Em inspirado artigo, publicado no sempre bom jornal VALOR ECONÔMICO, Renato Janine Ribeiro assesta as suas baterias analíticas contra a corrupção. Vale a pena conferir!
Danton deveria ter roubado mais?
Autor(es): Renato Janine Ribeiro
Valor Econômico - 26/09/2011
"Danton fez bem em roubar?", pergunta Julien Sorel a sua quase-namorada, no romance mais famoso de Stendhal, "O vermelho e o negro". Matilde perguntou-lhe o que está pensando e leva um susto ao ouvir seu raciocínio: "Os revolucionários do Piemonte, da Espanha, deveriam comprometer o povo com crimes? Dar a pessoas mesmo sem mérito todos os postos do Exército? Quem os recebesse não temeria a volta do rei? Deveriam ter saqueado o tesouro de Turim? Numa palavra, senhorita - disse, aproximando-se dela com um ar terrível -, o homem que quiser expulsar da terra a ignorância e o crime deve passar como a tempestade e espalhar o mal ao acaso?"
Não é preciso concordar com Julien Sorel, que, aliás, faz uma pergunta, não uma resposta; mas quem não meditar essas palavras duras, quem não pensar a fundo o que ele diz em 1830, não vai entender a política, mesmo atual, mesmo democrática. Quem deseja expulsar o crime e a ignorância precisa causar muitos males enquanto promove o grande bem? Os fins justificam os meios? Não é isso. Porque Julien não fala de qualquer fim, mas do fim mais nobre que há: introduzir o conhecimento e o bem. No entanto, para isso, será preciso cooptar os corruptos?
Essas questões de alta literatura me vieram à mente quando me lembrei de um líder da base governista que, indignado com medidas anti-corrupção da presidente Dilma, teria dito que "ela não sabe que está brincando com fogo". Em valor literário, a diferença entre o personagem de Stendhal e o nosso é gigantesca. Mas não estarão falando de coisas parecidas - com a ressalva de que o parlamentar se empenha em vantagens sem ética, e Julien numa ética maior?
Vivemos hoje a luta entre duas grandes ideias sobre a política. A primeira vem da experiência e diz: governar e ser honesto, a um só tempo, raia o impossível. Não quero dizer que todo governante é desonesto; apenas noto que há um fator poderoso que leva, para obter maiorias, à aliança com políticos de má catadura. Curiosamente, em cada país isso se atribui a causas diferentes. Aqui, uns dizem que acabando com o presidencialismo de coalizão, adotando o voto distrital ou a lista fechada, tudo há de melhorar. Em outros países, recomenda-se o contrário. Mas, em suma, primeira convicção: governabilidade e ética não são amigas de infância. Mesmo quem não é Maquiavel, que defendia que o príncipe mantivesse a todo custo seu Estado, e se bate por valores nobres, precisa sujar as mãos. A expressão é de Sartre. Sem sujá-las, não se faz política.
Mas há uma segunda e poderosa ideia: os valores democráticos. A palavra "democracia", que no começo significava essencialmente a escolha pelo povo, fica tão rica desde a II Guerra Mundial que anexa os direitos humanos, e também os valores éticos. Combater a corrupção, a exploração das mulheres pelos homens e até a exploração do homem pelo homem tornam-se preceitos fundamentais. O problema: como ligar este ponto com o anterior? Por um lado, temos uma forte demanda ética, que deseja espraiar-se pela política e talvez nunca tenha atingido tal dimensão em regime democrático. Talvez. Por outro, queremos dos governos que nos deem ou ao menos nos permitam prosperidade. Estamos divididos, os cidadãos, entre o conforto e a ética. Derrubamos Collor em nome da "ética na política", mas ele não teria caído caso seu governo desse bons frutos. Se caiu, foi porque tinha pouco apoio nos partidos e porque não efetuou o salto para o Primeiro Mundo, que prometera na campanha.
Resumindo, vivemos em dilemas. Do ponto de vista do cidadão, quer-se ética - nem sempre por razões éticas, mas também porque, se todos andarem pelo acostamento, a estrada trava. Mas o mesmo cidadão deseja conforto, prosperidade, uma fatia maior do PIB. Rachado entre os princípios morais e a ambição pela prosperidade, nem sempre crava a escolha na ética, que pode exigir renúncia, sacrifício e derrota. Não é à toa que uns chamam de "ético" quem, para outros, é um perdedor.
Já do ponto de vista do governante, e penso na presidente que mostra menos complacência com a corrupção desde Itamar Franco, a escolha também é difícil. Alguns analistas a condenam ora porque lhe falta jogo de cintura, ora porque demora a demitir acusados de corrupção. Mas jogo de cintura é, nove vezes em dez, complacência com os malfeitos! É esse o seu dilema e o de muitos governantes decentes. O que fazem então os governos? Exceto quando são essencialmente corruptos, procuram manter a flexibilização da ética longe do cerne do poder. Tentam preservar o centro do governo. Vejam o curiosíssimo instituto das emendas parlamentares à lei orçamentária. Duas décadas atrás, José Serra propôs que o orçamento fosse aprovado sem nenhuma emenda. Isso era tão absurdo quanto são as emendas parlamentares de hoje. A democracia surge na Inglaterra com o poder, dos eleitos do povo, de votar e rejeitar impostos e despesas. Aprovar o orçamento é o apogeu desse ritual democrático, quando a sociedade decide o que é prioritário e o que não é. Os Estados Unidos conservam isso, tanto que no governo Clinton ficaram um dia sem orçamento e o governo federal, literalmente, fechou. Mas aqui, se o Parlamento não vota o orçamento, ele é assim mesmo executado. E muitas das emendas, que Serra condenava, são penduricalhos pelos quais o parlamentar atende sua base para conseguir se reeleger - algumas delas, sem necessidade sequer para sua base.
Há saída para esses dilemas? Espero que sim. Mas notem que são dois dilemas. Um é do governo, outro dos cidadãos. Não basta cobrar do governo, se os cidadãos não cobrarem ética de si mesmos.
Renato Janine Ribeiro é professor titular de ética e filosofia política na Universidade de São Paulo. Escreve às segundas-feiras
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segunda-feira, 26 de setembro de 2011
sexta-feira, 15 de outubro de 2010
Deus e a eleição
Nada como um dia atrás do outro, ensina o dito popular. Na sua coluna de hoje do jornal Folha de São Paulo, o jornalista Fernando Barros e Silva reproduz famoso e decisivo diálogo, travada em debate às vésperas da eleição para prefeito de São Paulo em 1985 pelo então candidato (que viria a ser derrotado, dizem, exatamente pela resposta dada ao jornalista. Confira:
Boris Casoy - Senador, o senhor acredita em Deus?
FHC - Essa pergunta o senhor disse que não me faria.
Casoy - Eu não disse nada.
FHC - Perdão, foi num almoço, sobre esse mesmo debate.
Casoy - Mas eu não disse se faria ou não faria.
FHC - É uma pergunta típica de quem quer levar uma questão que é íntima para o público, uma pergunta típica de quem quer simplesmente usar uma armadilha para saber a convicção pessoal do senador Fernando Henrique, que não está em jogo. Devo dizer ao senhor Boris Casoy que esse nosso povo é religioso. Eu respeito a religião do povo, as várias religiões do povo, automaticamente estou abrindo uma chance para a crença em Deus.
Casoy - A pergunta não foi respondida. Não se trata de armadilha, nem de convicção pessoal.
O jornalista da Folha, após rápida análise, conclui:
Ao vestir a fantasia do neocarola, o tucano age mais ou menos como aqueles que acusavam FHC de ser ateu há um quarto de século.
Boris Casoy - Senador, o senhor acredita em Deus?
FHC - Essa pergunta o senhor disse que não me faria.
Casoy - Eu não disse nada.
FHC - Perdão, foi num almoço, sobre esse mesmo debate.
Casoy - Mas eu não disse se faria ou não faria.
FHC - É uma pergunta típica de quem quer levar uma questão que é íntima para o público, uma pergunta típica de quem quer simplesmente usar uma armadilha para saber a convicção pessoal do senador Fernando Henrique, que não está em jogo. Devo dizer ao senhor Boris Casoy que esse nosso povo é religioso. Eu respeito a religião do povo, as várias religiões do povo, automaticamente estou abrindo uma chance para a crença em Deus.
Casoy - A pergunta não foi respondida. Não se trata de armadilha, nem de convicção pessoal.
O jornalista da Folha, após rápida análise, conclui:
Ao vestir a fantasia do neocarola, o tucano age mais ou menos como aqueles que acusavam FHC de ser ateu há um quarto de século.
