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terça-feira, 29 de outubro de 2013

A INANIÇÃO POLÍTICA DA OPOSIÇÃO NO RN

Não é raro a imprensa nacional alertar para a fragilidade ou falta de apetite político da oposição ao Governo Dilma. Quando avaliamos mais de perto, descobrimos que não é bem assim. Tanto pela existência de uma coesa bancada parlamentar que fiscaliza rigorosamente o Executivo e busca desconstruir algumas das ações governamentais mais vistosas quanto pelo municiamento da mídia e dos seus seguidores com informações e proposições divergentes (nem sempre muito consistentes, é verdade) sobre as principais políticas públicas da chamada Era Lula. A mesma situação não se reproduz no Rio Grande do Norte. Vejamos como e por quê.

Enquanto a Governadora Rosalba assiste à erosão do seu capital político, traduzida particularmente na vertiginosa queda de popularidade e no estreitamente de sua base de apoio parlamentar na Assembleia Legislativa, a oposição foge da disputa política e aposta as suas fichas em acordos eleitorais. Por oposição, refiro-me ao arco de alianças que está a se construir em torno do PMDB (há uma oposição mais à esquerda, mas esta, até aqui pelo menos, tem estado fora desse debate sobre a disputa para o Governo do Estado). Tudo se passa como se o Governo Rosalba não tivesse como reconstruir sua base política e uma avenida desbloqueada estivesse à espera dessa oposição.

Sobram conversas sobre acordos e faltam notícias sobre proposições e respostas políticas. Não que não se registrem irados discursos contra o governo estadual. Isso, temos de sobra. Mas esse “isso” não é bem política. Por “política”, deixem-me aclarar, refiro-me à articulação entre proposição e articulação de uma base social.

Temos, é bem verdade, temos a atuação parlamentar de um ou dois deputados, que buscam desesperadamente articular a crítica com a proposição. Esse o caso, para citar o exemplo mais vistoso, do Deputado Fernando Mineiro (PT). Mas, aí é que está!, essa é uma postura isolada no seio da oposição. No geral, os próceres (alguns deles até ontem aboletados no governo) comportam-se como se a partida já estivesse definida e ganha, o que os desobrigaria de apontar proposições, não diria mais consistentes, mas, ao menos, mais convincentes.


O que temos é a agenda eleitoral subordinando a política no campo da oposição. Ora, nem o Governo Rosalba está findo e nem o seu entorno político vai caminhar bovinamente para o abatedouro. Tanto esse setor político pode bancar a candidatura da Governadora quanto poderá encontrar alguém para representa-lo, com alguma maquiagem, no difícil embate de 2014. E, como o demonstra o desempenho da aliança PSTU/PSOL para a Câmara Municipal de Natal, não é de todo descartado que algum ator adentre inesperadamente em cena, desarrumando acordos e previsões. 

sábado, 5 de novembro de 2011

Artigo de Paulo Linhares

A política estadual passada a limpo, com a verve sem igual do nosso amigo Paulo.

ROSA E CRAVO

Paulo Afonso Linhares

Sim, tão efêmera como a famosa “rosa” de Malherbe (geralmente fala-se de “flores”...) foi a decantada aliança política celebrada pelo então presidente da Assembleia Legislativa estadual, deputado Robinson Faria, com a tríade que lidera o DEM no Rio Grande do Norte (senadores José Agripino Maia e Rosalba Ciarlini Rosado, além do marido desta, ex-deputado estadual Carlos Augusto Rosado, soi-disant “mentor, marido e marqueteiro” daquela...), cujo resultado palpável foi à eleição de uma chapa encabeçada por Rosalba Ciarlini Rosado (DEM) para o governo do Estado e daquele como vice-governador, nas eleições de 2010. Não precisava ser gênio em política para prever com precisão o fim desse acordo: em Mossoró, dizia-se nas emissoras de rádio que Rosalba e Robinson não comeriam juntos o mesmo peru natalino. Palpite certeiro, porém, sem qualquer mérito. Tudo muito evidente, como é ilógico uma rosa sem espinho.

