Repercute, e muito, a entrada em cena, como presidenciável, da ex-Ministra Marina Silva. Confira abaixo!
Marina & Ciro
FERNANDO RODRIGUES - FOLHA SP
BRASÍLIA - A possível entrada da quase ex-petista Marina Silva na corrida presidencial demonstra como ainda é volátil o cenário em 2010. Até há um mês, o Planalto maquinava com razoável sucesso para haver apenas uma escolha plebiscitária entre Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB).
Agora, a chance de Marina entrar na disputa pelo Partido Verde pavimentou o caminho para Ciro Gomes (PSB) voltar a pensar em voos nacionais. Por tabela, congestionou a trajetória de Dilma.
Com quatro candidatos na urna eletrônica (Dilma, Serra, Marina e Ciro), a ala cirista do PSB passou a alimentar o desejo de repetir no Brasil o desempenho da eleição estadual de Pernambuco em 2006.
Naquele ano, Lula tentou a reeleição e teve dois palanques em solo pernambucano: Eduardo Campos (PSB) e Humberto Costa (PT). Lulistas, ambos concorriam para o governo local contra Mendonça Filho (PFL, hoje Democratas). No segundo turno, deu Campos versus Mendonça. O PT apoiou o PSB, que acabou vencendo a parada.
No ano que vem, o idílio imaginado por Ciro é terminar o primeiro turno à frente de Dilma. A entrada de Marina Silva seria a sua garantia de que o votos de centro e de esquerda estariam fracionados.
Esse tipo de configuração depende necessariamente da candidatura de Marina Silva. Sem ela, Ciro ficaria falando sozinho. Teria uma estrada acidentada para tentar pela terceira vez o Planalto (ele já foi candidato em 1998 e em 2002).
Já a ainda senadora petista, do seu lado, precisa ponderar muita coisa antes de entrar para ser linha auxiliar desse ou daquele candidato. Promoverá a causa verde. Mas estará em um partido político cuja metade da bancada não tem a menor ideia do que vem a ser política de meio ambiente. E todos são liderados pelo deputado Zequinha Sarney, do PV do Maranhão.
frodriguesbsb@uol.com.br
Mostrando postagens com marcador Sarney. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Sarney. Mostrar todas as postagens
quarta-feira, 12 de agosto de 2009
terça-feira, 4 de agosto de 2009
Os atores da crise no Senado: uma avaliação
Estou em uma roda-viva. Na semana passada, fiquei no Rio, participando da SBS; nesta, estou em Brasília, trabalhando na CAPES. Aí falta tempo para postar. No momento, estou em uma sala de trabalho, no intervalo. Aproveito, então, para postar algo sobre a interminável crise no Senado. Tomo de empréstimo, então, artigo de análise feito pelo Alon Feurewercker. Confira!
Válvula de escape para os fatos (04/08)
O PMDB precisa oferecer uma saída para a crise. Mesmo o maior partido do país não tem como manter indefinidamente reféns o Legislativo e o presidente da República
Para um partido de profissionais, o PMDB vem se conduzindo de modo surpreendentemente amador nesta crise do Senado. Pressionado pelas revelações sobre os malfeitos na Casa, o partido reage com uma atitude defensiva, debitando tudo ao ambiente de luta política e ameaçando retaliar contra os adversários. Tem-se a impressão de que o profissionalismo do PMDB esgota-se no operar da pequena política, na interface entre esta e a máquina estatal. Já quando se trata de trabalhar com a opinião pública, aparece o amadorismo.
Talvez o estranho comportamento do PMDB se fundamente num mito: se a opinião pública foi neutralizada na crise de 2005, permitindo a reeleição do presidente da República no ano seguinte, e se a internet limita o poder dos grandes veículos de comunicação, basta agora formar uma maioria aritmética, denunciar os propósitos políticos dos adversários e acenar com retaliações violentas. Será?
Na crise de 2005, Luiz Inácio Lula da Silva sobreviveu, mas pagou um preço. Aceitou que fossem à bandeja quase todas as cabeças coroadas do Partido dos Trabalhadores, companheiros da longa marcha que levou a legenda ao poder. Para que na campanha da reeleição, quando confrontado com as muitas denúncias de corrupção no seu governo, pudesse responder que a diferença sobre os presidentes anteriores era uma só: agora a corrupção estava sendo combatida de verdade. Doesse a quem doesse.