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quinta-feira, 7 de outubro de 2010
O voto religioso
Vou postar algumas matérias sobre um tema mais do que emergente: o voto religioso. Depois, assim que possível, voltarei para comentar. Abaixo, um artigo de Maria Inês Nassif, articulista do jornal VALOR ECONÔMICO. Vale a pena conferir!
07/10/2010 - 07:59h
O voto do pecado e o poder satânico
Maria Inês Nassif VALOR
A campanha religiosa contra a candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, estava em andamento e foi subestimada pelo comitê petista. O staff serrista prestou mais atenção nisso. No dia 14 de setembro, a mulher de José Serra, Mônica Serra, em campanha para o marido no município de Nova Iguaçu, no Rio, falou a um eleitor evangélico, para convencê-lo a não votar em Dilma: “Ela é a favor de matar criancinhas”, disse, segundo relato do jornal “O Estado de S. Paulo”. Mônica quis dizer, usando cores muito, muito fortes, que Dilma era a favor do aborto, e portanto não merecia o voto de um evangélico. Não deve ter sido da cabeça dela – falou porque as pesquisas qualitativas do PSDB já deviam mostrar que a onda “antiabortista” estava pegando, embalada por bispos e padres da Igreja Católica e pastores evangélicos.
Da parte da ala conservadora da Igreja Católica, a articulação foi feita com alarde, de forma a induzir os fiéis de que a recomendação de não votar em Dilma, ou em qualquer outro candidato do PT, veio da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). A CNBB reagiu timidamente a essa ofensiva, com uma carta que foi também instrumentalizada pelos conservadores, que hoje não são poucos. “Falam em nome da CNBB somente a Assembleia Geral, o Conselho Permanente e a Presidência”, diz a nota, para em seguida lembrar que o documento oficial sobre as eleições, tirado na 48ª Assembleia Geral, foi a “Declaração sobre o Momento Político Nacional”, que não faz referência direta a candidatos ou partidos. Um trecho da carta oficial, todavia, foi apresentado aos fiéis paulistanos como prova de que a Igreja, como instituição, vetava o voto aos petistas. “(…) incentivamos a todos que participem (…), procurando eleger pessoas comprometidas com o respeito incondicional à vida, à família, à liberdade religiosa e à dignidade humana”.
A campanha da Igreja conservadora contra Dilma está usando um sofisma: o “respeito incondicional à vida” torna a igreja antiabortista; o PT defendeu o aborto; logo, o voto em Dilma é pecado. É esse sofisma que foi colocado aos padres de São Paulo pela Regional Sul 1 da CNBB como uma ordem. A secção da CNBB no Estado está impondo a campanha política nas igrejas como obrigação de hierarquia: há uma determinação para que os padres falem na homilia que o voto ao PT é pecado. Os padres estão obrigados também a distribuir jornais de suas dioceses na porta das igrejas, que não raro colocam o veto ao voto no PT como uma determinação da “CNBB”, sem especificar que é da CNBB da Regional Sul 1.
Com ajuda da Igreja, Serra chega aos pobres via medo
Guarulhos é o grande foco, mas não o único. O bispo Luiz Gonzaga Bergonzini declara publicamente “ódio ao PT”. Sua diocese foi uma das formuladoras, na Comissão da Vida da Região Sul, do documento que deu “subsídios” para o manifesto anti-PT que está sendo distribuído nas paróquias como posição oficial da Igreja Católica. Um padre de Guarulhos conta que Dom Luiz Gonzaga vai se aposentar em sete meses, e tem aproveitado seus últimos momentos como bispo para militar ativamente contra o partido de Lula. Para isso, tem usado seu poder de “mordaça” – a autoridade máxima da paróquia é a diocese, e o bispo pode impor suspensões a padres que não seguirem as suas ordens, ou criticarem publicamente suas posições.
Segundo uma senhora que é católica militante, bem longe de Guarulhos, no bairro de Campo Limpo, os bispos levaram ao pé da letra a orientação da regional da CNBB. A senhora ouviu do padre da sua paróquia, durante a pregação do sermão, que os católicos que votassem em Dilma Rousseff deveriam se confessar depois, porque teriam cometido um pecado. Preferiu o discurso da corrupção ao discurso so aborto. E garantiu que recomendava o voto contra o PT por ordem do bispo.
O vereador Chico Macena (PT), da capital paulista, que é ligadíssimo à Igreja, conta que várias paróquias da região de São Lucas falaram contra o PT na homilia. Ele acredita que esse movimento da igreja conservadora paulista influenciou o voto contra Dilma em algumas regiões.
Na campanha de Dilma, soou o alarme apenas na semana anterior às eleições. Foi quando a candidata se reuniu com líderes religiosos e garantiu a eles que não havia defendido o aborto.
A guerra religiosa não se limitou a sermões de padres ou pregações de pastores evangélicos. Espalhou-se como um rastilho pela internet uma “denúncia” de envolvimento do candidato a vice de Dilma, o deputado Michel Temer (SP), com o “satanismo”. O site Hospital da Alma, ligado à Associação dos Blogueiros Evangélicos, diz que Dilma, se vencer a disputa, morrerá por obra de Satã, para que o sacerdote Temer assuma a Presidência.
As versões religiosas sobre a candidatura governista são inventivas e, no conjunto, ajudam a formar um clima de pânico que, em algum momento, pode resultar numa explosão em que a racionalidade da escolha do candidato ao segundo turno escorra pelo ralo.
Não deixa de ser irônico. A Igreja progressista esteve na base da formação do PT, embora limitada a regras da não militância política dentro das paróquias. Teve um papel fundamental em São Paulo. É aqui no Estado, que deu uma guinada conservadora durante e após os governos de Fernando Henrique Cardoso, que a Igreja Católica tem imposto os maiores prejuízos à candidata petista. Dois papados conservadores reduziram os progressistas católicos de São Paulo a um rebanho desorganizado e destituído de poder na hierarquia da Igreja.
A outra ironia da história é que, no momento em que perdem significativamente a força os chefes de política locais, em função dos programas de transferência de renda do governo, e o PT passa a ser o interlocutor preferencial junto aos pobres, os seus adversários tenham arrumado um “atalho” para chegar a esse eleitor humilde, via o temor religioso. O voto colocado como “pecado”, e a eleição como obra de um “poder satânico”, recolocam o eleitorado mais pobre e menos escolarizado nas mãos de líderes conservadores, mas pela força do medo.
Maria Inês Nassif é repórter especial de Política. Escreve às quintas-feiras
E-mail maria.inesnassif@valor.com.br
07/10/2010 - 07:59h
O voto do pecado e o poder satânico
Maria Inês Nassif VALOR
A campanha religiosa contra a candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, estava em andamento e foi subestimada pelo comitê petista. O staff serrista prestou mais atenção nisso. No dia 14 de setembro, a mulher de José Serra, Mônica Serra, em campanha para o marido no município de Nova Iguaçu, no Rio, falou a um eleitor evangélico, para convencê-lo a não votar em Dilma: “Ela é a favor de matar criancinhas”, disse, segundo relato do jornal “O Estado de S. Paulo”. Mônica quis dizer, usando cores muito, muito fortes, que Dilma era a favor do aborto, e portanto não merecia o voto de um evangélico. Não deve ter sido da cabeça dela – falou porque as pesquisas qualitativas do PSDB já deviam mostrar que a onda “antiabortista” estava pegando, embalada por bispos e padres da Igreja Católica e pastores evangélicos.
Da parte da ala conservadora da Igreja Católica, a articulação foi feita com alarde, de forma a induzir os fiéis de que a recomendação de não votar em Dilma, ou em qualquer outro candidato do PT, veio da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). A CNBB reagiu timidamente a essa ofensiva, com uma carta que foi também instrumentalizada pelos conservadores, que hoje não são poucos. “Falam em nome da CNBB somente a Assembleia Geral, o Conselho Permanente e a Presidência”, diz a nota, para em seguida lembrar que o documento oficial sobre as eleições, tirado na 48ª Assembleia Geral, foi a “Declaração sobre o Momento Político Nacional”, que não faz referência direta a candidatos ou partidos. Um trecho da carta oficial, todavia, foi apresentado aos fiéis paulistanos como prova de que a Igreja, como instituição, vetava o voto aos petistas. “(…) incentivamos a todos que participem (…), procurando eleger pessoas comprometidas com o respeito incondicional à vida, à família, à liberdade religiosa e à dignidade humana”.
A campanha da Igreja conservadora contra Dilma está usando um sofisma: o “respeito incondicional à vida” torna a igreja antiabortista; o PT defendeu o aborto; logo, o voto em Dilma é pecado. É esse sofisma que foi colocado aos padres de São Paulo pela Regional Sul 1 da CNBB como uma ordem. A secção da CNBB no Estado está impondo a campanha política nas igrejas como obrigação de hierarquia: há uma determinação para que os padres falem na homilia que o voto ao PT é pecado. Os padres estão obrigados também a distribuir jornais de suas dioceses na porta das igrejas, que não raro colocam o veto ao voto no PT como uma determinação da “CNBB”, sem especificar que é da CNBB da Regional Sul 1.