Aparentemente tudo correria bem, a despeito de uma série de dificuldades que esse governo teve de enfrentar desde o seu início, sobretudo, em razão de vários movimentos grevistas que paralisaram setores chaves da Administração Pública estadual nos primeiros meses der 2011. Fortalecido com a manobra política bem sucedida que teve como marco inicial o abandono de seus antigos aliados (leia-se: os governadores Wilma de Faria e Iberê Ferreira de Souza, principalmente) e desaguou na montagem de um governo em que seu grupo passou a ocupar generoso espaço (inclusive ele próprio acumulou o cargo de Vice-Governador com o de Secretário de Estado dos Recursos Hídricos e Meio Ambiente), Robinson Faria imediatamente iniciou a montagem de um projeto mais ambicioso: tornou-se o comandante, no RN, do novel partido encabeçado nacionalmente pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, que é o Partido Social Democrático (PSD), que além de ser uma instituição partidária anacrônica “ab ovo”, foi definida pelo seu líder máximo como um partido que não é de direita, de esquerda nem de centro. Pode, “seu” Kassab?

O problema do PSD de Robinson Faria, que já nasceria no RN como uma bancada de seis deputados estaduais, o vice-governador, o deputado federal Fábio Faria e uma “récua” de prefeitos e vereadores. Claro, para montar esse exército o vice-governador avançou com força e determinação nos redutos dos demos potiguares, comandados pelo senador José Agripino Maia que, também na condição de presidente nacional do Democratas, viu seu partido sofrer uma esvaziamento mortal em todos os Estados da federação, com a perda de figuras emblemáticas do porte da (bela e charmosa) senadora Kátia Abreu (PSD-GO), a maior liderança ruralista do país que preside a poderosa Confederação Nacional da Agricultura (CNA). Zé Agripino fez ver a Robinson que não toleraria a invasão de seu terreiro no Rio Grande do Norte. Questão de honra. E jogou pesado na base do canhoneio verbal a ponto que acusou o vice-governador de querer “tutelar o governo” de Rosalba.

Daí para o desenlace foi um pulo, em especial após a astuciosa armação montada contra Robinson Faria, que foi a sua exoneração do cargo de titular da Secretaria de Recursos Hídricos e Meio Ambiente para assumir o governo em face da viagem que a titular faria aos Estados Unidos da América para “negociar uns empréstimos”. São desconhecidos os resultados práticos da viagem, a não ser o de alijar o vice-governador daquela secretaria: reassumindo o governo Rosalba não mais nomeou o vice para o cargo de secretário. A clara humilhação de Robinson Faria tornou inevitável o rompimento político de ambos. O inesperado dessa pendenga política foi aposição tomada pelo secretário-chefe do Gabinete Civil, jurista Paulo de Tarso Fernandes, que ficou solidário a Robinson Faria e também deixou o governo, o que representou uma enorme baixa.

O caminho pouco iluminado e quase sempre íngreme da oposição foi o que restou a Robinson. Diante do seu rompimento com o governo estadual, muitos dos políticos que pretendiam filiar-se ao PSD puxaram o freio de mão, a começar pelo presidente da Assembleia, deputado estadual Ricardo Mota e mais três outros colegas seus (deputados Raimundo Fernandes, Vivaldo Costa e Gustavo Carvalho). O mesmo se diga com prefeitos, vereadores e outras lideranças, que passaram a fugir do PSD como o diabo da cruz. Um problema: a maior liderança oposicionista do RN ainda é a professora Wilma de Faria, antiga aliada de Robinson em quase oito anos de governo e por ele abandonada nas eleições de 2010. Terão que navegar num mesmo barco, se quiserem ter alguns ganhos em 2012 e, sobretudo, nas eleições de 2014. Muita calma nessas horas, afinal, ensina François La Rochefoucauld que “[...] A verdadeira esperança é uma qualidade, uma determinação heróica da alma. E a mais elevada forma de esperança é o desespero superado.” E o que têm, afinal, as flores com esse ninho da cancão? Somente a breve existência: o francês François Malherbe, ao tentar consolar um amigo cuja filha morreu adolescente escreve estes inspirados versos: “Mas ela era do mundo em que vivem as coisas mais belas / Têm o pior destino: / E Rosa viveu o que vivem as Rosas, / O espaço de uma manhã.” O resto é conversa para boi dormir.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Mineiro e a briga na coalização rosalbista

O Deputado Fernando Mineiro (PT) analisa uma briga que deverá tomar um pouquinho da atenção de quem se preocupa com a vida política na província nos próximos meses. Refiro-me ao rompimento do Vice-Governador, Robinson Faria (PSD), com a Governadora Rosalba Ciarline (DEM). Confira abaixo!

