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terça-feira, 29 de outubro de 2013

A INANIÇÃO POLÍTICA DA OPOSIÇÃO NO RN

Não é raro a imprensa nacional alertar para a fragilidade ou falta de apetite político da oposição ao Governo Dilma. Quando avaliamos mais de perto, descobrimos que não é bem assim. Tanto pela existência de uma coesa bancada parlamentar que fiscaliza rigorosamente o Executivo e busca desconstruir algumas das ações governamentais mais vistosas quanto pelo municiamento da mídia e dos seus seguidores com informações e proposições divergentes (nem sempre muito consistentes, é verdade) sobre as principais políticas públicas da chamada Era Lula. A mesma situação não se reproduz no Rio Grande do Norte. Vejamos como e por quê.

Enquanto a Governadora Rosalba assiste à erosão do seu capital político, traduzida particularmente na vertiginosa queda de popularidade e no estreitamente de sua base de apoio parlamentar na Assembleia Legislativa, a oposição foge da disputa política e aposta as suas fichas em acordos eleitorais. Por oposição, refiro-me ao arco de alianças que está a se construir em torno do PMDB (há uma oposição mais à esquerda, mas esta, até aqui pelo menos, tem estado fora desse debate sobre a disputa para o Governo do Estado). Tudo se passa como se o Governo Rosalba não tivesse como reconstruir sua base política e uma avenida desbloqueada estivesse à espera dessa oposição.

Sobram conversas sobre acordos e faltam notícias sobre proposições e respostas políticas. Não que não se registrem irados discursos contra o governo estadual. Isso, temos de sobra. Mas esse “isso” não é bem política. Por “política”, deixem-me aclarar, refiro-me à articulação entre proposição e articulação de uma base social.

Temos, é bem verdade, temos a atuação parlamentar de um ou dois deputados, que buscam desesperadamente articular a crítica com a proposição. Esse o caso, para citar o exemplo mais vistoso, do Deputado Fernando Mineiro (PT). Mas, aí é que está!, essa é uma postura isolada no seio da oposição. No geral, os próceres (alguns deles até ontem aboletados no governo) comportam-se como se a partida já estivesse definida e ganha, o que os desobrigaria de apontar proposições, não diria mais consistentes, mas, ao menos, mais convincentes.


O que temos é a agenda eleitoral subordinando a política no campo da oposição. Ora, nem o Governo Rosalba está findo e nem o seu entorno político vai caminhar bovinamente para o abatedouro. Tanto esse setor político pode bancar a candidatura da Governadora quanto poderá encontrar alguém para representa-lo, com alguma maquiagem, no difícil embate de 2014. E, como o demonstra o desempenho da aliança PSTU/PSOL para a Câmara Municipal de Natal, não é de todo descartado que algum ator adentre inesperadamente em cena, desarrumando acordos e previsões. 

sábado, 15 de outubro de 2011

O cansaço com certa política

Leia abaixa um bom artigo escrito pelo jornalista Alon Feuerwerker.


Etiqueta de validade
Alon Feuwerker


É visível um certo cansaço com certa política, mas qual será a tradução da fadiga na vida real? Como será nas eleições? É razoável supor que ou essa energia será canalizada partidariamente ou vai dissipar-se

É humano certo deslumbramento com os movimentos ditos espontâneos. Eles adicionam glamour à política, pelo contraste com a crueza da realidade dela olhada sem filtros, em estado bruto. Das manifestações contra a corrupção Brasil afora até a “ocupação” de Wall Street.

O problema é que se movimentos de massa são bons para criar estados de espírito, e mesmo para bloquear parcialmente a capacidade de intervenção do Estado, como agora no Chile, não estão porém aptos a governar. A utopia do democratismo direto costuma virar do avesso quando tenta passar da fantasia à realidade.

Governar é trabalho para minorias, profissionais organizados em facções, partidos políticos. Que irão realizar a cada momento os projetos supostamente apoiados pela maioria, mas não será o governo da maioria. Será o governo segundo o suposto desejo da maioria, mas operado por uma máquina política dedicada.

Espertas são as máquinas políticas que se abrem aos movimentos sociais para alimentar-se da energia deles, mas é uma operação necessariamente datada, com vencimento.

Pois uma vez no poder a tendência se inverte e o Estado passa a usar os instrumentos tradicionais — da repressão à cooptação — para reduzir o caos, diminuir a desorganização da sinfonia.

Pode não ser muito animador, mas assim é a vida. Desde quase os primórdios. Por razões práticas. Quem ocupa as horas do dia na luta pela sobrevivência não tem como se dedicar às atividades de governo. Daí nasce a necessidade de mecanismos especializados e dedicados.

Podem ser sacerdotes ou nobres. Ou militares. Nas sociedades modernas nasceram os parlamentos, as eleições periódicas. A essência é sempre a mesma. Organizar a rotina para que a sociedade sobreviva, produzindo e reproduzindo-se em ciclos periódicos.

Daí que movimentos precisem, em algum momento, buscar sua tradução na política organizada. Nos anos 70 do século passado o sindicalismo ascendente buscava expressão partidária e o então MDB (antecessor do PMDB) ofereceu guarida. Mas Luiz Inácio Lula da Silva preferiu, após algumas experiências, trilhar o próprio caminho.

Os resultados são conhecidos.

Ontem um punhado de cidades foi novamente palco de protestos contra a corrupção, um processo que vem se desenvolvendo à margem dos partidos. Pois todos eles são de alguma forma governo. Não têm como se apresentar ao distinto público vestidos de branco imaculado.

E é natural que os manifestantes procurem apartar-se de alinhamentos partidários. Uma boa estratégia. Já ensinava Muhammad Ali: flutuar como uma borboleta e picar como uma abelha. Se se abrirem à participação organizada de partidos, transformar-se-ão em alvo fixo.

Do jeito que está, o máximo que os contramanifestantes conseguem é tentar azucrinar pelas redes sociais. Tentar ridicularizar. Uma certa confissão de impotência. E também de alguma perda de sensibilidade. E, episodicamente, de boçalidade.

Mas e os resultados? O movimento pede mudanças legislativas e reforço das atribuições de órgãos de controle. Tudo bem, mas será suficiente? As instituições não existem no éter. Quem as opera é o Estado, comandado por um governo.

É visível certo cansaço com certa política, mas qual será a tradução da fadiga na vida real? Como será nas eleições?

É razoável supor que ou a energia será canalizada partidariamente ou vai dissipar-se diante da resistência, ou da inércia, das máquinas políticas estabelecidas, aliás muito bem estabelecidas. Especialmente as governistas.

Será?

A descoberta de um complô iraniano para matar o embaixador saudita em Washington tem tudo para introduzir de vez o assunto na eleição americana do ano que vem.

Ou bem a acusação é falsa, e aí será a desmoralização dos serviços policiais e de inteligência dos Estados Unidos, ou as pressões para que a Casa Branca contenha definitivamente o Irã nuclear vão subir exponencialmente.

Barack Obama tem a cabeça de Osama bin Laden na parede como troféu. Mas será suficiente?

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

O voto religioso

Vou postar algumas matérias sobre um tema mais do que emergente: o voto religioso. Depois, assim que possível, voltarei para comentar. Abaixo, um artigo de Maria Inês Nassif, articulista do jornal VALOR ECONÔMICO. Vale a pena conferir!

07/10/2010 - 07:59h

O voto do pecado e o poder satânico

Maria Inês Nassif VALOR


A campanha religiosa contra a candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, estava em andamento e foi subestimada pelo comitê petista. O staff serrista prestou mais atenção nisso. No dia 14 de setembro, a mulher de José Serra, Mônica Serra, em campanha para o marido no município de Nova Iguaçu, no Rio, falou a um eleitor evangélico, para convencê-lo a não votar em Dilma: “Ela é a favor de matar criancinhas”, disse, segundo relato do jornal “O Estado de S. Paulo”. Mônica quis dizer, usando cores muito, muito fortes, que Dilma era a favor do aborto, e portanto não merecia o voto de um evangélico. Não deve ter sido da cabeça dela – falou porque as pesquisas qualitativas do PSDB já deviam mostrar que a onda “antiabortista” estava pegando, embalada por bispos e padres da Igreja Católica e pastores evangélicos.

Da parte da ala conservadora da Igreja Católica, a articulação foi feita com alarde, de forma a induzir os fiéis de que a recomendação de não votar em Dilma, ou em qualquer outro candidato do PT, veio da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). A CNBB reagiu timidamente a essa ofensiva, com uma carta que foi também instrumentalizada pelos conservadores, que hoje não são poucos. “Falam em nome da CNBB somente a Assembleia Geral, o Conselho Permanente e a Presidência”, diz a nota, para em seguida lembrar que o documento oficial sobre as eleições, tirado na 48ª Assembleia Geral, foi a “Declaração sobre o Momento Político Nacional”, que não faz referência direta a candidatos ou partidos. Um trecho da carta oficial, todavia, foi apresentado aos fiéis paulistanos como prova de que a Igreja, como instituição, vetava o voto aos petistas. “(…) incentivamos a todos que participem (…), procurando eleger pessoas comprometidas com o respeito incondicional à vida, à família, à liberdade religiosa e à dignidade humana”.

A campanha da Igreja conservadora contra Dilma está usando um sofisma: o “respeito incondicional à vida” torna a igreja antiabortista; o PT defendeu o aborto; logo, o voto em Dilma é pecado. É esse sofisma que foi colocado aos padres de São Paulo pela Regional Sul 1 da CNBB como uma ordem. A secção da CNBB no Estado está impondo a campanha política nas igrejas como obrigação de hierarquia: há uma determinação para que os padres falem na homilia que o voto ao PT é pecado. Os padres estão obrigados também a distribuir jornais de suas dioceses na porta das igrejas, que não raro colocam o veto ao voto no PT como uma determinação da “CNBB”, sem especificar que é da CNBB da Regional Sul 1.


