quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

A morte do cinegrafista não pode legitimar o populismo autoritário

Em questões de segurança pública, a histeria e o populismo produzem sempre os piores cenários. A canhestra proposta de tratar as ações de manifestantes que aderem à tática Black Bloc  como terrorismo, em apressada tramitação no Senado, deve ser rechaçada veementemente.  Não apenas porque traz embutida uma nada implícita criminalização dos movimentos sociais, mas porque é expressão de uma péssima prática parlamentar: produzir legislações no calor dos acontecimentos para alavancar a popularidade dos seus autores.

Ao contrário do que dizem os arautos do “Complexo de Vira-lata”, o nosso congresso não vota com atraso. Questões substantivas, em todas as democracias do mundo, exigem tempo e discussão aprofundada. Referendos e soluções imediatas, especialmente aquelas que imitam as formas da chamada “democracia direta”, quase sempre resvalam para o autoritarismo e o desrespeito às minorias políticas.

A memória do cinegrafista morto merece respeito. E uma forma de fazer isso é não usar a sua trágica partida como pretexto para ações populistas e marcadamente eleitoreiras.


Ora, já existe legislação para enquadrar as desordens praticadas nas manifestações. Por outro lado, o terrorismo é um fenômeno sério e que precisa ser devidamente dimensionado. Para combatê-lo, antes de tudo, é necessário foco. Isto é, saber identificar ações e grupos terroristas. Se não, que Deus nos livre disso!, quando formos alvos de ações terroristas teremos como respaldo para o seu combate uma legislação genérica e produzida para enfrentar Black blocs. 

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