Alguma Novidade?
Fernando Mineiro



Sexta passada, 21, fui a Mossoró abraçar o poeta Antônio Francisco, que completou 62 anos de idade naquele dia.

Respeitado e querido, a festa em homenagem ao cordelista mor do RN e do Brasil contou com representantes de todas as alas dos cordões azuis, encarnados e multicoloridos da cidade.

No meio de tanta gente encontrei um rosalbista/carlista de quatrocentos costados que, ao me cumprimentar, fez a pergunta de praxe: “Alguma novidade?”. De pronto respondi: “A saída de Paulo de Tarso do governo Rosalba”. Depois de alguns segundos em silêncio ele disse; “É, por essa ninguém esperava”.

De fato, a saída de PTF do Gov.Rosa.Dem se transformou na surpresa política do final de semana. O Dr. Paulo de Tarso Fernandes, ex-chefe do Gabinete, não foi um simples auxiliar do Governo Rosalba. Era o segundo-ministro dessa versão de parlamentarismo papa-jerimum que se instalou no estado em 1 de janeiro de 2011.

PTF, desde o início da gestão, exerceu voz de mando e comando sobre o conjunto do secretariado, executando rigorosa e competentemente as ordens e orientações dadas por Carlos Augusto Rosado, esposo da governadora Rosalba e primeiro-ministro de fato do governo do DEM.

Foi o próprio Paulo de Tarso quem declarou à blogueira Thaisa Galvão: “Foram 10 meses de governo onde todas as decisões do Estado foram do marido da governadora”. Não à toa, os(as) outros(as) secretários(as) obedeciam. Entende-se muito bem porque um deles, porta-voz dos demais e mantendo o anonimato, declarou à Tribuna do Norte, edição de sábado (22), referindo-se a PTF: “Ele falava e nós assinávamos embaixo”.

Pode-se dizer que o Gov.Rosa.Dem inicia uma segunda fase com a saída do número 2 do seu governo. Resta saber se encontrará quem substitua o Dr. Paulo de Tarso Fernandes com a mesma competência, dedicação e autoridade.

Já o rompimento do vice Robinson Farias não foi nenhuma surpresa ou novidade. Era apenas questão de tempo.

Depois de cooptar a maioria da ex-futura bancada do PSD e obter o apoio integral do PMDB-RN, Robinson Farias, ao não deter mais o controle majoritário da Assembléia Legislativa, tornou-se descartável para o governo do DEM e seus novos aliados. Por isso foi empurrado para fora.

A não (re)nomeação de Robinson para a Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos, exonerado que foi para assumir o Governo quando da viagem de Rosalba Ciarlini aos EUA, foi apenas o estopim para o seu rompimento.

Já para Paulo de Tarso, essa não (re)nomeação foi, segundo ele, o motivo de seu pedido de exoneração.

PTF também revelou a Thaisa Galvão parte dos bastidores do episódio. Relata ele: “Primeiro fui à governadora e ela me disse que eu resolvesse com Carlos Augusto”. Ao insistir, ficou sabendo que “esse assunto não tem pressa. O vice-governador foi à minha cidade (Mossoró) e fez três discursos contra minha mulher. Minha mulher foi para os Estados Unidos e ele foi pra rua humilhar a governadora.”

Mais do que revelador das vísceras do governo, este episódio expõe de forma cristalina o descaramento e a sem cerimônia com que determinados grupos tratam assuntos públicos como extensões de interesses e humores privados.

Pensando bem, eu deveria ter respondido ao carlista/rosalbista de quatrocentos costados que não tinha nenhuma novidade na política do Rio Grande do Norte. Apesar de inesperada, a saída de Paulo de Tarso do Gov.Rosa.Dem não pode ser considerada como tal.

Foi apenas mais um desdobramento da reacomodação de grupos que, carentes de projetos político-administrativos estratégicos para o desenvolvimento do Estado, ora se juntam ora se separam de acordo com seus interesses pessoais.

Para além disso, o episódio joga luzes sobre um estilo de governo, de um modus operandi onde o público e o privado se mesclam em uma zona cinzenta (ou rosada), própria de uma forma particular de se operar a máquina pública.

Aliás, estilo este bastante famoso e comentado nas terras outrora ocupadas pelos bravos monxorós