Além do mais, não há como comparar os respectivos cacifes políticos, de Lula e do Senado. Acho que nem o mais fanático defensor de Sarney discorda disso.
Outro equívoco é imaginar que a emergência da internet enfraquece a opinião pública. É o contrário. Ao dar voz a muito mais gente, a massificação da internet obriga os atores públicos a dialogar permanentemente com a opinião pública. Uma confusão frequente é imaginar que vence esse tipo de batalha na rede quem grita mais, quem coloca mais gente para gritar ou quem ataca mais. Não é assim. Sempre é preciso oferecer uma válvula de escape para os fatos.
Há alguns fatos no Senado. Há atos secretos, às centenas. Atos celebrados e não publicados ao longo de diversos mandatos de presidentes da Casa. A gravidade do assunto foi reconhecida pelo próprio Sarney, quando divulgou a anulação de tais atos. Se bem que a revogação efetiva esteja a tardar, certamente por dificuldades burocráticas e políticas. Atos secretos do poder são graves porque, como já dito antes, deixam o cidadão à mercê dos poderosos, sem possibilidade de defesa. São um atentado à democracia, uma sombra ditatorial a pairar cobre o estado de direito.
O PMDB talvez imagine que a opinião pública aceitará a tese de que os problemas do Senado são administrativos, e que a mesma cúpula que, na melhor das hipóteses, conviveu com os malfeitos por anos deve agora estar encarregada de corrigi-los. Aritmeticamente, isso pode até alcançar (ou manter) o apoio da maioria dos senadores. Mas não tem apoio social. É por isso que o custo de sustentar o status quo no Senado vem sendo lançado no cheque especial de Lula.
Para além de se mostrar coeso em torno do próprio poder, o PMDB precisa oferecer uma saída para a crise. Mesmo o maior partido do país não tem como manter indefinidamente reféns o Legislativo e o presidente da República.
É pouco
A sessão de ontem do Senado foi uma boa medida da temperatura da crise. Com acusações e ameaças. O núcleo duro do situacionismo abriu fogo em plenário contra o senador Pedro Simon (PMDB-RS), que pela enésima vez pedia a renúncia do comandante da Casa. A dúvida é até quando os demais segmentos da base governista estarão alinhados ao PMDB na guerra total, sem quartel. A maioria da bancada do PT não caminha mais com o aliado. No PSB e no PDT, a relação com o peemedebismo está em franca deterioração. Assim, restam o próprio PMDB e o PTB como forças ponderáveis a resistir. Parece pouco. No PMDB há certa consciência da situação. Mas há também a confiança de que o Palácio do Planalto não tem alternativa, a não ser continuar sustentando o grupo dominante no Senado. E segue o jogo.
Válvula de escape para os fatos (04/08)
O PMDB precisa oferecer uma saída para a crise. Mesmo o maior partido do país não tem como manter indefinidamente reféns o Legislativo e o presidente da República
Para um partido de profissionais, o PMDB vem se conduzindo de modo surpreendentemente amador nesta crise do Senado. Pressionado pelas revelações sobre os malfeitos na Casa, o partido reage com uma atitude defensiva, debitando tudo ao ambiente de luta política e ameaçando retaliar contra os adversários. Tem-se a impressão de que o profissionalismo do PMDB esgota-se no operar da pequena política, na interface entre esta e a máquina estatal. Já quando se trata de trabalhar com a opinião pública, aparece o amadorismo.
Talvez o estranho comportamento do PMDB se fundamente num mito: se a opinião pública foi neutralizada na crise de 2005, permitindo a reeleição do presidente da República no ano seguinte, e se a internet limita o poder dos grandes veículos de comunicação, basta agora formar uma maioria aritmética, denunciar os propósitos políticos dos adversários e acenar com retaliações violentas. Será?
Na crise de 2005, Luiz Inácio Lula da Silva sobreviveu, mas pagou um preço. Aceitou que fossem à bandeja quase todas as cabeças coroadas do Partido dos Trabalhadores, companheiros da longa marcha que levou a legenda ao poder. Para que na campanha da reeleição, quando confrontado com as muitas denúncias de corrupção no seu governo, pudesse responder que a diferença sobre os presidentes anteriores era uma só: agora a corrupção estava sendo combatida de verdade. Doesse a quem doesse.
