimento econômico e de fortalecimento do mercado interno, este, aliás, que tem sido a salvação da economia brasileira neste contexto de crise econômica que de alastrou no mundo após a explosão da "bolha" norte-americana. Em segundo lugar, porque na era Lula, com especialidade, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, gozava de um enorme prestígio interno e externo, além de ser o responsável pela condução da política monetária.
Em suma, a presidente Dilma não deu um golpe e nem subtraiu a autonomia do Banco Central, como esbravejou um magote de analistas econômicos e empedernidos oposicionistas. Claro, por trás do desejo da manutenção de juros altos estão os grandes especuladores estrangeiros e nacionais que, quase sem nenhum risco, vêm acumulando enormes ganhos nos últimos 15 anos sem qualquer interrupção, uma atividade posto que lícita e, numa certa medida, necessária, que finda por esterilizar a economia, impedido, como impede, o crescimento econômico. Tudo bem, podem até dizer que o governo Dilma tem, agora, uma postura bem pessimista sobre os rumos da economia mundial, de modo a correr o risco de inflação maior, porém, para propiciar que o Brasil mantenha uma ritmo de crescimento que, no mínimo, seja aproximado das outras economias emergentes que compõem o bloco conhecido como BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China) e condizente com a ideia de desenvolvimento professada pelo pensador Amartya Sen, prêmio Nobel de Economia, segundo a qual "o desenvolvimento consiste na eliminação de privações de liberdade que limitam as escolhas e as oportunidades das pessoas de exercer ponderadamente sua condição de agente". Sen faz uma feliz aproximação entre economia e ética, algo bem distante do que desejam aqueles que especulam com a felicidade dos povos do mundo, esses jogadores de um pôquer macabro que sempre enchem os bolsos a cada elevação dos juros. Vermes nojentos! Essas coisas traz-nos à mente, de modo compulsivo e inevitável, aquele poema de Bertolt Brecht (in Poemas, p. 85) que diz: "Como pode a voz que vem das casas/ Ser a da justiça/ Se nos pátios estão os desabrigados? Como pode não ser um embusteiro aquele que/ Ensina aos famintos outras coisas/ Que não a maneira de abolir a fome? Quem não dá pão ao faminto/ Quer a violência. Quem na canoa não tem/ Lugar para os que se afogam/ Não tem compaixão. Quem não sabe de ajuda/ Que cale." Que cale mesmo e não diga besteiras.
A AUTONOMIA DO BANCO CENTRAL
PAULO AFONSO LINHARES
A vida dos presidentes da República não é fácil. Cada ato que pratica agrada uns e desagrada sempre muitos outros. Veja-se, p. ex., a questão da evolução da taxa Selic, que é a taxa de juros fixada pelo Conselho de Política Monetária (COPOM), do Banco Central do Brasil, e que se constitui no mais importante balizador da economia nacional, do ponto de vista da política monetária. O saudoso ex-vice-presidente das República no governo Lula, José Alencar da Silva, passou oito anos, entre uma sessão de quimioterapia e outra, a bradar aos céus contra a alta da taxa Selic. E não foi ouvido. Do mesmo modo, todas as importantes lideranças empresariais do país e setores importantes da imprensa nacional faziam coro contra os altos juros do Brasil.
Na atual gestão da presidente Dilma, a Selic continuou a subir, como esses perigosos balões juninos, mas, nesta última semana, para surpresa geral o COPOM resolveu derrubar, de uma só vez, meio (0,5%) ponto percentual dessa taxa, recuando dos 12,5% para 12%. O mundo veio abaixo, sobretudo, com prevalência de um argumento de que a baixa se deu por pura pressão do Palácio do Planalto, pois tanto o ministro Guido Mantega quanto a própria presidente Dilma se manifestaram a favor de um arrefecimento da taxa Selic. Em suma, por essa gritaria toda teria ocorrido uma perda da autonomia do Banco Central, algo de sacrossanto respeito nos governos FHC e Lula.
