Mesmo pessoas distantes do PT, ou 
não muito simpatizantes do partido, reconhecem em Fernando Mineiro o candidato a 
prefeito que tem a melhor performance nos debates e sabatinas com os aspirantes 
à prefeitura de Natal. 
Esse desempenho não é algo ocasional, fruto de sacadas geniais 
ditadas por algum marqueteiro. Na verdade, sói ocorrer o contrário. Mineiro se 
dá bem nos debates e sabatinas porque é ele mesmo. Não cria para si um 
personagem, como não poucos candidatos por aí afora nestas eleições 
insossas.
Quando Mineiro expõe os seus diagnósticos sobre algumas das 
questões urbanas centrais da Cidade do Sol, ou aponta saídas para alguns dos 
nossos angustiantes problemas (saúde, educação, mobilidade urbana e segurança 
pública, não exatamente nessa ordem), ele o faz com base na sua experiência de 
mais de duas décadas dedicadas à intervenção propositiva na vida social e 
política de Natal.
Na sabatina ocorrida no CTGás, na segunda-feira, dia 13, Mineiro 
foi a estrela. Pena que o público tenha sido aquém daquele que se esperaria para 
um evento dirigido à classe empresarial local. À parte isso, ouvi, de parte dos 
presentes, comentários elogiosos diante das respostas dadas por Mineiro às 
questões formuladas pela UFRN, pela FIERN e pela Fecomércio. 
O desempenho positivo de Mineiro não é fortuito, nem gratuito. 
Tampouco é a tradução de uma inspiração pessoal elevada. Não que o candidato 
petista não tenha tino e sensibilidade para perceber o ambiente no qual 
intervém. Ele tem isso de sobra, mas, convenhamos, essas são competências quase 
obrigatórias para um parlamentar com mais de duas décadas de atuação destacada 
na Câmara Municipal e na Assembleia Legislativa. 
O "segredo de Mineiro", ou, se 
quiserem, o "Diferencial Mineiro", advém de muito trabalho e dedicação. E de 
estudo e capacidade de escuta. Isso não vem de um dia para o outro, sabemos 
todos. 
No CTGás, ouvi um candidato 
dizendo, não sem certa presunção, que tinha feito o “dever de casa” e que havia 
estudado por “dezesseis meses os problemas de Natal”. Sei! O que saiu desse 
estudo? Um discurso livresco, cheio de estatísticas e indicações marqueteiras. O 
que pode ser traduzido por muito palavrório e pouca substância. 
A boa performance de Mineiro nos 
debates e sabatinas tem um sentido educativo importante: se ele brilha é porque 
as suas intervenções estão conectadas com o enfrentamento prático, e engajado, 
com a vida da cidade. 
E foi esse engajamento que o 
permitiu construir uma visão política da administração municipal sintetizada com 
elegância no CTGás: cabe ao prefeito de uma cidade como Natal assumir um papel 
de coordenador de uma concertação governamental na qual os conflitos não são 
escamoteados, mas concretamente explicitados. Explicitação que se traduz em 
hierarquização. Nesta, os interesses da maioria e do acesso universal a serviços 
e espaços se sobrepõem.
Mas, ao contrário de certa 
esquerda que se nega a encarar os desafios do presente, talvez com medo de que o 
abismo a engula junto com as suas certezas eternas, Mineiro tem como propor 
formas de inclusão positiva do empresariado da cidade. Suas apostas no 
ordenamento territorial, dando sentido e concretude à regulação estatal 
municipal, mais do que limitadoras, são garantias de que, após décadas de 
improvisações (que fornecem as bases para os "jeitinhos" a corrupção 
desbragada), teremos, enfim!, um marco institucional municipal claro para o 
setor imobiliário. 
Claro! O discurso de Mineiro ganha força autorizativa pela feliz 
escolha do PT do seu companheiro de chapa. Carlos Alberto, professor da UFRN e 
empresário, aporta mais do que experiência à candidatura petista. O candidato a 
vice reforça o discurso de gestão (com reconhecimento político) dos interesses 
legítimos e conflitantes em torno das grandes questões urbanas de Natal. 
Mineiro se sai bem nos debates? Sim! Mas isso não se deve a uma 
qualidade intrínseca do candidato, como dizem alguns, mas, sim, porque é a 
expressão de uma trajetória política que não começou ontem. 
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