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terça-feira, 27 de abril de 2010

E Ciro Gomes?

Leia abaixo artigo de autoria do jornalista Alon Feuerwerker abordando, com consistência e objetividade, a posição de Ciro Gomes nas próximas eleições presidenciais. Ou, de forma mais provinciana(do ponto de vista disciplina, of course!), uma análise sobre jogo, jogador e conseqüências não-intencionais.


O amigo dos inimigos
Alon Feuerwerker


Ciro não percebeu os sinais de que o segundo mandato marcaria uma flexão importante na política de alianças de Lula: o lugar à direita de sua excelência estaria reservado não para animar os dispostos a lhe fazer o bem, mas para demover quem ameaçasse fazer-lhe o mal

Ciro Gomes é a enésima vítima de um sistema eleitoral cuidadosamente concebido para transformar a política brasileira nesta confederação de cartórios esclerosados. Oferecido pelo PSB na mesa de câmbio das negociações paroquiais, das pequenas ambições e do apetite exacerbado pelas miudezas, o razoável seria Ciro concorrer à Presidência por outro partido, ou como independente.

Não vai acontecer, porque o monopólio da política por legendas desobrigadas de praticar qualquer democracia interna foi no Brasil transformado em virtude.

Prazos de desincompatibilização, prazos de filiação, fidelidade partidária, proibição de propaganda paga nos veículos de comunicação, proibição de arrecadar recursos se você não for dono de partido (antes do “início oficial” da campanha), exigência de filiação partidária para concorrer. Todos remédios certificados para curar, mas que vão levando à morte do paciente na mão do neocoronelismo.

Houvesse uma Anvisa para o setor, os alquimistas da politicagem nacional estariam em péssimos lençóis.

Mas esta coluna não é sobre reforma política, é sobre Ciro Gomes e suas circunstâncias. Até 1994 ele teve uma carreira política brilhante. Em pouco mais de uma década já percorrera as posições de deputado estadual, prefeito de Fortaleza, governador do Ceará e ministro da Fazenda. Rompeu com o PSDB no início do governo Fernando Henrique e foi para o PPS. Conseguiu 10% dos votos na eleição presidencial de 1998, garantindo fôlego para disputar quatro anos depois com chances no primeiro turno — e participando decisivamente da vitória de Luiz Inácio Lula da Silva no segundo turno.

Ciro entrou no governo Lula e esteve na linha de frente da batalha da reeleição. Ali cometeu o primeiro erro realmente grave. Não percebeu os sinais de que o segundo mandato marcaria uma flexão importante na política de alianças do presidente: o lugar à direita de sua excelência estaria agora reservado não para animar os dispostos a lhe fazer o bem, mas para demover quem ameaçasse fazer-lhe o mal. O velho ditado de manter os inimigos mais por perto ainda.

Se a flexão era mesmo necessária, Lula operou-a de maneira tosca e amadora, detalhe surpreendente num profissional da política. O presidente vem deixando um a um os aliados históricos (uso aqui o termo com alguma flexibilidade) sucumbirem em batalhas desiguais e desmoralizantes contra os neoamigos, refregas sempre temperadas por convenientes vazamentos palacianos sobre as “preferências pessoais” e a “torcida” do presidente. E sobre a “tristeza” após cada infeliz desfecho.

São as únicas batalhas que Lula “perde”. Nas demais ele sempre tenta a vitória com a faca nos dentes.

Descartada a candidatura, o quase ex-presidenciável Ciro Gomes tem hoje dois problemas.

O PT ameaça colocar em marcha o projeto de demolir o grupo dele no Ceará, caso Ciro não se junte à operação para liquidar a carreira política de Tasso Jereissati. É uma das muitas metas de Lula nesta eleição. Como Tasso e Ciro são — aí sim — aliados históricos, ao ponto de o tucano Tasso ter largado a candidatura presidencial de José Serra em 2002 para apoiar o parceiro, é coisa que Ciro não fará.

O segundo problema de Ciro é ter dinamitado as pontes com o outro lado. Num sistema linear de pensamento, isso deveria ter engordado seu cacife com o presidente. Mas diminuiu. Ao menos por enquanto, Ciro só tem bala para fazer mal a Lula em discursos. Coisa que pode ser facilmente neutralizada com os vazamentos de sempre, difundindo-se como Lula está “triste”, “chateado” ou “irritado”.