Com ajuda da Igreja, Serra chega aos pobres via medo

Guarulhos é o grande foco, mas não o único. O bispo Luiz Gonzaga Bergonzini declara publicamente “ódio ao PT”. Sua diocese foi uma das formuladoras, na Comissão da Vida da Região Sul, do documento que deu “subsídios” para o manifesto anti-PT que está sendo distribuído nas paróquias como posição oficial da Igreja Católica. Um padre de Guarulhos conta que Dom Luiz Gonzaga vai se aposentar em sete meses, e tem aproveitado seus últimos momentos como bispo para militar ativamente contra o partido de Lula. Para isso, tem usado seu poder de “mordaça” – a autoridade máxima da paróquia é a diocese, e o bispo pode impor suspensões a padres que não seguirem as suas ordens, ou criticarem publicamente suas posições.

Segundo uma senhora que é católica militante, bem longe de Guarulhos, no bairro de Campo Limpo, os bispos levaram ao pé da letra a orientação da regional da CNBB. A senhora ouviu do padre da sua paróquia, durante a pregação do sermão, que os católicos que votassem em Dilma Rousseff deveriam se confessar depois, porque teriam cometido um pecado. Preferiu o discurso da corrupção ao discurso so aborto. E garantiu que recomendava o voto contra o PT por ordem do bispo.

O vereador Chico Macena (PT), da capital paulista, que é ligadíssimo à Igreja, conta que várias paróquias da região de São Lucas falaram contra o PT na homilia. Ele acredita que esse movimento da igreja conservadora paulista influenciou o voto contra Dilma em algumas regiões.

Na campanha de Dilma, soou o alarme apenas na semana anterior às eleições. Foi quando a candidata se reuniu com líderes religiosos e garantiu a eles que não havia defendido o aborto.

A guerra religiosa não se limitou a sermões de padres ou pregações de pastores evangélicos. Espalhou-se como um rastilho pela internet uma “denúncia” de envolvimento do candidato a vice de Dilma, o deputado Michel Temer (SP), com o “satanismo”. O site Hospital da Alma, ligado à Associação dos Blogueiros Evangélicos, diz que Dilma, se vencer a disputa, morrerá por obra de Satã, para que o sacerdote Temer assuma a Presidência.

As versões religiosas sobre a candidatura governista são inventivas e, no conjunto, ajudam a formar um clima de pânico que, em algum momento, pode resultar numa explosão em que a racionalidade da escolha do candidato ao segundo turno escorra pelo ralo.

Não deixa de ser irônico. A Igreja progressista esteve na base da formação do PT, embora limitada a regras da não militância política dentro das paróquias. Teve um papel fundamental em São Paulo. É aqui no Estado, que deu uma guinada conservadora durante e após os governos de Fernando Henrique Cardoso, que a Igreja Católica tem imposto os maiores prejuízos à candidata petista. Dois papados conservadores reduziram os progressistas católicos de São Paulo a um rebanho desorganizado e destituído de poder na hierarquia da Igreja.

A outra ironia da história é que, no momento em que perdem significativamente a força os chefes de política locais, em função dos programas de transferência de renda do governo, e o PT passa a ser o interlocutor preferencial junto aos pobres, os seus adversários tenham arrumado um “atalho” para chegar a esse eleitor humilde, via o temor religioso. O voto colocado como “pecado”, e a eleição como obra de um “poder satânico”, recolocam o eleitorado mais pobre e menos escolarizado nas mãos de líderes conservadores, mas pela força do medo.


Maria Inês Nassif é repórter especial de Política. Escreve às quintas-feiras

E-mail maria.inesnassif@valor.com.br

terça-feira, 5 de outubro de 2010

A vitória de Tarso

Da Carta Capital.

Tarso Genro quer governar com diálogo
Paulo Cezar da Rosa

4 de outubro de 2010 às 12:04h

A verdade das urnas é só uma. Aconteceu o que as pesquisas estavam indicando no Rio Grande do Sul. Com uma alteração. Tarso Genro vinha crescendo na esteira do crescimento de Dilma Roussef. Dilma, como em nível nacional, paralisou e começou a regredir na reta final. Os efeitos da queda de Dilma, todavia, não afetaram a onda de crescimento de Tarso. Na prática, o lulismo impulsionou o rompimento do isolamento do PT gaúcho, mas Tarso foi além e resgatou contornos próprios na reta final.

Uma explicação para isso é o fato de José Fogaça (PMDB) ter sido derrotado há quinze dias do pleito e Yeda Crusius (PSDB) ter jogado a toalha na última semana. Sem adversários à altura, Tarso continuou crescendo. Na disputa nacional, entretanto, a direita gaúcha não recuou. O festival de mentiras, boatos e panfletos apócrifos na boca da urna são prova disso. Domingo passado não faltou munição na artilharia anti-Dilma.

Em balanços realizados ao longo do dia da eleição, o governador eleito atribuiu sua vitória à recomposição das forças do PT, combinada com três movimentos: reconstituição do campo político agregando as forças do PCdoB, PSB e outras; renovação de linguagem junto às novas gerações, via internet etc; ampliação junto aos setores produtivos através de um conjunto de ações e debates sobre a economia e o desenvolvimento do Estado.

Talvez tenha sido isso (mais que o efeito Erenice) que impediu Dilma de manter-se acima dos 50% no primeiro turno. A campanha Dilma, até o momento, sinalizou apenas a continuidade e há uma parte do eleitorado sempre mais afeito às novidades. No caso, Marina, com seu discurso ambiental, por um lado, e Serra, com suas propostas sociais um tanto quanto irresponsáveis, pelo outro, apresentaram uma luz a ser seguida.

Depois da obra feita, fica fácil explicar a construção. Mas sempre é importante tentar entender o que aconteceu, até porque a engenharia só avança criticando o passado. Neste momento, o que todos devem estar começando a pensar é no que fazer para que o Brasil continue no rumo certo. Todo o resto é secundário. E definir o que fazer, é essencial entender o que aconteceu….

Tarso Genro, depois de eleito, em seu primeiro discurso, afirmou que pretende governar dialogando com todos os setores e vai ampliar seu governo para além das forças que compuseram sua frente política. Começou bem, e pode agora retribuir o apoio recebido do presidente Lula.


Paulo Cezar da Rosa é jornalista e publicitário. Publicou o livro O Marketing e a Comunicação da Esquerda. É diretor da Veraz Comunicação e da Red Marketing, ambas sediadas em Porto Alegre. paulocezar@veraz.com.br

quinta-feira, 8 de abril de 2010

O PT nas eleições de 2010: a análise de César Maia

Uma das coisas que eu aprendi a detestar foi o escanteamento de um argumento pela desqualificação de quem o emite. Obviamente, não precisaria nem dizer, tenho nadado contra a corrente. No dia a dia, mesmo no espaço acadêmico no qual, em tese, deveria prevalecer um debate no qual a identificação do melhor argumento deveria se basear na sua força persuasiva e na sua consistência, predomina, com raras exceções, a postura de diminuir o emissor para deixar de lado a mensagem. Escrevo esse intróito para convidá-lo a ler o texto abaixo, escrito pelo ex-Prefeito César Maia, do DEM. Sei, sei, você não gosta do cara, e, sendo petista, menos ainda do teor do texto. Mas, faça um exercício: tente "ler" para além do texto, isto é, para além do interesse do autor em fazer o combate político e ideológico ao PT. Caso você consiga fazer isso, pode descobrir que há, aí, alguns elementos para um diagnóstico (que precisa ser feito) da metamorfose que o PT está vivendo neste ano de 2010.

A DEBILIDADE DO PT NA CAMPANHA ELEITORAL DE 2010!
César Maia


1. Na Alemanha dos anos 30, chamava-se de "Estado Total" a incorporação ao Estado, dos poderes, do partido político único, dos sindicatos e de todas as associações da sociedade civil, incluindo as manifestações artísticas. Por isso, os atos do partido único eram também atos do Estado e, por este, preparados com toda a coreografia e assumindo todas as despesas. No Brasil se avança para isso a passos largos. Boa parte das associações da sociedade civil e sindicatos são cooptados, patrocinados e seus dirigentes assalariados do Estado por nomeação.

2. Quando se analisa o quadro eleitoral de 2010, isso fica muito claro. Era de se esperar que com a popularidade do presidente e a competitividade de sua candidata, o PT entrasse nesse processo eleitoral como o partido mais forte, especialmente por ser um partido de Estado. Mas não é isso que se vê.

3. Fazendo um levantamento das candidaturas próprias do PT aos governos dos estados, se vê que elas são competitivas no Rio Grande do Sul, Bahia, Sergipe, Piauí e Acre, sendo que no Rio Grande do Sul, é competitiva para perder, e só no Acre franco favorita. Isso terá como reflexo a inevitável perda de deputados em relação aos que o PT elegeu em 2006.

4. Mas para os gerentes do Estado Total, Lula na frente, tanto faz. Pressionam seus pré-candidatos regionais para que desistam e apóiem seus parceiros, especialmente do PMDB e do PSB. Para eles, o fundamental é manter sob seu controle o Estado Total. Na medida em que a Federação foi colocada de joelhos por Lula, com um cheque de 'pacs' numa mão e um chicote na outra, ganhar ou perder estados não muda nada. Da mesma forma fazer mandatos de deputados federais. Afinal, a cooptação por cargos, emendas ou partido-patrimonialismo, pensam, vai lhes garantir o controle do Estado Total.

