Roberto Hugo, Beto Hugo, comenta, no texto abaixo, publicado originalmente na lista da ADURN a brutalidade cometida pela mílicia parasindical do SINTEST. Trata-se de resposta a um comentário deslocado de um colega.
Caro Luís, gostaria
de lhe lembrar que, exatamente por que o tempo dos generais acabou, se o seu
olhar for de "crítica " à atual Administração Cental, acho que você poderia ir buscá-la exatamente do lado
oposto, ou seja, na falta de autoridade da reitoria com relação às agressões ao
Estado de Direito que o SINTEST tem protagonizado. Até recomendo a todos que
vejam as explicações de Sandro Pimentel sobre o soco que teria levado do
pró-reitor. Inclusive faço questão de dar o link para o vídeo no qual o SINTEST
dá sua explicação sobre o incidente (http://youtu.be/TVtJUkaqXdQ ),incluída aí a performance de Sandro como vítima dos "generais de plantão"
, na edição o SINTEST divulgou em sua página, via
youtube. Não só por amor ao contraditório, mas
também por achar que para bom entendedor, bastaria ver aquele vídeo.
Mas sugiro a todos que, antes vejam um vídeo mais factual,
ASSUSTADOR, no qual os acontecimentos falam por si sós, e no qual se pode ter
uma pálida idéia do que foi a agressão sofrida pelo CONSUNI, no link
http://www.youtube.com/watch?v=qGWtaE54GBE
Se possível, imaginem-se naquela reunião, presencialmente, na hora
que apagaram todas as luzes e imaginem a gritaria que se ouvia
naquele momento e o que
estariam mesmo gritando aquelas pessoas bem ao pé dos ouvidos dos membros do Consuni,
conforme está registrado no vídeo
acima. Ainda mais, para votar um tema relacionado a gestão de hospitais
que até pode não ter sido exaurido na área da saude, mas havia sido discutido em
todas as unidades da área da saúde, chegando a um impressionante placar de
unanimidade nos conselhos do HUAB e do CB, maioria de 33 a 3 no CONSEC da sáude
e de 11 a 5 no HUOL. E mais, sendo exaustivamente facultada a palavra para que
representantes dos funcionários daqui e de fora pudessem se pronunciar, e até
mesmo sendo acatado o encaminhamento de votar a necessidade de um plebiscito
sobre a questão, amplamente derrotado na reunião. Leiam ainda a nota do CONSUNI sobre o tema, para ter uma idéia de por onde passou o incidente.
Certamente o tema é polêmico, como tem sido
polêmica desde sempre a gestão dos hospitais, com tantas raposas tomando conta
de alguns galinheiros, e a discussão acabou ficando meio que restrita ao
pessoal da área da saúde e da administração da UFRN. Vamos combinar, bem poucos
de nós, cá fora da área da saúde tivemos o saco de prestar
maior atenção àquela discussão e, pelo que vi, as opiniões que aqui e ali vejo
se manifestarem em redes às quais tenho acesso na UFRN são bem confusas e
apressadas, de quem aparenta ter estado bem pouco motivado com a discussão, mas
que de repente se sensibiliza com um ou outro aspecto do tema. Um ponto que me
parece agravar a agressão feita pelo SINTEST ao Estado de Direito é que o ponto
talvez realmente delicado de toda a discussão esteja na questão "ganho de gestão
dos hospitais X possibilidades de perda de autonomia acadêmica". Não acredito
que este seja o foco do SINTEST pois, vamos e venhamos, no melhor dos casos, o
SINTEST está preocupado com a questão funcional dos servidores, nos sócios
que o sindicato pode perder com a medida, mas muito pouco com questões ligadas a
ensino e pesquisa... Tanto é que a alegação dos dirigentes do SINTEST no vídeo é de privatização da área da
saúde, quando a EBSERH é uma empresa 100%
pública... Se problemas houver com o formato de gestão
proposto, não é por aí e todos os argumentos nesta direção
me parecem bem falaciosos...
