quarta-feira, 28 de novembro de 2012
domingo, 25 de novembro de 2012
Alan Daniel estréia blog. Com muito estilo.
O Professor Alan Daniel Lacerda é um dos cientistas políticos mais competentes que eu conheço. Antenado com as discussões de ponta da sua área, ele não subordina suas avaliações aos ditames do modismo e nem das conveniências políticas e ideológicas. Vale a pena ler o que ele escreve, portanto. Agora, o cara está com um blog. Isso mesmo! Um blog para escrever sobre política. E o primeiro post está muito legal. Confira aqui!
terça-feira, 20 de novembro de 2012
O conflito Israel e palestinos
Na
guerra, a primeira vítima é sempre a verdade. Os fatos sempre são construídos a
partir das óticas das partes em conflito. No Brasil, a esquerda fecha sempre com
um lado. Nem sempre com uma visão muito crítica das posturas e dos pressupostos
desse lado. Daí, a importância de levarmos em conta outros atores. Por isso,
abaixo, a visão de alguém ligada a esquerda europeia. Trata-se de artigo originalmente
publicado no EL PAÍS e traduzido pelo EX-BLOG DO CÉSAR MAIA.
(Sami Nair - El País, 16) 1. Mais uma vez, os palestinos e os israelenses se tornam reféns e vítimas das políticas desastrosas de seus líderes. Mais mortos, feridos, tragédias humanas. Por que desta vez? Há várias razões: por parte de Israel, a preparação das eleições legislativas que o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, quer ganhar à custa da “extrema” direita que faz parte de seu governo de coalizão. Neste caso, nada melhor do que um confronto com os palestinos para mostrar que é ele quem pode "defender" melhor os israelenses. Para isso, assassina o líder militar do Hamas, causando a reação imediata deste movimento com o lançamento de foguetes contra Israel.
2. Os israelenses também anunciaram claramente a sua intenção de bombardear a Autoridade Palestina, caso essa continue buscando a proclamação de um Estado palestino na Assembleia Geral da ONU. Em 24 de outubro, o ministro das Relações Exteriores de Israel, Avigdor Lieberman, político de extrema-direita, disse em uma conversa com a representante da União Europeia, Catherine Ashton, que, no caso da demanda palestina prosperar, não haveria escolha senão "derrubar" Abbas e destruir a Autoridade Nacional Palestina. Talvez os bombardeios sobre Gaza sejam o primeiro passo dessa vontade.
3. Na mesma linha, a estratégia de Israel de assassinatos "planejados", colocada em ação com total impunidade por mais de 15 anos, permite reviver o conflito cada vez que surge uma centelha de solução política. Este direito de matar e derrubar governos, juntamente com a suspeita de que os serviços de segurança de Israel envenenaram Yasser Arafat, dá uma noção de até onde pode chegar o Estado judeu. Finalmente, também é muito provável que os líderes israelenses, de acordo com alguns setores do governo norte americano, busquem, em caso de conflito com os palestinos, testar a reação da Irmandade Muçulmana, que atualmente está no poder no Egito.
4. Por outro lado, a Autoridade Palestina e o Hamas também estão em uma corrida eleitoral. O Hamas tem interesse em radicalizar o confronto militar com os ocupantes israelenses, e a Autoridade Palestina, liderada por Mahmud Abbas, precisa de algo para enfrentar seus adversários religiosos, pois é claro que a eleição da paz negociada com a comunidade internacional fracassou. Um Estado palestino ao lado de Israel parece cada vez mais uma quimera, por outro lado, a "coabitação" armada e sangrenta entre os dois povos está se tornando um destino implacável.
5. Na verdade, estamos diante de uma guerra dos cem anos, que com a disseminação de armas de destruição em massa, acabará em uma conflagração destrutiva, não somente para os dois adversários, mas para toda a região. Não é uma ameaça distante. A balcanização a que estamos assistindo, com a provável destruição do Estado-nação sírio depois do Iraque; o auge dos movimentos radicais religiosos, agora diretamente apoiados pelas potências ocidentais; a possibilidade de um bombardeio israelense ao Irã; a inevitável reação deste país diretamente sobre Israel e sobre os países pró-americanos do Golfo, na verdade aliados de Israel (especialmente a Arábia Saudita); além da intervenção inevitável do Hezbollah no sul do Líbano, são os ingredientes que estão fazendo a região entrar em ebulição.
6. Para definir este tipo de situação, o filósofo Francis Herbert Bradley dizia amarga e ironicamente: "Quando tudo vai mal, não deve ser tão mal provar o pior". Dessa forma os apóstolos da guerra podem prosperar livremente no Oriente Médio.
(Sami Nair - El País, 16) 1. Mais uma vez, os palestinos e os israelenses se tornam reféns e vítimas das políticas desastrosas de seus líderes. Mais mortos, feridos, tragédias humanas. Por que desta vez? Há várias razões: por parte de Israel, a preparação das eleições legislativas que o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, quer ganhar à custa da “extrema” direita que faz parte de seu governo de coalizão. Neste caso, nada melhor do que um confronto com os palestinos para mostrar que é ele quem pode "defender" melhor os israelenses. Para isso, assassina o líder militar do Hamas, causando a reação imediata deste movimento com o lançamento de foguetes contra Israel.
2. Os israelenses também anunciaram claramente a sua intenção de bombardear a Autoridade Palestina, caso essa continue buscando a proclamação de um Estado palestino na Assembleia Geral da ONU. Em 24 de outubro, o ministro das Relações Exteriores de Israel, Avigdor Lieberman, político de extrema-direita, disse em uma conversa com a representante da União Europeia, Catherine Ashton, que, no caso da demanda palestina prosperar, não haveria escolha senão "derrubar" Abbas e destruir a Autoridade Nacional Palestina. Talvez os bombardeios sobre Gaza sejam o primeiro passo dessa vontade.
3. Na mesma linha, a estratégia de Israel de assassinatos "planejados", colocada em ação com total impunidade por mais de 15 anos, permite reviver o conflito cada vez que surge uma centelha de solução política. Este direito de matar e derrubar governos, juntamente com a suspeita de que os serviços de segurança de Israel envenenaram Yasser Arafat, dá uma noção de até onde pode chegar o Estado judeu. Finalmente, também é muito provável que os líderes israelenses, de acordo com alguns setores do governo norte americano, busquem, em caso de conflito com os palestinos, testar a reação da Irmandade Muçulmana, que atualmente está no poder no Egito.
