domingo, 4 de novembro de 2012

Professor Roberto Hugo comenta a agressão brutal ao CONSUNI da UFRN

Roberto Hugo, Beto Hugo, comenta, no texto abaixo, publicado originalmente na lista da ADURN a brutalidade cometida pela mílicia parasindical do SINTEST. Trata-se de resposta a um comentário deslocado de um colega.

Caro Luís, gostaria de lhe lembrar que, exatamente por que o tempo dos generais acabou, se o seu olhar for de "crítica " à atual Administração Cental, acho que você poderia ir buscá-la exatamente do lado oposto, ou seja, na falta de autoridade da reitoria com relação às agressões ao Estado de Direito que o SINTEST tem protagonizado. Até recomendo a todos que vejam as explicações de Sandro Pimentel sobre o soco que teria levado do pró-reitor. Inclusive faço questão de dar o link para o vídeo no qual o SINTEST dá sua explicação sobre o incidente (http://youtu.be/TVtJUkaqXdQ ),incluída aí a performance de Sandro como vítima dos "generais de plantão" , na edição o SINTEST divulgou em sua página, via youtube. Não só por amor ao contraditório, mas também por achar que para bom entendedor, bastaria ver aquele vídeo.


Mas sugiro a todos que, antes vejam um vídeo mais factual, ASSUSTADOR, no qual os acontecimentos falam por si sós, e no qual se pode ter uma pálida idéia do que foi a agressão sofrida pelo CONSUNI, no link http://www.youtube.com/watch?v=qGWtaE54GBE


Se possível, imaginem-se naquela reunião, presencialmente, na hora que apagaram todas as luzes e imaginem a gritaria que se ouvia naquele momento e o que estariam mesmo gritando aquelas pessoas bem ao pé dos ouvidos dos membros do Consuni, conforme está registrado no vídeo acima. Ainda mais, para votar um tema relacionado a gestão de hospitais que até pode não ter sido exaurido na área da saude, mas havia sido discutido em todas as unidades da área da saúde, chegando a um impressionante placar de unanimidade nos conselhos do HUAB e do CB, maioria de 33 a 3 no CONSEC da sáude e de 11 a 5 no HUOL. E mais, sendo exaustivamente facultada a palavra para que representantes dos funcionários daqui e de fora pudessem se pronunciar, e até mesmo sendo acatado o encaminhamento de votar a necessidade de um plebiscito sobre a questão, amplamente derrotado na reunião. Leiam ainda a nota do CONSUNI sobre o tema, para ter uma idéia de por onde passou o incidente.


Certamente o tema é polêmico, como tem sido polêmica desde sempre a gestão dos hospitais, com tantas raposas tomando conta de alguns galinheiros, e a discussão acabou ficando meio que restrita ao pessoal da área da saúde e da administração da UFRN. Vamos combinar, bem poucos de nós, cá fora da área da saúde tivemos o saco de prestar maior atenção àquela discussão e, pelo que vi, as opiniões que aqui e ali vejo se manifestarem em redes às quais tenho acesso na UFRN são bem confusas e apressadas, de quem aparenta ter estado bem pouco motivado com a discussão, mas que de repente se sensibiliza com um ou outro aspecto do tema. Um ponto que me parece agravar a agressão feita pelo SINTEST ao Estado de Direito é que o ponto talvez realmente delicado de toda a discussão esteja na questão "ganho de gestão dos hospitais X possibilidades de perda de autonomia acadêmica". Não acredito que este seja o foco do SINTEST pois, vamos e venhamos, no melhor dos casos, o SINTEST está preocupado com a questão funcional dos servidores, nos sócios que o sindicato pode perder com a medida, mas muito pouco com questões ligadas a ensino e pesquisa... Tanto é que a alegação dos dirigentes do SINTEST no vídeo é de privatização da área da saúde, quando a EBSERH é uma empresa 100% pública... Se problemas houver com o formato de gestão proposto, não é por aí e todos os argumentos nesta direção me parecem bem falaciosos...

Até posso concordar que foi um equívoco de João Batista ele ter perdido a cabeça ao se ver tolhido pelos sindicalistas em seu constitucional direito de ir e vir, quando tentava adentrar uma sala de reunião que havia sido convocada para dar continuidade a reunião que houvera sido inviabilizada à força pelo SINTEST, na véspera. Tudo bem, foi um erro. Para mim um erro muito humano, diga-se de passagem, para quem estava naquelas condições. Daí a vir você, meu caro Luís, um professor que conhece esta universidade como poucos, enxergar neste pequeno deslize do pro-reitor uma oportunidade para fazer coro a quem agrediu o Consuni e o estado de direito como o fez o SINTEST, ao ponto de vir a falar num "regime" da reitoria "cada vez mais parecido com o dos generais" me deixa sem adjetivos adequados à mão para qualificar sua posição, para não estragar a amizade que lhe tenho...

Considero muito grave o que está ocorrendo. Não sou daqueles que vêm maiores problemas com excessos juvenis. Trotes de estudantes, fumacês, um pouco de gritaria e de transgressão acho que fazem mesmo parte do momento da vida na qual os estudantes entram nas IFES. Todos nós já fomos jovens, boa parte tem ou teve filhos jovens e sabe como isto se passa...Uns se incomodam mais, outros menos. Eu me incluo entre os mais tolerantes nesta questão, apesar de pessoalmente não me agradarem muitos dos excessos, como seria natural a um coroa de 64 anos. Contudo, a atuação do SINTEST, que se julga no direito de barrar o direito dos outros de ir e vir a todo momento, bem como de inviabilizar instâncias deliberativas me parece algo bem diferente e não pode ficar na mesma caixinha. Se fosse uma ação isolada, até seria aceitável e ficariam na conta de alguns excessos comuns em lutas políticas. Mas não é. Tem virado rotina este tipo de ação do SINTEST. Na verdade, como todos acompanharam na greve, vem ocorrendo em dosagens cada vez mais ousadas... O SINTEST representa uma categoria profissional a qual devemos solidariedade em suas lutas, mas não me parece correto tratá-los como coitadinhos a quem tudo se deva perdoar. Ou pior ainda, ficarmos acuados sem esboçar reação com receios sei lá de que.

Na verdade, caro Luís, voltando ao ponto inicial, se algum problema há, ele reside muito mais na falta de pulso da administração central em trabalhar com as forças políticas que têm recorrido a este tipo de expedientes em todo o país e não no excesso que um professor possa ter cometido ao dar o troco de uma agressão sofrida. Em especial, espero que a administração central consiga garantir o direito dos professores de ir e vir na UFRN, sem ter que apelar para garantí-lo pela força. Isto sim, seria algo muito grave e espero que não precisemos chegar lá. Ou será que deve ser outorgado ao SINTEST o direito de recorrentemente fechar o acesso a recintos no interior da UFRN a seu bel prazer, inviabilizar reuniões de órgãos colegiados da forma que o fez, com apitos, gritarias, apagando a energia e deixando todos no escuro, assustando a todos os presentes, com manifestantes políticos trazidos de outros movimentos sociais com o expresso objetivo de tumultuar a reunião e agredir conselheiros, até mesmo trazendo alunos secundaristas ao recinto, enganando-os que se tratava de uma palestra sobre saúde... Até quando?

Ao contrário de você, o que espero da administração central nesta questão é pulso mais firme com os dirigentes do SINTEST responsáveis pelas agressões ao Estado de Direito que tanto nos custou a todos conquistar, bem como um diálogo mais direto com o restante da UFRN de modo a poder melhor partilhar dificuldades como esta que hoje enfrenta. abs

RHB

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