5. E se o partido é parte do Estado, que se transforma ele mesmo em partido, não faz diferença a origem partidária dos deputados da base aliada ou subserviente. O importante é vencer a eleição presidencial. E para isso vale qualquer arma, qualquer golpe, qualquer pressão. Não importa se o PT vai sair dessa com um só governador do Acre e com 60 deputados federais. O que importa é o controle do Estado, pois os mandatos de fato, estão com aqueles que ocupam os postos chaves da máquina pública. Especialmente os fiscais financeiros e previdenciários.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

O PT e o debate político em 2010.

Como ocorre quase sempre, republico, mais abaixo, a coluna de hoje do jornalista Alon Feuerwerker no Correio Brasiliense. O texto também encontraa-se disponível no Blog do Alon. Boa leitura!

Uma bela sociedade (04/02)

O PT protestava nos anos 90 contra a interdição do debate econômico. Hoje quem interdita o debate é o PT, em aliança com os mesmos vendedores de ilusões do primeiro mandato de FHC. Uns lutam para manter as posições de poder. Outros, os lucros

Ciro Gomes e o PSB experimentam as vicissitudes de um projeto político que não se encaixa no do presidente da República. O script é velho e repetido. Vazam do palácio as manifestações de “carinho”, "apreço” e "consideração” de Luiz Inácio Lula da Silva pelo sonhador da vez. Pode haver até "gratidão” e, no limite, um “apoio”, que nunca se materializa. Enquanto isso, é colocada para rodar a máquina de moer outros sonhos que não os de sua excelência.

Resistirão Ciro e o PSB à blitzkrieg do Planalto? Um vetor da operação política palaciana nos últimos meses tem trabalhado para desidratar quaisquer possíveis alianças do eventual candidato socialista. A razão é sabida. O PT temia que Ciro, podendo apresentar-se como alguém do “campo lulista”, acabasse tomando o lugar de Dilma Rousseff na polarização.

Como me disse um deputado do PT-SP no fim do ano passado. "O problema do Ciro é encarnar melhor que Dilma o espírito do confronto com os tucanos. Num ambiente de disputa feroz, ele estaria mais à vontade do que ela."

Mas esses são assuntos de Ciro, do PSB, do PT e das relações mútuas. Que resolvam como acharem melhor.

E o distinto público, teria algo a ganhar com a entrada do deputado e ex-ministro na corrida? Teria sim. E muito. A começar pela desinterdição de certa agenda, a do não financismo. O PT ameaça agitar na campanha a ameaça de que o PSDB vai “mexer na economia”. Dado que os tucanos passarão os próximos meses lutando para escapar da excomunhão do mercado, por que não abrir espaço para alguém disposto a assumir o risco político de dizer que vai alterar o que precisa ser alterado?

O PT protestava nos anos 90 contra o que chamava de interdição do debate econômico. Criticou especialmente a cortina de fumaça erguida em 1998, com a colaboração da imprensa, para mascarar as fragilidades da economia na véspera da reeleição de Fernando Henrique Cardoso. Hoje quem interdita o debate é o PT, em aliança com os mesmos vendedores de ilusões do primeiro mandato de FHC. Uns lutam para manter as posições de poder. Outros, os lucros. Uma bela e rentável sociedade.

Com um agravante: FHC pelo menos tinha o argumento de que precisava da âncora cambial para quebrar a espinha da inflação inercial. Agora, nem isso.

Um sintoma do ambiente é a presença de Henrique Meirelles na lista de possíveis vices de Dilma. O presidente do BC, aliás, está em plena campanha, cuidando de produzir factoides para distrair, enquanto protege os juros altos. O alvo agora são os bônus dos executivos de bancos. Mas não deixa de fazer algum sentido. Em ambos os casos, ao propor conter os bônus e ao colocar lenha na fogueira dos juros, zela em primeiro lugar pelos dividendos dos acionistas das instituições financeiras.

A projeção realista do déficit nas transações com o exterior este ano corresponde a um quarto das nossas reservas internacionais. A conta vai fechar por causa dos investimentos diretos, que o governo espertamente chama de “produtivos”. Como se o dinheiro nas bolsas carregasse automaticamente esse rótulo. Como se não fosse um maravilhoso negócio captar dinheiro lá fora para gerar aqui dentro receitas não operacionais.

Esta semana, a produção industrial de 2009 confirmou-se desastrosa. Talvez no fim de 2010 a indústria volte ao nível de 2008. Mas há por acaso alguém estrategicamente preocupado com a indústria, com as exportações, com a geração acelerada de empregos? No establishment econômico e político, pelo jeito ninguém. Para que se ocupar disso se o dólar barato funciona como anestesia? Se coloca mais comida na mesa do pobre, garante as viagens e os gastos da classe média no exterior e alivia a vida de todo mundo que precisa importar?

Nesse ambiente, ideal para o petismo será enfrentar adversários manietados pela necessidade de defender a administração FHC. O PT poderá desfilar na campanha como o partido da "ruptura com a herança maldita”, enquanto cultiva a continuidade do que ela tem de pior.

Ciro Gomes, assim como Roberto Requião (PMDB), representaria pelo menos a possibilidade de discutir esses temas. Suas dificuldades políticas são um retrato da miséria do debate político e intelectual hoje em dia no Brasil.

Coluna (Nas entrelinhas) publicada nesta quinta (04) no Correio Braziliense.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Capitalismo popular

A proposta de uma socialização da banda larga, formulada pelo Governo, é uma iniciativa interessante e ousada. Claro, óbvio, que é preciso encontrar o rato que vai por o guizo no gato, mas a discussão é muito pertinente. Não por acaso, está aí pautando a mídia. Veja abaixo a análise de Alon Feuerwerker sobre essa e outras questões.

Capitalismo popular (26/11)
Alon Feuerwerker

Falta na banda larga um grande jogador, que esteja disposto a entrar na partida com capacidade de investimento e coragem (e caixa) para praticar uma política de preços agressiva.

O governo federal está metido numa boa empreitada: criar as condições para universalizar o acesso à internet de alta velocidade. Avalia inclusive entrar no mercado de provimento ao consumidor final. A iniciativa deverá servir, pelo menos, para forçar as companhias de telecomunicações a ampliar os serviços e baixar os preços. Se conseguir avançar aí, Lula merecerá aplausos efusivos.

É curioso que exatamente no ramo econômico onde as privatizações são mais festejadas, a telefonia, o poder estatal precise ameaçar com intervenção para colocar as coisas em ordem e atender ao interesse público. Hoje no Brasil quase todo mundo tem telefone, uma realidade muito diferente do que se via no começo dos anos 1990. Mas pagamos preços inexplicáveis. Ou que só encontram explicação no oligopólio.

Eis a desgraça das privatizações brasileiras. Em vez do “capitalismo popular”, expressão do thatcherismo, elas promoveram uma troca de guarda: o espaço que era do Estado foi ocupado por um pequeno grupo de empresas que repartiram o mercado entre si, e operam num ambiente de negócios marcado pelo deficit de regulação. É um modelo que se esgotou. Um exemplo? A banda larga, cara e de qualidade e cobertura inferiores às dos países comparáveis.

Seria ilusão imaginar uma telefonia operando com base na concorrência perfeita. Isso exigiria grande multiplicidade de provedores do serviço, coisa impossível na prática. Daí a necessidade da regulação, e daí o problema de mercados —como o nosso — que apresentam deficit no quesito.

Mas como regular o mercado? Em teoria, com agências reguladoras e boas normas, que deveriam incluir o combate à cartelização. Ainda na teoria, nós temos tudo isso. Temos as leis, os decretos, as portarias, os órgãos governamentais encarregados de zelar pela concorrência e uma agência reguladora bem estruturada e bem dirigida, com quadros competentes a operá-la.

O que falta, então? Um grande jogador, que esteja disposto a entrar na partida com capacidade de investimento e coragem (e caixa) para praticar uma política de preços agressiva. Um jogador cuja lucratividade seja função principalmente da fatia de mercado conquistada, e não da margem unitária no negócio. Alguém que tope lucrar um pouco com cada cliente, para ter muitos clientes e lucrar muito ao final.

Quem se habilita? Se ninguém se apresentar, que venha a estatal de banda larga preparada nos laboratórios do Palácio do Planalto. Pior do que está não vai ficar.

Falta o líder

Os principais quadros brasilienses do PSDB, Democratas e PPS reuniram-se esta semana e, segundo disseram, planejam acertar as pontas na operação política. Querem mais coordenação e melhor comunicação, especialmente na internet. Para quem deseja voltar ao poder, é um passo sensato.

Mas o problema maior não é operacional, é político. Falta a oposição definir se sua prioridade é fazer a luta interna ou combater o adversário. Falta definir o que é essencial: quem é o inimigo a derrotar.

É preciso saber se cada uma das facções oposicionistas está disposta, inclusive, a apoiar de verdade um eventual concorrente interno, se isso for necessário para evitar nova vitória do PT em 2010. Sem esse detalhe fundamental, pouco adiantará o resto.

Qual foi a principal vantagem competitiva do PT nestas três décadas? A existência de um líder, Luiz Inácio Lula da Silva. Quando o PSDB ganhou duas eleições presidenciais? Quando teve um líder, Fernando Henrique Cardoso. Como o PMDB chegou ao poder? Pelas mãos de Ulysses Guimarães, que apoiou Tancredo Neves quando percebeu que não seria o melhor candidato a presidente em 1985.