4. Por outro lado, a Autoridade Palestina e o Hamas também estão em uma corrida eleitoral. O Hamas tem interesse em radicalizar o confronto militar com os ocupantes israelenses, e a Autoridade Palestina, liderada por Mahmud Abbas, precisa de algo para enfrentar seus adversários religiosos, pois é claro que a eleição da paz negociada com a comunidade internacional fracassou. Um Estado palestino ao lado de Israel parece cada vez mais uma quimera, por outro lado, a "coabitação" armada e sangrenta entre os dois povos está se tornando um destino implacável.
5. Na verdade, estamos diante de uma guerra dos cem anos, que com a disseminação de armas de destruição em massa, acabará em uma conflagração destrutiva, não somente para os dois adversários, mas para toda a região. Não é uma ameaça distante. A balcanização a que estamos assistindo, com a provável destruição do Estado-nação sírio depois do Iraque; o auge dos movimentos radicais religiosos, agora diretamente apoiados pelas potências ocidentais; a possibilidade de um bombardeio israelense ao Irã; a inevitável reação deste país diretamente sobre Israel e sobre os países pró-americanos do Golfo, na verdade aliados de Israel (especialmente a Arábia Saudita); além da intervenção inevitável do Hezbollah no sul do Líbano, são os ingredientes que estão fazendo a região entrar em ebulição.
6. Para definir este tipo de situação, o filósofo Francis Herbert Bradley dizia amarga e ironicamente: "Quando tudo vai mal, não deve ser tão mal provar o pior". Dessa forma os apóstolos da guerra podem prosperar livremente no Oriente Médio.
quinta-feira, 15 de novembro de 2012
Uma análise psicológica da música que inferniza os nossos dias...
Está nas bocas, nos botequins e em todas as bicicletas de som que pululam nesta cidade do sol. A musiquinha me acompanha na caminhada e me persegue no ônibus. Na farmácia, o atendente fazia loas ao Rei. Vingo-me, então, indicando este blog no qual consta uma interessante análise psicológica da música do Roberto. Confira aqui.
terça-feira, 13 de novembro de 2012
domingo, 11 de novembro de 2012
A defesa dos animais e os anjos que nos habitam
O trecho abaixo, retirado da edição de hoje do EL PAÍS, é a transcrição da parte final da entrevista de Steven Pinker. Perdoem-me pela tradução meia boca, mas achei que valia a pena trazer isso para este espaço.
Quando nos preocupamos em defender os animais nos tornamos melhores como seres humanos. Defender a vida de um animal é um indicador importante porque, nesse caso, as vítimas não estão em condições de se defender. Velar pelos direitos dos animais é questão de razão pura, de pura empatia. É o melhor exemplo de como os anjos que carregamos dentro de nós podem influir de maneira benéfica em nosso comportamento.
Quem quiser ler a entrevista integral, em espanhol, clique aqui.
Quando nos preocupamos em defender os animais nos tornamos melhores como seres humanos. Defender a vida de um animal é um indicador importante porque, nesse caso, as vítimas não estão em condições de se defender. Velar pelos direitos dos animais é questão de razão pura, de pura empatia. É o melhor exemplo de como os anjos que carregamos dentro de nós podem influir de maneira benéfica em nosso comportamento.
Quem quiser ler a entrevista integral, em espanhol, clique aqui.
Quando a FOLHA aborda Cristina Kirchner...
...nem sempre a isenção predomina. Não chega ao discurso escatológico de uma VEJA, mas... temos que ter uma paciência do tamanho de um elefante para continuar a ler as diatribes do jornal paulistano contra o "populismo argentino".
Bueno, o veterano jornalista Paulo Nogueira, que já transitou por órgãos de imprensa os mais diversos nestas e em outras plagas, no seu sempre ótimo DIÁRIO DO CENTRO DO MUNDO, produziu uma análise bem interessante da relação entre o matutino paulistano e o governo da Presidenta argentina. Clique aqui e confira!
sábado, 10 de novembro de 2012
Rarindra Prakarsa
A fotografia de Rarindra Prakarsa é uma exaltação da vida. A iluminação cumpre um papel fundamental no seu trabalho. Você se deleita com a sua obra magistral. Confira aqui.
Uma dica de filme
Um filme emocionante! Comédia? Drama? Denúncia do lugar para onde nos levam os delírios dos que desdenham da "democracia burguesa"? Libelo anti-stalinista? Tudo isso e mais um pouco. É o filme romeno "Casamento Silencioso". Assista o trailer abaixo.
Uma última palavra sobre a ocupação da Reitoria
Chegou ao fim a ocupação da Reitoria. Isolados da comunidade e do entorno social, os ocupantes (há quem fique chocado com o termo invasores, e, como é final de semana, então, vai aí minha concessão...) se retiraram. Os discursos e a estética do, sejamos generosos, "movimento" já foram objetos de outros posts neste espaço.
Uma última palavra sobre a ação, então. Já falei da boçalidade dos "ocupantes". Ressalto agora o fato de eles, nas suas fantasias pseudo-políticas, arrogarem-se o papel de representantes dos estudantes da UFRN.
Não são mais do vinte ou vinte e cinco pessoas, oriundas, quase todas, de uma mesma unidade acadêmica, mas, talvez iluminados por alguma divindade, acham-se OS estudantes da UFRN. Há algo de cômico nessa fantasia. Ouvi-os dizerem que os "outros estudantes" (ou seja, 99,99% dos discentes da UFRN) são "alienados" e "conformistas".
Essa construção delirante encontra referente no discurso de um dos professores que atuou nos bastidores do "movimento", o qual afirmava que a "parte não adormecida" da UFRN estava ocupando a reitoria. Sério! Não é piada.
Após a desocupação e o retorno para a vidinha de pouco estudo, eles serão confrontados com a sua irrelevância política. Para além de sua truculência e dos trejeitos e falatórios que remetem aos atores do crime organizado, poucos rastros de sua "ação revolucionária" permanecerão. Claro!!! Eles incomodaram e constrangeram pessoas, especialmente os funcionários da Reitoria, obrigados a lidar com o desrespeito cotidiano. Mas, quem trabalha e estuda tem mais com o quê se preocupar... Logo, a ocupação da Reitoria será esquecida.