Um belo cardápio de supostos estados de espírito.

Alienação

De todo modo, Ciro presta pelo menos um serviço ao país nesta saída, ao advertir para os riscos da situação cambial.

O Banco Central dá sinais de que vai subir para valer o juro básico nos próximos meses. A medida irá acelerar a deterioração das contas externas e agravar nossa dependência dos investimentos diretos do exterior. Ou seja, da alienação de ativos para o exterior.

Enquanto isso, Lula discursa sobre o patriotismo do seu governo e o chanceler cuida de produzir factoides para preencher o noticiário.


Coluna (Nas entrelinhas) publicada neste domingo (25) no Correio Braziliense.

domingo, 28 de fevereiro de 2010

O crescimento de Dilma na pesquisa DATAFOLHA

Na pesquisa Datafolha, divulgada hoje pelo jornal Folha de São Paulo, a ministra Dilma Roussef, candidata do PT, avançou e já está quase no empate técnico com o Governador José Serra. Leia abaixo trechos da matéria.

Vantagem de Serra sobre Dilma baixa para 4 pontos

Em cenário com Ciro, tucano cai 5 pontos e vai a 32%, e petista sobe 5, para 28%Candidato do PSB tem 12% e está estagnado, assim como Marina Silva, do PV, que mantém o patamar de 8% do levantamento anterior FERNANDO RODRIGUESDA SUCURSAL DE BRASÍLIA A pré-candidata a presidente pelo PT, Dilma Rousseff, registrou crescimento de cinco pontos percentuais na sua taxa de intenções de voto de dezembro para cá. Atingiu 28% e encurtou de 14 para 4 pontos percentuais a distância que a separa de seu principal adversário, José Serra, do PSDB, hoje com 32%.Esse é o principal resultado da pesquisa Datafolha realizada nos dias 24 e 25 de fevereiro, com 2.623 pessoas de 16 anos ou mais. Confirmou-se a curva ascendente de Dilma, não importando o cenário nem quais são os candidatos em disputa.

Apesar do crescimento da petista, é impreciso dizer que o levantamento indica um empate estatístico entre Dilma e Serra. A margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.
ASSINANTE UOL LÊ A MATÉRIA COMPLETA AQUI.

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Agora, é só na canela...

Pois é... Foi só a Dilma Roussef subir um pouco mais nas sondagens de opinião para as eleições presidenciais de outubro próximo para que os articulistas da Nova Direita descessem ainda mais o nível do, como direi?, "debate". Hoje, o arauto da turma (tchurma, daqui prá frente), o jornalista Reinaldo Azevedo, que mantém um blog político no site da Veja, com o pretexto de atacar manifestação contra o seu candidato, o governador José Serra (PSDB), distribuiu epitetos de "fascistoides" contra os adversários.

E tem sido esse o diapasão da tchurma. Ainda no site da Veja, Augusto Nunes, exerce o seu "jornalismo" com denodo: tudo o que o Fernando Henrique Cardosos é reverberado e merece elogios. Assim, ainda ontem, propunha, que gracinha!, um debate público entre o ex-presidente e Lula. E todos quantos se posicionaram criticamente a respeito das boutades escritas pelo pai das privatizações foram tratados como "moleques de recados" e os seus nomes escritos com iniciais em letras minusculas.

A gente até se diverte um pouco com esse pessoal. Escrevem bem, dominam a língua de Camões e são deveras criativos. Mas, cá no meu cantinho provinciano, fico a me perguntar: qual o impacto desses, sejamos benevolentes!, "formadores de opinião"? Sim! Eles formam opinião, acredito. Aquela opiniãzinha (diminuída mesmo) de certos setores de classe média, que nunca leram mais do que pequenos escritos de auto-ajuda, mas que se enchem de autoridade para defenestrar o Lula como "analfabeto".

Para felicidade geral, o Serra é maior do que essa gente. Goste-se ou não dele, o governador paulista tem uma biografia pessoal respeitável. E foi um bom ministro da saúde. Além do mais, em que pese o gerenciamento complicado que os tucanos fizeram das universidades paulistas, o Serra não se situa no mesmo patamar ideológico anti-Estado da Nova Direita.