Até posso concordar que foi um equívoco de João Batista ele ter perdido
a cabeça ao se ver tolhido pelos sindicalistas em seu constitucional direito de
ir e vir, quando tentava adentrar uma sala de reunião que havia sido convocada
para dar continuidade a reunião que houvera sido inviabilizada à força pelo
SINTEST, na véspera. Tudo bem, foi um erro. Para mim um erro muito humano,
diga-se de passagem, para quem estava naquelas condições. Daí a vir você, meu
caro Luís, um professor que conhece esta universidade como poucos, enxergar
neste pequeno deslize do pro-reitor uma oportunidade para fazer coro a quem
agrediu o Consuni e o estado de direito como o fez o SINTEST, ao ponto de vir
a falar num "regime" da reitoria "cada vez mais parecido com o dos generais"
me deixa sem adjetivos adequados à mão para qualificar sua posição, para não estragar
a amizade que lhe tenho...
Considero muito grave o que está
ocorrendo. Não sou daqueles que vêm maiores problemas
com excessos juvenis. Trotes de estudantes, fumacês, um pouco de gritaria e de
transgressão acho que fazem mesmo parte do momento da vida na qual os estudantes
entram nas IFES. Todos nós já fomos jovens, boa parte
tem ou teve filhos jovens e sabe como isto se passa...Uns se incomodam mais, outros menos. Eu me incluo entre os mais
tolerantes nesta questão, apesar de pessoalmente
não me agradarem muitos dos
excessos, como seria natural a um coroa de 64 anos.
Contudo, a atuação do SINTEST,
que se julga no direito de barrar o direito dos outros de ir e vir a todo
momento, bem como de inviabilizar instâncias deliberativas me parece algo bem
diferente e não pode ficar na mesma caixinha. Se fosse uma ação
isolada, até seria aceitável e
ficariam na conta de alguns excessos comuns em lutas políticas.
Mas não é. Tem virado rotina este tipo de ação do
SINTEST. Na verdade, como todos acompanharam na greve, vem
ocorrendo em dosagens cada vez mais ousadas... O SINTEST
representa uma categoria profissional a qual devemos solidariedade em suas
lutas, mas não me parece correto tratá-los como coitadinhos a quem tudo se deva perdoar. Ou pior ainda, ficarmos acuados sem
esboçar reação com receios sei lá de que.
Na verdade, caro Luís, voltando ao
ponto inicial, se algum problema há, ele reside muito
mais na falta de pulso da administração central em
trabalhar com as forças políticas
que têm recorrido a este tipo de
expedientes em todo o país e não no excesso que um professor
possa ter cometido ao dar o troco de uma agressão
sofrida. Em especial, espero que a administração central
consiga garantir o direito dos professores de ir e vir na UFRN, sem ter que
apelar para garantí-lo pela força. Isto sim, seria algo muito grave e espero que
não precisemos chegar lá. Ou será que deve ser outorgado ao SINTEST o direito de
recorrentemente fechar o acesso a recintos no interior da UFRN a seu bel prazer,
inviabilizar reuniões de órgãos colegiados da forma que o fez, com apitos,
gritarias, apagando a energia e deixando todos no escuro, assustando a todos os
presentes, com manifestantes políticos trazidos de outros
movimentos sociais com o expresso objetivo de tumultuar a reunião e agredir conselheiros, até mesmo trazendo
alunos secundaristas ao recinto, enganando-os que se tratava de uma palestra
sobre saúde... Até quando?
Ao contrário de
você, o que espero da administração central nesta questão é pulso mais firme com os dirigentes do SINTEST
responsáveis pelas agressões ao Estado de Direito que tanto nos custou a todos
conquistar,
bem como um diálogo mais direto com o restante da UFRN
de modo a poder melhor partilhar dificuldades
como esta que hoje enfrenta. abs
RHB
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