terça-feira, 26 de março de 2013
O endereço do blog do Professor Gláucio
Falei do santo, mas não mostrei o milagre. O link para o post (e para o blog) do Professor Gláucio é este. h
Mais encarceramentos, menos criminalidade
O pensamento de esquerda é, geralmente, refratário a qualquer especulação que faça uma relação positiva entre aumento do número de prisões e redução das taxas de criminalidade. Enquanto posicionamento político, perfeito. O problema é quando as pessoas querem dar ares de cientificidade a proposições alicerçadas em suas construções ideológicas. Esse o caso de cientistas sociais que se negam mesmo a estabelecer relações entre os dois fenômenos.
Mas a sociologia, ou, ao menos, uma sociologia que valha o nome que ostenta não pode se guiar pelas convicções políticas da média dos seus pesquisadores. Agindo assim, para quê uma ciência empírica do mundo social?
O Professor Gláucio Soares rema contra a maré neste oceano do politicamente correto. No seu blog, você vai encontrar um interessante post a respeito de uma correlação feita entre os dois fenômenos acima apontados. Os pesquisadores provaram, com estudos sobre dados de uma período histórico de quase duas décadas, que há, sim, uma relação direta entre aumento do encarceramento e a redução da criminalidade.
Onde foi feito o estudo? Ah, na Inglaterra...
Bueno, isso significa defender uma política do "prende e arrebenta"? Não! Mil vezes não. De posse dessa apreensão, podemos (e devemos!) qualificar as discussões as respeitos das políticas penitenciárias.
Bom. Para quem está aqui no Rio Grande do Norte, infelizmente, tudo isso é muito platônico: as prisões são dantescas (o judiciário vive querendo fechá-las, para você ter uma ideia do descalabro...).
Mas que a discussão é interessante, ah!, isso é...
segunda-feira, 25 de março de 2013
Os resultados das pesquisas eleitorais na avaliação de César Maia
César Maia, atual vereador do DEM no Rio de Janeiro, é um analista atilado das coisas da política. Vale a pena, no mínimo, levar em conta as suas observações. Sempre parciais, é claro, mas também argutas e criativas.
Sobre as mais recentes pesquisas para as eleições presidenciais de 2014, nas quais a Presidenta Dilma está disparada na frente, ele teceu alguns comentários interessantes.
OUTRA LEITURA DAS PESQUISAS DIVULGADAS!
César Maia
1. A inclusão do nome do Ministro Joaquim Barbosa nas pesquisas eleitorais divulgadas pelo Ibope e Datafolha mostra que o Mensalão não é um fenômeno de massas. Provavelmente porque reitera o que o eleitor acha no mundo todo: os políticos não são confiáveis. Os números do ministro Joaquim Barbosa – entre 3% e 7%- mostram que o grande destaque que recebeu reafirma a inconfiabilidade nos políticos, mas não tem tradução política e menos eleitoral. Cresce o prestígio do STF, mas não a popularidade pessoal, eleitoral, dele. Bom para a “mosca azul” continuar voando longe do Ministro.
2. O Ibope, ao incluir numa mesma lista ampla, os nomes de Aécio Neves e Serra, que somados alcançaram 19%, mostra que é esse o patamar que o candidato do PSDB alcançará na pré-campanha. Numa lista ampla, Dilma cai para 53%, o que mostra que esse é o patamar de partida dela. Nessa mesma pesquisa, a avaliação ótimo+bom de Dilma alcançou 63%, portanto 10 pontos a mais que a opção de voto numa lista ampla.
3. A alta taxa de desconhecimento -fora de suas regiões- de Aécio e Campos explica o engordamento dos números de Dilma. Na medida em que crescer a taxa de conhecimento de ambos, a gordura derrete.
4. A vantagem da lista ampla é identificar os que nesse momento buscam um candidato para não votar em Dilma. É fácil demonstrar. Aqueles que marcam nulo/branco/não sabe, na lista ampla, são 14% e –de forma aparentemente paradoxal- crescem na lista dos 4 candidatos para 18% e numa lista de 3 ainda ficam em 17%.
5. Na lista de 4, para o Ibope e o Datafolha, Dilma tem os mesmos 58%. Marina 16% no Datafolha e 12% no Ibope, Aécio entre 9% e 10% e Eduardo Campos 3% no Ibope e 6% no Datafolha. Essa diferença em Campos é sinal que seu nome não é conhecido fora de sua região. Isso é fato. Em pesquisa GPP no Estado do Rio, entre 16-17/03, 77% disseram não conhecer Eduardo Campos.