Esquecida? Sim! Isso se os sem-noção que levaram crianças para um ambiente tornado insalubre pela presença pouco higiênica de duas dezenas de pesssoas não tiverem que prestar contas de sua irresponsabilidade perante as autoridades judiciais da área da infância da cidade (jornais da cidade documentaram o fato).
Uma última palavra sobre a ação, então. Já falei da boçalidade dos "ocupantes". Ressalto agora o fato de eles, nas suas fantasias pseudo-políticas, arrogarem-se o papel de representantes dos estudantes da UFRN.
Não são mais do vinte ou vinte e cinco pessoas, oriundas, quase todas, de uma mesma unidade acadêmica, mas, talvez iluminados por alguma divindade, acham-se OS estudantes da UFRN. Há algo de cômico nessa fantasia. Ouvi-os dizerem que os "outros estudantes" (ou seja, 99,99% dos discentes da UFRN) são "alienados" e "conformistas".
Essa construção delirante encontra referente no discurso de um dos professores que atuou nos bastidores do "movimento", o qual afirmava que a "parte não adormecida" da UFRN estava ocupando a reitoria. Sério! Não é piada.
Após a desocupação e o retorno para a vidinha de pouco estudo, eles serão confrontados com a sua irrelevância política. Para além de sua truculência e dos trejeitos e falatórios que remetem aos atores do crime organizado, poucos rastros de sua "ação revolucionária" permanecerão. Claro!!! Eles incomodaram e constrangeram pessoas, especialmente os funcionários da Reitoria, obrigados a lidar com o desrespeito cotidiano. Mas, quem trabalha e estuda tem mais com o quê se preocupar... Logo, a ocupação da Reitoria será esquecida.
Esquecida? Sim! Isso se os sem-noção que levaram crianças para um ambiente tornado insalubre pela presença pouco higiênica de duas dezenas de pesssoas não tiverem que prestar contas de sua irresponsabilidade perante as autoridades judiciais da área da infância da cidade (jornais da cidade documentaram o fato).
quinta-feira, 8 de novembro de 2012
Ofensas e ameaças, não.
A partir de agora, eu removerei todos os comentários que contenham ofensas pessoais e/ou ameaças. Os mesmos ficarão, entretanto, registrados na minha caixa postal. Isso para o caso de se fazer necessária a identificação dos IPs dos remetentes.
quarta-feira, 7 de novembro de 2012
Estado de Direito
Fora do Estado de Direito, resta-nos a barbárie. Podemos e
devemos lutar para alargar os espaços de sociabilidade e multiplicar os territórios
de expressão das múltiplas vozes e posições políticas e ideológicas, mas isso
exige compromissos. Até porque a utilização instrumental das instituições
da sociedade democrática, dentre elas a Universidade, termina por minar as bases de legitimação daquelas, o que, ao fim e ao cabo, produz sempre
resultados políticos e sociais regressivos.
Uma expressão do que apontamos acima é o florescimento, não
apenas no sistema de ensino superior do país, mas em diversos órgãos do Estado
brasileiro, de agrupamento sindicais
que, na busca da realização de seus interesses corporativistas, impõem prejuízos
sociais graves à toda a população. Quando não conspiram abertamente para a
destruição simbólica das instituições que acolhem os seus supostos
representados como servidores.
Tá passando a hora de reagir.
A estética de apologia ao crime na invasão da Reitoria da UFRN
Abaixo, alguns vídeos produzidos pelos invasores da Reitoria da UFRN. Eles estão lá há uma semana.
Não sei se você conseguirá suportar assisti-los até o fim. O material é uma agressão à Universidade enquanto instituição e a todos que a mantém com o suor do seu trabalho. Mas, penso, deve ser visto.
Por quê? Porque é necessário que todos quantos defendemos a Universidade no Brasil de hoje tenhamos clareza a respeito da identidade dos nossos adversários.
Os vídeos expressam a cultura de elegia ao crime organizado que começa a se espraiar por universidades e escolas do ensino médio deste país. Os encapuzados dos vídeos podem até lembrar o os atores dos materiais de propaganda das ações da Al Qaeda, mas, observando-se bem, o gestual e a linguagem rementem claramente ao universo moral e estético das facções criminosas dominantes em vários presídos brasileiros (e em partes significativas do mercado de drogas do país).
Vez ou outra, as falas incorporam termos presentes no universo discursivo do anarquismo. Elaborações vagas e imprecisas, é certo. Em outros momentos, sub-conceitos focaultianas são, como dizer?, rudemente balbuciados. Mas o que fica mesmo, ao final, são as interjeições e os trejeitos típicos dos quadrilheiros que impõem as suas vontades sobre vastas áreas urbanas de cidades dos chamados países em desenvolvimento nas quais a violência legítima do Estado perdeu vastos espaços para a violência brutal da criminalidade organizada.
Claro! Pode-se sempre dizer que tudo é performance. Mas o fato de os invasores da Reitoria cultuarem a estética do crime organizado, particularmente do narcotráfico, é, em si mesmo, emblemático dos horizontes políticos e ideológicos desse "movimento".
Outro aspecto digno de análise é o desprezo boçal que eles cultuam pela instituição que os acolheu. Eis aí algo que mereceria uma análise mais psicanalítica do que propriamente política.
Os vídeos expressam a cultura de elegia ao crime organizado que começa a se espraiar por universidades e escolas do ensino médio deste país. Os encapuzados dos vídeos podem até lembrar o os atores dos materiais de propaganda das ações da Al Qaeda, mas, observando-se bem, o gestual e a linguagem rementem claramente ao universo moral e estético das facções criminosas dominantes em vários presídos brasileiros (e em partes significativas do mercado de drogas do país).
Vez ou outra, as falas incorporam termos presentes no universo discursivo do anarquismo. Elaborações vagas e imprecisas, é certo. Em outros momentos, sub-conceitos focaultianas são, como dizer?, rudemente balbuciados. Mas o que fica mesmo, ao final, são as interjeições e os trejeitos típicos dos quadrilheiros que impõem as suas vontades sobre vastas áreas urbanas de cidades dos chamados países em desenvolvimento nas quais a violência legítima do Estado perdeu vastos espaços para a violência brutal da criminalidade organizada.
Claro! Pode-se sempre dizer que tudo é performance. Mas o fato de os invasores da Reitoria cultuarem a estética do crime organizado, particularmente do narcotráfico, é, em si mesmo, emblemático dos horizontes políticos e ideológicos desse "movimento".