Com ajuda da Igreja, Serra chega aos pobres via medo
Guarulhos é o grande foco, mas não o único. O bispo Luiz Gonzaga Bergonzini declara publicamente “ódio ao PT”. Sua diocese foi uma das formuladoras, na Comissão da Vida da Região Sul, do documento que deu “subsídios” para o manifesto anti-PT que está sendo distribuído nas paróquias como posição oficial da Igreja Católica. Um padre de Guarulhos conta que Dom Luiz Gonzaga vai se aposentar em sete meses, e tem aproveitado seus últimos momentos como bispo para militar ativamente contra o partido de Lula. Para isso, tem usado seu poder de “mordaça” – a autoridade máxima da paróquia é a diocese, e o bispo pode impor suspensões a padres que não seguirem as suas ordens, ou criticarem publicamente suas posições.
Segundo uma senhora que é católica militante, bem longe de Guarulhos, no bairro de Campo Limpo, os bispos levaram ao pé da letra a orientação da regional da CNBB. A senhora ouviu do padre da sua paróquia, durante a pregação do sermão, que os católicos que votassem em Dilma Rousseff deveriam se confessar depois, porque teriam cometido um pecado. Preferiu o discurso da corrupção ao discurso so aborto. E garantiu que recomendava o voto contra o PT por ordem do bispo.
O vereador Chico Macena (PT), da capital paulista, que é ligadíssimo à Igreja, conta que várias paróquias da região de São Lucas falaram contra o PT na homilia. Ele acredita que esse movimento da igreja conservadora paulista influenciou o voto contra Dilma em algumas regiões.
Na campanha de Dilma, soou o alarme apenas na semana anterior às eleições. Foi quando a candidata se reuniu com líderes religiosos e garantiu a eles que não havia defendido o aborto.
A guerra religiosa não se limitou a sermões de padres ou pregações de pastores evangélicos. Espalhou-se como um rastilho pela internet uma “denúncia” de envolvimento do candidato a vice de Dilma, o deputado Michel Temer (SP), com o “satanismo”. O site Hospital da Alma, ligado à Associação dos Blogueiros Evangélicos, diz que Dilma, se vencer a disputa, morrerá por obra de Satã, para que o sacerdote Temer assuma a Presidência.
As versões religiosas sobre a candidatura governista são inventivas e, no conjunto, ajudam a formar um clima de pânico que, em algum momento, pode resultar numa explosão em que a racionalidade da escolha do candidato ao segundo turno escorra pelo ralo.
Não deixa de ser irônico. A Igreja progressista esteve na base da formação do PT, embora limitada a regras da não militância política dentro das paróquias. Teve um papel fundamental em São Paulo. É aqui no Estado, que deu uma guinada conservadora durante e após os governos de Fernando Henrique Cardoso, que a Igreja Católica tem imposto os maiores prejuízos à candidata petista. Dois papados conservadores reduziram os progressistas católicos de São Paulo a um rebanho desorganizado e destituído de poder na hierarquia da Igreja.
A outra ironia da história é que, no momento em que perdem significativamente a força os chefes de política locais, em função dos programas de transferência de renda do governo, e o PT passa a ser o interlocutor preferencial junto aos pobres, os seus adversários tenham arrumado um “atalho” para chegar a esse eleitor humilde, via o temor religioso. O voto colocado como “pecado”, e a eleição como obra de um “poder satânico”, recolocam o eleitorado mais pobre e menos escolarizado nas mãos de líderes conservadores, mas pela força do medo.
Maria Inês Nassif é repórter especial de Política. Escreve às quintas-feiras
E-mail maria.inesnassif@valor.com.br
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sexta-feira, 1 de outubro de 2010
O debate na avaliação insuspeita do César Maia
César Maia, candidato ao Senado pelo DEM no RJ, provavelmente derrotado na eleição de domingo, tem uma verve singular. Mesmo quando está por baixo, não perde o humor corrosivo. Não, mil vezes não, a sua análise não é isenta. Que besteira é essa de isenção? Lembrem-se das lições de Max Weber sobre a "objetividade na ciência social e na política" e não cobrem o impossível...
Ok. Tá, desculpe-me pelo destempero... Her... Como eu ia dizendo, o César Maia, mesmo a caminho do cadafalso, continua impagável. Leia a sua "insuspeita" avaliação do debate entre os candidatos à presidência, ocorrido ontem na TV Globo.
UM ANTI-DEBATE NA TV GLOBO! PESQUISA INDICA EMPATE..., NA MEDIOCRIDADE! NINGUÉM MERECE!
César Maia
1. Marina ficou insistindo o tempo todo que estava em S. Paulo. Descobriu o uso do advérbio vazio, tão ironizado nos anos 70.
2. Serra não quis perguntar a Dilma, que lidera as pesquisas, evitando diferenciar-se. Deve ter sido orientado por quem colocou o Lula em seu segundo programa de TV.
3. Plínio nem engraçado foi desta vez. Sua pasta não tinha indicador dos temas e ficava folheando as "colinhas".
4. Dilma tocou seu realejo, gaguejou e não respondeu sobre a jornada de trabalho. Disse e ganhou risos que "no site estão registradas todas as doações que são oficiais". Saiu como entrou, provavelmente feliz com o empate no debate da mediocridade.
Ok. Tá, desculpe-me pelo destempero... Her... Como eu ia dizendo, o César Maia, mesmo a caminho do cadafalso, continua impagável. Leia a sua "insuspeita" avaliação do debate entre os candidatos à presidência, ocorrido ontem na TV Globo.
UM ANTI-DEBATE NA TV GLOBO! PESQUISA INDICA EMPATE..., NA MEDIOCRIDADE! NINGUÉM MERECE!
César Maia
1. Marina ficou insistindo o tempo todo que estava em S. Paulo. Descobriu o uso do advérbio vazio, tão ironizado nos anos 70.
2. Serra não quis perguntar a Dilma, que lidera as pesquisas, evitando diferenciar-se. Deve ter sido orientado por quem colocou o Lula em seu segundo programa de TV.
3. Plínio nem engraçado foi desta vez. Sua pasta não tinha indicador dos temas e ficava folheando as "colinhas".
4. Dilma tocou seu realejo, gaguejou e não respondeu sobre a jornada de trabalho. Disse e ganhou risos que "no site estão registradas todas as doações que são oficiais". Saiu como entrou, provavelmente feliz com o empate no debate da mediocridade.
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domingo, 12 de setembro de 2010
Por que o discurso da oposição não pega?
Eis aí abaixo uma tentativa de resposta.
VINICIUS TORRES FREIRE
Você sabe com quem está falando?
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Eleitor relevou ou ignorou as críticas a Dilma e ao PT; talvez falte intimidade da oposição com os cidadãos
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O GROSSO do eleitorado até agora não se abalou com os protestos da campanha de José Serra (PSDB) contra o PT e sua candidata. Nem com as vinhetas televisivas tucanas que procuram refrescar a memória do cidadão a respeito do passivo moral do lulismo-petismo, indica pesquisa Datafolha. Mesmo assim, na noite de sexta-feira, quando era escrita esta coluna, ia forte o rumor ou o odor de que o jorro de lixo na campanha iria crescer. Lixão é que não falta para vasculhar.
Dilma Rousseff perdeu pontos relevantes apenas entre eleitores com ensino superior (14% do total da amostra do Datafolha) e/ou com renda maior que dez salários mínimos (5% do total). Note-se, porém, que as intenções de voto dessa fatia mínima do eleitorado têm flutuado de modo meio selvagem. Pode ser que a variação de Dilma nem se deva ao caso da Receita. Enfim, Serra não levou os votos que caíram da cesta de Dilma. Aparentemente, eles foram para Marina Silva (PV).
O grosso do eleitorado pode ter relevado as acusações contra o PT. Muitos podem não ter tomado conhecimento delas -faz uma semana, não cresce o número de eleitores que já viu a propaganda eleitoral na TV, ainda em 51%. O eleitor pode não entender bem o que se passa -a barafunda noticiosa da quebra de sigilos. Ou não quer ou pode se dar ao trabalho de compreendê-la.
O acesso ao noticiário não é lá tão escasso. Talvez seja difícil compreender o que se lê ou se ouve pois, na média, os brasileiros não têm mais de oito anos de escola ruim. Ainda assim, cerca de 37% das pessoas com mais de 18 anos usaram a internet no ano passado, segundo dados do IBGE (Pnad). Quase metade vê pelo menos algum noticiário televisivo. Porém, os motivos imediatos da falta de apelo do protesto tucano ou indignação diante do caso ficam no domínio da especulação, na falta de pesquisa específica.