6. Nessa pesquisa GPP no Estado do Rio, com 2 mil eleitores, Dilma fica com 59,7%, Marina+Gabeira com 14,9%, Aécio com 7,2% e Eduardo Campos 1,6%. Na pergunta se prefere votar em Lula ou Dilma, Lula tem 47,4%, Dilma 32,3% e Tanto Faz 20,3%. Um número alto para Dilma. Aécio tem 24% nos bairros de classe média na Capital.
7. Nas pesquisas trimestrais do Ibope/CNI de outubro e dezembro, o assunto Medidas Econômicas gerava memória em 18% e agora em março em 29%. Pesquisa feira após anuncio de redução de impostos na cesta básica.
Sobre as mais recentes pesquisas para as eleições presidenciais de 2014, nas quais a Presidenta Dilma está disparada na frente, ele teceu alguns comentários interessantes.
OUTRA LEITURA DAS PESQUISAS DIVULGADAS!
César Maia
1. A inclusão do nome do Ministro Joaquim Barbosa nas pesquisas eleitorais divulgadas pelo Ibope e Datafolha mostra que o Mensalão não é um fenômeno de massas. Provavelmente porque reitera o que o eleitor acha no mundo todo: os políticos não são confiáveis. Os números do ministro Joaquim Barbosa – entre 3% e 7%- mostram que o grande destaque que recebeu reafirma a inconfiabilidade nos políticos, mas não tem tradução política e menos eleitoral. Cresce o prestígio do STF, mas não a popularidade pessoal, eleitoral, dele. Bom para a “mosca azul” continuar voando longe do Ministro.
2. O Ibope, ao incluir numa mesma lista ampla, os nomes de Aécio Neves e Serra, que somados alcançaram 19%, mostra que é esse o patamar que o candidato do PSDB alcançará na pré-campanha. Numa lista ampla, Dilma cai para 53%, o que mostra que esse é o patamar de partida dela. Nessa mesma pesquisa, a avaliação ótimo+bom de Dilma alcançou 63%, portanto 10 pontos a mais que a opção de voto numa lista ampla.
3. A alta taxa de desconhecimento -fora de suas regiões- de Aécio e Campos explica o engordamento dos números de Dilma. Na medida em que crescer a taxa de conhecimento de ambos, a gordura derrete.
4. A vantagem da lista ampla é identificar os que nesse momento buscam um candidato para não votar em Dilma. É fácil demonstrar. Aqueles que marcam nulo/branco/não sabe, na lista ampla, são 14% e –de forma aparentemente paradoxal- crescem na lista dos 4 candidatos para 18% e numa lista de 3 ainda ficam em 17%.
5. Na lista de 4, para o Ibope e o Datafolha, Dilma tem os mesmos 58%. Marina 16% no Datafolha e 12% no Ibope, Aécio entre 9% e 10% e Eduardo Campos 3% no Ibope e 6% no Datafolha. Essa diferença em Campos é sinal que seu nome não é conhecido fora de sua região. Isso é fato. Em pesquisa GPP no Estado do Rio, entre 16-17/03, 77% disseram não conhecer Eduardo Campos.
6. Nessa pesquisa GPP no Estado do Rio, com 2 mil eleitores, Dilma fica com 59,7%, Marina+Gabeira com 14,9%, Aécio com 7,2% e Eduardo Campos 1,6%. Na pergunta se prefere votar em Lula ou Dilma, Lula tem 47,4%, Dilma 32,3% e Tanto Faz 20,3%. Um número alto para Dilma. Aécio tem 24% nos bairros de classe média na Capital.
7. Nas pesquisas trimestrais do Ibope/CNI de outubro e dezembro, o assunto Medidas Econômicas gerava memória em 18% e agora em março em 29%. Pesquisa feira após anuncio de redução de impostos na cesta básica.
domingo, 24 de março de 2013
Dilma em céu de brigadeiro
Muito barulho por nada. Essa a impressão que temos, após a recente publicação de pesquisas eleitorais (já?) a respeito da disputa presidencial de 2014. Nesses pesquisas, Dilma poderá levar a partida já no primeiro turno.