Outro aspecto digno de análise é o desprezo boçal que eles cultuam pela instituição que os acolheu. Eis aí algo que mereceria uma análise mais psicanalítica do que propriamente política.
domingo, 4 de novembro de 2012
A ação dos milicianos na UFRN
O vídeo fala por si só. Assista as cenas tenebrosas e veja como age o parassindicalismo. O material foi produzido por eles próprios. Agora, imagine-se ali no meio, querendo exercitar o seu direito de opinião.
Professora desmente farsa sobre agressão a sindicalista
A Professora Grinaura Medeiro, que, no dia 1º, foi procurada por lideranças sindicais do SINTEST, para corroborar a versão farsesca que eles estavam montando, foi testemunha ocular da suposta agressão praticada pelo Pró-Reitor de Administração da UFRN contra sindicalista.
Agora, em lista da ADURN, ela vem a público desmentir a versão construída pelo parasindicalismo;
"O pro-reitor foi empurrado com violência. Eu vi. "
Agora, em lista da ADURN, ela vem a público desmentir a versão construída pelo parasindicalismo;
"O pro-reitor foi empurrado com violência. Eu vi. "
Professor Roberto Hugo comenta a agressão brutal ao CONSUNI da UFRN
Roberto Hugo, Beto Hugo, comenta, no texto abaixo, publicado originalmente na lista da ADURN a brutalidade cometida pela mílicia parasindical do SINTEST. Trata-se de resposta a um comentário deslocado de um colega.
Caro Luís, gostaria de lhe lembrar que, exatamente por que o tempo dos generais acabou, se o seu olhar for de "crítica " à atual Administração Cental, acho que você poderia ir buscá-la exatamente do lado oposto, ou seja, na falta de autoridade da reitoria com relação às agressões ao Estado de Direito que o SINTEST tem protagonizado. Até recomendo a todos que vejam as explicações de Sandro Pimentel sobre o soco que teria levado do pró-reitor. Inclusive faço questão de dar o link para o vídeo no qual o SINTEST dá sua explicação sobre o incidente (http://youtu.be/TVtJUkaqXdQ ),incluída aí a performance de Sandro como vítima dos "generais de plantão" , na edição o SINTEST divulgou em sua página, via youtube. Não só por amor ao contraditório, mas também por achar que para bom entendedor, bastaria ver aquele vídeo.
Mas sugiro a todos que, antes vejam um vídeo mais factual, ASSUSTADOR, no qual os acontecimentos falam por si sós, e no qual se pode ter uma pálida idéia do que foi a agressão sofrida pelo CONSUNI, no link http://www.youtube.com/watch?v=qGWtaE54GBE
Se possível, imaginem-se naquela reunião, presencialmente, na hora que apagaram todas as luzes e imaginem a gritaria que se ouvia naquele momento e o que estariam mesmo gritando aquelas pessoas bem ao pé dos ouvidos dos membros do Consuni, conforme está registrado no vídeo acima. Ainda mais, para votar um tema relacionado a gestão de hospitais que até pode não ter sido exaurido na área da saude, mas havia sido discutido em todas as unidades da área da saúde, chegando a um impressionante placar de unanimidade nos conselhos do HUAB e do CB, maioria de 33 a 3 no CONSEC da sáude e de 11 a 5 no HUOL. E mais, sendo exaustivamente facultada a palavra para que representantes dos funcionários daqui e de fora pudessem se pronunciar, e até mesmo sendo acatado o encaminhamento de votar a necessidade de um plebiscito sobre a questão, amplamente derrotado na reunião. Leiam ainda a nota do CONSUNI sobre o tema, para ter uma idéia de por onde passou o incidente.
Certamente o tema é polêmico, como tem sido polêmica desde sempre a gestão dos hospitais, com tantas raposas tomando conta de alguns galinheiros, e a discussão acabou ficando meio que restrita ao pessoal da área da saúde e da administração da UFRN. Vamos combinar, bem poucos de nós, cá fora da área da saúde tivemos o saco de prestar maior atenção àquela discussão e, pelo que vi, as opiniões que aqui e ali vejo se manifestarem em redes às quais tenho acesso na UFRN são bem confusas e apressadas, de quem aparenta ter estado bem pouco motivado com a discussão, mas que de repente se sensibiliza com um ou outro aspecto do tema. Um ponto que me parece agravar a agressão feita pelo SINTEST ao Estado de Direito é que o ponto talvez realmente delicado de toda a discussão esteja na questão "ganho de gestão dos hospitais X possibilidades de perda de autonomia acadêmica". Não acredito que este seja o foco do SINTEST pois, vamos e venhamos, no melhor dos casos, o SINTEST está preocupado com a questão funcional dos servidores, nos sócios que o sindicato pode perder com a medida, mas muito pouco com questões ligadas a ensino e pesquisa... Tanto é que a alegação dos dirigentes do SINTEST no vídeo é de privatização da área da saúde, quando a EBSERH é uma empresa 100% pública... Se problemas houver com o formato de gestão proposto, não é por aí e todos os argumentos nesta direção me parecem bem falaciosos...
Até posso concordar que foi um equívoco de João Batista ele ter perdido a cabeça ao se ver tolhido pelos sindicalistas em seu constitucional direito de ir e vir, quando tentava adentrar uma sala de reunião que havia sido convocada para dar continuidade a reunião que houvera sido inviabilizada à força pelo SINTEST, na véspera. Tudo bem, foi um erro. Para mim um erro muito humano, diga-se de passagem, para quem estava naquelas condições. Daí a vir você, meu caro Luís, um professor que conhece esta universidade como poucos, enxergar neste pequeno deslize do pro-reitor uma oportunidade para fazer coro a quem agrediu o Consuni e o estado de direito como o fez o SINTEST, ao ponto de vir a falar num "regime" da reitoria "cada vez mais parecido com o dos generais" me deixa sem adjetivos adequados à mão para qualificar sua posição, para não estragar a amizade que lhe tenho...