Além do mais, não há como comparar os respectivos cacifes políticos, de Lula e do Senado. Acho que nem o mais fanático defensor de Sarney discorda disso.
Outro equívoco é imaginar que a emergência da internet enfraquece a opinião pública. É o contrário. Ao dar voz a muito mais gente, a massificação da internet obriga os atores públicos a dialogar permanentemente com a opinião pública. Uma confusão frequente é imaginar que vence esse tipo de batalha na rede quem grita mais, quem coloca mais gente para gritar ou quem ataca mais. Não é assim. Sempre é preciso oferecer uma válvula de escape para os fatos.
Há alguns fatos no Senado. Há atos secretos, às centenas. Atos celebrados e não publicados ao longo de diversos mandatos de presidentes da Casa. A gravidade do assunto foi reconhecida pelo próprio Sarney, quando divulgou a anulação de tais atos. Se bem que a revogação efetiva esteja a tardar, certamente por dificuldades burocráticas e políticas. Atos secretos do poder são graves porque, como já dito antes, deixam o cidadão à mercê dos poderosos, sem possibilidade de defesa. São um atentado à democracia, uma sombra ditatorial a pairar cobre o estado de direito.
O PMDB talvez imagine que a opinião pública aceitará a tese de que os problemas do Senado são administrativos, e que a mesma cúpula que, na melhor das hipóteses, conviveu com os malfeitos por anos deve agora estar encarregada de corrigi-los. Aritmeticamente, isso pode até alcançar (ou manter) o apoio da maioria dos senadores. Mas não tem apoio social. É por isso que o custo de sustentar o status quo no Senado vem sendo lançado no cheque especial de Lula.
Para além de se mostrar coeso em torno do próprio poder, o PMDB precisa oferecer uma saída para a crise. Mesmo o maior partido do país não tem como manter indefinidamente reféns o Legislativo e o presidente da República.
É pouco
A sessão de ontem do Senado foi uma boa medida da temperatura da crise. Com acusações e ameaças. O núcleo duro do situacionismo abriu fogo em plenário contra o senador Pedro Simon (PMDB-RS), que pela enésima vez pedia a renúncia do comandante da Casa. A dúvida é até quando os demais segmentos da base governista estarão alinhados ao PMDB na guerra total, sem quartel. A maioria da bancada do PT não caminha mais com o aliado. No PSB e no PDT, a relação com o peemedebismo está em franca deterioração. Assim, restam o próprio PMDB e o PTB como forças ponderáveis a resistir. Parece pouco. No PMDB há certa consciência da situação. Mas há também a confiança de que o Palácio do Planalto não tem alternativa, a não ser continuar sustentando o grupo dominante no Senado. E segue o jogo.
Marcadores:
Governo Lula,
Imprensa,
PMDB,
PT,
Sarney
sábado, 31 de janeiro de 2009
A Análise de Alon sobre a disputa para a presidência do Senado
Leia abaixo a análise de Alon Feurwerker sobre a disputa pela presidência do Senado. Eu sei que você está de férias e o tema não é lá muito empolgante, mas faça uma forcinha e se ligue um pouco. Essa eleição terá impactos sobre as disputas políticas de 2009, especialmente na arrigimentação de forças com vistas a 2010.
