Você é uma daquelas pessoas que acha que o papel vai se tornar descartável? Que tudo se resolve com dispositivos móveis? Sei!
Então, confira o vídeo abaixo.
Você vai rir... e pensar um pouco mais sobre aquelas afirmações dramáticas e/ou apocalípticas a respeito da obrigatoriedade do uso das novas tecnologias.
Quem passou a dica foi a Professora Luciana Chianca (antropologia UFPB).
terça-feira, 26 de março de 2013
O endereço do blog do Professor Gláucio
Falei do santo, mas não mostrei o milagre. O link para o post (e para o blog) do Professor Gláucio é este. h
Mais encarceramentos, menos criminalidade
O pensamento de esquerda é, geralmente, refratário a qualquer especulação que faça uma relação positiva entre aumento do número de prisões e redução das taxas de criminalidade. Enquanto posicionamento político, perfeito. O problema é quando as pessoas querem dar ares de cientificidade a proposições alicerçadas em suas construções ideológicas. Esse o caso de cientistas sociais que se negam mesmo a estabelecer relações entre os dois fenômenos.
Mas a sociologia, ou, ao menos, uma sociologia que valha o nome que ostenta não pode se guiar pelas convicções políticas da média dos seus pesquisadores. Agindo assim, para quê uma ciência empírica do mundo social?
O Professor Gláucio Soares rema contra a maré neste oceano do politicamente correto. No seu blog, você vai encontrar um interessante post a respeito de uma correlação feita entre os dois fenômenos acima apontados. Os pesquisadores provaram, com estudos sobre dados de uma período histórico de quase duas décadas, que há, sim, uma relação direta entre aumento do encarceramento e a redução da criminalidade.
Onde foi feito o estudo? Ah, na Inglaterra...
Bueno, isso significa defender uma política do "prende e arrebenta"? Não! Mil vezes não. De posse dessa apreensão, podemos (e devemos!) qualificar as discussões as respeitos das políticas penitenciárias.
Bom. Para quem está aqui no Rio Grande do Norte, infelizmente, tudo isso é muito platônico: as prisões são dantescas (o judiciário vive querendo fechá-las, para você ter uma ideia do descalabro...).
Mas que a discussão é interessante, ah!, isso é...
segunda-feira, 25 de março de 2013
Os resultados das pesquisas eleitorais na avaliação de César Maia
César Maia, atual vereador do DEM no Rio de Janeiro, é um analista atilado das coisas da política. Vale a pena, no mínimo, levar em conta as suas observações. Sempre parciais, é claro, mas também argutas e criativas.
Sobre as mais recentes pesquisas para as eleições presidenciais de 2014, nas quais a Presidenta Dilma está disparada na frente, ele teceu alguns comentários interessantes.
OUTRA LEITURA DAS PESQUISAS DIVULGADAS!
César Maia
1. A inclusão do nome do Ministro Joaquim Barbosa nas pesquisas eleitorais divulgadas pelo Ibope e Datafolha mostra que o Mensalão não é um fenômeno de massas. Provavelmente porque reitera o que o eleitor acha no mundo todo: os políticos não são confiáveis. Os números do ministro Joaquim Barbosa – entre 3% e 7%- mostram que o grande destaque que recebeu reafirma a inconfiabilidade nos políticos, mas não tem tradução política e menos eleitoral. Cresce o prestígio do STF, mas não a popularidade pessoal, eleitoral, dele. Bom para a “mosca azul” continuar voando longe do Ministro.
2. O Ibope, ao incluir numa mesma lista ampla, os nomes de Aécio Neves e Serra, que somados alcançaram 19%, mostra que é esse o patamar que o candidato do PSDB alcançará na pré-campanha. Numa lista ampla, Dilma cai para 53%, o que mostra que esse é o patamar de partida dela. Nessa mesma pesquisa, a avaliação ótimo+bom de Dilma alcançou 63%, portanto 10 pontos a mais que a opção de voto numa lista ampla.