Assim sendo, essa tchurma mais prejudica do que ajuda ao governador paulista. Eles não conseguem deixar de dar vazão, para acalentar a preconceituosa audiência que formaram, à preconceitos a respeito dos trabalhadores, dos negros e dos nordestinos. E a fomentar a demanda irracional por punição...

Mas as eleições de 2010 não precisam se transformar nesse tipo de jogo. Canelada, nem em jogo de várzea, não é? E, ademais, as candidaturas postas, até agora, indicam algo melhor do que essa baixaria...

Sim, podem me esculhambar, mas eu acredito que é um luxo uma eleição presidencial em que os principais candidatos são José Serra, Dima Roussef, Ciro Gomes e Marina Silva. Basta lembrarmos do balaio de gatos que foi a eleição de 1989... Balaio que deu em Collor, na época o ungido dos papais intelectuais e financeiros da tchurma...

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

O PT e o debate político em 2010.

Como ocorre quase sempre, republico, mais abaixo, a coluna de hoje do jornalista Alon Feuerwerker no Correio Brasiliense. O texto também encontraa-se disponível no Blog do Alon. Boa leitura!

Uma bela sociedade (04/02)

O PT protestava nos anos 90 contra a interdição do debate econômico. Hoje quem interdita o debate é o PT, em aliança com os mesmos vendedores de ilusões do primeiro mandato de FHC. Uns lutam para manter as posições de poder. Outros, os lucros

Ciro Gomes e o PSB experimentam as vicissitudes de um projeto político que não se encaixa no do presidente da República. O script é velho e repetido. Vazam do palácio as manifestações de “carinho”, "apreço” e "consideração” de Luiz Inácio Lula da Silva pelo sonhador da vez. Pode haver até "gratidão” e, no limite, um “apoio”, que nunca se materializa. Enquanto isso, é colocada para rodar a máquina de moer outros sonhos que não os de sua excelência.

Resistirão Ciro e o PSB à blitzkrieg do Planalto? Um vetor da operação política palaciana nos últimos meses tem trabalhado para desidratar quaisquer possíveis alianças do eventual candidato socialista. A razão é sabida. O PT temia que Ciro, podendo apresentar-se como alguém do “campo lulista”, acabasse tomando o lugar de Dilma Rousseff na polarização.

Como me disse um deputado do PT-SP no fim do ano passado. "O problema do Ciro é encarnar melhor que Dilma o espírito do confronto com os tucanos. Num ambiente de disputa feroz, ele estaria mais à vontade do que ela."

Mas esses são assuntos de Ciro, do PSB, do PT e das relações mútuas. Que resolvam como acharem melhor.

E o distinto público, teria algo a ganhar com a entrada do deputado e ex-ministro na corrida? Teria sim. E muito. A começar pela desinterdição de certa agenda, a do não financismo. O PT ameaça agitar na campanha a ameaça de que o PSDB vai “mexer na economia”. Dado que os tucanos passarão os próximos meses lutando para escapar da excomunhão do mercado, por que não abrir espaço para alguém disposto a assumir o risco político de dizer que vai alterar o que precisa ser alterado?

O PT protestava nos anos 90 contra o que chamava de interdição do debate econômico. Criticou especialmente a cortina de fumaça erguida em 1998, com a colaboração da imprensa, para mascarar as fragilidades da economia na véspera da reeleição de Fernando Henrique Cardoso. Hoje quem interdita o debate é o PT, em aliança com os mesmos vendedores de ilusões do primeiro mandato de FHC. Uns lutam para manter as posições de poder. Outros, os lucros. Uma bela e rentável sociedade.

Com um agravante: FHC pelo menos tinha o argumento de que precisava da âncora cambial para quebrar a espinha da inflação inercial. Agora, nem isso.

Um sintoma do ambiente é a presença de Henrique Meirelles na lista de possíveis vices de Dilma. O presidente do BC, aliás, está em plena campanha, cuidando de produzir factoides para distrair, enquanto protege os juros altos. O alvo agora são os bônus dos executivos de bancos. Mas não deixa de fazer algum sentido. Em ambos os casos, ao propor conter os bônus e ao colocar lenha na fogueira dos juros, zela em primeiro lugar pelos dividendos dos acionistas das instituições financeiras.