Considero muito grave o que está ocorrendo. Não sou daqueles que vêm maiores problemas com excessos juvenis. Trotes de estudantes, fumacês, um pouco de gritaria e de transgressão acho que fazem mesmo parte do momento da vida na qual os estudantes entram nas IFES. Todos nós já fomos jovens, boa parte tem ou teve filhos jovens e sabe como isto se passa...Uns se incomodam mais, outros menos. Eu me incluo entre os mais tolerantes nesta questão, apesar de pessoalmente não me agradarem muitos dos excessos, como seria natural a um coroa de 64 anos. Contudo, a atuação do SINTEST, que se julga no direito de barrar o direito dos outros de ir e vir a todo momento, bem como de inviabilizar instâncias deliberativas me parece algo bem diferente e não pode ficar na mesma caixinha. Se fosse uma ação isolada, até seria aceitável e ficariam na conta de alguns excessos comuns em lutas políticas. Mas não é. Tem virado rotina este tipo de ação do SINTEST. Na verdade, como todos acompanharam na greve, vem ocorrendo em dosagens cada vez mais ousadas... O SINTEST representa uma categoria profissional a qual devemos solidariedade em suas lutas, mas não me parece correto tratá-los como coitadinhos a quem tudo se deva perdoar. Ou pior ainda, ficarmos acuados sem esboçar reação com receios sei lá de que.
Na verdade, caro Luís, voltando ao ponto inicial, se algum problema há, ele reside muito mais na falta de pulso da administração central em trabalhar com as forças políticas que têm recorrido a este tipo de expedientes em todo o país e não no excesso que um professor possa ter cometido ao dar o troco de uma agressão sofrida. Em especial, espero que a administração central consiga garantir o direito dos professores de ir e vir na UFRN, sem ter que apelar para garantí-lo pela força. Isto sim, seria algo muito grave e espero que não precisemos chegar lá. Ou será que deve ser outorgado ao SINTEST o direito de recorrentemente fechar o acesso a recintos no interior da UFRN a seu bel prazer, inviabilizar reuniões de órgãos colegiados da forma que o fez, com apitos, gritarias, apagando a energia e deixando todos no escuro, assustando a todos os presentes, com manifestantes políticos trazidos de outros movimentos sociais com o expresso objetivo de tumultuar a reunião e agredir conselheiros, até mesmo trazendo alunos secundaristas ao recinto, enganando-os que se tratava de uma palestra sobre saúde... Até quando?
Ao contrário de você, o que espero da administração central nesta questão é pulso mais firme com os dirigentes do SINTEST responsáveis pelas agressões ao Estado de Direito que tanto nos custou a todos conquistar, bem como um diálogo mais direto com o restante da UFRN de modo a poder melhor partilhar dificuldades como esta que hoje enfrenta. abs
RHB
Caro Luís, gostaria de lhe lembrar que, exatamente por que o tempo dos generais acabou, se o seu olhar for de "crítica " à atual Administração Cental, acho que você poderia ir buscá-la exatamente do lado oposto, ou seja, na falta de autoridade da reitoria com relação às agressões ao Estado de Direito que o SINTEST tem protagonizado. Até recomendo a todos que vejam as explicações de Sandro Pimentel sobre o soco que teria levado do pró-reitor. Inclusive faço questão de dar o link para o vídeo no qual o SINTEST dá sua explicação sobre o incidente (http://youtu.be/TVtJUkaqXdQ ),incluída aí a performance de Sandro como vítima dos "generais de plantão" , na edição o SINTEST divulgou em sua página, via youtube. Não só por amor ao contraditório, mas também por achar que para bom entendedor, bastaria ver aquele vídeo.
Mas sugiro a todos que, antes vejam um vídeo mais factual, ASSUSTADOR, no qual os acontecimentos falam por si sós, e no qual se pode ter uma pálida idéia do que foi a agressão sofrida pelo CONSUNI, no link http://www.youtube.com/watch?v=qGWtaE54GBE
Se possível, imaginem-se naquela reunião, presencialmente, na hora que apagaram todas as luzes e imaginem a gritaria que se ouvia naquele momento e o que estariam mesmo gritando aquelas pessoas bem ao pé dos ouvidos dos membros do Consuni, conforme está registrado no vídeo acima. Ainda mais, para votar um tema relacionado a gestão de hospitais que até pode não ter sido exaurido na área da saude, mas havia sido discutido em todas as unidades da área da saúde, chegando a um impressionante placar de unanimidade nos conselhos do HUAB e do CB, maioria de 33 a 3 no CONSEC da sáude e de 11 a 5 no HUOL. E mais, sendo exaustivamente facultada a palavra para que representantes dos funcionários daqui e de fora pudessem se pronunciar, e até mesmo sendo acatado o encaminhamento de votar a necessidade de um plebiscito sobre a questão, amplamente derrotado na reunião. Leiam ainda a nota do CONSUNI sobre o tema, para ter uma idéia de por onde passou o incidente.
Certamente o tema é polêmico, como tem sido polêmica desde sempre a gestão dos hospitais, com tantas raposas tomando conta de alguns galinheiros, e a discussão acabou ficando meio que restrita ao pessoal da área da saúde e da administração da UFRN. Vamos combinar, bem poucos de nós, cá fora da área da saúde tivemos o saco de prestar maior atenção àquela discussão e, pelo que vi, as opiniões que aqui e ali vejo se manifestarem em redes às quais tenho acesso na UFRN são bem confusas e apressadas, de quem aparenta ter estado bem pouco motivado com a discussão, mas que de repente se sensibiliza com um ou outro aspecto do tema. Um ponto que me parece agravar a agressão feita pelo SINTEST ao Estado de Direito é que o ponto talvez realmente delicado de toda a discussão esteja na questão "ganho de gestão dos hospitais X possibilidades de perda de autonomia acadêmica". Não acredito que este seja o foco do SINTEST pois, vamos e venhamos, no melhor dos casos, o SINTEST está preocupado com a questão funcional dos servidores, nos sócios que o sindicato pode perder com a medida, mas muito pouco com questões ligadas a ensino e pesquisa... Tanto é que a alegação dos dirigentes do SINTEST no vídeo é de privatização da área da saúde, quando a EBSERH é uma empresa 100% pública... Se problemas houver com o formato de gestão proposto, não é por aí e todos os argumentos nesta direção me parecem bem falaciosos...
Até posso concordar que foi um equívoco de João Batista ele ter perdido a cabeça ao se ver tolhido pelos sindicalistas em seu constitucional direito de ir e vir, quando tentava adentrar uma sala de reunião que havia sido convocada para dar continuidade a reunião que houvera sido inviabilizada à força pelo SINTEST, na véspera. Tudo bem, foi um erro. Para mim um erro muito humano, diga-se de passagem, para quem estava naquelas condições. Daí a vir você, meu caro Luís, um professor que conhece esta universidade como poucos, enxergar neste pequeno deslize do pro-reitor uma oportunidade para fazer coro a quem agrediu o Consuni e o estado de direito como o fez o SINTEST, ao ponto de vir a falar num "regime" da reitoria "cada vez mais parecido com o dos generais" me deixa sem adjetivos adequados à mão para qualificar sua posição, para não estragar a amizade que lhe tenho...