3. A alta taxa de desconhecimento -fora de suas regiões- de Aécio e Campos explica o engordamento dos números de Dilma. Na medida em que crescer a taxa de conhecimento de ambos, a gordura derrete.
4. A vantagem da lista ampla é identificar os que nesse momento buscam um candidato para não votar em Dilma. É fácil demonstrar. Aqueles que marcam nulo/branco/não sabe, na lista ampla, são 14% e –de forma aparentemente paradoxal- crescem na lista dos 4 candidatos para 18% e numa lista de 3 ainda ficam em 17%.
5. Na lista de 4, para o Ibope e o Datafolha, Dilma tem os mesmos 58%. Marina 16% no Datafolha e 12% no Ibope, Aécio entre 9% e 10% e Eduardo Campos 3% no Ibope e 6% no Datafolha. Essa diferença em Campos é sinal que seu nome não é conhecido fora de sua região. Isso é fato. Em pesquisa GPP no Estado do Rio, entre 16-17/03, 77% disseram não conhecer Eduardo Campos.
6. Nessa pesquisa GPP no Estado do Rio, com 2 mil eleitores, Dilma fica com 59,7%, Marina+Gabeira com 14,9%, Aécio com 7,2% e Eduardo Campos 1,6%. Na pergunta se prefere votar em Lula ou Dilma, Lula tem 47,4%, Dilma 32,3% e Tanto Faz 20,3%. Um número alto para Dilma. Aécio tem 24% nos bairros de classe média na Capital.
7. Nas pesquisas trimestrais do Ibope/CNI de outubro e dezembro, o assunto Medidas Econômicas gerava memória em 18% e agora em março em 29%. Pesquisa feira após anuncio de redução de impostos na cesta básica.
Sobre as mais recentes pesquisas para as eleições presidenciais de 2014, nas quais a Presidenta Dilma está disparada na frente, ele teceu alguns comentários interessantes.
OUTRA LEITURA DAS PESQUISAS DIVULGADAS!
César Maia
1. A inclusão do nome do Ministro Joaquim Barbosa nas pesquisas eleitorais divulgadas pelo Ibope e Datafolha mostra que o Mensalão não é um fenômeno de massas. Provavelmente porque reitera o que o eleitor acha no mundo todo: os políticos não são confiáveis. Os números do ministro Joaquim Barbosa – entre 3% e 7%- mostram que o grande destaque que recebeu reafirma a inconfiabilidade nos políticos, mas não tem tradução política e menos eleitoral. Cresce o prestígio do STF, mas não a popularidade pessoal, eleitoral, dele. Bom para a “mosca azul” continuar voando longe do Ministro.
2. O Ibope, ao incluir numa mesma lista ampla, os nomes de Aécio Neves e Serra, que somados alcançaram 19%, mostra que é esse o patamar que o candidato do PSDB alcançará na pré-campanha. Numa lista ampla, Dilma cai para 53%, o que mostra que esse é o patamar de partida dela. Nessa mesma pesquisa, a avaliação ótimo+bom de Dilma alcançou 63%, portanto 10 pontos a mais que a opção de voto numa lista ampla.
3. A alta taxa de desconhecimento -fora de suas regiões- de Aécio e Campos explica o engordamento dos números de Dilma. Na medida em que crescer a taxa de conhecimento de ambos, a gordura derrete.
4. A vantagem da lista ampla é identificar os que nesse momento buscam um candidato para não votar em Dilma. É fácil demonstrar. Aqueles que marcam nulo/branco/não sabe, na lista ampla, são 14% e –de forma aparentemente paradoxal- crescem na lista dos 4 candidatos para 18% e numa lista de 3 ainda ficam em 17%.
