O filme Amor (Amour), com merecimento, ganhou o Oscar de melhor filme estrangeiro. Trata-se de uma obra magistral, dirigida com a competência de sempre pelo austríaco Michael Haneke.
Sem pieguice, o filme aborda uma questão cada vez mais importante na pauta de discussões públicas das sociedades ocidentais: o envelhecimento. E, de quebra, a morte e a rejeição consciente do tratamento em hospitais.
Assistir ao filme, especialmente se você, como eu, já está do outro lado dos 50, é uma experiência dura, mas necessária.
A trama gira em torno de um casal de idosos, ex-professores de música, cuja vida é redefinida quando a esposa (a genial Emanuelle Riva, que, do alto dos seus 86 anos, faz uma interpretação soberba) sofre um AVC. O casal vive em um confortável apartamento em Paris e recebe, de vez em quando, a visita da filha, também envolvida com a música e casado com um músico.
A doença e a desumanização da pessoa, especialmente quando vítima de doenças que envolvem o cérebro, é temática pouco recomendável para o cinema. Mas Michale Haneke, com a mesma firmeza com que fez os memoráveis e vigorosos A fita branca e A professora de piano, consegue prender o expectador até o final. E, o que é melhor, deixar em aberto o final para interpretações.
Claro! Você certamente se lembra de que Michael Haneke também perpetrou o violento e perturbador Funny Games (1997), filme que, no Brasil, mereceu o título (bem apropriado) de “Violência gratuita”. A temática de Amor é diferente, mas como nas demais obras desse genial direto, os sentimentos humanos e as instituições que os moldam são confrontados com radicalidade.
Isso! Amor é um filme radical. Lida com questões que, como sociedade, escamoteamos, pois, quem sabe?, temos um imenso medo delas.
terça-feira, 26 de fevereiro de 2013
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5 comentários:
Verei.
Professor, como diz Tânia Carrero, "A velhice é a prova que o inferno existe".
Caro(a),
vale a pena assitir ao filme. Uma experiência de aprendizagem, pode acreditar.
Edmilson,
Li a respeito desse filme e fiquei interessada. Indico também o filme "E se vivêssemos todos juntos?", que também fala do envelhecimento, mas sobretudo da amizade, da vida e da cumplicidade entre amigos: http://www.youtube.com/watch?v=Sp-N5b5I1qI.
Irei assistir hoje. Li um tempo atrás uma resenha na Carta Capital, mas a correria dos dias fez-me esquecer. Que bom que você escreveu a respeito do filme.
Se bem me lembro, Norbert Elias dizia algo como que não é a morte que é terrível, mas a dor que a envolve e que somente os moribundos ou os vivos podem sentir. Abraços, professor.
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