Leia o texto integral aqui (exclusivo para assinantes UOL).
VINICIUS TORRES FREIRE
Você sabe com quem está falando?
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Eleitor relevou ou ignorou as críticas a Dilma e ao PT; talvez falte intimidade da oposição com os cidadãos
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O GROSSO do eleitorado até agora não se abalou com os protestos da campanha de José Serra (PSDB) contra o PT e sua candidata. Nem com as vinhetas televisivas tucanas que procuram refrescar a memória do cidadão a respeito do passivo moral do lulismo-petismo, indica pesquisa Datafolha. Mesmo assim, na noite de sexta-feira, quando era escrita esta coluna, ia forte o rumor ou o odor de que o jorro de lixo na campanha iria crescer. Lixão é que não falta para vasculhar.
Dilma Rousseff perdeu pontos relevantes apenas entre eleitores com ensino superior (14% do total da amostra do Datafolha) e/ou com renda maior que dez salários mínimos (5% do total). Note-se, porém, que as intenções de voto dessa fatia mínima do eleitorado têm flutuado de modo meio selvagem. Pode ser que a variação de Dilma nem se deva ao caso da Receita. Enfim, Serra não levou os votos que caíram da cesta de Dilma. Aparentemente, eles foram para Marina Silva (PV).
O grosso do eleitorado pode ter relevado as acusações contra o PT. Muitos podem não ter tomado conhecimento delas -faz uma semana, não cresce o número de eleitores que já viu a propaganda eleitoral na TV, ainda em 51%. O eleitor pode não entender bem o que se passa -a barafunda noticiosa da quebra de sigilos. Ou não quer ou pode se dar ao trabalho de compreendê-la.
O acesso ao noticiário não é lá tão escasso. Talvez seja difícil compreender o que se lê ou se ouve pois, na média, os brasileiros não têm mais de oito anos de escola ruim. Ainda assim, cerca de 37% das pessoas com mais de 18 anos usaram a internet no ano passado, segundo dados do IBGE (Pnad). Quase metade vê pelo menos algum noticiário televisivo. Porém, os motivos imediatos da falta de apelo do protesto tucano ou indignação diante do caso ficam no domínio da especulação, na falta de pesquisa específica.
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quarta-feira, 1 de setembro de 2010
O PSDB e a mexicanização
PRI, o partido que dominou a política mexicana por quase um século, é sempre mobilizado como um espectro quando o Presidente Lula consegue obter vitórias eleitorais e políticos. O tucanato lembra um pouco aqueles meninos de nossa infância, donos da bola, que queriam parar o jogo quando o seu time estava perdendo...
Bueno, confira abaixo, artigo de autoria do jornalista Elio Gaspari, comentando essa, digamos, face da oposição brasileira. Lembre: o artigo chega aqui via Blogo do Noblat, ok?
Enviado por Ricardo Noblat - 1.9.2010 9h26m
Deu em O Globo
Quando a oposição perde, apita: PRIiiiiii!
Elio Gaspari
Quando a oposição brasileira é devastada pelo resultado eleitoral, alguém apita: "PRIiii!". É um grito de advertência contra o perigo da instalação de um regime de partido único (de fato) no Brasil. Algo parecido com a coligação de políticos, burocratas, sindicalistas e cleptocratas que governou o México de 1926 a 2000, boa parte do tempo sob a sigla do Partido da Revolução Institucionalizada.
O apito de PRI costumava soar depois da eleição. Agora ele veio antes, com um inoportuno componente de derrotismo.
Ele soou em 1970, quando a popularidade do general Médici e os camburões da polícia esmagaram o MDB. A oposição ficou com 87 das 310 cadeiras da Câmara, perdendo até o terço necessário para requerer uma CPI. O governo elegeu 42 senadores, perdendo apenas no Rio de Janeiro e na antiga Guanabara. Era o PRI.
Quatro anos depois, o MDB elegeu os senadores em 16 dos 22 estados. Não se falou mais em PRI.
Em 1986, cavalgando o Plano Cruzado, o PMDB de José Sarney elegeu 22 governadores, 36 senadores e a maioria dos deputados. Novamente: PRI!
Três anos depois Fernando Collor de Mello elegeu-se presidente da República e, desde então, o apito calou-se, para voltar a ser ouvido agora.
Falar em PRI no Brasil quando o PSDB caminha para completar vinte anos consecutivos de poder em São Paulo é, no mínimo, uma trapaça. Sabendo-se que o PT conformou-se com uma posição subsidiária nas eleições para governadores, o espantalho torna-se risível.
É nessa hora que se deve olhar para o espantalho. Ele não é o que quer o tucanato abichornado, mas o paralelo histórico tem algo a informar.
O PRI surgiu depois de uma revolução durante a qual mataram-se três presidentes e desterraram-se outros dois. Seu criador não foi Emiliano Zapata, muitos menos Pancho Villa (ambos passados nas armas), mas um general amigo dos sindicatos e dos movimentos sociais.
Chamava-se Plutarco Elias Calles, assumiu em 1924, saiu em 28 e governou até 1935 por meio de prepostos, fazendo-se chamar de "Jefe Máximo". Esse período da história mexicana é conhecido como "Maximato".
A boa notícia para quem flerta com um Lulato é que Calles parece-se com Nosso Guia na política voltada para o andar de baixo e até mesmo fisionomicamente, sem barba.
A má notícia vai para a turma do mensalão. Um dia "El Jefe Máximo" teve uma ideia e decidiu entregar o poder ao companheiro de armas Lázaro Cárdenas. Encurtando a história, Cárdenas dobrou à esquerda, exilou meia dúzia de larápios do "Maximato", inclusive um ex-presidente, e, em 1936, despachou o próprio Calles, que ralou cinco anos de exílio.
O que está aí para todo mundo ver é o Lulato, com Nosso Guia pedindo votos para sua candidata, e uma grande parte do eleitorado, consciente e satisfeita, dizendo que atenderá com muito gosto ao seu pedido.
Um país com a sofisticação econômica do Brasil, com a qualidade da sua burocracia e com o vigor de suas instituições democráticas não cai nas mãos de um PRI qualquer. Apitando-se, faz-se barulho, e só.
O problema da oposição brasileira, com sua vertente demófoba, chama-se Lula, "El Jefe Máximo", que o embaixador Celso Amorim chamou de Nosso Guia e Dilma Rousseff qualificou como o "grande mestre, ele nos ensinou o caminho".
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Bueno, confira abaixo, artigo de autoria do jornalista Elio Gaspari, comentando essa, digamos, face da oposição brasileira. Lembre: o artigo chega aqui via Blogo do Noblat, ok?
Enviado por Ricardo Noblat - 1.9.2010 9h26m
Deu em O Globo
Quando a oposição perde, apita: PRIiiiiii!
Elio Gaspari
Quando a oposição brasileira é devastada pelo resultado eleitoral, alguém apita: "PRIiii!". É um grito de advertência contra o perigo da instalação de um regime de partido único (de fato) no Brasil. Algo parecido com a coligação de políticos, burocratas, sindicalistas e cleptocratas que governou o México de 1926 a 2000, boa parte do tempo sob a sigla do Partido da Revolução Institucionalizada.
O apito de PRI costumava soar depois da eleição. Agora ele veio antes, com um inoportuno componente de derrotismo.
Ele soou em 1970, quando a popularidade do general Médici e os camburões da polícia esmagaram o MDB. A oposição ficou com 87 das 310 cadeiras da Câmara, perdendo até o terço necessário para requerer uma CPI. O governo elegeu 42 senadores, perdendo apenas no Rio de Janeiro e na antiga Guanabara. Era o PRI.
Quatro anos depois, o MDB elegeu os senadores em 16 dos 22 estados. Não se falou mais em PRI.
Em 1986, cavalgando o Plano Cruzado, o PMDB de José Sarney elegeu 22 governadores, 36 senadores e a maioria dos deputados. Novamente: PRI!
Três anos depois Fernando Collor de Mello elegeu-se presidente da República e, desde então, o apito calou-se, para voltar a ser ouvido agora.
Falar em PRI no Brasil quando o PSDB caminha para completar vinte anos consecutivos de poder em São Paulo é, no mínimo, uma trapaça. Sabendo-se que o PT conformou-se com uma posição subsidiária nas eleições para governadores, o espantalho torna-se risível.
É nessa hora que se deve olhar para o espantalho. Ele não é o que quer o tucanato abichornado, mas o paralelo histórico tem algo a informar.
O PRI surgiu depois de uma revolução durante a qual mataram-se três presidentes e desterraram-se outros dois. Seu criador não foi Emiliano Zapata, muitos menos Pancho Villa (ambos passados nas armas), mas um general amigo dos sindicatos e dos movimentos sociais.
