sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

O campo da CTS e a Teoria do Ator-Rede

A área interdisciplinar CTS (Ciência, Tecnologia e Sociedade) tem conseguido ampliar as suas pesquisas e substancializar os seus fundamentos teóricos nos últimos. A Teoria do Ator-Rede é um dos desdobramentos desse campo. Vale a pena conhecê-la.

Para entrar nesse mundo novo, aconselho a leitura da entrevista de Michel Callon, concedida à revista SOCIOLOGIAS. Acesse aqui.

Por uma sociologia da cultura dos produtos agrícolas

A emergência do que poderíamos denominar de “abordagem cultural” tem se tornado cada vez mais importante nos estudos sociológicos do consumo de alimentos. Trata-se de um terreno no qual, até bem recentemente, o marxismo (especialmente no seu viés economicista) parecia dominar.

Embora a antropologia, desde o seu início, tenha incorporado a dimensão cultural como intrínseca às práticas alimentares, na sociologia, de certa forma, tem predominado um certo pacto no qual o consumo a ser mais substancialmente abordado era aquele dos produtos culturais. As práticas alimentares terminavam sendo abordadas enquanto referentes empíricos de demarcadores culturais de processos de distinção social.


A apreensão acima exposta é importante para o desenvolvimento de análises substantivas sobre, por exemplo, as redefinições do mercado de produtos agrícolas no semiárido nordestino.  Para a consecução de tal empresa analítica, impõe-se, nesse exemplo, a articulação entre as sociologias econômica e da cultura.

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Sobre a geração "nem nem"

De uma hora para outra, a parcela de jovens que não estuda e nem trabalha passou a ser objeto de incursão analítica de nossa imprensa. Até no Programa da Fátima Bernardes os "nem nem" mereceram destaque.

Tudo bem, você achava tudo um tantinho interessante, mas queria mais. Você sentia falta de uma análise sociológica sobre a questão, não é verdade? Agora seus problemas se acabaram. O Professor Adalberto Cardozo (IESP-UERJ), em boa hora, escreveu um texto no qual essa temática, dentre outras, é abordada sociologicamente. 

O link para o artigo? Está aqui.

Vale a pena conferir!


quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

A morte do cinegrafista não pode legitimar o populismo autoritário

Em questões de segurança pública, a histeria e o populismo produzem sempre os piores cenários. A canhestra proposta de tratar as ações de manifestantes que aderem à tática Black Bloc  como terrorismo, em apressada tramitação no Senado, deve ser rechaçada veementemente.  Não apenas porque traz embutida uma nada implícita criminalização dos movimentos sociais, mas porque é expressão de uma péssima prática parlamentar: produzir legislações no calor dos acontecimentos para alavancar a popularidade dos seus autores.

Ao contrário do que dizem os arautos do “Complexo de Vira-lata”, o nosso congresso não vota com atraso. Questões substantivas, em todas as democracias do mundo, exigem tempo e discussão aprofundada. Referendos e soluções imediatas, especialmente aquelas que imitam as formas da chamada “democracia direta”, quase sempre resvalam para o autoritarismo e o desrespeito às minorias políticas.

A memória do cinegrafista morto merece respeito. E uma forma de fazer isso é não usar a sua trágica partida como pretexto para ações populistas e marcadamente eleitoreiras.


Ora, já existe legislação para enquadrar as desordens praticadas nas manifestações. Por outro lado, o terrorismo é um fenômeno sério e que precisa ser devidamente dimensionado. Para combatê-lo, antes de tudo, é necessário foco. Isto é, saber identificar ações e grupos terroristas. Se não, que Deus nos livre disso!, quando formos alvos de ações terroristas teremos como respaldo para o seu combate uma legislação genérica e produzida para enfrentar Black blocs. 

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

O pior dos mundos, sempre

Eu confesso: escuto rádio toda manhã. O meu café da manhã é na companhia daquela emissora que se vangloria de só tocar notícias. Peguei essa mania quando morei em São Paulo, no começo dessa experiência interessante radiofônica.

Bueno, mas é necessário nervos de aço para acompanhar as análises econômicas dos comentaristas da dita cuja. Para eles, desde o começo da década passada, o Brasil não apenas vai de mal a pior, mas, sobretudo, vai ficar pior. Muito pior, na verdade.

É engraçado pra caramba. Eles conviveram com inflação anual de dois dígitos mensais há uma década e meia. Naquela época, faziam acrobacias discursivas para justificar a política monetária de então. Hoje, vêem como o fim do mundo a aproximação da inflação do teto da meta. E a meta é tomada como algo sacrossanto, claro.