Quem é o líder da oposição? Alguém sabe?

Blefe?

Os Estados Unidos apreciam que o Brasil tenha bons canais com o Irã, mas gostariam também que o Brasil defendesse junto ao Irã a posição unânime das grandes potências sobre o programa nuclear iraniano.

Esse foi o sentido da carta de Barack Obama a Lula. Não há antagonismo entre a satisfação dos americanos com as iniciativas diplomáticas brasileiras e o desconforto com o fato de o Brasil estar mais próximo do Irã do que seria desejável na Casa Branca.

Escanteado em Honduras, em Doha, com o G20 e com o etanol, o Brasil aproveitou a visita de Mahmoud Ahmadinejad para mandar o recado de que pode sair da área de controle. Blefe? Vale a pena acompanhar esse pôquer para ver quem, no final, terá cartas para arrastar as fichas.

Coluna (Nas entrelinhas) publicada hoje no Correio Braziliense.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

A lucidez da crítica na coluna do Alon.

Para quem gosta da análise crítica, sóbria e responsável sobra vida política nacional, não há outro caminho, a leitura das colunas do jornalista Alon Feuerwerker é quase um vício. Eu o leio, transcrevo aqui os seus artigos e convido você a assisti-lo na TV (veja como fazer isso acessando o blog que ele mantém).


O Brasil é mais complexo (03/09)
Alon Feuerwerker

Não dá para achar que o país pode ser governado só assim: com Luiz Inácio Lula da Silva falando mal do antecessor, Dilma fazendo suas apresentações e o PMDB dando um jeito no Parlamento

Quem procura saber o que vai pela seara do governismo percebe o sucesso alcançado nos últimos dias pela tese imortalizada nas palavras do senador Renan Calheiros (PMDB-AL), naquele inesquecível duelo de plenário contra o colega Tasso Jereissati (PSDB-CE). Trata-se de colocar a oposição no lugar que ela merece, para ela deixar de ser besta. Para curá-la do que o líder do PMDB classificou de "complexo de maioria". Que faz a minoria se comportar como se maioria fosse. Transgredindo as naturais regras do jogo.

Na crise do Senado, à primeira vista deu certo. José Sarney (PMDB-AP) continua confortavelmente posto na cadeira acima dos pares, com os rolos da Casa a caminho do esquecimento e do perdão aparentes. Uma anistia ampla, decorrente da correlação de forças. Do "manda quem pode, obedece quem tem juízo". Há, é claro, um custo junto à sociedade. O PT paga o preço de aparecer como legenda que concede aos aliados, especialmente ao PMDB, direitos proibidos aos mortais. Desde, é claro, que o parceiro ofereça apoio aos projetos e desígnios do PT.

A julgar pela euforia petista com o exercício do poder, o partido está a avaliar que a relação custo-benefício desse tipo de operação vale a pena. Será? Na política é habitual o sujeito deixar-se levar pela ilusão de que tudo está bem. Não fosse assim, não haveria espaço para grandes surpresas eleitorais, quando a urna finalmente traz o que pensa o eleitor. Mas enquanto este não se manifesta prevalece a miragem do tudo pode.

A urgência constitucional determinada pelo governo para a tramitação dos projetos do pré-sal atolou na Câmara dos Deputados. É uma coisa intrigante. Se o governo tem maioria ampla na Casa, e se os líderes da base governista podem, portanto, pedir a votação em plenário de qualquer texto a qualquer momento, por que o Palácio do Planalto impôs a urgência a priori num assunto tão compexo? Ora, por achar que emplacaria. Veremos o desfecho.

O procedimento revela novamente o conceito. Durante muitos meses, o assunto ficou rodando pela Casa Civil, indo e voltando do Ministério de Minas e Energia. Ótimo. Era o governo cumprindo seu papel. Entretanto, por mais consideração que a sociedade possa ter pela ministra Dilma Rousseff e pelo colega Edison Lobão, não dá para concluir que o país está totalmente representado pelo duo nesse debate. Não dá para achar que o Brasil pode ser governado só assim: com Luiz Inácio Lula da Silva falando mal do antecessor, Dilma fazendo suas apresentações e o PMDB dando um jeito no Parlamento.

O Brasil é mais complexo. Por elegância, não é o caso de citar exemplos de vizinhos. Mas talvez conviesse ao governo compreender que hoje parecemos mais com os Estados Unidos do que com alguns das nossas redondezas. E se nem Barack Obama, com todo o capital político acumulado e a maioria qualificada nas duas Casas do Congresso, escapa de passar pelo corredor polonês na polêmica sobre a reforma da Saúde, assunto exaustivamente debatido na campanha eleitoral, por que Lula, Dilma e Lobão imaginam que poderão virar do avesso, assim do nada, a um estalar de dedos, todo o universo nacional do petróleo e do gás? E fazê-lo sob aplausos unânimes do Brasil, pois afinal "eles devem saber o que é bom para nós".

Até porque se a propostas forem boas mesmo o governo terá elementos adicionais para emplacá-las. Mas vai exigir arte. Futebol não é só força, é também jeito. Intrigante que logo Lula, o boleiro, o encantador de serpentes, tenha esquecido dessa verdade. Bem Lula, que depois de cinco eleições e dois mandatos presidenciais talvez conheça o Brasil melhor do que qualquer um. É coisa de gente que se acostumou demais a palácio. Uma doença conhecida do príncipe.

O nome é Palocci

Em entrevista ontem a um canal de televisão, o ex-ministro José Dirceu disse que Antonio Palocci é a candidatura natural do PT ao governo de São Paulo. Fez as mesuras de praxe aos demais, mas não deixou dúvidas.

Pelo tom de Dirceu, e pelas conexões que ele mantém no partido e no governo, essa fatura está com cara de liquidada.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

O custo Sarney

Como de costume, transcrevo mais abaixo a coluna de hoje do jornalista Alon Feuerwerker. Confira!


Fatura remetida ao Planalto
Alon Feuerwerker

O PT está ficando com uma cara de coisa antiga. Menos do que a do tucanato associado a FHC, mas ainda assim antiga. Um eventual governo Dilma corre o risco de nascer velho? O que o eleitor vai achar disso?

A bancada do PT no Senado tem uma dívida com o líder, Aloizio Mercadante (SP). Ao insistir que José Sarney (PMDB-AP) devia explicações ao Conselho de Ética, Mercadante ajudou a proteger os colegas, deixando mais que claro de onde vinham as pressões pelo arquivamento sumário: do Palácio do Planalto. O senador João Pedro (PT-AM) também contribuiu, quando leu no conselho um texto com a posição pública do presidente do PT, deputado federal Ricardo Berzoini (SP).

Assim, se manter Sarney na Presidência do Senado interessava antes de tudo ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que o próprio assumisse o ônus. A posição de Mercadante serviu também de escudo a dois colegas em particular, Delcídio Amaral (MS) e Ideli Salvatti (SC). Ambos candidatos ano que vem poderão dizer que votaram com o partido, com o presidente Lula, que fizeram esse sacrifício em nome do projeto maior. A única coisa que não pode faltar a um político é o discurso. Se o líder não consegue oferecer aos liderados a vitória, que pelo menos dê o discurso.

Lula desenvolveu ao longo dos anos uma tecnologia. É a história do técnico de futebol para quem “eu ganhei, nós empatamos, eles perderam”. Tudo vai se desenhando para que 2010 represente o ápice da estratégia. Será a eleição do tudo ou nada. A cúpula do PT opera para não ter candidatos viáveis nos maiores colégios eleitorais. Uma exceção será o ministro da Justiça, Tarso Genro, que deu o drible da vaca na direção nacional do partido e foi também beneficiado pelo desastre político do tucanato no Rio Grande do Sul.

A tese predominante no PT é abrir mão de tudo que possa representar risco para a montagem de um palanque invencível na sucessão presidencial. Teoricamente faz sentido. O tempo de televisão do PMDB dará um belo trunfo a Dilma Rousseff, ainda mais se houver mesmo o desgarramento de outros pedaços da base do governo. O problema, de novo, é o discurso. Ao PT resta hoje a tese de que fez um governo melhor do que fizera o PSDB. É verdade. Se for só por isso, Dilma pode preparar o tailleur.

Eleições são apostas sobre o futuro. O presente pode ganhar, desde que dispute com o passado, já que em relação ao passado o presente é o futuro. Fernando Henrique Cardoso reelegeu-se em 1998 porque as pessoas não queriam de volta o passado de inflação. E Lula venceu em 2006 porque os eleitores não desejavam a volta do passado representado por FHC.

Aliás, talvez os tucanos nunca tenham entendido como a história das privatizações rendeu tanto ao PT naquele ano. Não foi porque o brasileiro se tornou um estatista fanático, mas talvez porque o ambiente de polarização ideológica tenha reavivado as brasas adormecidas da péssima memória popular sobre o segundo quadriênio do PSDB no Planalto. Que persiste até hoje. Basta olhar para as pesquisas, nas quais invariavelmente o campo político tucano-democrata aparece em minoria quando se pergunta sobre o sucessor de Lula.

Mas o discurso da continuidade encontra o limite quando se vê diante do apelo do futuro. Não qualquer futuro. Um viável. Esse é o risco do caminho pelo qual o situacionismo conduz a guerra. O PT está ficando com uma cara de coisa antiga. Menos do que a do tucanato associado a FHC, mas ainda assim antiga. Um eventual governo Dilma corre o risco de nascer velho? O que o eleitor vai achar disso? E qual é a liderança partidária que poderia encarnar hoje o sentimento de renovação política?