Chamava-se Plutarco Elias Calles, assumiu em 1924, saiu em 28 e governou até 1935 por meio de prepostos, fazendo-se chamar de "Jefe Máximo". Esse período da história mexicana é conhecido como "Maximato".
A boa notícia para quem flerta com um Lulato é que Calles parece-se com Nosso Guia na política voltada para o andar de baixo e até mesmo fisionomicamente, sem barba.
A má notícia vai para a turma do mensalão. Um dia "El Jefe Máximo" teve uma ideia e decidiu entregar o poder ao companheiro de armas Lázaro Cárdenas. Encurtando a história, Cárdenas dobrou à esquerda, exilou meia dúzia de larápios do "Maximato", inclusive um ex-presidente, e, em 1936, despachou o próprio Calles, que ralou cinco anos de exílio.
O que está aí para todo mundo ver é o Lulato, com Nosso Guia pedindo votos para sua candidata, e uma grande parte do eleitorado, consciente e satisfeita, dizendo que atenderá com muito gosto ao seu pedido.
Um país com a sofisticação econômica do Brasil, com a qualidade da sua burocracia e com o vigor de suas instituições democráticas não cai nas mãos de um PRI qualquer. Apitando-se, faz-se barulho, e só.
O problema da oposição brasileira, com sua vertente demófoba, chama-se Lula, "El Jefe Máximo", que o embaixador Celso Amorim chamou de Nosso Guia e Dilma Rousseff qualificou como o "grande mestre, ele nos ensinou o caminho".
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quarta-feira, 18 de agosto de 2010
O horário eleitoral
Leia abaixo a análise do jornalista Alon Feuerwerker a respeito do primeiro dia de propanda eleitoral na TV.
Atributos e benefícios (18/08)
Alon Feuerwerker
A arte está também na construção do elo entre os dois pontos. Não basta só o cara ser bacana, tem que entregar a mercadoria. Mas um cara bacana desperta mais esperança de entregar a mercadoria
O horário eleitoral foi inaugurado no previsível, com cada candidato buscando principalmente enfatizar atributos, especialmente em facetas que possam ser atacadas pelos adversários. Para vacinar ou blindar. E a campanha começou razoavelmente positiva, afinal haverá ainda tempo suficiente para começar a despejar chumbo grosso sobre os outros. Ninguém chega na casa do telespectador, assim de primeira, já chutando a canela. Seria desagradável. Não ficaria bem.
Uma curiosidade nas campanhas eleitorais brasileiras é a propaganda regulamentar radiofônica e televisiva dirigir-se apenas a certo país, que não necessariamente é o Brasil. No rádio e na tevê os postulantes falam a quem — imaginam eles — forma opinião a partir desses dois meios. Costuma funcionar, especialmente quando a primeira etapa deve ser usada para tornar alguém conhecido.
Mas incomoda que a tevê e o rádio pratiquem a infantilização de modo algo excessivo. Compare com os debates e notará a assimetria.
Nesta largada, a arma do PT é Luiz Inácio Lula da Silva, ainda que no subliminar. Sem surpresas. A dúvida é como vão agir (e quantos são) os eleitores que ainda não sabem da preferência de Lula por Dilma Rousseff. Mas esse dado é relativo, pois a presença forte do presidente na tela poderá, quem sabe?, até converter quem estava inclinado a escolher outro caminho, mesmo sabendo da opção presidencial.
No campo de José Serra, aparentemente a estratégia é alcançar incrementos graduais. Deu certo com Geraldo Alckmin em 2006 e o tucano conseguiu levar a contenda para o segundo turno. Depois perdeu-se, mas aí foi menos culpa da estratégia que da tática. Da sofreguidão e da falta de medida. Fazer a disputa com Lula exige know-how, profissionalismo, e Alckmin era estreante no jogo.
Na área de Dilma, calculam-se as medidas necessárias para liquidar a fatura já, não dando margem para grandes riscos. Mas se Lula não conseguiu vencer de cara nas duas vezes em que se elegeu, por que Dilma conseguiria? A pergunta faz sentido, mas na comparação, por exemplo, com 2006, a dúvida omite um fato: a situação econômica vai melhor que quatro anos atrás.
A análise jornalística tende a reduzir, a simplificar. É da nossa natureza. Se precisássemos destrinchar todas as variáveis até o limite do erro zero nunca chegaríamos a concluir um texto e estaríamos todos desempregados. É fácil dizer que o eleitor satisfeito com Lula tende a votar em Dilma, mas ela estar no patamar dos 40% sendo a candidata de um governo com mais de 70% de aprovação deveria dizer algo sobre a relatividade da conclusão.
Quem é o eleitor satisfeito com Lula mas menos disposto a votar na candidata dele? Por que essa separação entre juízos e consequências? Quem souber dissecar melhor o enigma estará em vantagem.
De volta à campanha, há uma curiosidade no ar sobre como serão as críticas mútuas, quando vierem para valer. O que vai colar e o que não? Ainda está por ser verificado o resultado do investimento na tese da suposta incompetência de Dilma para a função que pleiteia. Bem como a tentativa de pintar Serra como um elitista insensível.
Meu palpite é que foram desperdícios. Como nem Dilma é a incompetente que pinta a oposição nem Serra poderá ser facilmente desconstruído a partir do rótulo de “candidato dos ricos”, resultará em soma zero de vetores.
É o óbvio e o banal, mas a disputa deve decidir-se na reflexão de “quem é melhor para o Brasil”, a versão açucarada da mensagem real: o “quem é melhor para mim”. Novidade? Não, mas nem sempre a notícia é sinônimo de novidade, com o perdão dos dicionários.
Ou seja, se estamos na fase dos atributos, ela é apenas o aquecimento para a etapa decisiva, a dos benefícios, como se aprende em qualquer curso básico de vendas. Mas seria um erro imaginar a existência de uma muralha chinesa entre as duas variáveis. Capacidade de trazer benefícios tem a ver com atributos.
A arte está também na construção do elo entre os dois. Não basta só o cara ser bacana, tem que entregar a mercadoria. Mas um cara bacana desperta mais esperança de entregar a mercadoria.
Coluna (Nas entrelinhas) publicada nesta quarta (18) no Correio Braziliense.
Atributos e benefícios (18/08)
Alon Feuerwerker
A arte está também na construção do elo entre os dois pontos. Não basta só o cara ser bacana, tem que entregar a mercadoria. Mas um cara bacana desperta mais esperança de entregar a mercadoria
O horário eleitoral foi inaugurado no previsível, com cada candidato buscando principalmente enfatizar atributos, especialmente em facetas que possam ser atacadas pelos adversários. Para vacinar ou blindar. E a campanha começou razoavelmente positiva, afinal haverá ainda tempo suficiente para começar a despejar chumbo grosso sobre os outros. Ninguém chega na casa do telespectador, assim de primeira, já chutando a canela. Seria desagradável. Não ficaria bem.
Uma curiosidade nas campanhas eleitorais brasileiras é a propaganda regulamentar radiofônica e televisiva dirigir-se apenas a certo país, que não necessariamente é o Brasil. No rádio e na tevê os postulantes falam a quem — imaginam eles — forma opinião a partir desses dois meios. Costuma funcionar, especialmente quando a primeira etapa deve ser usada para tornar alguém conhecido.
Mas incomoda que a tevê e o rádio pratiquem a infantilização de modo algo excessivo. Compare com os debates e notará a assimetria.
Nesta largada, a arma do PT é Luiz Inácio Lula da Silva, ainda que no subliminar. Sem surpresas. A dúvida é como vão agir (e quantos são) os eleitores que ainda não sabem da preferência de Lula por Dilma Rousseff. Mas esse dado é relativo, pois a presença forte do presidente na tela poderá, quem sabe?, até converter quem estava inclinado a escolher outro caminho, mesmo sabendo da opção presidencial.
No campo de José Serra, aparentemente a estratégia é alcançar incrementos graduais. Deu certo com Geraldo Alckmin em 2006 e o tucano conseguiu levar a contenda para o segundo turno. Depois perdeu-se, mas aí foi menos culpa da estratégia que da tática. Da sofreguidão e da falta de medida. Fazer a disputa com Lula exige know-how, profissionalismo, e Alckmin era estreante no jogo.
Na área de Dilma, calculam-se as medidas necessárias para liquidar a fatura já, não dando margem para grandes riscos. Mas se Lula não conseguiu vencer de cara nas duas vezes em que se elegeu, por que Dilma conseguiria? A pergunta faz sentido, mas na comparação, por exemplo, com 2006, a dúvida omite um fato: a situação econômica vai melhor que quatro anos atrás.