De frente para a esfinge (30/01)
Sarney anda desconfiado do que ele considera uma propensão petista ao monopólio do poder. E Lula sabe dissoA esta altura, só uma zebra tira do senador José Sarney (PMDB-AP) a prerrogativa de sentar nos próximos dois anos na cadeira de presidente da Casa. Dando a lógica, a segunda-feira anoitecerá com Sarney a caminho da mansão no Lago Sul e Tião Viana (PT) passando a cuidar exclusivamente da sua favoritíssima candidatura a governador do Acre. Qual seria o significado de um triunfo do petista? Talvez a renovação de certos costumes políticos no Senado. Talvez uma maior transparência da instituição. É verdade que as posições de Viana sobre isso só foram ficando mais explícitas à medida que suas chances de vitória minguavam, mas não importa: interessa mesmo é que ele se coloca a favor de um Senado mais próximo do povo. Eleição se perde e se ganha. O que não se deve perder são as convicções. E a possível vitória de Sarney, representará o quê? Nos corredores do Senado, especialmente nas zonas de sombra, festeja-se antecipadamente o triunfo do establishment. Melhor dizendo, o establishment comemora por antecipação, convencido de que pouco vai mudar. Certo de que o uso dos gordos e belos recursos públicos colocados à disposição da Casa permanecerá protegido, blindado contra a fiscalização e a crítica dos que, afinal, pagam os impostos para que o Senado possa gastar o dinheiro. Mas, quem sabe?, e lá vou eu no meu eterno otimismo, o establishment não possa vir a ter uma surpresa? Errar na análise política é humano, mas o analista subestimar Sarney seria burrice. A história do senador não autoriza que o subestimem. Sarney saiu da presidência do então PDS para a vice de Tancredo Neves na disputa presidencial de 1985. Teve que assumir na morte do titular e conseguiu promover uma transição política eficaz. Tão eficaz que ele próprio sobreviveu a ela. De todos os políticos que participaram da base de sustentação do regime militar, Sarney talvez tenha sido o que mais vezes e mais bem conseguiu se reinventar. A ponto de fazer Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, do alto de seus 80% de popularidade, ter que aceitar agora a frustração de não poder fazer muito pelo seu candidato preferido. É improvável que Sarney, com seu mais de meio século de vitoriosa sobrevivência política, após uma bem operada transição da UDN e da Arena para a base de apoio de um governo do PT, caia na armadilha e seja tragado por um turbilhão nascido de interesses alheios. Mas vamos esperar para ver. Que o próprio José Sarney, a partir da terça-feira, se conseguir mesmo a vitória, diga a que veio desta vez. Pensando prospectivamente, algo que o senador poderia fazer, desde que de fato chegue à cadeira, seria ajudar a resolver um problema criado por ele mesmo lá atrás. Quando presidente da República, lutou e conseguiu que a Constituinte mantivesse a figura do decreto-lei, com o nome novo de medida provisória. Hoje, a medida provisória é o pelourinho do Legislativo, sistematicamente acorrentado e chicoteado pelo Executivo. A reforma da execução orçamentária é outro avanço institucional que Sarney talvez devesse estimular. Ainda agora, o governo vem de congelar todos os investimentos inseridos pelo Congresso no Orçamento de 2009. E manteve intocados todos os investimentos de iniciativa do Executivo. Não poderia haver sinal mais nítido de desprestígio do Legislativo. O senador Antonio Carlos Magalhães morreu sem ver realizado seu sonho de um orçamento impositivo. Quem sabe Sarney não destranca essa pauta? Agora, dor de cabeça mesmo com José Sarney presidente do Senado quem pode ter é Hugo Chávez. O senador pelo Amapá vem sendo o mais duro opositor do líder venezuelano entre os seus pares. Basta pesquisar os discursos. E o problema não é só retórico. A absorção da Venezuela no Mercosul já passou pela Câmara dos Deputados e espera um lugarzinho na agenda do Senado, onde vai enfrentar resistência cerrada da oposição. E de Sarney. Bem, vamos esperar para ver. E também, claro, aguardar a eleição, antes da qual um artigo como este não passa de especulação. Assim como há muita especulação sobre o que um eventual José Sarney presidente do Senado faria na sucessão presidencial. Lula prefere Tião Viana também por acreditar que o pai de Roseana pode eventualmente caminhar separado de Dilma Rousseff daqui a dois anos. Lula tem seus muitos defeitos, mas falta de olfato político certamente não é um deles. Sarney anda desconfiado do que ele considera uma propensão petista ao monopólio do poder. E Lula sabe disso.