Não é à toa que Lula se movimenta para matar as alternativas. Ele sabe o que faz.

Homenagem

Um último detalhe. O PMDB que representou contra o senador Arthur Virgílio (PSDB-AM) votou no Conselho de Ética para arquivar sumariamente o mesmo processo que o partido havia apresentado. Foi uma posição transparente, a admissão de que a coisa se reduzia apenas à política. O PMDB poderia ter votado para abrir o processo contra o líder tucano. Não mudaria o desfecho. Mas preferiu dar os votos que garantiram a unanimidade a favor de Virgílio. Talvez tenha sido uma homenagem.

Sofisticado

Como foi notado ao longo do dia, e finalmente verbalizado pelo senador Pedro Simon (PMDB-RS), a senadora Marina Silva (sem partido-AC) escolheu deixar o PT no dia em que a legenda votou para impedir qualquer investigação sobre o presidente do Senado. Talvez agora os que a reduzem a uma “candidata temática” percebam que estão diante de algo mais sofisticado.Coluna (Nas entrelinhas) publicada hoje no Correio Braziliense.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

RN: o que dizem as pesquisas eleitorais não divulgadas

Pesquisas e mais pesquisas estão sendo feitas no Rio Grande do Norte. A sucessão estadual está deixando alguns dos políticos potiguares à beira de um ataque de nervos. Até um certo "grande nome" da pesquisa eleitoral nacional (que assessorou campanhas como de FHC, para presidente em 1994, e a deJosé Serra, também para o mesmo cargo, em 2002) foi convidado para prospectar as vontades da gente que habita a esquina do Brasil. Tratou-se de uma pesquisa quali-quanti, aplicada em todo o território potiguar e que custou a bagatela de 250 mil reais. Os resultados, embora os contrantes os escondam como se fossem a fórmula do elixir da longa vida, são agora um segredo de polichinelo. Tanto que uma figura bem postada no universo da pesquisa eleitoral local me passou, ontem, alguns dados do referido levantamento. Repasso para vocês e adiciono mais informações, oriundas de outras pesquisas. Estas últimas são exclusivamente quantitativas e foram desenvolvidas por institutos locais.

1. Lula transfere votos para Dilma
Para desespero dos contratantes da pesquisa desenvolvida pelo figuraço nacional, o eleitorado potiguar parece disposto a seguir a indicação de Lula no voto para presidente. Para presidente, saliente-se. Isso significa que a candidatura da ministra Dilma Roussef tem, em terras potiguares, uma grande possibilidade de crescimento. Essa mesma transferência não ocorre para as disputas para o Senado e para o Governo do Estado. Para esses cargos, para os quais são lembrados nomes bem conhecidos dos eleitorais locais, as referências são outras e os elementos que embasam as escolhas também. Em resumo: se o apoio de Lula é vital para Dilma, não o é para os candidatos ao senado e ao governo estadual.

2. Vilma está colada em Lula. Para o bem e para o mal.
Nem todos os que avaliam positivamente o Governo Lula pretendem votar em Vilma, mas todos que pretendem votar em Vilma avaliam bem o Governo Lula. A lição desse "achado" é um só: para crescer (e o campo é vasto, já que a parcela da população que avalia positivamente o Lula é majoritária), Vilma precisa se identificar, colar-se mesmo, ao Lula.

3. Rosalba está disparada na frente na disputa pelo Governo do RN
Como era de se esperar, todas as pesquisas eleitorais, neste momento, apontam uma grande preferência pela Senadora Rosalba Ciarline, do ex-PFL, para o Governo do Estado. A disputa fica enrolada mesma em relação ao segundo lugar. Em Natal, Carlos Eduardo (PDT) está em segundo, mas, quando se totalizam as preferências de todo o estado, o deputado Robinson Faria (PMN) conquista essa posição.

4. Micarla está descendo a ladeira e a culpa é da saúde (ou da falta de política para)
A popularidade da Prefeita de Natal, Micarla de Sousa (PV), está despencando ladeira abaixo. O ítem mais negativamente avaliado de sua gestão pela população é a saúde (ou falta de política para). Nos dois primeiros meses de gestão, a Prefeita fez do acerto de contas com a gestão passada na área da saúde o seu cavalo de batalha. A jogada de marketing deu certo, durante um tempo. A paciência do distinto público tem limites e nem todo encantador de serpentes se dá bem o tempo todo, já dizem os mais velhos. A tradução dessa velha lição para os marqueteiros políticos locais (especialmente os que assessoram a nossa prefeita) é: as pessoas não querem ouvir mais falar de mazelas herdadas; querem ação. E é exatamente ação na área da saúde que elas avaliam que está faltando na administração da borboletinha. Isso não quer dizer que a nossa verde prefeita esteja condenada ao mármore do inferno da popularidade. Nada disso! A Zona Norte é o seu bastião. Lá, o apoio a Micarla é ainda muito forte. Quem está abandonando o barco com mais rapidez é a classe média e a população da zona sul.

5. Quanto mais apanha, mais Carlos Eduardo cresce
O ex-prefeito Carlos Eduardo deveria pagar alguma coisa aos vereadores que insistem em trombetear contra a sua administração na Câmara Municipal, pois, segundo as pesquisa qualitativas, o eleitorado natalense não gosta de vê-lo levando bordoadas. As pessoas acham injustos os ataques desferidos contra ele e sua gestão. Assim sendo, o ataque ao agora pedetista é um daqueles casos em que o tiro pode sair pela culatra.

6. Garibaldi é o preferido dos que desaprovam o Governo Lula
Nem todo eleitor de Garibaldi desaprova o Governo Lula, mas todos que desaprovam o Governo Lula vêem com bons olhos o ex-governador e atual Senador do PMDB.

7. José Agripino tem uma avaliação descolada da sua oposição radical ao Governo Lula
Ao contrário de Garibaldi, o Senador José Agripino (DEM) transita bem entre os que gostam e entre os que detestam o Governo Lula. Essa informação, aparentemente desconcertante, parece-me ter uma explicação razoável: José Agripino, avaliam os eleitores, é um bom senador. E ponto. E isso significa o quê? Ora, que as pessoas tendem a votar nele mesmo sem concordar com todas as sua posições. Ele é adversário fidagal do Lula, certo? Ok, os apoiadores de Lula sabem disso, mas, parece, desconsideram um pouco essa postura do ex-pefelista, e levam em conta, nas suas escolhas, o conjunto da obra (a sua atuação parlamentar).

É isso. Nada mais me foi dito, embora eu tenha perguntado muito mais.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

César Maia, quem diria, minimiza a candidatura de Marina

Tenho alguns amigos petistas que gostam de ver uma conspiração da direita por trás de cada movimentação política. Assim, nesses dias, tenho ouvido poucas e boas a respeito da possível candidatura da ex-ministra Marina Silva, alguém até ontem elogiada por esses mesmos interlocutores. "Trata-se de um bom jogo da direita", dizem-me alguns. Acho, e isso é um lugar comum, que é reducionismo de mais pensar assim. "O mundo é mais complexo", já dizia, há alguns anos, uma menina em uma propaganda do McDonalds.

Bueno, pois não é que o César Maia (e não me venham dizer que ele não representa alguma coisa dessa fatia meio fugidia da política brasileira que é a direita!), em seu Ex-Blog, aponta argumentos que mais servem para consolar do que para desesperar os petistas! Que maravilha, não? Confira abaixo!

MARINA: CRISTOVAM BUARQUE OU HELOÍSA HELENA?

O senador Cristovam Buarque saiu do PT e se lançou pelo PDT candidato a presidente. Fixou-se monotematicamente na educação e terminou com 2,6% dos votos. Heloísa Helena iniciou a campanha com sucesso e chegou a passar a barreira dos 15%. Abriu seu discurso a vários temas. Depois foi minguando e terminou com 6,85%. Pouco tempo de TV. Cristovam teve um tempo de TV razoável pelo PDT. Marina tende a ser monotemática-ambiental e teria pouco tempo de TV. Enfrentaria seu partido de 30 anos? Refundaria o PV, como afirmou (Valor, 11/08) e manteria seu mandato pelo Acre? Apenas marcaria posição como candidata?

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Os atores da crise no Senado: uma avaliação

Estou em uma roda-viva. Na semana passada, fiquei no Rio, participando da SBS; nesta, estou em Brasília, trabalhando na CAPES. Aí falta tempo para postar. No momento, estou em uma sala de trabalho, no intervalo. Aproveito, então, para postar algo sobre a interminável crise no Senado. Tomo de empréstimo, então, artigo de análise feito pelo Alon Feurewercker. Confira!

Válvula de escape para os fatos (04/08)
O PMDB precisa oferecer uma saída para a crise. Mesmo o maior partido do país não tem como manter indefinidamente reféns o Legislativo e o presidente da República

Para um partido de profissionais, o PMDB vem se conduzindo de modo surpreendentemente amador nesta crise do Senado. Pressionado pelas revelações sobre os malfeitos na Casa, o partido reage com uma atitude defensiva, debitando tudo ao ambiente de luta política e ameaçando retaliar contra os adversários. Tem-se a impressão de que o profissionalismo do PMDB esgota-se no operar da pequena política, na interface entre esta e a máquina estatal. Já quando se trata de trabalhar com a opinião pública, aparece o amadorismo.

Talvez o estranho comportamento do PMDB se fundamente num mito: se a opinião pública foi neutralizada na crise de 2005, permitindo a reeleição do presidente da República no ano seguinte, e se a internet limita o poder dos grandes veículos de comunicação, basta agora formar uma maioria aritmética, denunciar os propósitos políticos dos adversários e acenar com retaliações violentas. Será?