Considero muito grave o que está ocorrendo. Não sou daqueles que vêm maiores problemas com excessos juvenis. Trotes de estudantes, fumacês, um pouco de gritaria e de transgressão acho que fazem mesmo parte do momento da vida na qual os estudantes entram nas IFES. Todos nós já fomos jovens, boa parte tem ou teve filhos jovens e sabe como isto se passa...Uns se incomodam mais, outros menos. Eu me incluo entre os mais tolerantes nesta questão, apesar de pessoalmente não me agradarem muitos dos excessos, como seria natural a um coroa de 64 anos. Contudo, a atuação do SINTEST, que se julga no direito de barrar o direito dos outros de ir e vir a todo momento, bem como de inviabilizar instâncias deliberativas me parece algo bem diferente e não pode ficar na mesma caixinha. Se fosse uma ação isolada, até seria aceitável e ficariam na conta de alguns excessos comuns em lutas políticas. Mas não é. Tem virado rotina este tipo de ação do SINTEST. Na verdade, como todos acompanharam na greve, vem ocorrendo em dosagens cada vez mais ousadas... O SINTEST representa uma categoria profissional a qual devemos solidariedade em suas lutas, mas não me parece correto tratá-los como coitadinhos a quem tudo se deva perdoar. Ou pior ainda, ficarmos acuados sem esboçar reação com receios sei lá de que.
Na verdade, caro Luís, voltando ao ponto inicial, se algum problema há, ele reside muito mais na falta de pulso da administração central em trabalhar com as forças políticas que têm recorrido a este tipo de expedientes em todo o país e não no excesso que um professor possa ter cometido ao dar o troco de uma agressão sofrida. Em especial, espero que a administração central consiga garantir o direito dos professores de ir e vir na UFRN, sem ter que apelar para garantí-lo pela força. Isto sim, seria algo muito grave e espero que não precisemos chegar lá. Ou será que deve ser outorgado ao SINTEST o direito de recorrentemente fechar o acesso a recintos no interior da UFRN a seu bel prazer, inviabilizar reuniões de órgãos colegiados da forma que o fez, com apitos, gritarias, apagando a energia e deixando todos no escuro, assustando a todos os presentes, com manifestantes políticos trazidos de outros movimentos sociais com o expresso objetivo de tumultuar a reunião e agredir conselheiros, até mesmo trazendo alunos secundaristas ao recinto, enganando-os que se tratava de uma palestra sobre saúde... Até quando?
Ao contrário de você, o que espero da administração central nesta questão é pulso mais firme com os dirigentes do SINTEST responsáveis pelas agressões ao Estado de Direito que tanto nos custou a todos conquistar, bem como um diálogo mais direto com o restante da UFRN de modo a poder melhor partilhar dificuldades como esta que hoje enfrenta. abs
RHB
Porque eles são de esquerda... (a UFRN em 2014)
O depoimento abaixo, jogado por uma máquina do tempo, foi escrito em agosto de 2014. Dada a contundência dos fatos relatados, achei que deveria socializar com vocês. É longo, mas vale a pena lê-lo até o final
Eu sabia que, em greves passadas, eles
haviam invadido unidades hospitalares e constrangido usuários e profissionais
que queriam trabalhar. Mas, como também sabia que eles eram de esquerda,
relevei. Coisas do embate político, pensei na época.
Eu sabia que eles impediam matrículas
de alunos, fechavam garagens e ameaçavam veladamente os que a eles se impunham.
Coisas da luta sindical, foi o pensamento que me conformou. Incomodei-me um
pouco, é certo, mas segui adiante.
Em 2012, eles disseram que iam
radicalizar. Jogo pesado contra o Governo Dilma, disseram. E até colocaram
faixas com chantagens a respeito de matrículas e início das aulas. Ninguém se
incomodou, nem eu. E queriam que os professores da UFRN entrassem em greve.
Seríamos traidores se não os seguíssemos. Estão exagerando um pouco, foi o que
me veio à cabeça. Mas, depois, com mais tranquilidade, construí o seguinte
raciocínio: até que esse governo merece um recado.
Eles encontraram apoios e chamaram os
professores para uma reunião paralela para construir a greve. A reunião foi no
Centro de Convivência. Quase ninguém foi lá. Aí teve uma assembleia e eles não
apareceram, mas mandaram os “estudantes livres”, que também são de esquerda.
Esses até agitaram as coisas um pouquinho, berraram e partiram para as
agressões verbais contra a diretoria da ADURN. Bom, eu não era muito próximo
mesmo desse pessoal da ADURN, por que diabos eu iria lamentar?. E, afinal de
contas, os combativos são de esquerda... Relevei.
E aí veio um plebiscito. “Agora”, eles
disseram, “teremos uma greve de toda a comunidade da UFRN”. Mas a greve não
veio. O plebiscito não referendou a greve. Eles vociferaram contra a “pelegada
da UFRN”. Alguns colegas professores apelaram para o moralismo e disseram que
tinham “vergonha” de ser da UFRN. Também senti vergonha. Mas até que me senti
aliviado, afinal de contas, a gente sabe bem: greve é sempre prejudicial e não
há recuperação possível paras as perdas que nelas acumulamos. Por fora, eu
lamentava; no íntimo, comemorava. Mas continuei simpático a eles, pois eles são
de esquerda...
E eles estavam capitaneando uma grande
greve bem bombada. Radicalizada, diziam. Unidades inteiras funcionavam
normalmente, mas a greve era forte, eles asseguravam. Para radicalizar, eles
passaram a fechar setores e impedir atividades. Aquilo me desgostava, mas eu
não era dirigente da UFRN, então, deixei pra lá.
Nas atividades radicalizadas, eu
percebia que eles estavam bem estruturados. Havia um grupo com coletes pretos
que garantia, no braço, a tal radicalidade. Coisa de esquerda? Eu fiquei meio
receoso. As suas roupas e suas atitudes lembravam uma milícia, mas logo eu
afugentava esse pensamento. Ora, ora, que é isso? Afinal, eles são de esquerda,
eu me recriminava. Muito embora, em algumas madrugadas, eu acordasse suado,
agitado, após um pesadelo no qual os camisas pretas da UFRN gargalhavam
abraçados com os fantasmas dos “camisas pretas” de certo histriônico líder
italiano...