A projeção realista do déficit nas transações com o exterior este ano corresponde a um quarto das nossas reservas internacionais. A conta vai fechar por causa dos investimentos diretos, que o governo espertamente chama de “produtivos”. Como se o dinheiro nas bolsas carregasse automaticamente esse rótulo. Como se não fosse um maravilhoso negócio captar dinheiro lá fora para gerar aqui dentro receitas não operacionais.

Esta semana, a produção industrial de 2009 confirmou-se desastrosa. Talvez no fim de 2010 a indústria volte ao nível de 2008. Mas há por acaso alguém estrategicamente preocupado com a indústria, com as exportações, com a geração acelerada de empregos? No establishment econômico e político, pelo jeito ninguém. Para que se ocupar disso se o dólar barato funciona como anestesia? Se coloca mais comida na mesa do pobre, garante as viagens e os gastos da classe média no exterior e alivia a vida de todo mundo que precisa importar?

Nesse ambiente, ideal para o petismo será enfrentar adversários manietados pela necessidade de defender a administração FHC. O PT poderá desfilar na campanha como o partido da "ruptura com a herança maldita”, enquanto cultiva a continuidade do que ela tem de pior.

Ciro Gomes, assim como Roberto Requião (PMDB), representaria pelo menos a possibilidade de discutir esses temas. Suas dificuldades políticas são um retrato da miséria do debate político e intelectual hoje em dia no Brasil.

Coluna (Nas entrelinhas) publicada nesta quinta (04) no Correio Braziliense.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Coluna de hoje do Alon

Leia abaixo a coluna de hoje do Alon Feuewerker.

Surpresas são difíceis de prever (27/11)
Alon Feuerwerker


De todos os números, qual o mais importante? O mano a mano do segundo turno, o termômetro da polarização entre Dilma e um tucano

Desconfiar da informação que chega é essencial nesta profissão. Daí por que não cabe aos jornalistas torcer o nariz para políticos que desconfiam de pesquisas. Ciro Gomes reagiu à última Sensus/CNT com coerência. Mostrou desdém, mesmo com o resultado supostamente bom para ele. É uma notável exceção.

Políticos adoram pesquisas favoráveis —e detestam as desfavoráveis. O caso mais agudo na minha lembrança é do comecinho de 2006, quando Luiz Inácio Lula da Silva apareceu pela primeira vez em muito tempo na frente de José Serra, segundo a mesma Sensus/CNT. Tucanos reagiram com fúria, apenas para enfiar a viola no saco um pouco mais adiante.

Desenvolvi meu método para desconfiar das pesquisas: acredito em todas. Há quem busque a pesquisa 100% certa (uma contradição em termos, diante da margem de erro). Eu procuro tentar achar em cada uma o que ela possa ter de verdadeiro. A pesquisa absolutamente errada é tão improvável quanto a completamente fiel. Então sempre há algo que se aproveite. Trata-se apenas de garimpar.

Mesmo a pesquisa fajuta tem sua utilidade. Nem que só para conhecer o que motivou a fabricação. Felizmente, o mercado de pesquisas profissionalizou-se bastante nos últimos anos, especialmente nos períodos eleitorais, quando os levantamentos se submetem a uma legislação algo rigorosa.

A lei dos grandes números também ajuda. Se você olhar para uma quantidade suficiente de pesquisas, acabará chegando a um ponto próximo da realidade. Minha sugestão para quem aprecia o assunto é esta: colecionar e seguir o máximo de pesquisas possíveis.

E o que observar então nos próximos números presidenciais?

Um detalhe é como e quanto Dilma Rousseff vai chegar em José Serra (ou por quanto irá eventualmente ultrapassá-lo) num primeiro turno sem Ciro Gomes. Outro detalhe é o ritmo de crescimento de Aécio Neves, com que velocidade o mineiro chega no potencial de votos mínimo de um candidato da oposição, cerca de 40% dos válidos. Outro ainda é como se estreita a margem entre Serra e Dilma num eventual segundo turno.

São todas coisas que vão acontecer, com alguma certeza, à medida que a taxa de conhecimento efetivo dos candidatos começar a nivelar-se. E à medida que os eleitores começarem a prestar mais atenção na corrida presidencial.

Outra providência boa é cultivar algum ceticismo diante dos motivos apresentados para eventuais oscilações. Dilma deu uma estagnada tempos atrás, depois que mergulhou. Disseram que foi por causa do caso Lina Vieira. A mim soou, com todo o respeito, um chute.