5. Na lista de 4, para o Ibope e o Datafolha, Dilma tem os mesmos 58%. Marina 16% no Datafolha e 12% no Ibope, Aécio entre 9% e 10% e Eduardo Campos 3% no Ibope e 6% no Datafolha. Essa diferença em Campos é sinal que seu nome não é conhecido fora de sua região. Isso é fato. Em pesquisa GPP no Estado do Rio, entre 16-17/03, 77% disseram não conhecer Eduardo Campos.
6. Nessa pesquisa GPP no Estado do Rio, com 2 mil eleitores, Dilma fica com 59,7%, Marina+Gabeira com 14,9%, Aécio com 7,2% e Eduardo Campos 1,6%. Na pergunta se prefere votar em Lula ou Dilma, Lula tem 47,4%, Dilma 32,3% e Tanto Faz 20,3%. Um número alto para Dilma. Aécio tem 24% nos bairros de classe média na Capital.
7. Nas pesquisas trimestrais do Ibope/CNI de outubro e dezembro, o assunto Medidas Econômicas gerava memória em 18% e agora em março em 29%. Pesquisa feira após anuncio de redução de impostos na cesta básica.
domingo, 24 de março de 2013
Dilma em céu de brigadeiro
Muito barulho por nada. Essa a impressão que temos, após a recente publicação de pesquisas eleitorais (já?) a respeito da disputa presidencial de 2014. Nesses pesquisas, Dilma poderá levar a partida já no primeiro turno.
Pelo visto, a barulheira que a oposição está fazendo não está comovendo o eleitorado brasileiro. Não é para menos, os candidatos até agora não mostraram nenhum discurso que retire a população da "zona de conforto" sob o Governo Dilma.
Pelo visto, a barulheira que a oposição está fazendo não está comovendo o eleitorado brasileiro. Não é para menos, os candidatos até agora não mostraram nenhum discurso que retire a população da "zona de conforto" sob o Governo Dilma.
Publicar na Amazon?
A
Amazon se dispõe a publicar, inserindo na plataforma Kindle, livros escritos
por qualquer um. Não sei como ficará a questão dos direitos autorais, mas que
essa medida terá profundos impactos no mercado livreiro, não tenhamos dúvidas,
terá sim.
quinta-feira, 14 de março de 2013
quarta-feira, 13 de março de 2013
Pragmatismo político, intolerância e homofobia
Alysson Freire é um sociólogo da nova geração. Um baita sociólogo,
diga-se de passagem. É um daqueles raros caras com quem a conversa pode fluir
do último livro da Eva Illouz (procurem lê-la, por favor!, esta é uma cientista
social que produz coisas interessantes sem se atrelar a nenhum cânone
disciplinar) aos labirintos da vida política destas plagas. Pois bem, para
completar, o cara escreve. E escreve bem.
Tem uma verve daquelas.
Você pode verificar no texto abaixo, escrito sobre essa
patuscada que foi a escolha do Pastor Feliciano para presidir a Comissão de
Direitos Humanos da Câmara dos Deputados. Publicado originalmente na CARTA
POTIGUAR, o texto merece replique e reflexão. Confira!
Marco Feliciano e a Tirania da Intolerância
Alyson Freire*
A eleição do pastor e deputado
(PSC-SP) Marco Feliciano como presidente da Comissão de Direitos Humanos e
Minorias significa mais do que a escolha de alguém cujas “ideias e convicções”
caminham na contramão das prerrogativas, valores e propósitos de dita Comissão.
Há algo de mais grave e sintomático nesse lamentável episódio.
É certo que Marco Feliciano
representa o contrário, o negativo, de tudo o que os Direitos Humanos
personificam. Aliás, o deputado personifica, na verdade, tudo aquilo que os
Direitos Humanos deve combater; a intolerância, o racismo, a homofobia,
opressão às minorias, a ignorância, o preconceito, a estupidez, o fanatismo.