Na crise de 2005, Luiz Inácio Lula da Silva sobreviveu, mas pagou um preço. Aceitou que fossem à bandeja quase todas as cabeças coroadas do Partido dos Trabalhadores, companheiros da longa marcha que levou a legenda ao poder. Para que na campanha da reeleição, quando confrontado com as muitas denúncias de corrupção no seu governo, pudesse responder que a diferença sobre os presidentes anteriores era uma só: agora a corrupção estava sendo combatida de verdade. Doesse a quem doesse.

Além do mais, não há como comparar os respectivos cacifes políticos, de Lula e do Senado. Acho que nem o mais fanático defensor de Sarney discorda disso.

Outro equívoco é imaginar que a emergência da internet enfraquece a opinião pública. É o contrário. Ao dar voz a muito mais gente, a massificação da internet obriga os atores públicos a dialogar permanentemente com a opinião pública. Uma confusão frequente é imaginar que vence esse tipo de batalha na rede quem grita mais, quem coloca mais gente para gritar ou quem ataca mais. Não é assim. Sempre é preciso oferecer uma válvula de escape para os fatos.

Há alguns fatos no Senado. Há atos secretos, às centenas. Atos celebrados e não publicados ao longo de diversos mandatos de presidentes da Casa. A gravidade do assunto foi reconhecida pelo próprio Sarney, quando divulgou a anulação de tais atos. Se bem que a revogação efetiva esteja a tardar, certamente por dificuldades burocráticas e políticas. Atos secretos do poder são graves porque, como já dito antes, deixam o cidadão à mercê dos poderosos, sem possibilidade de defesa. São um atentado à democracia, uma sombra ditatorial a pairar cobre o estado de direito.

O PMDB talvez imagine que a opinião pública aceitará a tese de que os problemas do Senado são administrativos, e que a mesma cúpula que, na melhor das hipóteses, conviveu com os malfeitos por anos deve agora estar encarregada de corrigi-los. Aritmeticamente, isso pode até alcançar (ou manter) o apoio da maioria dos senadores. Mas não tem apoio social. É por isso que o custo de sustentar o status quo no Senado vem sendo lançado no cheque especial de Lula.

Para além de se mostrar coeso em torno do próprio poder, o PMDB precisa oferecer uma saída para a crise. Mesmo o maior partido do país não tem como manter indefinidamente reféns o Legislativo e o presidente da República.


É pouco

A sessão de ontem do Senado foi uma boa medida da temperatura da crise. Com acusações e ameaças. O núcleo duro do situacionismo abriu fogo em plenário contra o senador Pedro Simon (PMDB-RS), que pela enésima vez pedia a renúncia do comandante da Casa. A dúvida é até quando os demais segmentos da base governista estarão alinhados ao PMDB na guerra total, sem quartel. A maioria da bancada do PT não caminha mais com o aliado. No PSB e no PDT, a relação com o peemedebismo está em franca deterioração. Assim, restam o próprio PMDB e o PTB como forças ponderáveis a resistir. Parece pouco. No PMDB há certa consciência da situação. Mas há também a confiança de que o Palácio do Planalto não tem alternativa, a não ser continuar sustentando o grupo dominante no Senado. E segue o jogo.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

A internet e a liberdade dos adversários

Mais abaixo, como tem ocorrido sempre, transcrevo o artigo que o jornalista Alon Feuerwerker publica semanalmente no Correio Brasiliense (e disponibiliza no seu blog).

A liberdade dos adversários (18/06)
As pessoas adoram a internet, desde que ela sirva aos seus propósitos. Já quando pode ser usada pelos adversários, ela é odiada. É uma contradição curiosa, mas previsívelEm meio a contestações sobre o recente resultado eleitoral, o governo do Irã vem cerceando o trabalho da imprensa e tentando limitar o fluxo de informações pela internet. O mundo mudou com as novas tecnologias da informação, mas ainda é possível em algum grau estabelecer restrições à atuação do jornalismo dito empresarial. Mais difícil de conter, entretanto, é a atividade jornalística difusa, pulverizada, exercida pelo cidadão comum. Graças exatamente à popularização da internet.

A principal novidade introduzida pela rede global digital é a redução do custo de distribuir informação. Essa queda levou ao colapso a tradicional unidirecionalidade ensinada nas escolas. Na prática, é possível dizer que todo mundo hoje em dia pode ser um jornalista. Inclusive para criticar os jornalistas e o jornalismo. Somos profissionais que ao longo do tempo nos acostumamos a dar a última palavra sobre tudo. Agora, devemos nos adaptar ao fato de que nosso veredito, além de não mais ser o último, está, com a internet, a anos-luz de ser o único.

A nova realidade vem sendo recebida com satisfação por quem habita o polo da contra-hegemonia. Quem está por baixo, quem se sente esmagado pelo pensamento único dominante, esse adora a internet. Já quem tem o domínio dos canais ditos hegemônicos, esse a vê com desconfiança. Dia sim outro também tem gente falando mal dos blogs. E no Senado Federal está para ser votado um texto com restrições ao uso da rede. A proposta, do senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG), é draconiana, completamente inadaptada aos novos tempos. Por isso mesmo tem chance de passar. Ainda mais no Senado que aí está.

Comum é a posição do sujeito oscilar de acordo com as conveniências. Ele adora a internet, desde que sirva aos seus propósitos. Já quando pode ser usada pelos inimigos, ele a odeia. É uma contradição curiosa, mas previsível. O difícil na democracia é aceitar e reconhecer a legitimidade do oposto, do adversário. Um caso emblemático são os direitos humanos. O que mais se vê é gente inchando a veia do pescoço para defender os direitos humanos dos amigos, enquanto relativiza os de quem circunstancialmente está na trincheira oposta.

Daí a importância de uma Justiça realmente dotada de independência, e de termos leis democráticas, a começar da Constituição. A Carta de 1988 pode ter vários defeitos, mas vem garantindo ao Brasil o mais longo e mais estável período de democracia na nossa História. Não é pouca coisa. Por isso, sempre que se fala em reformar a Constituição para lhe dar "mais funcionalidade" é preciso olhar com lupa e tentar enxergar os interesses envolvidos. Num país de tradição autoritária, é medida sempre prudente.

Ontem, o Supremo Tribunal Federal decidiu por 8 votos a 1 que é livre o exercício da profissão de jornalista, independente de o profissional ser portador de diploma universitário de jornalismo. No caso deste colunista, a decisão do STF tem pelo menos uma consequência prática: poderei exercer com tranquilidade, e alma leve, a atividade que escolhi (ou pela qual fui escolhido) há quase três décadas. Aqui, faço uma referência a meus colegas que, mesmo sem o diploma, têm ao longo destes anos procurado exercer com dignidade e competência a profissão.

Como parte interessada, sou suspeito para opinar. Mas que o Brasil está melhor depois da sessão de ontem do Supremo, isso está.

Começar pelos números

Saltitando no óleo quente, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), afirmou que vai dar publicidade à lista dos salários dos funcionários da Casa. Espera-se que sejam os vencimentos brutos. Vamos ver se ele terá força para cumprir o prometido. Em São Paulo, o prefeito Gilberto Kassab (DEM) já fez o que Sarney promete. Kassab enfrenta resistências na Justiça, mas tomara que tenha sucesso na empreitada.

Para evitar protelações, o presidente do Senado poderia começar com uma medida mais modesta. Divulgar só a relação dos vencimentos brutos, sem os nomes. Seria bom saber qual o maior salário do Senado, qual é a média salarial, qual é a concentração de renda entre os servidores. Não atingiria a privacidade de ninguém e serviria para lançar alguma luz sobre o assunto.

Coluna (Nas entrelinhas) publicada hoje no Correio Braziliense.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

O jogo do poder

Abaixo, postei artigo do jornalista Alon Feuerwerker, publicado na edição de hoje do Correio Brasiliense e republicado no seu blog. Vale a pena ler! Como sempre, você vai enontrar, no texto do Alon, uma análise crítica e consistente do jogo político que os atores principais estão armando para as eleições de 2010.

Companheiro de viagem (10/06)
Alon Feuerwerker
Avalia o PT que a retomada da popularidade e da força política de Lula dificulta muito a ação de quem no PMDB deseja engatar o vagão na locomotiva tucana

A um ano da definição oficial dos candidatos, começam a se desenhar cenários em locais estratégicos. No Rio Grande do Sul PT e PMDB caminham para ter cada um seu nome na luta pelo Piratini. Entre os petistas, a tese de abrir mão em favor do PMDB gaúcho não deu nem para a largada. Tarso Genro será o candidato, tendo concordado que a ministra Dilma Rousseff suba em dois palanques no estado, o dele e o de José Fogaça (ou Germano Rigotto). Com isso, o petismo riograndense espera neutralizar as tentações pró-tucanas do peemedebismo local.

No Rio de Janeiro o governador Sergio Cabral (PMDB) e o prefeito de Nova Iguaçu, Lindberg Farias (PT), abriram, por iniciativa de terceiros, um canal de diálogo direto. Luiz Inácio Lula da Silva quer a aliança fluminense e agora o cenário mais provável é o PT oferecer o vice de Cabral na reeleição, podendo ser o próprio Lindberg. Outra opção do prefeito é o Senado. O fraco desempenho de Alessandro Molon ano passado na capital não deixa no Rio margem maior de manobra para quem no PT defende a candidatura própria.