Claro! Não os levo muito a sério. Quem leva? Basta você ler os balanços dos grandes bancos para se dar conta que, no mesmos mesmo, todo mundo aposta na economia brasileira. Mas que é uma coisa sem limites, isso é.

As dores das mães e a nossa boçal indiferença

Que dores sociais provocam os homicídios na periferia de Natal? No ano passado, somente no bairro Nossa Senhora da Apresentação, na Zona Norte, foram 78 assassinatos. A quase totalidade das vítimas era formada por jovens, na faixa dos vinte anos.

Não raro, as mães são as testemunhas dos assassinatos, pois, os jovens são mortos na sua frente, dentro de suas casas. Serão elas, quase sempre, as únicas a carregar a lembrança dessas vidas tão precocemente ceifadas.

Invariavelmente, as notícias sobre essas mortes são acompanhadas de alguma referência ao envolvimento das vítimas com o tráfico de drogas. E os mortos, dado que considerados como não inocentes, pois, de algum modo, teriam provocado a situação que os levou a morte, são consideradas menos vítimas. Não são inocentes, logo também não são vítimas.

Os que se foram cedo demais, envolvidos em uma espiral de violência que os acompanhou desde tenra idade, muito provavelmente, serão logo esquecidos. Mesmo os seus parentes parecem constrangidos em lembrá-los. E a lembrança, sabemos bem,  é o que confere existência à vida que não está mais presente. Sem nem poderem ser lembrados, esses jovens sobrevivem apenas na dor calada de suas mães (e, mais raro, de um ou outro parente próximo, como a avó ou o avô).

Mas essas dores caladas não criam ressonância. Silenciadas as dores, resta impossível a construção de qualquer comunicação emocional que transborde em uma interação política. Uma dor que permanece calada no fundo dolorido da alma, eis o que permanece.


O silêncio socialmente imposto à essas dores é o outro lada da violência que assola Natal. E, ao impossibilitar que essas dores, sociais que são, objetivem-se, ganhem a luz, indiretamente provocamos uma revolta surda, que, imperceptivelmente, vai contaminando a alma de todos os que, diretamente ou indiretamente, travaram contatos com essas vidas que se foram.

E o preço será pago por todos. Inclusive por nós, que, com a nossa boçal indiferença, não nos damos conta do quão estúpido é cantar loas à qualidade de vida quando habitamos uma das cinqüenta cidades mais violentas do mundo.  

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

A truculência na rede

A truculência demofóbica sempre me  impressionou. Menos pela sua boçalidade, pois, esta nós conhecemos bem nos desvãos de nossa cotidianidade, mas, mais, pelas pessoas que a disseminam na internet. O que me impressiona, de verdade, é gente que teve o privilégio de avançar nos seus estudos (alguns até “fazendo” doutorado no encantado “primeiro mundo”) se comportar como um troll qualquer e não apenas elogiar, mas ter verdadeiros gozos com as ações criminosas de justiceiros covardes. 

sábado, 8 de fevereiro de 2014

Quem são os ricos?

Uma matéria do EL PAÍS joga alguma luz sobre esse mundo obscuro. Vale a pena conferir! O link está aqui.

O mercado de luxo

O mercado de produtos luxuosos dificilmente poderia ser objetivado através de abordagens tradicionais.

Um estudo do Boston Consulting Group (comentado pela jornalista Angela Kindle, do VALOR) aponta, por exemplo, que mais de 50% dos produtos luxuosos (aqueles "verdadeiramente" luxuosos, isto é, carregados simbolicamente com nomes como Montblanc) adquiridos por brasileiros o são no exterior.

Não por acaso, os nossos são os turistas que mais compram no exterior, para gáudio dos comerciantes de marcas em Paris, Nova York, Milão e Los Angeles (além, é claro, das cidades da Flórida).

OS RICOS

Desde pelo menos Stuart Mill, para ficar em um grande clássico, sabemos o quão difícil é perscrutar o universo social dos ricos. O Censo não consegue apreender dados significativos desse universo.

 O jeito, e ninguém é digno da distinção como cientista social se não consegue dar um jeito de auscultar o mundo social, é encontrar atalhos para obter informações. É o caso de informações produzidos por alguns órgãos de imprensa.

Nesses dias, lendo o meu jornal preferido, o VALOR ECONÔMICO, deparei-me com uma interessante matéria sobre as potencialidades do mercado de luxo no Brasil. Assim que possível, postarei alguma coisa aqui.

domingo, 2 de fevereiro de 2014

Estou de volta

Após quase dois meses bem devagar, chegou a hora de retomar, com mais regularidade as postagens. Não tenho muitos leitores, mas quero todos(as) os(as) que tenho. Portanto, continuem vindo aqui de vez em quando. A partir de agora, podem apostar!, teremos novidades.