A Comissão de Direitos Humanos
“desumaniza-se” quando ela tem no seu principal responsável alguém que afirma
que “os africanos descendem de uma linhagem amaldiçoada de Noé”. Ela
estupidifica-se quando o seu líder é alguém que defende que a “Aids é o câncer
gay” e que a palavra “homossexual deveria ser abolida do dicionário, já que se
nasce homem ou mulher”. E, por fim, ela perde toda sua legitimidade e
credibilidade quando é presidida por alguém que luta em seu mandato para
restringir direitos em vez de afirmá-los ou ampliá-los.
Há séculos, homens e mulheres,
movimentos sociais e intelectuais, lutam para instituir e fomentar valores como
tolerância, reconhecimento das diferenças, respeito pela dignidade e
diversidade humana, igualdade de direitos, liberdade, ampliação da cidadania
etc.. Esses princípios são mais do que belas palavras e conceitos. Eles
carregam vidas, energias, sangue e pensamentos que foram dedicados ao combate
das injustiças e opressões e a criar um outro tipo de sociedade e de
mentalidade entre as pessoas. É evidente que as posições do deputado Marco
Feliciano são um insulto ao patrimônio simbólico, normativo e histórico que
formou os Direitos Humanos. Mas, se quisermos entender as implicações de sua
eleição, devemos ir além da indignação moral que tal episódio suscita. Vamos
a algumas delas.
O fato incompreensível de que nenhuma
das contradições mencionadas impediu a eleição de Marco Feliciano é sintomático
acerca deste espectro sinistro que avança entre nós, o fundamentalismo
religioso. A confirmação do deputado do PSC como presidente da Comissão de
Direitos Humanos representa mais do que um ultraje aos valores e propósitos
básicos das Declarações dos Direitos do Homem e dos Direitos Humanos; significa
a conquista pelo fundamentalismo religioso do que deveria ser uma das “bases”
ou “trincheira” de enfrentamento contra este mesmo fundamentalismo. Trata-se,
portanto, de um retrocesso civilizatório e de uma derrota política na luta
contra o preconceito, a intolerância e o obscurantismo que ainda nos assombra
nos mais diversos espaços sociais.
O fundamentalismo religioso cresce,
avança e se institucionaliza; prolonga-se dos púlpitos e ganha os programas de
televisão, a internet, as tribunas parlamentares e, agora, até mesmo órgãos
que, por princípio, deveriam combatê-lo. A eleição de Marco Feliciano é um
indicativo do crescimento da força política de posições religiosas radicais,
ou, em outras palavras, do fundamentalismo religioso como ator político no
Brasil.
Este arremate de espaços estratégicos
para a defesa dos objetivos conservadores é perfeitamente legítimo numa democracia,
que, como tal, deve acolher o conflito e o contraditório. Porém, como ensina
pensadores políticos como Alexis Tocqueville e Claude Lefort, a democracia
carrega perigos e ambiguidades que podem se voltar contra ela mesma,
enfraquecendo-a, degenerando-a em tiranias e despotismos. A vitória do pastor
Marco Feliciano é, também, significativa acerca dessas ambiguidades a que a
democracia está sujeita.
Se, por um lado, temos essa
implicação óbvia do avanço e fortalecimento do fundamentalismo religioso como
ator político, por outro, temos este outro aspecto mais opaco, que é as
contradições que a democracia pode suscitar enquanto forças que, à médio prazo,
podem se voltar contra ela mesma. É inegável que, de um ponto de vista formal,
a eleição de Feliciano é legítima. Foi eleito com legitimidade, respeitando
todas as regras e procedimentos. Formalmente não há nada o que possamos
criticar. No entanto, democracia é mais do que um conjunto de métodos e
procedimentos de decisão. Ela é, também, um conjunto de concepções éticas e
políticas e princípios normativos sem os quais as regras e os procedimentos
jurídico-institucionais seriam apenas um esqueleto sem carne e sangue.
