Não é raro a imprensa nacional alertar para a fragilidade ou
falta de apetite político da oposição ao Governo Dilma. Quando avaliamos mais
de perto, descobrimos que não é bem assim. Tanto pela existência de uma coesa
bancada parlamentar que fiscaliza rigorosamente o Executivo e busca
desconstruir algumas das ações governamentais mais vistosas quanto pelo
municiamento da mídia e dos seus seguidores com informações e proposições
divergentes (nem sempre muito consistentes, é verdade) sobre as principais
políticas públicas da chamada Era Lula. A mesma situação não se reproduz no Rio
Grande do Norte. Vejamos como e por quê.
Enquanto a Governadora Rosalba assiste à erosão do seu
capital político, traduzida particularmente na vertiginosa queda de
popularidade e no estreitamente de sua base de apoio parlamentar na Assembleia
Legislativa, a oposição foge da disputa política e aposta as suas fichas em
acordos eleitorais. Por oposição, refiro-me ao arco de alianças que está a se
construir em torno do PMDB (há uma oposição mais à esquerda, mas esta, até aqui
pelo menos, tem estado fora desse debate sobre a disputa para o Governo do
Estado). Tudo se passa como se o Governo Rosalba não tivesse como reconstruir
sua base política e uma avenida desbloqueada estivesse à espera dessa oposição.
Sobram conversas sobre acordos e faltam notícias sobre proposições
e respostas políticas. Não que não se registrem irados discursos contra o
governo estadual. Isso, temos de sobra. Mas esse “isso” não é bem política. Por
“política”, deixem-me aclarar, refiro-me à articulação entre proposição e
articulação de uma base social.
Temos, é bem verdade, temos a atuação parlamentar de um ou
dois deputados, que buscam desesperadamente articular a crítica com a
proposição. Esse o caso, para citar o exemplo mais vistoso, do Deputado
Fernando Mineiro (PT). Mas, aí é que está!, essa é uma postura isolada no seio
da oposição. No geral, os próceres (alguns deles até ontem aboletados no
governo) comportam-se como se a partida já estivesse definida e ganha, o que os
desobrigaria de apontar proposições, não diria mais consistentes, mas, ao
menos, mais convincentes.
O que temos é a agenda eleitoral subordinando a política no
campo da oposição. Ora, nem o Governo Rosalba está findo e nem o seu entorno
político vai caminhar bovinamente para o abatedouro. Tanto esse setor político
pode bancar a candidatura da Governadora quanto poderá encontrar alguém para representa-lo,
com alguma maquiagem, no difícil embate de 2014. E, como o demonstra o
desempenho da aliança PSTU/PSOL para a Câmara Municipal de Natal, não é de todo
descartado que algum ator adentre inesperadamente em cena, desarrumando acordos
e previsões.
Nenhum comentário:
Postar um comentário