sábado, 12 de novembro de 2011

O mala do Malafaia e a homofobia

O texto abaixo é impagável.

O pastor e o poste

Por Michel Blanco . 11.11.11 - 19h04


O pastor Silas Malafaia cometeu o que se pode chamar de “ato fálico”. Em novo episódio de sua longa cruzada contra militantes da causa gay, o líder da igreja Assembleia de Deus Vitória em Cristo prometeu “fornicar”, “arrombar” e “arrebentar” Toni Reis, presidente da ABGLT (Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais). Significa? Ronnie Von que o diga.

As ameaças foram feitas em entrevista à “Época”. A reportagem faz o resumo da história. Mas o discurso agressivo contra gays não é novidade na retórica de Malafaia. A internet abriga um amplo acervo de suas pregações raivosas. Esse ódio todo não é exclusividade dele e nem de grupos evangélicos em si, claro. Sobram católicos na mesma toada. Ainda bem que são uma parcela dos fiéis de cada lado.

Mas por quê essa turma é tão obcecada com o fiofó alheio? Difícil entender essa fissura. É preciso mesmo criar um inimigo para manter ou arregimentar fiéis? Não falta “o mal” num país de desigualdade socioeconômica assombrosa. Conheço pouco das escrituras (fico satisfeito com o “Gênesis” de Robert Crumb), mas até onde sei Jesus é um exemplo de humanismo e compreensão. Pelo visto, até hoje o cara estaria à frente de nosso tempo. Talvez achasse graça do iconoclasta Jesus Manero.

Há uma proliferação de grupos religiosos ultraconservadores no Congresso Nacional, dispostos a ditar regras em temas caros a todos os brasileiros e que não lhes dizem respeito especificamente, como saúde pública e segurança. Mas é fundamental para o exercício da democracia que os diversos segmentos da sociedade, inclusive religiosos, sejam representados no Legislativo. O que não se pode aceitar, para o bem de todos em um Estado laico como o Brasil, é que esses grupos afrontem a consolidação de direitos civis básicos, como na questão da união homoafetiva. Cidadania plena não vale também para os gays?

A monotonia do discurso de quem busca a “salvação” alheia a todo custo até dá para encarar. Mas pregar cacetada em gay sob a justificativa de liberdade religiosa ou defesa da palavra de Deus não está no jogo, irmão. Não no Brasil.

Além disso, alimentar tanto rancor no coração não deve fazer bem ao espírito. Fica então uma dica para Silas Malafaia: acrescente um pouco de ternura em sua fala. Talvez possa seguir o exemplo de um usuário do YouTube, MrPhatLips, e subir no poste pela glória do Senhor (vídeo abaixo). Quem sabe atinja a elevação necessária para superar tanto ódio contra os gays.

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