Com a regra da maioria, a liberdade
de expressão e a liberdade de crença, o deputado do PSC-SP busca blindar e
assegurar a legitimidade do seu preconceito e intolerância. Valendo-se, de uma
maneira cínica, das regras do jogo como se fossem escudos para a promoção do
ódio, Feliciano alça o preconceito e a ignorância à condição de exercício da
liberdade e a intolerância em exercício de opinião.
Não é apenas o desrespeito as regras
do jogo democrático que constitui ameaça à ordem democrática mas igualmente o
desrespeito aos seus fundamentos simbólicos e normativos, mesmo que sancionado
e autorizado segundo a letra fria da lei. As diversas manifestações odiosas de
Feliciano sobre a homossexualidade e as religiões de matriz afro são a prova
cabal do quanto o deputado cultiva convicções e posturas frontalmente
contrários à igualdade, à dignidade, à inclusão e proteção da cidadania e
liberdade das minorias. A promoção da discriminação e do preconceito, mesmo que
acobertados com o manto sagrado das regras do jogo democrático, só pode lesar e
enfraquecer a democracia, pois conduz a uma perigosa tirania da intolerância.
Confundir indução de discriminação,
promoção da intolerância e pregação da ignorância com liberdade de expressão,
de crença e opinião significa permitir que conquistas e direitos fundamentais
da democracia se convertam em forças contrárias e nocivas à própria democracia.
E se tal confusão não leva de repente a tirania pela violência, pelo golpe no
campo das regras e procedimentos, conduz progressivamente a ela pelos
precedentes que abre e pelos hábitos que gera. A sociedade torna-se mais
refratária às políticas de reconhecimento e ao cultivo de formas igualitárias
de convívio social e mais suscetível à intolerância e às formas de convivência social
apoiadas em estigmas e exclusões.
Nesse sentido, a eleição de Marco Feliciano constitui uma ameaça bem
mais ampla do que contra um grupo de pessoas específico contra o qual o pastor
destila o seu costumeiro ódio e preconceito. A tirania da intolerância presente
em suas posturas e pronunciamentos ameaça à própria democracia como uma forma
de sociedade fundamentada na igualdade de status, na liberdade e criação e
proteção permanente de direitos.
* Professor de Sociologia. Mestrando no Programa de Pós-Graduação de Ciências Sociais - UFRN. Editor e integrante do Conselho Editorial da Carta Potiguar. Contato: alyson_thiago@yahoo.com.br
sexta-feira, 8 de março de 2013
O dia da mulher e o Vaticano
Os cardeais, em Roma, estão reunidos para decidir quem será o futuro Papa. Quem quer que seja o eleito, tenho poucas dúvidas de que a mesma postura de não-reconhecimento dos direitos reprodutivos das mulheres continuará a ser levada adiante, com obstinação fundamentalista, pela Santa Madre.
O Vaticano, mais e mais, estreita seus laços com as coalizões que continuam a querer meter a mão no corpo feminino. E a sexualidade feminina continuará a ser visto como um território para a incursão reguladora dos religiosos machos. Muitos deles, sabemos agora após a divulgação dos escândalos mais recentes (após quase uma década de relatos escabrosos sobre a pedofilia praticada por padres nos quatro cantos do mundo), estão enredados em teias de chantagens devido a suas práticas sexuais.
No geral, as religiões (e os religiosos) temem muito, um pavor quase atávico, às mulheres. Mais ainda, a sexualidade e o prazer femininos. As mulheres reconhecidas são as santas, cuja sexualidade é negada... ou sublimada.
Por isso, neste 08 de março, vale a pena lembrar daquelas que foram às ruas afirmar, em meio em um país predominantemente católico (Espanha), que o corpo feminino resiste aos esquadrinhamentos do poder. Especialmente quando este poder se cobre com as mantas da hipocrisia.