Pelo visto, a barulheira que a oposição está fazendo não está comovendo o eleitorado brasileiro. Não é para menos, os candidatos até agora não mostraram nenhum discurso que retire a população da "zona de conforto" sob o Governo Dilma.
Pelo visto, a barulheira que a oposição está fazendo não está comovendo o eleitorado brasileiro. Não é para menos, os candidatos até agora não mostraram nenhum discurso que retire a população da "zona de conforto" sob o Governo Dilma.
Publicar na Amazon?
A
Amazon se dispõe a publicar, inserindo na plataforma Kindle, livros escritos
por qualquer um. Não sei como ficará a questão dos direitos autorais, mas que
essa medida terá profundos impactos no mercado livreiro, não tenhamos dúvidas,
terá sim.
quinta-feira, 14 de março de 2013
quarta-feira, 13 de março de 2013
Pragmatismo político, intolerância e homofobia
Alysson Freire é um sociólogo da nova geração. Um baita sociólogo,
diga-se de passagem. É um daqueles raros caras com quem a conversa pode fluir
do último livro da Eva Illouz (procurem lê-la, por favor!, esta é uma cientista
social que produz coisas interessantes sem se atrelar a nenhum cânone
disciplinar) aos labirintos da vida política destas plagas. Pois bem, para
completar, o cara escreve. E escreve bem.
Tem uma verve daquelas.
Você pode verificar no texto abaixo, escrito sobre essa
patuscada que foi a escolha do Pastor Feliciano para presidir a Comissão de
Direitos Humanos da Câmara dos Deputados. Publicado originalmente na CARTA
POTIGUAR, o texto merece replique e reflexão. Confira!
Marco Feliciano e a Tirania da Intolerância
Alyson Freire*
A eleição do pastor e deputado
(PSC-SP) Marco Feliciano como presidente da Comissão de Direitos Humanos e
Minorias significa mais do que a escolha de alguém cujas “ideias e convicções”
caminham na contramão das prerrogativas, valores e propósitos de dita Comissão.
Há algo de mais grave e sintomático nesse lamentável episódio.
É certo que Marco Feliciano
representa o contrário, o negativo, de tudo o que os Direitos Humanos
personificam. Aliás, o deputado personifica, na verdade, tudo aquilo que os
Direitos Humanos deve combater; a intolerância, o racismo, a homofobia,
opressão às minorias, a ignorância, o preconceito, a estupidez, o fanatismo.
A Comissão de Direitos Humanos
“desumaniza-se” quando ela tem no seu principal responsável alguém que afirma
que “os africanos descendem de uma linhagem amaldiçoada de Noé”. Ela
estupidifica-se quando o seu líder é alguém que defende que a “Aids é o câncer
gay” e que a palavra “homossexual deveria ser abolida do dicionário, já que se
nasce homem ou mulher”. E, por fim, ela perde toda sua legitimidade e
credibilidade quando é presidida por alguém que luta em seu mandato para
restringir direitos em vez de afirmá-los ou ampliá-los.
Há séculos, homens e mulheres,
movimentos sociais e intelectuais, lutam para instituir e fomentar valores como
tolerância, reconhecimento das diferenças, respeito pela dignidade e
diversidade humana, igualdade de direitos, liberdade, ampliação da cidadania
etc.. Esses princípios são mais do que belas palavras e conceitos. Eles
carregam vidas, energias, sangue e pensamentos que foram dedicados ao combate
das injustiças e opressões e a criar um outro tipo de sociedade e de
mentalidade entre as pessoas. É evidente que as posições do deputado Marco
Feliciano são um insulto ao patrimônio simbólico, normativo e histórico que
formou os Direitos Humanos. Mas, se quisermos entender as implicações de sua
eleição, devemos ir além da indignação moral que tal episódio suscita. Vamos
a algumas delas.
O fato incompreensível de que nenhuma
das contradições mencionadas impediu a eleição de Marco Feliciano é sintomático
acerca deste espectro sinistro que avança entre nós, o fundamentalismo
religioso. A confirmação do deputado do PSC como presidente da Comissão de
Direitos Humanos representa mais do que um ultraje aos valores e propósitos
básicos das Declarações dos Direitos do Homem e dos Direitos Humanos; significa
a conquista pelo fundamentalismo religioso do que deveria ser uma das “bases”
ou “trincheira” de enfrentamento contra este mesmo fundamentalismo. Trata-se,
portanto, de um retrocesso civilizatório e de uma derrota política na luta
contra o preconceito, a intolerância e o obscurantismo que ainda nos assombra
nos mais diversos espaços sociais.