A cada dia, eles fechavam um setor.
Brigaram contra estudantes que queriam se matricular e ameaçaram funcionários
da PROGRAD que iriam recepcionar os calouros. Efeitos colaterais da luta,
pensei. Ora, eles são de esquerda e os seus objetivos finais são moralmente
superiores.
Um dia, meio cinzento, eles fecharam a
biblioteca. Aquilo me doeu, de verdade. Especialmente quando eu vi os homens de
colete preto, a tal milícia, impedindo o acesso dos estudantes aos livros.
Minha mãe dizia para eu temer sempre, sempre, quem odeia os livros. Pensei
nisso. Mas, naquele dia, eu relevei, pois, afinal, eles eram de esquerda.
Depois, soube que alguns colegas, que
são companheiros de viagem deles, haviam tomado de assalto assembleias de
docentes na Bahia e em Goiás e tirado, no muque, o tal PROIFES da direção das
entidades. Eles estão exagerando um pouco, foi o que pensei. Mas, lembro-me
bem, também fiquei um pouco satisfeito, pois, afinal, sempre fui crítico do
“poder”... Eles romperam as regras democráticas, mas, afinal, são de esquerda.
Terminada a greve, eles começaram a
intimidar alguns chefes de departamentos e unidades. Qualquer crítica ou
solicitação a um funcionário, o infeliz “autoritário” era denunciada como autor
de “assédio moral”. Não gostei muito, mas, pensei, esse é o efeito colateral de
ter um sindicato combativo na nossa instituição.
Em 31 de outubro de 2012, para impedir
a aprovação da adesão da UFRN À EBSERH, eles acabaram, na força, uma reunião do
CONSUNI. Enganaram alunos e professores de uma escola pública e os jogaram no
Auditório da Reitoria no meio dos homens de coletes, que, naquele dia, não estavam
com coletes pretos, e, sim, com leves camisetas com dizeres em “defesa dos
hospitais universitários”. Os pobres estudantes, amedrontados, quiseram sair.
Uma voz, em um microfone, apelou: “pessoal, fiquem, pois, depois que terminar,
a gente distribui o lanche...”.
Eles também trouxeram seus amigos de
outras paragens. E esses companheiros deles eram bastante combativos.
Profissionais. Os conselheiros foram constrangidos por apupos e agressões
verbais. Com dedos em riste, diretores de centro e representantes docentes
foram, digamos, admoestados da inteireza política e moral das propostas deles.
Quando eles começaram a fazer discursos de ódio contra os professores, os
médicos e os enfermeiros (“gente de elite” que, segundo eles, será beneficiada
pela EBSERH), eu duvidei que eles estivessem fazendo a coisa certa. Mas, espera
um pouco aí, eles são de esquerda...
Quando a proposta deles, de um
plebiscito, foi derrotada, eles decidiram acabar com a reunião do CONSUNI. Eles
tomaram de assalto o palco do Auditório e passaram a fazer ameaças veladas aos
conselheiros. A Reitora ainda tentou reiniciar os trabalhos, mas eles já haviam
começado a esmurrar a mesa. Um deles, percebi que um combativo companheiro de
outras paragens, movido para a atividade pela mais sincera solidariedade de
classe, ainda tentou convencer os demais a arrancar mesa. Até tentaram, mas a
estrutura é bem sólida ali...
Bom, eu não sou conselheiro do CONSUNI,
não sou do PROIFES, nem da ADURN e nem gestor da UFRN e nem chefe de nada,
então, fiquei na minha. Tive minhas dúvidas sobre o pertencimento deles à
esquerda, mas fui tocar a minha vida.
Em 2013, durante a longa greve de oito
meses, eles fecharam por dois meses os setores de aula. Os estudantes da ANEL,
seus companheiros de viagem, começaram a ameaçar fisicamente os colegas que
teimassem em assistir aulas. Professores de esquerda pós-pós e descolados os
apoiaram entusiasmadamente. Um deles me disse que eles expressavam o “vitalismo
reprimido da modernidade”. Citou alguns autores franceses pós-estruturalistas
para justificar a fogueira que eles fizeram com parte dos livros da biblioteca.
Terminada a greve, eles, com apoio de
combativos parlamentares de esquerda da Câmara Municipal de Natal, criaram uma
comissão para monitorar a equanimidade nas relações entre professores e
funcionários. Com apoio dos homens de colete preto, passaram a fechar
laboratórios de pesquisa, pois os mesmos “seriam entrepostos do Capital” dentro
da Universidade. Bom, eu não chefio laboratório nenhum, então, fiquei na minha.
Agora, em março de 2014, eles passaram
a ajudar os estudantes da ANEL em um acompanhamento sistemático das aulas
proferidas na Universidade. O objetivo é nobre: adequar os conteúdos das
disciplinas às práticas antiautoritárias. Lá pelas bandas do CCHLA, os
professores de direita, que trabalham com autores como Weber, Sen, Schumpeter e
quetais foram expulsos de sala de aula. Em nome da qualidade de ensino. Os
pós-pós falaram em “purificação”. Um desses colegas, que havia vibrado, com a
possiblidade de a UFRN pegar fogo em 2012, retomou a litania do vitalismo. Bom,
eu não sou professor do CCHLA, então, nada disso me toca. Não tenho laboratório
e nem sou do Azulão, então... E os caras são de esquerda. E estão com uma força
política danada...
Em abril, meu mundo ruiu. Fui
denunciado. Cometi o erro de reprovar por falta três alunos que não
frequentaram as minhas aulas. Eu não sabia que os estudantes eram companheiros
deles. Agora, eles me denunciaram por assédio moral e o chefe de departamento,
pressionado pelos homens de colete preto, me disse, meio envergonhado, que eu
teria que responder a um inquérito administrativo. Fiquei desesperado: quem me
ajudaria?
E eu que sempre fui cúmplice deles,
fiquei só durante um tempo. Dias tenebrosos aqueles. Afinal, todos os que
podiam se contrapor a eles haviam sido derrotados. No início de maio, eles me
procuraram. Eram três homens de colete preto e uma moça com uma camiseta com
dizeres contra a privatização de alguma coisa, que eu não me lembro mais.