Bobagem. Em primeiro lugar porque institucionalmente o Banco Central não goza da mesma autonomia que os seus congêneres da Inglaterra, Estados Unidos da América, Alemanha ou Suécia. A questão é que os presidentes FHC e Lula ainda tinham muito presente a questão do combate à inflação, esta que se mantém em níveis moderados com uma política de altas taxas de juros. E preferiram que as autoridades monetárias, à frente o presidente do Banco Central, definissem os rumos da política econômica, mas, reservaram para si, sempre e sempre, a última palavra sobre ela. Neste momento de muita incerteza no cenário econômico mundial - cena que FHC não vislumbrou e que Lula somente viu no final do seu segundo governo - não parece ser prudente manter juros altos que, entre outros efeitos, reprime o crescimento da economia ao mesmo tempo em que anestesia o dragão inflacionário; é necessário, sim, manter um bom nível de crescimento econômico e de fortalecimento do mercado interno, este, aliás, que tem sido a salvação da economia brasileira neste contexto de crise econômica que de alastrou no mundo após a explosão da "bolha" norte-americana. Em segundo lugar, porque na era Lula, com especialidade, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, gozava de um enorme prestígio interno e externo, além de ser o responsável pela condução da política monetária.
Em suma, a presidente Dilma não deu um golpe e nem subtraiu a autonomia do Banco Central, como esbravejou um magote de analistas econômicos e empedernidos oposicionistas. Claro, por trás do desejo da manutenção de juros altos estão os grandes especuladores estrangeiros e nacionais que, quase sem nenhum risco, vêm acumulando enormes ganhos nos últimos 15 anos sem qualquer interrupção, uma atividade posto que lícita e, numa certa medida, necessária, que finda por esterilizar a economia, impedido, como impede, o crescimento econômico. Tudo bem, podem até dizer que o governo Dilma tem, agora, uma postura bem pessimista sobre os rumos da economia mundial, de modo a correr o risco de inflação maior, porém, para propiciar que o Brasil mantenha uma ritmo de crescimento que, no mínimo, seja aproximado das outras economias emergentes que compõem o bloco conhecido como BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China) e condizente com a ideia de desenvolvimento professada pelo pensador Amartya Sen, prêmio Nobel de Economia, segundo a qual "o desenvolvimento consiste na eliminação de privações de liberdade que limitam as escolhas e as oportunidades das pessoas de exercer ponderadamente sua condição de agente". Sen faz uma feliz aproximação entre economia e ética, algo bem distante do que desejam aqueles que especulam com a felicidade dos povos do mundo, esses jogadores de um pôquer macabro que sempre enchem os bolsos a cada elevação dos juros. Vermes nojentos! Essas coisas traz-nos à mente, de modo compulsivo e inevitável, aquele poema de Bertolt Brecht (in Poemas, p. 85) que diz: "Como pode a voz que vem das casas/ Ser a da justiça/ Se nos pátios estão os desabrigados? Como pode não ser um embusteiro aquele que/ Ensina aos famintos outras coisas/ Que não a maneira de abolir a fome? Quem não dá pão ao faminto/ Quer a violência. Quem na canoa não tem/ Lugar para os que se afogam/ Não tem compaixão. Quem não sabe de ajuda/ Que cale." Que cale mesmo e não diga besteiras.
sexta-feira, 2 de setembro de 2011
A autonomia do Banco Central
No Blog do Alon, com a argúcia de sempre, o jornalista Alon Feuerwerker aborda medida da Presidenta Dilma dando um chega prá lá na banca. Vale a pena conferir!
Levanta e anda
Alon Feuerwerker
Ainda falta muito. Falta principalmente acabar com a espoliação das pessoas e empresas pelos bancos. Se Dilma quiser mesmo avançar nessa trilha, e se conseguir, já terá justificado o mandato dela
Alguém um dia tinha que tomar uma providência. Dilma Rousseff tomou. Deixou o Banco Central numa situação em que o Comitê de Política Monetária não teve como persistir na linha de sempre.
Guerras são assim. Por mais que se planeje, desenhe, considere, pondere, quando ela começa é sempre diferente do previsto. E quem precisa guerrear e fica esperando eternamente pelas condições ideais acaba derrotado sem luta.
Onze entre dez autoridades, economistas, empresários, consultores e jornalistas especializados dizem que o Brasil vai bem. Eu não chegaria a tanto, dado nosso crescimento modestíssimo, na comparação com os primos emergentes.