Em Minas há um ensaio de dança para levar o ministro Hélio Costa (PMDB) à reeleição no Senado. O também ministro Patrus Ananias concorreria ao governo, com o ex-prefeito Fernando Pimentel reservado para uma função de comando na campanha de Dilma. Dos três estados Minas é onde a articulação está mais verde, dada a vantagem atual de Costa nas pesquisas. Há, porém, dúvidas, inclusive no PMDB, sobre sua capacidade de chegada num processo eleitoral polarizado com o nome apoiado pelo governador Aécio Neves.

Quando — e se— o Rio Grande do Sul, o Rio de Janeiro e as Minas Gerais afinal forem equacionados o PT espera isolar o PMDB paulista, que já marcha nas fileiras tucanas. Isso apesar de o presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer, ele próprio de São Paulo, movimentar-se nos bastidores pleiteando a vaga de vice na chapa de Dilma. O problema de Temer: o controle do ex-governador Orestes Quércia, hoje aliado do governador José Serra, sobre a seção regional da legenda.

Conquistado o apoio do PMDB nos três estados, espera o PT garantir folgada maioria na convenção nacional peemedebista, e com isso capturar um tempo que dará a Dilma condições ideais para durante 45 dias desfilar no rádio e na tevê falando bem da administração Lula e defendendo que o governo deve continuar, agora pelas mãos dela. Mais: o apoio oficial nacional do PMDB será usado junto à Justiça Eleitoral para impedir que os ramos pró-tucanos do peemedebismo possam, nos dias reservados às campanhas estaduais, fazer campanha para o candidato a presidente do PSDB.

Mas, perguntaria Manuel dos Santos (o Garrincha) a Vicente Feola, e os russos, estão de acordo? Avalia o PT que a retomada da popularidade e da força política de Lula dificulta muito a ação de quem no PMDB deseja engatar o vagão na locomotiva tucana. Segundo essa esperança, o PMDB não trocaria o certo pelo duvidoso. Não abriria mão da gorda fatia que controla hoje na esfera federal, onde é o principal pilar do governo, para entrar dividido e coadjuvante numa composição que já tem donos. Aliás, é consenso entre os peemedebistas em Brasília que é altamente improvável o partido alcançar com outros parceiros a influência que adquiriu ao apoiar o projeto político do PT.

Com um trunfo adicional. Agora, quem está na cadeira é Lula, que de algum modo contrabalança a fraqueza relativa do PT. Sem Lula, um governo do PT ficaria bem mais dependente do PMDB, acredita o companheiro de viagem.

Ponto futuro

Desde o início da crise, em setembro, o governo afirma que o pior ficou para trás. Como alguma hora certamente o pior terá ficado para trás, o governo vai colher no ponto futuro os dividendos políticos. A esperança agora da oposição é uma curva em W, algo que interrompa a (lenta) retomada da economia. Como de hábito, em vez de disputar a narrativa a oposição torce.


Coluna (Nas entrelinhas) publicada hoje no Correio Braziliense.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Cadu comenta entrevista do Senador Jarbas Vasconcelos

O comentário abaixo foi enviado por Carlos Eduardo Freitas, o Cadú, que mantém o blog Tesoura Social. Cadú é um cara inteligente e sensível. É também um estudioso dedicado do campo da sociologia.



É muito interessante como estratos da classe média brasileira atualizam constantemente um discurso negativo (naturalizado) acerca de políticas assistenciais desenvolvidas pelo Estado. Sempre operando com o sofisma de que "é mais importante ensinar a pescar do que dar o peixe" - sem levar em consideração as condições estruturais de reprodução da miséria social. Como bem demonstrou Richad Sennett, essa visão negativa de que toda ou qualquer forma de assistência estatal gera parasitismo social, tem origem no séc. XIX no pensamento liberal (Locke, Kant e Adam Smith). Para esses homens, a dependência social era sinônimo de degradação humana ou traço de infantilidade. Assim, o Estado, ao intervir na vida social, promovia a preguiça intelectual e impedia o livre desenvolvimento das capacidades humanas, esse, só possível num ambiente de livre disputa social. Ao deixar os indivíduos jogados a própria sorte, aqueles assumiriam a responsabilidade própria sobre suas vidas, o que representaria um amadurecimento civilizatório. Também interessante é observar setores da esquerda compartilhar com a visão negativa do Estado-assistencial, o tachando como "populista" (categoria auto-explicativa, ou senso comum-douto). Para os marxistas tradicionais, ao promover políticas "assistencialistas", o Estado desmantelaria qualquer possibilidade de "tomada de consciência" das classes trabalhadoras. Assim, tanto para os liberais quanto para os marxistas apocalípticos, é necessário um choque de capitalismo na medida, pois que representa etapa "natural" do desenvolvimento das forças produtivas. É "destruição criativa" shumpteriana reinando nos discursos de hoje (à direita e à esquerda).

Abraços,Cadú.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Alon dá a resposta ao Senador Jarbas Vasconcelos

O senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), na revista Veja desta semana, desanca, com um baboso etnocentrismo de classe média , o Program Bolsa Família. Diz tudo aquilo que a gente ouve nos convescotes da clásse média dita ilustrada. O Alon Feuerwecker, com a competência de sempre, produziu uma boa resposta às besteiras do senador pernambucano. Confira abaixo!

O tantinho e o tantão (16/02)

No Brasil, dinheiro público dado ao rico significa modernidade. Quando é dado para o pobre, representa atraso e clientelismoNa entrevista que deu à edição desta semana da revista Veja, o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), além de acusar o seu próprio partido de corrupto, disse que o Bolsa Família "é o maior programa oficial de compra de votos do mundo". Eu acho que entendi o que o senador quis dizer. Que a pessoa que recebe o Bolsa Família fica tão grata ao governo que se dispõe a votar em candidatos apoiados pelo governo.Não vejo muita novidade nisso. Em geral é assim. Se o governo faz algo de bom para você, é natural que você fique mais propenso a votar na situação do que na oposição. Não sei se o Bolsa Família é —como diz o ex-governador de Pernambuco— "o maior" programa planetário de "compra de votos". Mas ele sem dúvida tem sido eficaz para trazer à administração federal e ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva apoio político entre os mais pobres.Por que o Bolsa Família é politicamente eficiente? Porque dá a um tantão de gente que não tem quase nada um tantinho de alegria para cada um. Há outras maneiras conhecidas de o governo proporcionar felicidade. Em certas privatizações, por exemplo, a turma que arremata ativos estatais a preço de banana fica tão agradecida ao governante que se dispõe a apoiá-lo politicamente. É do jogo.A desvantagem eleitoral das privatizações localiza-se num aspecto muito particular. É que, amiúde, o tantão de alegria que elas proporcionam só beneficia um tantinho de gente. É diferente do Bolsa Família. O multiplicador eleitoral é mais modesto, dado o pequeno contingente de felizardos. Pois, infelizmente, muitas vezes o que sobra para o cidadão comum é a conta a pagar. O Brasil tem um dos serviços de telefonia celular mais caros do mundo. Para não falar na energia elétrica.Voltando ao Bolsa Família, eu sempre me espanto com a virulência dos ataques ao programa, que do ângulo orçamentário é até relativamente modesto. Eu não vejo a gritaria contra o Bolsa Família reproduzir-se, por exemplo, quando o agronegócio vem a Brasília exigir o perdão das dívidas que fez no Banco do Brasil. Ou quando empresários tomam os palácios da capital a impor que o governo abra mão de impostos. No Brasil, dinheiro público dado ao rico significa modernidade. Quando é dado para o pobre, representa atraso e clientelismo.Em relação ao Bolsa Família eu sou radical. Sigo a cartilha do senador Eduardo Suplicy (PT-SP). O programa deveria ser expandido a toda a população, na forma de um imposto de renda negativo. Todo mundo teria direito a uma renda mínima, capaz de evitar o mergulho na pobreza extrema. Para o meu gosto, o governo Lula é até tímido nessa área. Ele costuma ficar refém do discurso das "condicionalidades". Como se a mãe de família pobre precisasse ser coagida para mandar os filhos à escola. Ninguém é idiota por ser pobre.Lembro bem da gritaria que houve na Constituinte quando se implantou a aposentadoria rural universal, independente de contribuição. Diziam que o país não suportaria. Pois bem, hoje a aposentadoria rural, somada ao Bolsa Família, é um poderoso instrumento para movimentar a economia dos pequenos municípios. Num Brasil em que a reforma agrária dorme na gaveta, o repasse de recursos públicos às populações mais pobres do interior ajuda também a evitar um afluxo ainda maior de gente para as regiões metropolitanas.A oposição já perdeu uma eleição presidencial por não saber defender suas privatizações junto ao eleitor. Agora, a julgar pelo discurso articulado do senador pernambucano, arrisca-se a naufragar diante da acusação de que, se vencer em 2010, vai acabar com o Bolsa Família. A oposição nunca soube mesmo lidar com as políticas sociais de Lula. Azar dela.Para quem precisa desesperadamente conquistar votos entre os mais pobres e no Nordeste, a oposição está começando a campanha eleitoral com o pé direito. Isso foi uma ironia. Ou, se quiserem, um trocadilho.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Mais análise sobre o resultado eleitoral

Reproduzo abaixo análise sobre o resultado das eleições feita por Alon Feurwecker (já falei, bem, dele aqui). Vale a pena ler. Acesse diretamente o blog dele aqui.