A análise jornalística tende a reduzir, a simplificar. É da nossa natureza. Se precisássemos destrinchar todas as variáveis até o limite do erro zero nunca chegaríamos a concluir um texto e estaríamos todos desempregados. É fácil dizer que o eleitor satisfeito com Lula tende a votar em Dilma, mas ela estar no patamar dos 40% sendo a candidata de um governo com mais de 70% de aprovação deveria dizer algo sobre a relatividade da conclusão.
Quem é o eleitor satisfeito com Lula mas menos disposto a votar na candidata dele? Por que essa separação entre juízos e consequências? Quem souber dissecar melhor o enigma estará em vantagem.
De volta à campanha, há uma curiosidade no ar sobre como serão as críticas mútuas, quando vierem para valer. O que vai colar e o que não? Ainda está por ser verificado o resultado do investimento na tese da suposta incompetência de Dilma para a função que pleiteia. Bem como a tentativa de pintar Serra como um elitista insensível.
Meu palpite é que foram desperdícios. Como nem Dilma é a incompetente que pinta a oposição nem Serra poderá ser facilmente desconstruído a partir do rótulo de “candidato dos ricos”, resultará em soma zero de vetores.
É o óbvio e o banal, mas a disputa deve decidir-se na reflexão de “quem é melhor para o Brasil”, a versão açucarada da mensagem real: o “quem é melhor para mim”. Novidade? Não, mas nem sempre a notícia é sinônimo de novidade, com o perdão dos dicionários.
Ou seja, se estamos na fase dos atributos, ela é apenas o aquecimento para a etapa decisiva, a dos benefícios, como se aprende em qualquer curso básico de vendas. Mas seria um erro imaginar a existência de uma muralha chinesa entre as duas variáveis. Capacidade de trazer benefícios tem a ver com atributos.
A arte está também na construção do elo entre os dois. Não basta só o cara ser bacana, tem que entregar a mercadoria. Mas um cara bacana desperta mais esperança de entregar a mercadoria.
Coluna (Nas entrelinhas) publicada nesta quarta (18) no Correio Braziliense.
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segunda-feira, 16 de agosto de 2010
Uma disputa sem espaço para deslizes
Leia abaixo a sempre lúcida análise do jornalista Alon Feuerwerker.
Sem espaço para errar (15/08)
Alon Feuerwerker
Quando você precisa se explicar a toda hora é porque alguma coisa não vai bem. Essa é uma regra geral, sem margem de erro ou grau de incerteza
Na véspera dos programas e inserções eleitorais de rádio e televisão, não apenas os candidatos estão alinhados para a largada, mas também os institutos de pesquisa. Após meses de alguma dissonância, os quatro (Datafolha, Ibope, Sensus, Vox Populi) dizem mais ou menos a mesma coisa: Dilma Rousseff (PT) abre esta etapa na frente de José Serra (PSDB). Por poucos pontos, ainda na casa de um dígito.
Enquanto afirmavam coisas diferentes, os institutos andaram estranhando-se nos números e nas interpretações, com a natural repercussão entre as torcidas. Assim como no jornalismo, o “pesquisismo” também tem sido cenário para o “você está dizendo isso só porque apoia fulano”. É a conversa da arquibancada. Na versão benigna.
Já no campo de jogo a peleja tem outras regras: as caneladas e carrinhos vêm na forma de polêmicas entre o “ponto de fluxo” e a “consulta domiciliar”, entre fazer a indagação sobre o voto antes ou depois de perguntar o que acha do governo, entre dizer ou não que o candidato “x” é apoiado pelo político “y”. E, se não é suficiente, tem sempre a margem de erro para dar uma mãozinha.
Mais ainda. Tem uma coisa chamada “incerteza”. Com as mesmas letras miudinhas dos contratos duvidosos, os institutos avisam sempre haver uma chance (geralmente 5%) de a pesquisa estar completamente errada. De o resultado colhido na amostra ser diferente (para além da margem de erro) do que seria se todo o universo fosse auscultado.
Nas pesquisas, como nos consultórios médicos, o doutor sempre tem razão, até quando não tem. Pois ciência mesmo é dar a si próprio uma probabilidade generosa de estar errado. O tratamento não funcionou? Lamento, mas você está naqueles poucos casos em que não funciona. Tudo bem, doutor, mas o senhor me devolve então o dinheiro das consultas? E dos remédios?
Um consenso é que institutos de pesquisa vivem da credibilidade. Será? Assim como políticos vivem de ganhar eleição, pesquiseiros precisam acertar. No desfecho, claro, mas também nas parciais. Com um detalhe: é fácil verificar se a pesquisa de véspera de eleição acertou, basta compará-la com o resultado. Já nas parciais é mais complicado, pois só dá para comparar mesmo umas pesquisas com as outras.
Agora, por enquanto Sensus e Vox Populi estão levando vantagem sobre o Datafolha, com o Ibope mais ou menos no zero a zero. Já duas vezes o Datafolha chegou a resultados parecidos com os dos concorrentes, mas depois. Hoje as pessoas creem que Dilma ultrapassou Serra, e quem apontou nisso primeiro anda numa boa. Já os outros têm que se explicar.
E quando você precisa se explicar a toda hora é porque alguma coisa não vai bem. Essa é uma regra geral, sem margem de erro ou grau de incerteza.
Isso garante que uns estejam “certos” e os outros, “errados”? Claro que não. No limite podem estar todos errados.
E daí? O drama para os institutos de pesquisa é que a disputa entre eles na maior parte do tempo se passa numa esfera intangível, a das percepções. Daí o valor da tal “credibilidade”. Se eu tenho credibilidade, tenho e ponto final. Mas credibilidade nenhuma resiste intocada ao erro. Menos ainda ao erro sistemático e à necessidade sistemática de se explicar.
E mesmo quem não larga na corrida com muita credibilidade pode acumular capital político, se acertar mais do que os outros, se der sistematicamente a impressão de que vai na frente e os adversários vão atrás. Aliás, quem precisa recorrer muito à própria credibilidade está a meio caminho dar um tchauzinho a ela.
Vai começar
O desafio para para os profissionais de Marina Siva é impedir que seja tragada pelo escasso tempo de tela e pela polarização há muito anunciada. Já no caso de José Serra, a tarefa, não trivial, é explicar por que mudar se as coisas vão bem. A missão de Dilma Rousseff é mais simples, basta impedir que Serra consiga dar essa explicação.
Dilma chega na frente na largada, o que é bom para ela. Estar na frente é sempre melhor. Serra chega precisando segurar um punhado de votos para levar a eleição ao segundo turno. E virar um punhado deles para ganhar.
Numa eleição em que esse punhado é de cinco milhões num universo de 135 milhões, dizer que ela já acabou parece algo precipitado.
Mas é óbvio que o grande desafio está no campo de Serra e não no de Dilma.
Sem espaço para errar (15/08)
Alon Feuerwerker
Quando você precisa se explicar a toda hora é porque alguma coisa não vai bem. Essa é uma regra geral, sem margem de erro ou grau de incerteza
Na véspera dos programas e inserções eleitorais de rádio e televisão, não apenas os candidatos estão alinhados para a largada, mas também os institutos de pesquisa. Após meses de alguma dissonância, os quatro (Datafolha, Ibope, Sensus, Vox Populi) dizem mais ou menos a mesma coisa: Dilma Rousseff (PT) abre esta etapa na frente de José Serra (PSDB). Por poucos pontos, ainda na casa de um dígito.
Enquanto afirmavam coisas diferentes, os institutos andaram estranhando-se nos números e nas interpretações, com a natural repercussão entre as torcidas. Assim como no jornalismo, o “pesquisismo” também tem sido cenário para o “você está dizendo isso só porque apoia fulano”. É a conversa da arquibancada. Na versão benigna.
Já no campo de jogo a peleja tem outras regras: as caneladas e carrinhos vêm na forma de polêmicas entre o “ponto de fluxo” e a “consulta domiciliar”, entre fazer a indagação sobre o voto antes ou depois de perguntar o que acha do governo, entre dizer ou não que o candidato “x” é apoiado pelo político “y”. E, se não é suficiente, tem sempre a margem de erro para dar uma mãozinha.
Mais ainda. Tem uma coisa chamada “incerteza”. Com as mesmas letras miudinhas dos contratos duvidosos, os institutos avisam sempre haver uma chance (geralmente 5%) de a pesquisa estar completamente errada. De o resultado colhido na amostra ser diferente (para além da margem de erro) do que seria se todo o universo fosse auscultado.
Nas pesquisas, como nos consultórios médicos, o doutor sempre tem razão, até quando não tem. Pois ciência mesmo é dar a si próprio uma probabilidade generosa de estar errado. O tratamento não funcionou? Lamento, mas você está naqueles poucos casos em que não funciona. Tudo bem, doutor, mas o senhor me devolve então o dinheiro das consultas? E dos remédios?