Vieram dizer-me que gostavam de mim, e que iriam dar um jeito de retirar as
acusações que infernizavam meus dias. Em troca, teria apenas que denunciar alguns
colegas por assédio moral contra funcionários... Aceitei. Quando eles saíram,
corri para o sanitário e vomitei. Depois, lavei o rosto e fui tomar um café na
Cooperativa Cultural.
Mais tarde, refeito, afastei os maus
pensamentos da cabeça e me agarrei na seguinte ideia: eu estou salvo, estou do
lado deles e eles são de esquerda. Esse pensamento acalenta parte dos meus dias. Pena que
não dure muito tempo. Desde junho, tenho bebido quase diariamente. Essa é a
forma de aguentar os dias que me restam até a minha redentora aposentadoria. E
eles continuam me pedindo coisas e favores. Minhas ânsias de vômitos são
constantes. Minhas aulas, uma porcaria. Mas eles estão comigo. O pessoal da
ANEL me trata como “companheiro”. Vou sobreviver.
quinta-feira, 1 de novembro de 2012
SOBRE A INTERRUPÇÃO DA REUNIÃO DO CONSUNI DA UFRN
Ontem, dia 31 de outubro de
2012, não apenas a UFRN, mas a ideia mesma de Universidade foi brutalmente
pisoteada no Auditório da Reitoria. Quem conhece a história de nossa
instituição, sabe que esse é um teatro da memória de alguns dos nossos mais
importantes e solenes momentos. Memoráveis assembleias, palestras, simpósios,
colações de grau e concessões de títulos honoríficos são ali realizadas.
Mais do que uma estrutura
arquitetônica, o Auditório da Reitoria é representação simbólica da Àgora na
UFRN. Um lugar para o bom debate. Como aquele que deve ocorrer quando o seu
Conselho Universitário (CONSUNI) está em reunião. Um debate que não exclui a
paixão, mas que deve ser racionalmente alicerçado. E, mais importante, onde
ideias e proposições entram em choque, mas nunca, nunca mesmo, pessoas.
E o que estava em pauta na
reunião do CONSUNI brutalmente interrompida? A adesão ou não do sistema
hospitalar da UFRN à EBSERH (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares),
empresa pública, com 100% de capital estatal, que absorverá, a partir de
contratos pactuados entre as universidades federais e o Governo Federal, a
gestão dos HUs. O SINTEST e a FASUBRA são contra a proposta. Têm suas razões, é
certo. Assim como o têm aqueles que entendem que a adesão à EBSERH é o único
caminho para a sobrevivência de um sistema hospitalar fundamental para a
assistência de qualidade à população e para a realização de atividades formativas
no campo da saúde para os estudantes universitários. Visões e compreensões
opostas a serem discutidas e definidas nas instâncias legais e legitimamente
instituídas.
A reitora da UFRN apostou na
racionalidade e civilidade das lideranças sindicais do SINTEST e da FASUBRA. Tanto
assim que, antes da reunião, os recebeu em seu gabinete e pactou sobre detalhes
da mesma: as duas posições (contra e a favor a adesão a EBSERH) teriam o mesmo
espaço de tempo para desenvolver suas argumentações, utilizando-se inclusive do
auxílio de equipamentos audiovisuais; além dos conselheiros, dirigentes da
FASUBRA e do Conselho Estadual de Saúde teriam direito a voz e, atendendo a uma
demanda do sindicato, antes da votação principal, do mérito, votaríamos a
proposta de um plebiscito, proposto pelo Sindicato, para que a comunidade
universitária (e, segundo algumas defesas, os usuários) se posicionasse sobre a
questão em pauta.
Ao adentrarem no Auditório,
os conselheiros se depararam com um ambiente adverso ao debate franco e leal. Apupos,
gritos e a utilização ostensiva de objetos de som dominavam. Os atores dessa
mácula contra a Universidade foram muitos, a maior parte deles estranha à UFRN
e ao ambiente acadêmico. Alguns,
dirigentes da FASUBRA. Além de dirigentes sindicais de outras unidades da
federação. No meio, algumas dezenas de alunos de uma escola pública,
arregimentados para participar de uma assembleia sobre assunto sobre o qual
eles pouco ou nada entendiam. Alguns
desses alunos eram adolescentes, que estavam ali, muito provavelmente, sem a
autorização de pais ou responsáveis.
Apesar do clima hostil
criado pelos sindicalistas, a Magnífica Reitora conduziu com serenidade e
tranquilidade a discussão da pauta.
Mesmo com o desrespeito e as agressões verbais de parte da plateia aos
conselheiros que apresentaram posições discordantes daquela defendida pelo SINTEST,
conseguiu-se chegar à votação do plebiscito. Antes mesmo de concluída a
votação, quando se deram conta de que a sua proposta havia sido rejeitada pela
esmagadora maioria dos conselheiros presentes, parte dos presentes, atendendo a
instigação de alguns, tomou de assalto à mesa. Em seguida, as luzes do
auditório foram apagadas. Desse momento em diante, a truculência tomou conta de
um espaço que deveria ser do debate racional. Insultos, gritos ensurdecedores e ameaças
veladas aos conselheiros.
De repente, o palco no qual
a UFRN teve alguns de seus melhores momentos como Universidade, foi tomado por
gente que queria não apenas gritar, mas também esmurrar, bater. Pessoas foram
poupadas, felizmente. Até porque os conselheiros não reagiram às provocações
insultuosas. Mas a mesa foi alvo da truculência. Nela, pessoas, algumas com
máscaras, desferiam seus golpes de ira.
Interrompida a
reunião, a Magnífica Reitora convocou, para hoje, dia 01, a sua continuidade no
Auditório da SEDIS. Os mesmos atores da patuscada do dia anterior
protagonizaram novo ataque ao CONSUNI, à UFRN e ao ideal de Universidade.
Invadiram o local e impediram a entrada dos conselheiros. Para complementar a
sua ação, e buscar alguma legitimidade para a sua violência, os dirigentes
sindicais protagonizaram uma farsa: impediram o Pró-Reitor de Administração,
Profº João Batista, de adentrar o local, empurrando-o e levando-o a reagir para
defender a sua integridade física, o que fez com que, de forma inescrupulosa,
o grupo tivesse um referente para posar de vítima e, assim, diminuir o
peso da ação anti-Universidade de que foram os protagonistas.
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