De olho nos estados (28/10)

Por Alon Feuerwerker
alonfeuerwerker.df@diariosassociados.com.br

Já se sabe há três semanas, desde o primeiro turno, que o PMDB sairia desta eleição como a jóia cobiçada da próxima. Mas qual será, afinal, o peso dos resultados municipais de 2008 na corrida presidencial de 2010? E a real importância das coligações partidárias numa eleição majoritária, especialmente na escolha do presidente da República, qual é? Quem conseguir arrastar o PMDB para uma aliança terá mesmo dado o passo decisivo para ficar imbatível na corrida pelo Palácio do Planalto? O que realmente quer o PMDB?

Vamos começar pelo fim. O PMDB quer poder, o máximo possível. Nesse particular, a legenda é igualzinha às outras. Tome-se a sucessão das Mesas do Congresso. Os deputados federais do PMDB desejam o comando da Câmara. Os senadores ambicionam a Presidência do Senado. O PT e o presidente da República acham que é demais entregar ambas as cadeiras ao aliado. Mas a proposta de partilha esbarra numa dificuldade.

Como já se escreveu nesta coluna, um pedaço do PMDB (senadores) não se vê representado pelo outro (deputados). Pior, os dois grupos disputam espaço internamente na legenda e na relação política com o governo. Quem abrir mão estará cedendo poder para o principal adversário. E, como o PMDB tem a maior bancada numa e noutra Casa, ambos se julgam no direito de manter a postulação.

Um acordo em 2007 entre o PT e o PMDB decidiu pelo rodízio na Câmara, e agora é a vez de Michel Temer (PMDB-SP). Mas o Senado, que não participou do pacto, acha que não tem nada com isso. E tecnicamente não tem mesmo. Além do mais, os senadores viram o acordo de 2007 como uma manobra do governo e do PT para enfraquecê-los.

Encontrei ontem, na sala de embarque do Aeroporto de Congonhas, um amigo gaúcho, petista. Conversa vai, ele quis saber por que acho difícil o acordo, ainda que não impossível. Respondi com um exemplo. Imagine a cena, disse eu. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva chama o ministro Tarso Genro e dá a notícia: “Tarso, é o seguinte, vou te tirar do Ministério da Justiça e colocar o Olívio Dutra no teu lugar. É para atender às minhas conveniências políticas. Fica elas por elas, já que o partido não perde nada. Vou anunciar daqui a pouco. Você liga para o Olívio para combinar a transição?”.

Meu interlocutor naturalmente riu. E mudamos de assunto. Fomos para 2010. O papo chegou no ponto de que alianças políticas são importantes pois garantem tempo de televisão, mas não só. O Rio de Janeiro acaba de mostrar que alianças podem fazer a diferença em eleições muito apertadas. É bem possível que a disputa de 2010 seja dura, e quem agregar um pouquinho mais poderá obter vantagem decisiva. A capacidade de reunir apoios também é importante por outro motivo: serve para transmitir ao eleitor a idéia de que o candidato tem suficiente força política para colocar em prática as propostas apresentadas na campanha.

Sem perder de vista que numa eleição majoritária a relação é direta entre o candidato e o eleitor, recomenda-se não esquecer os detalhes do parágrafo anterior. E, já que apoios e alianças são mesmo importantes, o que vai ser decisivo em 2010 para o PMDB escolher se prefere casar, comprar uma bicicleta ou nenhuma das duas anteriores?

Mais do que pelo poder (que já tem, e bastante), o PMDB provavelmente se orientará daqui por diante pela expectativa de poder, até porque a Era Lula está nas últimas. E quem tem mais expectativa de poder a oferecer para 2010, o governo ou a oposição? O governo tem Lula, uma ótima avaliação e consideráveis chances de eleger o sucessor. A oposição tem bons nomes, força regional e espera que a sucessão não aconteça em céu de brigadeiro na economia.

O PMDB pode ir para um dos dois lados. Ou, como é próprio do partido, para nenhum. Uma alternativa é a legenda ficar novamente fora das coligações formais na disputa nacional, enquanto suas seções estaduais buscam o melhor caminho para preservar e robustecer o poder local. Onde, como se viu, o PMDB é especialista. E poder local é essencial para eleger bancadas federais.

Aqui, mais um detalhe. O PMDB ganhou em seis capitais. Em quatro delas, teve que derrotar o PT, ou nomes apoiados pelo PT. Em uma, recebeu o apoio do PT no segundo turno. Só em uma os dois partidos estiveram coligados desde o começo. Se o desenho das disputas estaduais em 2010 indicar muitas polarizações entre PT e PMDB, é bom Lula começar, e logo, a procurar em outro lugar o vice de Dilma Rousseff.

Quem se fortaleceu nacionalmente?

Você não precisa concordar com o César Maia para levar em conta, não digo nem a sério, algumas de suas análises. Em meio a enxurrada, muita coisa se salva. Assim sendo, vale a pena ler a sua análise a respeito de perdedores e ganhadores do pleito findo no domingo passado. Por isso mesmo, aí abaixo, você tem acesso a um trecho do seu ex-blog de hoje.

QUEM SE FORTALECEU NACIONALMENTE?

1. É natural que a imprensa avalie o fortalecimento ou debilitamento dos partidos nas campanhas municipais através de dados quantitativos de eleitos, votos e população. Mas num país de partidos inorgânicos, plásticos e voláteis, isso vale muito pouco para fazer projeções para frente.

2. Na medida em que a política no Brasil é personalizadora, é inevitável ir repassando os resultados em base aos políticos com dimensão nacional que influenciaram substancialmente os eleitores, ou mesmo que foram percebidos como tais. Tomemos as capitais de maior expressão nacional medida pela cobertura da imprensa: Recife, Fortaleza, Natal, Salvador, Belo Horizonte, Rio, S. Paulo, Curitiba e Porto Alegre.

3. Em Recife a vitória não foi do governador, mas do prefeito que sai. Em Fortaleza o governador foi derrotado e Ciro Gomes não comprovou a força que se supunha que tinha. Em Natal da mesma forma. Em Salvador o governador foi derrotado e Geddel venceu, mas não tem expressão nacional. Em Belo Horizonte o que parecia uma vitória da estratégia política, se desfez no final do primeiro turno e só se refez, com muito esforço, no final do segundo turno, aguando a cerveja da vitória. E logo na primeira entrevista (JN, ontem) o prefeito eleito disse que terá que melhorar muito os postos de saúde e a qualidade do ensino, marcas publicitárias do prefeito que sai e o apoiou.

4. No Rio, o governador vitorioso passou como comandante de uma máquina de pressão, incluindo panfletos, agressões e feriado. Foi a única vitória onde não houve comemoração. Com um enorme desgaste na classe média. E ainda perdeu na região metropolitana toda. E seu desafeto no PMDB venceu em Campos e elegeu a filha vereadora da capital com grande votação.

5. Em Curitiba, o governador nem apareceu e o prefeito se reelegeu com votação recorde por si mesmo. Em Porto Alegre a reeleição do prefeito nada teve a ver com as lideranças nacionais gaúchas, que ficaram minimizadas não aparecendo na foto.

6. Nem Lula capitalizou nada, perdendo em S. Paulo e Natal onde fez força para vencer, indo para os comícios e TV. Para não ficar mal, na noite da eleição no segundo turno disse que nenhum candidato criticou o governo federal. Mas é assim sempre, pois quem nacionaliza a eleição municipal, perde.

7. Finalmente uma exceção: S. Paulo. A dobradinha entre o prefeito Kassab e o governador Serra, veio desde antes da eleição, criando constrangimentos dentro do PSDB. E foi consagrada pelo próprio prefeito eleito. Serra foi o único político de dimensão nacional que saiu mais forte que entrou. O único.

Esse é realmente novo e diferente. Será um bom administrador?

A matéria abaixo foi publicada na Folha de São Paulo de hoje. Trata da eleição como prefeito de um grande cidade paulista de um baladeiro que freqüenta o orkut. É o novo? Um sinal dos tempos? Você analisa.

Prefeito eleito de Bauru tem 30 anos e diz que não vai apagar perfil do Orkut
MATHEUS PICHONELLI
DA AGÊNCIA FOLHA

Bauru e seus 347.601 habitantes terão como prefeito, a partir de 1º de janeiro, um ambientalista de 30 anos que diz ter plantado 100 mil árvores nos últimos 17 anos e que não pretende cortar os cabelos nem apagar seu perfil no Orkut após assumir o cargo. Ele foi eleito anteontem com 97.288 votos.
Rodrigo Agostinho (PMDB), que se aliou ao PT e desbancou o candidato apoiado pela cúpula do PSDB paulista, chega à prefeitura após oito anos como vereador. Ele diz que sua referência política é a senadora Marina Silva (PT-AC).
No Orkut, se descreve como "baladeiro", amante de mergulho, rapel, rafting e trekking. É vegetariano desde 1992. Católico e solteiro, mora com os pais e diz ser torcedor do Noroeste -clube da cidade que já teve como dirigente Caio Coube (PSDB), 51, seu adversário na campanha- e "para o Palmeiras, às vezes".
Na campanha, era anunciado como "o nosso menino", o que foi usado por oponentes para tentar colar nele a imagem de inexperiente.
Agostinho diz que teve poucos recursos. "Eu redigia textos para o horário eleitoral, e o cinegrafista editava."

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Voltando para a política: quem venceu as eleições de domingo?


Bueno, espero que não tenha se cansado de tanta postagem sobre nanotecnologia. Vamos variar um pouco? Certo! Então, quem você acha que foi o vencedor das eleições de domingo passado? O jornalista Alon Feuerwerker colocou no seu blog (que eu vivo elogiando aqui) o quadro acima. Acho que responde à pergunta de forma cristalina. Ah, ia me esquecendo: para ir ao blog do Alon, não tem mistério, é só clicar aqui.