Um consenso é que institutos de pesquisa vivem da credibilidade. Será? Assim como políticos vivem de ganhar eleição, pesquiseiros precisam acertar. No desfecho, claro, mas também nas parciais. Com um detalhe: é fácil verificar se a pesquisa de véspera de eleição acertou, basta compará-la com o resultado. Já nas parciais é mais complicado, pois só dá para comparar mesmo umas pesquisas com as outras.
Agora, por enquanto Sensus e Vox Populi estão levando vantagem sobre o Datafolha, com o Ibope mais ou menos no zero a zero. Já duas vezes o Datafolha chegou a resultados parecidos com os dos concorrentes, mas depois. Hoje as pessoas creem que Dilma ultrapassou Serra, e quem apontou nisso primeiro anda numa boa. Já os outros têm que se explicar.
E quando você precisa se explicar a toda hora é porque alguma coisa não vai bem. Essa é uma regra geral, sem margem de erro ou grau de incerteza.
Isso garante que uns estejam “certos” e os outros, “errados”? Claro que não. No limite podem estar todos errados.
E daí? O drama para os institutos de pesquisa é que a disputa entre eles na maior parte do tempo se passa numa esfera intangível, a das percepções. Daí o valor da tal “credibilidade”. Se eu tenho credibilidade, tenho e ponto final. Mas credibilidade nenhuma resiste intocada ao erro. Menos ainda ao erro sistemático e à necessidade sistemática de se explicar.
E mesmo quem não larga na corrida com muita credibilidade pode acumular capital político, se acertar mais do que os outros, se der sistematicamente a impressão de que vai na frente e os adversários vão atrás. Aliás, quem precisa recorrer muito à própria credibilidade está a meio caminho dar um tchauzinho a ela.
Vai começar
O desafio para para os profissionais de Marina Siva é impedir que seja tragada pelo escasso tempo de tela e pela polarização há muito anunciada. Já no caso de José Serra, a tarefa, não trivial, é explicar por que mudar se as coisas vão bem. A missão de Dilma Rousseff é mais simples, basta impedir que Serra consiga dar essa explicação.
Dilma chega na frente na largada, o que é bom para ela. Estar na frente é sempre melhor. Serra chega precisando segurar um punhado de votos para levar a eleição ao segundo turno. E virar um punhado deles para ganhar.
Numa eleição em que esse punhado é de cinco milhões num universo de 135 milhões, dizer que ela já acabou parece algo precipitado.
Mas é óbvio que o grande desafio está no campo de Serra e não no de Dilma.
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quinta-feira, 27 de maio de 2010
Serra no seu quadrado
A eleição presidencial de 2010 poderia ser um momento para discussões substantivas sobre políticas concretas de enfrentamento às drogas. Quando todo mundo que soma dois e dois, inclusive FHC e César Gavíria, entendem que as políticas proibicionistas não produzem bons resultados, as principais candidaturas ao Governo Central nada articulam de novo e propositivo em relação à essa espinhosa questão.
Pior que isso! Dado que a questão das drogas é, hoje, uma questão a ser enfrentada de forma global, há que se ter, por parte dos presidenciáveis, elaborações sérias sobre as nossas relações internacionais.
Isto posto, vale a pena chamar a atenção para a notícia abaixo. Nela, como você pode conferir, o tucano assesta as baterias contra a Bolívia e Evo Morales. Faz, por assim dizer, um afago na direita tupiniquim, que adoraria se descolar do resto da América Latina para desejados conúbios com os irmãos do Norte. Cada um tem os seus gostos, não é mesmo? Mas, com essa postura, o Serra apequena-se como candidato e vai fazendo o jogo dos adversários, especialmente do PT, que é encurralá-lo no quadrado reservado à direita.
SERRA ACUSA “CORPO MOLE” DO GOVERNO BOLIVIANO NO COMBATE À COCAÍNA. OU: DOIS HOMENS E UM MESMO COLAR
quarta-feira, 26 de maio de 2010 17:54
Folha Online.
Por Sérgio Torres:
O pré-candidato à Presidência pelo PSDB, José Serra, disse hoje no Rio, em entrevista ao programa “Se liga Brasil”, da “Rádio Globo”, que o governo da Bolívia é “cúmplice” do tráfico de cocaína para o Brasil.
A declaração foi dada quando Serra dissertava novamente sobre a importância, no entender dele, da criação de um ministério da Segurança Pública que combatesse, dentre outros crimes, o tráfico de drogas.
O ex-governador de São Paulo afirmou também que de 80% a 90% da cocaína que entra no Brasil são provenientes da Bolívia.
Logo depois do programa, ao responder aos jornalistas sobre a declaração, Serra afirmou que o governo do país vizinho faz “corpo mole”.
“Vocês acham que poderia entrar toda essa cocaína [no Brasil] se o governo [boliviano] não fizesse corpo mole?”. O pré-candidato do PSDB afirmou que não está fazendo uma “acusação” e sim uma “constatação”.
Pior que isso! Dado que a questão das drogas é, hoje, uma questão a ser enfrentada de forma global, há que se ter, por parte dos presidenciáveis, elaborações sérias sobre as nossas relações internacionais.
Isto posto, vale a pena chamar a atenção para a notícia abaixo. Nela, como você pode conferir, o tucano assesta as baterias contra a Bolívia e Evo Morales. Faz, por assim dizer, um afago na direita tupiniquim, que adoraria se descolar do resto da América Latina para desejados conúbios com os irmãos do Norte. Cada um tem os seus gostos, não é mesmo? Mas, com essa postura, o Serra apequena-se como candidato e vai fazendo o jogo dos adversários, especialmente do PT, que é encurralá-lo no quadrado reservado à direita.
SERRA ACUSA “CORPO MOLE” DO GOVERNO BOLIVIANO NO COMBATE À COCAÍNA. OU: DOIS HOMENS E UM MESMO COLAR
quarta-feira, 26 de maio de 2010 17:54
Folha Online.
Por Sérgio Torres:
O pré-candidato à Presidência pelo PSDB, José Serra, disse hoje no Rio, em entrevista ao programa “Se liga Brasil”, da “Rádio Globo”, que o governo da Bolívia é “cúmplice” do tráfico de cocaína para o Brasil.
A declaração foi dada quando Serra dissertava novamente sobre a importância, no entender dele, da criação de um ministério da Segurança Pública que combatesse, dentre outros crimes, o tráfico de drogas.
O ex-governador de São Paulo afirmou também que de 80% a 90% da cocaína que entra no Brasil são provenientes da Bolívia.
Logo depois do programa, ao responder aos jornalistas sobre a declaração, Serra afirmou que o governo do país vizinho faz “corpo mole”.
“Vocês acham que poderia entrar toda essa cocaína [no Brasil] se o governo [boliviano] não fizesse corpo mole?”. O pré-candidato do PSDB afirmou que não está fazendo uma “acusação” e sim uma “constatação”.
quinta-feira, 18 de março de 2010
Alan Daniel e o crescimento de Dilma
Alan Daniel Freire é professor de Departamento de Políticas Públicas da UFRN. É um estudioso da política nacional, tendo produzido uma tese de doutoramento, defendida no prestigiado IUPERJ, a respeito da dinâmica parlamentar brasileira. É um analista criterioso e frio, distante das paixões partidárias que pululam por aí.
Pois bem, meses atrás, em uma conversa de corredor, ele desfiou, pacientemente, as razões pelas quais a então recém lançada candidatura da ministra Dilma Roussef seria vitoriosa. A tese central do Alan é que faltava (e, pelo visto, ainda falta) um discurso para a oposição. E Dilma teria um discurso pronto: o da continuidade. Como o Governo Lula, aos olhos da grande maioria da população, está dando certo, a tendência, argumentava ele, seria a de que uma candidatura que representasse a continuidade ter tudo para deslanchar. E, arrematava, o PT criou uma máquina e redes sociais de capilaridade que o tornam uma força política positivamente superior do ponto de vista eleitoral.
A publicação da mais recente pesquisa IBOPE/CNI vai confirmando o prognóstico eleitoral do Professor Alan.
Vantagem de Serra cai de 11 para 5 pontos
Vantagem de Serra sobre Dilma cai para 5 pontos, indica CNI/Ibope
Autor(es): Daniel Bramatti
O Estado de S. Paulo - 18/03/2010
Sucessão.
Levantamento mostra tendência de crescimento da ministra da Casa Civil,que passou de 25% para 30% das intenções de voto em um mês; 53% dos entrevistados disseram querer votar em candidato apoiado pelopresidente Luiz Inácio Lula da Silva
A vantagem do tucano José Serra sobre a petista Dilma Rousseff na corrida presidencial caiu para cinco pontos porcentuais, segundo a última pesquisa CNI/Ibope. Em fevereiro, de acordo com o mesmo instituto, a distância entre os dois era de 11 pontos.