Mas é verdade que as finanças brasileiras estão razoavelmente em ordem, temos reservas, que aliás custam caríssimo. Temos inflação incômoda, mas o governo diz que vai colocar na descendente. A ser cobrado.
Então por que nossos juros são os maiores do mundo?
Não apenas os que o Estado paga para rolar sua dívida, mas também e principalmente os cobrados do tomador em banco. O infeliz que não conhece o endereço do BNDES nem está pendurado em subsídio.
Já tive oportunidade de escrever que parte da nossa saúde financeira deriva de uma doença.
Nossos bancos estão melhor que os de outras paragens porque emprestam de menos e cobram demais. O brasileiro deve relativamente pouco mas compromete muito da renda com o pagamento das obrigações financeiras.
Os últimos governos tiveram o mérito de controlar a inflação. Parabéns. Mas o controle da inflação não é a parada final do bonde. O objetivo de qualquer país é produzir prosperidade, oportunidades, bem estar.
O Brasil cresce pouco. As bravatas sobre como seria fácil subir o PIB potencial para além de 4% viraram fumaça. Em condições normais de temperatura e pressão, o governo Dilma estará condenado a um porvir medíocre e a um desfecho idem.
Ainda mais se for esperar pelas “grandes reformas” que nunca virão. É uma esperteza dos nababos. Pedir o impossível para justificar o injustificável. Já que não dá para desmontar o welfare state brazuca, melhor não mexer com a banca.
Errado. Um bom método na administração de encrencas é criar o problema para acelerar a solução. Em vez de esperar pelo dia de São Nunca, agir agora. Em vez de se atolar no pântano congressual das reformas supostamente indispensáveis, levantar e andar.
O Brasil pratica um juro básico real de 6%. Aqui, uma pergunta de leigo. O que mudaria se a remuneração real dos títulos do governo baixasse para 3%, num planeta em que os governos dos países desenvolvidos praticam juro real zero ou negativo?
Iríamos à breca? O mundo acabaria? Tenho minhas dúvidas.
Disseram que o mundo ia acabar quando a Constituinte enfiou um monte de direitos trabalhistas e sociais na Carta Magna. A licença-maternidade de quatro meses, por exemplo, provocaria o fim do emprego formal feminino.
Para 2012, o salário mínimo brasileiro tem previsão de ir a quase 400 dólares. Mesmo descontada a hipervalorização do real, é um número glamoroso.
O país, felizmente, não esperou pela solução estrutural definitiva de todos os problemas da previdência para aumentar decididamente o valor do mínimo.
E o Brasil não acabou. Nem vai acabar.
A decisão do Copom de baixar a taxa básica de juros em meio ponto percentual é animadora, ainda mais se for somente o início da caminhada. Pois falta muito. Falta principalmente acabar com a espoliação das pessoas e empresas pelos bancos.
Se Dilma quiser mesmo avançar nessa trilha, e se conseguir, nem que parcialmente, já terá justificado o mandato dela.
Autonomias
Ouvem-se lamentos pela suposta perda de autonomia do Banco Central.
A autonomia não é um fim em si. Qualquer instituição da República recebe o bônus ou paga o ônus pelo exercício das atribuições.
Se age bem, fortalece-se. Se age mal, enfraquece-se.
A Câmara dos Deputados, por exemplo, exerceu sua autonomia ao absolver na terça-feira a deputada Jaqueline Roriz. Os que não gostaram pediram uma limitação na autonomia dos deputados.
Pediram o fim do voto secreto.
O voto no Copom também é secreto. Sabe-se o resultado das votações, mas não se sabe quem votou como.
Contra esse voto secreto não se notam tantas reclamações assim.
Curioso.
Levanta e anda
Alon Feuerwerker
Ainda falta muito. Falta principalmente acabar com a espoliação das pessoas e empresas pelos bancos. Se Dilma quiser mesmo avançar nessa trilha, e se conseguir, já terá justificado o mandato dela
Alguém um dia tinha que tomar uma providência. Dilma Rousseff tomou. Deixou o Banco Central numa situação em que o Comitê de Política Monetária não teve como persistir na linha de sempre.