O Vaticano, mais e mais, estreita seus laços com as coalizões que continuam a querer meter a mão no corpo feminino. E a sexualidade feminina continuará a ser visto como um território para a incursão reguladora dos religiosos machos. Muitos deles, sabemos agora após a divulgação dos escândalos mais recentes (após quase uma década de relatos escabrosos sobre a pedofilia praticada por padres nos quatro cantos do mundo), estão enredados em teias de chantagens devido a suas práticas sexuais.
No geral, as religiões (e os religiosos) temem muito, um pavor quase atávico, às mulheres. Mais ainda, a sexualidade e o prazer femininos. As mulheres reconhecidas são as santas, cuja sexualidade é negada... ou sublimada.
Por isso, neste 08 de março, vale a pena lembrar daquelas que foram às ruas afirmar, em meio em um país predominantemente católico (Espanha), que o corpo feminino resiste aos esquadrinhamentos do poder. Especialmente quando este poder se cobre com as mantas da hipocrisia.
Basta!
A foto acima é de um dos muitos provocativos painéis concebidos pela artista plástica chilena Lotty Rosenfield. Uma condenação das armas.
Quem vive em Natal, sabe bem o quão importante é o desarmamento. O comércio de armas, que, segundo uma ex-orientanda minha, ocorre a céu aberto em algumas áreas de certo bairro comercial, municia os atores da espiral de violência que toma de conta da esquina norte do Atlântico na América do Sul.
Que a arte de Lotty Rosenfiel inspire também os nossos artistas a explicitarem o seu BASTA à barbárie que se espalha pela Região Metropolitana de Natal.
quinta-feira, 7 de março de 2013
Hugo Chávez e a política como um filme de faroeste
Abaixo, traduzo um texto,
publicado na edição de hoje do EL PAÍS, a respeito do legado político do recém-falecido
presidente venezuelano, Hugo Chávez. O autor é um escritor venezuelano
renomado, um ensaísta de primeira. Temo que a minha tradução não faça jus ao
texto, como sempre, assertivo e elegante de Moisés Naim.
Mantive, abaixo, o título
original. Trata-se, como sabem os mais atilados nas coisas do cinema, do nome de
uma das obras clássicas do gênero identificado como “faroeste”. Assisti-o,
incontáveis vezes, no agora saudoso Cine Odeon, lá em Apodi.
Leia o texto. Ao final, para você
recordar, coloquei um trailer da película.
O Bom, o
Mau e o Feio
Moisés
Naim*
Tradução
livre: Edmilson Lopes
Bem antes de sua morte, Hugo
Chavez já havia se somado a Fidel Castro e Ernesto Che Guevara no panteão dos
líderes latino-americanos aos quais se reconhece instantaneamente em todo o mundo.
E, como Castro e Guevara, Chavez é bem polêmico. É objeto de uma admiração
profunda que se transforma, logo em seguida, em veneração apaixonada.
Igualmente, é alvo de um antagonismo que se converte com a mesma facilidade em
ódio intenso. Chavez morreu terça-feira, aos 58 anos, depois de dois anos de
tratamentos contra o câncer.
É inevitável que a sua trajetória
política seja tão difícil de avaliar com objetividade como a de outros
dirigentes controvertidos, como Mao e Perón.
O BOM
A consequência mais duradoura e
positiva do mandato de Chavez foi a sua ruptura com a coexistência pacífica da
Venezuela com a pobreza, as desigualdades e a exclusão social. Certamente, não
foi o primeiro líder político que converteu aos pobres (e a pobreza) em centro
da discussão nacional. Nem tampouco foi o primeiro que aproveitou o aumento dos
ingressos do petróleo para ajudar a esses pobres. Porém nenhum de seus antecessores
o havia feito de maneira tão agressiva nem com um sentimento tão apaixonado
como Chavez. E ninguém teve tanto êxito como ele na hora de fixar esta
prioridade na mentalidade coletiva, inclusive exportando-a para os países
vizinhos, e além. Ademais, a sua capacidade de fazer com que os pobres sentissem
que tinham um dos seus no poder não tem precedentes. E outro aspecto positivo
de seu legado é que acabou com a indiferença política e a apatia generalizadas,
alimentadas durante decênios por um sistema nas mãos de partidos políticos em
decomposição e alheios à realidade. O despertar político do país que Chavez
desencadeou foi absorvendo, gradativamente, os moradores dos bairros pobres, a
classe média e, para desgraça, também os militares. E é exatamente neste ponto
onde começa o legado negativo de Chávez.