Ela caiu porque sumiu. Tanto que voltou a crescer quando reapareceu. Serra vem perdendo alguma substância, aproximando-se do estoque real de votos dele. Disseram que tem a ver com a associação a Fernando Henrique Cardoso. Outro chute. Mais provável que tenha a ver com o ânimo geral. E o fato é que Serra vinha meio escondido.

A última Sensus/CNT mostrou Dilma em leve alta. Coincide com a melhora no ambiente econômico. Outra coisa útil de acompanhar são os índices de confiança do consumidor. Com algum atraso, sua tendência acaba se refletindo na avaliação do governante. Avaliação que influi nos números da eleição.

O que não é chute para 2010? O óbvio. Que a polarização deve se dar entre um candidato do PT e outro do PSDB. É inimaginável que Lula não leve sua candidata ao segundo turno. E por enquanto nem Ciro nem Marina Silva mostram musculatura para deslocar o tucano que entrar na corrida.

E qual é o número mais importante? Talvez o mano a mano do segundo turno, o termômetro da polarização. Se todo mundo sabe que no fim das contas a parada será decidida entre Dilma e um peessedebista, que se monitore o cenário de uma eventual segunda rodada. É o que vou procurar fazer.

Pode haver surpresas? Sempre pode. Mas se existe algo difícil de prever são as surpresas.

Acacianas

A Venezuela e o Brasil não reconhecerão um eventual governo de Honduras saído da eleição marcada para este fim de semana. Os Estados Unidos reconhecerão. Cada um na sua.

É uma diferença que vai se propagar, especialmente na América do Sul. Com o tempo, todos os países irão alinhar-se. Uns de um lado, outros do outro. A unidade continental terá virado ficção.

Lula e Hugo Chávez liderarão um bloco que vai tratar Honduras como pária. Do jeito que os Estados Unidos se habituaram a tratar Cuba.

Como diria o Conselheiro Acácio —que bem poderia ter sido o autor do título desta coluna—, uma particularidade das consequências é que elas vêm depois.


Coluna (Nas entrelinhas) publicada hoje no Correio Braziliense.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Sucessão presidencial: o abalo provocado pela entrada em cena da Marina

Repercute, e muito, a entrada em cena, como presidenciável, da ex-Ministra Marina Silva. Confira abaixo!



Marina & Ciro

FERNANDO RODRIGUES - FOLHA SP

BRASÍLIA - A possível entrada da quase ex-petista Marina Silva na corrida presidencial demonstra como ainda é volátil o cenário em 2010. Até há um mês, o Planalto maquinava com razoável sucesso para haver apenas uma escolha plebiscitária entre Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB).
Agora, a chance de Marina entrar na disputa pelo Partido Verde pavimentou o caminho para Ciro Gomes (PSB) voltar a pensar em voos nacionais. Por tabela, congestionou a trajetória de Dilma.
Com quatro candidatos na urna eletrônica (Dilma, Serra, Marina e Ciro), a ala cirista do PSB passou a alimentar o desejo de repetir no Brasil o desempenho da eleição estadual de Pernambuco em 2006.
Naquele ano, Lula tentou a reeleição e teve dois palanques em solo pernambucano: Eduardo Campos (PSB) e Humberto Costa (PT). Lulistas, ambos concorriam para o governo local contra Mendonça Filho (PFL, hoje Democratas). No segundo turno, deu Campos versus Mendonça. O PT apoiou o PSB, que acabou vencendo a parada.
No ano que vem, o idílio imaginado por Ciro é terminar o primeiro turno à frente de Dilma. A entrada de Marina Silva seria a sua garantia de que o votos de centro e de esquerda estariam fracionados.
Esse tipo de configuração depende necessariamente da candidatura de Marina Silva. Sem ela, Ciro ficaria falando sozinho. Teria uma estrada acidentada para tentar pela terceira vez o Planalto (ele já foi candidato em 1998 e em 2002).
Já a ainda senadora petista, do seu lado, precisa ponderar muita coisa antes de entrar para ser linha auxiliar desse ou daquele candidato. Promoverá a causa verde. Mas estará em um partido político cuja metade da bancada não tem a menor ideia do que vem a ser política de meio ambiente. E todos são liderados pelo deputado Zequinha Sarney, do PV do Maranhão.

frodriguesbsb@uol.com.br