segunda-feira, 24 de junho de 2013

Onde eu me situo politicamente?

Uma análise multifatorial de minhas posições marcou precisamente o meu lugar no mundo. Isso mesmo! Respondi a um conjunto amplo de questões candentes e aí foi possível encontrar o meu lugar no mundo. E eu que me pensava mais conservador e mais à direita...

Bom, eu acho a coisa toda uma brincadeira. Mas vale a pena fazer o exercício.

Antes de prosseguir, digo que encontrei o caminho após a leitura do Blog do Leonardo Monastério.

No dito exercício, você pode ainda se situar politicamente em relação a alguns personagens políticos importantes da história contemporânea. Eu, por exemplo, estou mais próximo do Delai Lama e de François Hollande do que de Mahmoud Abbas e do chavismo.





Como você pode conferir abaixo, eu estou mais para centro esquerda (mais próximo da direita do que da extrema esquerda, para ser honesto) e assumo uma posição mais libertária. Você quer fazer o teste também? Ok, clique aqui.


domingo, 23 de junho de 2013

Os protestos e um olhar distanciado

EL PAÍS é o melhor jornal disponível na grande rede, isso eu não me canso de escrever. Não ganho nada do diário espanhol para isso, nunca é de mais repetir. Anos de leitura me levaram a esse posicionamento.

Para coroar, o jornalista Juan Arias, correspondente do jornal no Brasil, é uma analista arguto das coisas que ocorrem abaixo da linha do Equador. Por isso, vale a pena conferir a sua avaliação dos protestos que estão a sacudir estes tristes trópicos.

Confira aqui.

Lolita, os intérpretes dos protestos e os corvos

É trágico e cômico. A interpretação de qualquer evento social, especialmente quanto este pode impactar, mesmo que potencialmente, a distribuição de recursos socialmente escassos, está sempre envolta em uma disputa de sentidos. Com os protestos que sacudiram (e ainda sacodem) o país de norte a sul não seria nada diferente.

Esbocei esse posicionamento há dias, antes das mega-manifestações. Depois, vi cientistas sociais menos invisíveis socialmente do que eu martelando a mesma proposição.

Do deslumbramento à condenação apressada, há de tudo no agitado mercado de interpretações dos protestos. Algumas pseudo-análises são escatológicas até dizer chega. Conseguem arrumar em um mesmo texto os lugares-comuns da desconstrução pós-moderna com as velhas consignas da extrema-esquerda.

Cá do meu canto, ainda espreito por um interpretação sociológica. Alimento a esperança, aí está o meu conservadorismo sendo explicitado, de que é a Razão e a análise científica que fornecerão as chaves certas para as interpretações mais consistentes.

Chales Tilly e Raymond Boudon, apenas para citar dois cientistas sociais dignos do título, são referências importantes para esses exercícios. Pierre Bourdieu também nos fornece, ao menos do ponto de vista epistemológico, algumas luzes. Escrevi "ao menos", pois, penso, no que diz respeito à intervenção política o grande sociólogo francês não foi muito feliz. Basta pensarmos nas suas diatribes, descaradamente populistas, contra o tal do "neoliberalismo".

Bom. Mas isso tudo, quando o evento começar a decantar, irá aparecer. No momento, importa não se deixar levar pelas vivandeiras irracionalistas, que, alicerçadas em bases filosóficas tão consistentes quanto pudim de ontem, cantam elegias ao fogo purificador dos "manifestantes".

Se você quiser ler algo inspirador, algo que te leve a pensar sobre os efeitos funestos da destruição "criadora", leia o excepcional livro de Azar Nafisi, LENDO LOLITA EM TEERÃ. Aí você verá como certa esquerda e certos cultores do irracionalismo contribuem para produzir mundos sempre mais tenebrosos do que aqueles do presente.

Sempre que eu vejo essa turma em ação (isto é, digitando os seus vereditos), especialmente quando açulando o ódio às instituições, penso em um velho ditado espanhol: cria cuervos y te sacarán los ojos". Em bom português: "cria corvos e eles te arrancarão os olhos".

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Para uma análise dos protestos

Os protestos que tomaram conta das ruas, avenidas e até estradas do país nos últimos dias estão a cobrar análises substantivas e distanciadas do Fla-Flu ideológico que modula debates acadêmicos e conversas de botequim. Muita calma nessa hora, pessoal.

 Em momentos como este, nos quais o turbilhão de eventos turva o pensamento, nunca é demais lembrar antigas lições da boa e velha sociologia. Refiro-me aquela que se reivindica uma ciência empírica do mundo social, e não ao ensaísmo aligeirado que se legitima usando indevidamente o nome da ciência fundada por Durkheim.

 O que é o Movimento Passe Livre? O que ele quer? O que está produzindo? A velha e boa sociologia nos aconselha a levar em conta os seguintes aspectos na avaliação das ações de um ator (ou de um conjunto deles, vá lá).