O MAU
Após 14 anos no poder, Chávez não
deixou a Venezuela com uma democracia mais forte e nem com uma economia mais
próspera. Chavez anunciava sempre que, por fim, havia conseguido com que os
pobres, há tanto tempo excluídos, vivessem com autonomia. Ele e seus
partidários afirmavam que, durante o seu mandato, haviam sido realizadas nada menos
que 15 eleições nacionais e referendos. Além disso, alardeava que os seus
programas sociais haviam fomentado a participação popular e a democracia “direta”
ou ‘radical”. Entretanto, como explica o renomado Professor de Ciência Política
Scott Mainwaring, para que exista democracia é necessário que haja “eleições
livres e justas para designar o Governo e o Legislativo, o direito universal ao
voto de adultos, a proteção aos direitos políticos e às liberdades civis e o
controle civil do Exército. O regime de Chávez não cumpre, nem parcialmente, a
primeira e a terceira destas características da democracia. Não existe
igualdade de oportunidades eleitorais, e o respeito aos direitos da oposição
têm se deteriorado gravemente. O exército está muito politizado e intervém com mais
frequência na política do que antes da ascensão de Chávez”.
Na realidade, o Presidente Chávez
foi um dos que antes, e com mais destreza, soube por em prática uma estratégia
política comum na época da Guerra Fria naqueles países identificados pelos
politólogos como “regimes autoritários competitivos”. Neles, os dirigentes
obtêm o poder mediante eleições democráticas, porém logo mudam a Constituição e
outras leis para debilitar o sistema de controle do Governo, com o que
asseguram a continuidade do regime e sua soberania quase absoluta. Ao mesmo
tempo, conservam uma fachada de legitimidade democrática. Não é mero acaso que
Chávez tenha sido o Chefe de Estado que mais tempo esteve no poder em toda a
América nos últimos decênios.
A outra herança paradoxal – e negativa
– de Hugo Chávez é uma economia que é um desastre. É paradoxal porque seu mandato
coincidiu com uma elevação dos preços das matérias primas e a existência de um
sistema financeiro internacional com as burras cheias de dinheiro e disposto a
emprestar a países como a Venezuela. Ademais, o presidente tinha liberdade para
adotar qualquer política econômica que quisesse sem limitações nacionais,
internacionais e nem institucionais de nenhum tipo. No entanto, no momento de
sua morte, poucos países sofrem distorções econômicas semelhantes àquelas
vividas pela Venezuela.
A Venezuela possui um dos maiores
déficits fiscais do mundo, a maior taxa de inflação, o pior ajuste cambial, o
incremento mais rápido da dívida e uma das maiores quedas da capacidade
produtiva, inclusive no crítico setor petrolífero. Além disso, durante a era
Chávez, o país caiu para os últimos postos nas listas que medem a competitividade
internacional, a facilidade para os negócios e os atrativos para os
investimentos estrangeiros. Ao mesmo tempo, subiu para os primeiros lugares,
situando-se hoje dentre os países mais corruptos do mundo. Este último dado não
deixa de ser paradoxal, pois, como dissemos mais acima, Chávez deveu, em parte,
a sua ascensão ao poder exatamente às suas promessas de eliminar a corrupção e
aplastar a oligarquia. A burguesia bolivariana – os boliburgueses, os
venezuelanos denominam a nova oligarquia, formada pelos mais próximos do
círculo do poder e suas famílias e amigos – tem acumulado enormes fortunas
graças a contratos corruptos com o Governo. E isso também forma parte da
desgraçada herança deixada por Chávez.