Guerras são assim. Por mais que se planeje, desenhe, considere, pondere, quando ela começa é sempre diferente do previsto. E quem precisa guerrear e fica esperando eternamente pelas condições ideais acaba derrotado sem luta.
Onze entre dez autoridades, economistas, empresários, consultores e jornalistas especializados dizem que o Brasil vai bem. Eu não chegaria a tanto, dado nosso crescimento modestíssimo, na comparação com os primos emergentes.
Mas é verdade que as finanças brasileiras estão razoavelmente em ordem, temos reservas, que aliás custam caríssimo. Temos inflação incômoda, mas o governo diz que vai colocar na descendente. A ser cobrado.
Então por que nossos juros são os maiores do mundo?
Não apenas os que o Estado paga para rolar sua dívida, mas também e principalmente os cobrados do tomador em banco. O infeliz que não conhece o endereço do BNDES nem está pendurado em subsídio.
Já tive oportunidade de escrever que parte da nossa saúde financeira deriva de uma doença.
Nossos bancos estão melhor que os de outras paragens porque emprestam de menos e cobram demais. O brasileiro deve relativamente pouco mas compromete muito da renda com o pagamento das obrigações financeiras.
Os últimos governos tiveram o mérito de controlar a inflação. Parabéns. Mas o controle da inflação não é a parada final do bonde. O objetivo de qualquer país é produzir prosperidade, oportunidades, bem estar.
O Brasil cresce pouco. As bravatas sobre como seria fácil subir o PIB potencial para além de 4% viraram fumaça. Em condições normais de temperatura e pressão, o governo Dilma estará condenado a um porvir medíocre e a um desfecho idem.
Ainda mais se for esperar pelas “grandes reformas” que nunca virão. É uma esperteza dos nababos. Pedir o impossível para justificar o injustificável. Já que não dá para desmontar o welfare state brazuca, melhor não mexer com a banca.
Errado. Um bom método na administração de encrencas é criar o problema para acelerar a solução. Em vez de esperar pelo dia de São Nunca, agir agora. Em vez de se atolar no pântano congressual das reformas supostamente indispensáveis, levantar e andar.
O Brasil pratica um juro básico real de 6%. Aqui, uma pergunta de leigo. O que mudaria se a remuneração real dos títulos do governo baixasse para 3%, num planeta em que os governos dos países desenvolvidos praticam juro real zero ou negativo?
Iríamos à breca? O mundo acabaria? Tenho minhas dúvidas.
Disseram que o mundo ia acabar quando a Constituinte enfiou um monte de direitos trabalhistas e sociais na Carta Magna. A licença-maternidade de quatro meses, por exemplo, provocaria o fim do emprego formal feminino.
Para 2012, o salário mínimo brasileiro tem previsão de ir a quase 400 dólares. Mesmo descontada a hipervalorização do real, é um número glamoroso.
O país, felizmente, não esperou pela solução estrutural definitiva de todos os problemas da previdência para aumentar decididamente o valor do mínimo.
E o Brasil não acabou. Nem vai acabar.
A decisão do Copom de baixar a taxa básica de juros em meio ponto percentual é animadora, ainda mais se for somente o início da caminhada. Pois falta muito. Falta principalmente acabar com a espoliação das pessoas e empresas pelos bancos.
Se Dilma quiser mesmo avançar nessa trilha, e se conseguir, nem que parcialmente, já terá justificado o mandato dela.
Autonomias
Ouvem-se lamentos pela suposta perda de autonomia do Banco Central.
A autonomia não é um fim em si. Qualquer instituição da República recebe o bônus ou paga o ônus pelo exercício das atribuições.
Se age bem, fortalece-se. Se age mal, enfraquece-se.
A Câmara dos Deputados, por exemplo, exerceu sua autonomia ao absolver na terça-feira a deputada Jaqueline Roriz. Os que não gostaram pediram uma limitação na autonomia dos deputados.
Pediram o fim do voto secreto.
O voto no Copom também é secreto. Sabe-se o resultado das votações, mas não se sabe quem votou como.
Contra esse voto secreto não se notam tantas reclamações assim.
Curioso.
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