 1) O objetivo anunciado não é bem o que parece (o objetivo intencionado pelo ator não é bem aquilo que ele anuncia);

 2) O objetivo anunciado é o que realmente os atores querem, mas suas ações têm outro significado dos quais eles não têm consciência;

3) O objetivo é o que parece – mas a intervenção de forças exógenas transformam o curso da ação de forma qualitativamente distinta, redefinindo os objetivos inicialmente estabelecidos;

4) O objetivo é o que parece – mas a intervenção de outras forças produz consequências não-tencionadas pelos atores; e

5) O objetivo é o que parece – mas a sua realização está condicionada por eventos fortuitos, estranhos ao plano original.

 Assim sendo, algumas vezes, o resultado (ou a situação resultante da intervenção de um ator ou de um conjunto de atores) que estamos analisando pode se traduzir no seguinte:

a) O objetivo real não é o aparente;

b) O objetivo real não é o que os atores realmente realizaram;

 c) O objetivo real emerge do contexto da ação;

d) O objetivo original é real, mas é realizado por uma inesperada combinação de eventos.

terça-feira, 18 de junho de 2013

É uma propaganda da Google, certo, mas é bem bacana.

Tá, ok, é propaganda. Mas é bem legal. Confira! Dá para pensar um pouco sobre a ideia de espaço público nos dias atuais. Especialmente em tempos de manifestações como as ocorridas ontem. As quais, como não poucos dizem, expressam a força de uma sociedade em rede.

domingo, 16 de junho de 2013

Manual de Sobrevivência na Universidade

Estou a ler o ótimo MANUAL DE SOBREVIVÊNCIA NA UNIVERSIDADE, da lavra do Professor Leonardo Monastério. O gajo, além de tocar uns sete instrumentos, pilota um blog e é professor universitário.

O livro é fenomenal. Você vai se deliciar com as dicas do professor. A linguagem utilizada não é a usual. Com um humor fino, ele aborda as trilhas e atalhos da vida acadêmica. Especialmente aquela que se desenrola abaixo da linha do Equador.

Vá lá, compre o livro. O único senão é que ele somente está disponível na forma de E-book. E você terá que compra-lo no site da Amazon (tem um site brasileiro da dita cuja...). Se você já tem o Kindle, sabe o caminho das pedras. Se não, instale em seu computador ou tablete o aplicativo da livraria. Aí você poderá adquirir e se deliciar com a obra.

Ah! O preço? Mais barato do que um café e um pão de queijo em qualquer aeroporto: R$ 8,90.

sábado, 15 de junho de 2013

O culto ao camponês e a regressão intelectual nas ciências sociais


Até os meus dezesseis anos residi na Várzea do Apodi. Naquele universo, as práticas econômicas dominantes eram capitalistas. Havia agricultura de subsistência, é certo e muita reciprocidade, especialmente no que dizia respeito à alimentação. Mas as práticas que moldavam a sociabilidade eram capitalista, não camponesas.

Tanto a cultura do arroz quanto o extrativismo vegetal da cera de carnaúba eram moldados por práticas que dificilmente não identificaríamos como capitalistas. Bom. Isso faz nada menos que 30 anos.

Pois não é que três décadas depois, no universo acadêmico, embalados pelo populismo político, o campesinato ressurge. Obviamente, esse ressurgimento é, em parte, empreendido com o apoio (ou para o apoio) ao MST, que articula e dá sentido a uma estrutura denominada exatamente Via Campesina. Pois, com espanholismos e tudo o mais...

Esse culto ao camponês não está fora de uma cultura de elevação a estatuto merecedor de respeito dessa coisa regressiva chamada bolivarianismo. São irmãos siameses. E, ambos, são alimentados no universo das ciências sociais por pessoas que se dizem (ou se tomam) como críticas.

É claro que tem certo encanto, pelo exotismo e pela citação retrô, a estética guevarista cultuada pelos atores vinculados a essas forças sociais e acadêmicas. Penso que deve fazer tremer as bases dos velhos saudosistas do socialismo real.

O impressionante é que a galera não se dá conta de alguns fatos históricos ligados a relação entre a esquerda bolchevique (que alimenta o seu imaginário) e os camponeses. Nunca é demais lembrar a truculência que marcou a ação do Exército Vermelho, guiado por Trotsky, contra os camponeses ucranianos liderados por Nestor Makno.

Nesse universo, sobram poucas vozes para lembrar coisas óbvias. Dentre elas, aquela de que a agricultura familiar, definida oficialmente por lei no Brasil, é uma construção sócio-política recente, que precisa ser problematizada por uma ciência do social que não se quede inerte diante do mundo fabricado pelos atores.

E essa coisa populista vai se avolumando. Há alguns dias, um curso na área de agronegócios, que seria promovido por um centro de uma universidade federal, foi inquisitorialmente torpedeado pelo barulho populista. A turma queria, de qualquer jeito, e em nome do compromisso ético político da instituição, empurrar a agricultura familiar na proposta.

Nesse universo, é necessário o vigo científico e a disposição para levar bordoadas de uma Zander Navarro para levantar algum dique contra a criação de mitos desastrosos. Um deles, persistente, é o de que existe algo, uniforme, passível de ser identificado sob a rubrica de agricultura familiar. Outro, não menos pernicioso, é o de que é essa agricultura a responsável pela produção alimentar do país.