O fundamentalismo religioso cresce,
avança e se institucionaliza; prolonga-se dos púlpitos e ganha os programas de
televisão, a internet, as tribunas parlamentares e, agora, até mesmo órgãos
que, por princípio, deveriam combatê-lo. A eleição de Marco Feliciano é um
indicativo do crescimento da força política de posições religiosas radicais,
ou, em outras palavras, do fundamentalismo religioso como ator político no
Brasil.
Este arremate de espaços estratégicos
para a defesa dos objetivos conservadores é perfeitamente legítimo numa democracia,
que, como tal, deve acolher o conflito e o contraditório. Porém, como ensina
pensadores políticos como Alexis Tocqueville e Claude Lefort, a democracia
carrega perigos e ambiguidades que podem se voltar contra ela mesma,
enfraquecendo-a, degenerando-a em tiranias e despotismos. A vitória do pastor
Marco Feliciano é, também, significativa acerca dessas ambiguidades a que a
democracia está sujeita.
Se, por um lado, temos essa
implicação óbvia do avanço e fortalecimento do fundamentalismo religioso como
ator político, por outro, temos este outro aspecto mais opaco, que é as
contradições que a democracia pode suscitar enquanto forças que, à médio prazo,
podem se voltar contra ela mesma. É inegável que, de um ponto de vista formal,
a eleição de Feliciano é legítima. Foi eleito com legitimidade, respeitando
todas as regras e procedimentos. Formalmente não há nada o que possamos
criticar. No entanto, democracia é mais do que um conjunto de métodos e
procedimentos de decisão. Ela é, também, um conjunto de concepções éticas e
políticas e princípios normativos sem os quais as regras e os procedimentos
jurídico-institucionais seriam apenas um esqueleto sem carne e sangue.
Com a regra da maioria, a liberdade
de expressão e a liberdade de crença, o deputado do PSC-SP busca blindar e
assegurar a legitimidade do seu preconceito e intolerância. Valendo-se, de uma
maneira cínica, das regras do jogo como se fossem escudos para a promoção do
ódio, Feliciano alça o preconceito e a ignorância à condição de exercício da
liberdade e a intolerância em exercício de opinião.
Não é apenas o desrespeito as regras
do jogo democrático que constitui ameaça à ordem democrática mas igualmente o
desrespeito aos seus fundamentos simbólicos e normativos, mesmo que sancionado
e autorizado segundo a letra fria da lei. As diversas manifestações odiosas de
Feliciano sobre a homossexualidade e as religiões de matriz afro são a prova
cabal do quanto o deputado cultiva convicções e posturas frontalmente
contrários à igualdade, à dignidade, à inclusão e proteção da cidadania e
liberdade das minorias. A promoção da discriminação e do preconceito, mesmo que
acobertados com o manto sagrado das regras do jogo democrático, só pode lesar e
enfraquecer a democracia, pois conduz a uma perigosa tirania da intolerância.
Confundir indução de discriminação,
promoção da intolerância e pregação da ignorância com liberdade de expressão,
de crença e opinião significa permitir que conquistas e direitos fundamentais
da democracia se convertam em forças contrárias e nocivas à própria democracia.
E se tal confusão não leva de repente a tirania pela violência, pelo golpe no
campo das regras e procedimentos, conduz progressivamente a ela pelos
precedentes que abre e pelos hábitos que gera. A sociedade torna-se mais
refratária às políticas de reconhecimento e ao cultivo de formas igualitárias
de convívio social e mais suscetível à intolerância e às formas de convivência social
apoiadas em estigmas e exclusões.
Nesse sentido, a eleição de Marco Feliciano constitui uma ameaça bem
mais ampla do que contra um grupo de pessoas específico contra o qual o pastor
destila o seu costumeiro ódio e preconceito. A tirania da intolerância presente
em suas posturas e pronunciamentos ameaça à própria democracia como uma forma
de sociedade fundamentada na igualdade de status, na liberdade e criação e
proteção permanente de direitos.
* Professor de Sociologia. Mestrando no Programa de Pós-Graduação de Ciências Sociais - UFRN. Editor e integrante do Conselho Editorial da Carta Potiguar. Contato: alyson_thiago@yahoo.com.br
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