O FEIO
O Presidente Chávez deixa uma
sociedade ferozmente polarizada. Ainda que sempre existiram divisões sociais
acentuadas na Venezuela, o estilo político de Chávez alimentou ressentimentos,
a raiva e a vingança, em níveis desconhecidos. Terá que passar muito tempo e
muitos esforços terão que ser realizados para sanar as feridas causadas pelas
imensas doses de conflito social que o presidente promoveu e deles se
aproveitou. Outra faceta desagradável do mandato Chávez é que, durante sua presidência, a Venezuela
se converteu em um dos países com as maiores taxas de homicídios do mundo.
Kabul e Bagdad são mais seguras que Caracas, onde os assassinatos e os sequestros
se tornaram acontecimentos cotidianos. Os organismos internacionais de polícia
consideram que o país é um refúgio para falsificadores, para a lavagem de
dinheiro e para traficantes de seres humanos, armas e, por suposto, drogas.
Segundo as Nações Unidas, a Venezuel se converteu no principal provedor de
drogas para a Europa. O Departamento do Tesouro americano acusou a oito
destacados membros da Administração de Chávez, incluídos aí o antigo responsável
pelos serviços de inteligência e o ministro da Defesa, de encabeçar redes de
narcotráfico.
Diante de todo esse quadro,
Chávez permaneceu calado, insolitamente passivo. Sua complacência enquanto via
seu país cair em uma espiral de assassinatos e crimes é um dos aspectos mais
desagradáveis e imperdoáveis de seus anos de mandato.
A OPORTUNIDADE PERDIDA
O povo venezuelano deu a Chávez um cheque em branco e,
graças ao boom prolongado dos preços do petróleo, este contou também com um
cheque econômico em branco. Poucos chefes de Estado tiveram o enorme apoio
popular e os imensos recursos econômicos dos quais desfrutou Chávez durante 14
anos. Seu controle absoluto de todos os espaços de poder lhe permitiu fazer o
que queria. E ele o fez. Modificar o nome do país, mudar sua bandeira, impor um
fuso horário novo e especial para a Venezuela. E muito mais. O que não fez foi
deixar o país em melhor situação do que quando chegou à Presidência. Hugo
Chávez merece ser lembrado como uma oportunidade perdida.
* Moisés Naím é um escritor e colunista venezuelano e, desde 1996, o editor-chefe da revista Foreign Policy.
O negociante da fé que comandará a Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados
No vídeo abaixo, o Pastor Marcos Feliciano (PSC-SP), desenvolto, busca, de todas as formas, arrancar dinheiro dos fiéis de sua igreja. Assista ao vídeo e confira os caminhos da mercantilização do Sagrado nestas plagas.
Sociologia de lado, vale lembrar que o figura é mais conhecido pela sua homofobia e pelas frases racistas.
Por último, para você se indignar um pouco, lembre-se que o Pastor deverá ser confirmado como Presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados. É mole?
Sociologia de lado, vale lembrar que o figura é mais conhecido pela sua homofobia e pelas frases racistas.
Por último, para você se indignar um pouco, lembre-se que o Pastor deverá ser confirmado como Presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados. É mole?
quarta-feira, 6 de março de 2013
Qual o significado de Chavez para a política latino-americana?
No calor da hora não teremos análises minimamente
distanciadas a respeito do significado de Hugo Chavez para a política latino-americana
na última década e meia. No momento, ainda grudados nos noticiários a respeito
da morte do líder venezuelano, quando a comoção dos admiradores e o deboche ou,
mais verdadeiramente, a incontida comemoração dos adversários obnubilam qualquer
percepção mais objetiva, vale a pena lembramo-nos de antiga lição: não podemos
analisar a história por aquilo que os homens dizem de si e de suas ações.
sexta-feira, 1 de março de 2013
Um beijo roubado...
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