De frente para a esfinge (30/01)
Sarney anda desconfiado do que ele considera uma propensão petista ao monopólio do poder. E Lula sabe dissoA esta altura, só uma zebra tira do senador José Sarney (PMDB-AP) a prerrogativa de sentar nos próximos dois anos na cadeira de presidente da Casa. Dando a lógica, a segunda-feira anoitecerá com Sarney a caminho da mansão no Lago Sul e Tião Viana (PT) passando a cuidar exclusivamente da sua favoritíssima candidatura a governador do Acre. Qual seria o significado de um triunfo do petista? Talvez a renovação de certos costumes políticos no Senado. Talvez uma maior transparência da instituição. É verdade que as posições de Viana sobre isso só foram ficando mais explícitas à medida que suas chances de vitória minguavam, mas não importa: interessa mesmo é que ele se coloca a favor de um Senado mais próximo do povo. Eleição se perde e se ganha. O que não se deve perder são as convicções. E a possível vitória de Sarney, representará o quê? Nos corredores do Senado, especialmente nas zonas de sombra, festeja-se antecipadamente o triunfo do establishment. Melhor dizendo, o establishment comemora por antecipação, convencido de que pouco vai mudar. Certo de que o uso dos gordos e belos recursos públicos colocados à disposição da Casa permanecerá protegido, blindado contra a fiscalização e a crítica dos que, afinal, pagam os impostos para que o Senado possa gastar o dinheiro. Mas, quem sabe?, e lá vou eu no meu eterno otimismo, o establishment não possa vir a ter uma surpresa? Errar na análise política é humano, mas o analista subestimar Sarney seria burrice. A história do senador não autoriza que o subestimem. Sarney saiu da presidência do então PDS para a vice de Tancredo Neves na disputa presidencial de 1985. Teve que assumir na morte do titular e conseguiu promover uma transição política eficaz. Tão eficaz que ele próprio sobreviveu a ela. De todos os políticos que participaram da base de sustentação do regime militar, Sarney talvez tenha sido o que mais vezes e mais bem conseguiu se reinventar. A ponto de fazer Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, do alto de seus 80% de popularidade, ter que aceitar agora a frustração de não poder fazer muito pelo seu candidato preferido. É improvável que Sarney, com seu mais de meio século de vitoriosa sobrevivência política, após uma bem operada transição da UDN e da Arena para a base de apoio de um governo do PT, caia na armadilha e seja tragado por um turbilhão nascido de interesses alheios. Mas vamos esperar para ver. Que o próprio José Sarney, a partir da terça-feira, se conseguir mesmo a vitória, diga a que veio desta vez. Pensando prospectivamente, algo que o senador poderia fazer, desde que de fato chegue à cadeira, seria ajudar a resolver um problema criado por ele mesmo lá atrás. Quando presidente da República, lutou e conseguiu que a Constituinte mantivesse a figura do decreto-lei, com o nome novo de medida provisória. Hoje, a medida provisória é o pelourinho do Legislativo, sistematicamente acorrentado e chicoteado pelo Executivo. A reforma da execução orçamentária é outro avanço institucional que Sarney talvez devesse estimular. Ainda agora, o governo vem de congelar todos os investimentos inseridos pelo Congresso no Orçamento de 2009. E manteve intocados todos os investimentos de iniciativa do Executivo. Não poderia haver sinal mais nítido de desprestígio do Legislativo. O senador Antonio Carlos Magalhães morreu sem ver realizado seu sonho de um orçamento impositivo. Quem sabe Sarney não destranca essa pauta? Agora, dor de cabeça mesmo com José Sarney presidente do Senado quem pode ter é Hugo Chávez. O senador pelo Amapá vem sendo o mais duro opositor do líder venezuelano entre os seus pares. Basta pesquisar os discursos. E o problema não é só retórico. A absorção da Venezuela no Mercosul já passou pela Câmara dos Deputados e espera um lugarzinho na agenda do Senado, onde vai enfrentar resistência cerrada da oposição. E de Sarney. Bem, vamos esperar para ver. E também, claro, aguardar a eleição, antes da qual um artigo como este não passa de especulação. Assim como há muita especulação sobre o que um eventual José Sarney presidente do Senado faria na sucessão presidencial. Lula prefere Tião Viana também por acreditar que o pai de Roseana pode eventualmente caminhar separado de Dilma Rousseff daqui a dois anos. Lula tem seus muitos defeitos, mas falta de olfato político certamente não é um deles. Sarney anda desconfiado do que ele considera uma propensão petista ao monopólio do poder. E Lula sabe disso.
Marcadores:
Governo Lula,
PT,
Sarney,
Tião Viana
Assinar:
Postagens (Atom)