Serra teve 35% das preferências no levantamento divulgado ontem, feito a pedido da Confederação Nacional da Indústria. Em fevereiro, em pesquisa encomendada pela Associação Comercial de São Paulo, ele aparecia com36%.
Dilma, por sua vez, cresceu cinco pontos e atingiu pela primeira vez a marca dos 30% de preferências, em um cenário que inclui ainda Ciro Gomes (11%) e Marina Silva (6%).
Um dado inédito do levantamento mede o potencial de transferência de votos do presidente:53% dos eleitores querem eleger um candidato apoiado por Luiz Inácio Lula da Silva, e 10% pretendem optar por um nome da oposição. Outros33% afirmam que não levarão em conta a posição do presidente.
A desinformação é o que explica o descompasso entre o potencial eleitorado lulista e o desempenho de Dilma. Nada menos que 42% dos entrevistados ignoram o fato de que a ministra é a candidata de Lula.
Segundo Márcia Cavallari, diretora executiva do Ibope, esse nível de desconhecimento não é anormal a mais de seis meses das eleições. "Hoje,só quem busca informações sabe algo sobre as eleições. Quando começar o horário eleitoral gratuito, as informações chegarão a todos de forma homogênea." Ela afirma que o apoio de Lula tende a impulsionar a ministra, mas ressalva que, no decorrer da campanha, Serra também tendea se beneficiar por ganhar mais exposição.
O potencial de crescimento da ministra da Casa Civil se revela, por exemplo, no Nordeste, onde 69% do eleitorado se declara inclinado a votar em um governista, mas pouco mais da metade da população sabe quem é a escolhida pelo presidente.
Cruzamentos. O Ibope mostra que Serra deve às mulheres sua posição de liderança. No eleitorado feminino, o governador de São Paulo tem 12 pontos de vantagem sobre Dilma (37% a25%). Entre os homens, Dilma tem 36%, e o adversário, 34%.
Em um mês, as intenções de voto na petista subiram em três das regiões pesquisadas. No Sul, ela passou de 19% para 34% e ficou em situação dee mpate técnico com Serra (36%). No Nordeste, onde lidera por 14 pontos,a petista subiu de 33% para 39%.
Na região Sudeste, a mais populosa do País, é Serra quem está na frente (40% a 25%). NoNorte/Centro-Oeste, o tucano saiu de uma situação de empate técnico para uma vantagem de 15 pontos (41% a 26%).
Na divisão da população pelo grau de instrução, o governador paulista tem a maior vantagem entre os eleitores que estudaram até o ensino médio (37% a30%). Na segmentação por faixa de renda, Dilma lidera entre os que têm renda mensal de até um salário mínimo (32% a 28%).
No cenário sem o nome de Ciro Gomes, Serra aparece com 38%, Dilma, com 33%, e Marina, com 8%.
Pois bem, meses atrás, em uma conversa de corredor, ele desfiou, pacientemente, as razões pelas quais a então recém lançada candidatura da ministra Dilma Roussef seria vitoriosa. A tese central do Alan é que faltava (e, pelo visto, ainda falta) um discurso para a oposição. E Dilma teria um discurso pronto: o da continuidade. Como o Governo Lula, aos olhos da grande maioria da população, está dando certo, a tendência, argumentava ele, seria a de que uma candidatura que representasse a continuidade ter tudo para deslanchar. E, arrematava, o PT criou uma máquina e redes sociais de capilaridade que o tornam uma força política positivamente superior do ponto de vista eleitoral.
A publicação da mais recente pesquisa IBOPE/CNI vai confirmando o prognóstico eleitoral do Professor Alan.
Vantagem de Serra cai de 11 para 5 pontos
Vantagem de Serra sobre Dilma cai para 5 pontos, indica CNI/Ibope
Autor(es): Daniel Bramatti
O Estado de S. Paulo - 18/03/2010
Sucessão.
Levantamento mostra tendência de crescimento da ministra da Casa Civil,que passou de 25% para 30% das intenções de voto em um mês; 53% dos entrevistados disseram querer votar em candidato apoiado pelopresidente Luiz Inácio Lula da Silva
A vantagem do tucano José Serra sobre a petista Dilma Rousseff na corrida presidencial caiu para cinco pontos porcentuais, segundo a última pesquisa CNI/Ibope. Em fevereiro, de acordo com o mesmo instituto, a distância entre os dois era de 11 pontos.
Serra teve 35% das preferências no levantamento divulgado ontem, feito a pedido da Confederação Nacional da Indústria. Em fevereiro, em pesquisa encomendada pela Associação Comercial de São Paulo, ele aparecia com36%.
Dilma, por sua vez, cresceu cinco pontos e atingiu pela primeira vez a marca dos 30% de preferências, em um cenário que inclui ainda Ciro Gomes (11%) e Marina Silva (6%).
Um dado inédito do levantamento mede o potencial de transferência de votos do presidente:53% dos eleitores querem eleger um candidato apoiado por Luiz Inácio Lula da Silva, e 10% pretendem optar por um nome da oposição. Outros33% afirmam que não levarão em conta a posição do presidente.
A desinformação é o que explica o descompasso entre o potencial eleitorado lulista e o desempenho de Dilma. Nada menos que 42% dos entrevistados ignoram o fato de que a ministra é a candidata de Lula.
Segundo Márcia Cavallari, diretora executiva do Ibope, esse nível de desconhecimento não é anormal a mais de seis meses das eleições. "Hoje,só quem busca informações sabe algo sobre as eleições. Quando começar o horário eleitoral gratuito, as informações chegarão a todos de forma homogênea." Ela afirma que o apoio de Lula tende a impulsionar a ministra, mas ressalva que, no decorrer da campanha, Serra também tendea se beneficiar por ganhar mais exposição.
O potencial de crescimento da ministra da Casa Civil se revela, por exemplo, no Nordeste, onde 69% do eleitorado se declara inclinado a votar em um governista, mas pouco mais da metade da população sabe quem é a escolhida pelo presidente.
Cruzamentos. O Ibope mostra que Serra deve às mulheres sua posição de liderança. No eleitorado feminino, o governador de São Paulo tem 12 pontos de vantagem sobre Dilma (37% a25%). Entre os homens, Dilma tem 36%, e o adversário, 34%.
Em um mês, as intenções de voto na petista subiram em três das regiões pesquisadas. No Sul, ela passou de 19% para 34% e ficou em situação dee mpate técnico com Serra (36%). No Nordeste, onde lidera por 14 pontos,a petista subiu de 33% para 39%.
Na região Sudeste, a mais populosa do País, é Serra quem está na frente (40% a 25%). NoNorte/Centro-Oeste, o tucano saiu de uma situação de empate técnico para uma vantagem de 15 pontos (41% a 26%).
Na divisão da população pelo grau de instrução, o governador paulista tem a maior vantagem entre os eleitores que estudaram até o ensino médio (37% a30%). Na segmentação por faixa de renda, Dilma lidera entre os que têm renda mensal de até um salário mínimo (32% a 28%).
No cenário sem o nome de Ciro Gomes, Serra aparece com 38%, Dilma, com 33%, e Marina, com 8%.
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terça-feira, 2 de março de 2010
Dilma Roussef no El País
O El País é um dos melhores jornais da chamada grande imprensa. Pelo menos, e isso não e pouco, os seus textos têm qualidade técnica. E ainda se pratica algum jornalismo nas páginas do mais conhecido diário espanhol. É a minha primeira leitura jornalística do dia. Sempre.
E o jornal mantém um bom correspondente no Brasil. Este dedica um bom tempo de sua pauta aos assuntos relacionados ao rame-rame da disputa política nos trópicos. No geral, escreve matérias de qualidade. Na edição de hoje, por exemplo, o correspondente trata do crescimento eleitoral de Dilma Roussef. Confir abaixo!
El ascenso fulgurante de Rousseff
Inquietud en la oposición brasileña ante la subida meteórica en las encuestas de la aspirante del PT a la presidencia - El PSDB aún no tiene candidato
JUAN ARIAS Río de Janeiro 02/03/2010
El presidente de Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, tenía razón cuando dijo que su candidata favorita para disputar las elecciones presidenciales de octubre, Dilma Rousseff, crecería en las encuestas en cuanto su candidatura se hiciera oficial. Y así ha sido. El Partido de los Trabajadores (PT) la consagró oficialmente el pasado 20 de febrero y la lanzó al ruedo político. Desde entonces, la ex guerrillera y ministra de la Casa Civil ha dado un salto en los sondeos con una subida de cinco puntos (28%) y se ha colocado a sólo cuatro del que seguramente va a ser su principal contrincante electoral, el socialdemócrata José Serra, actual gobernador de São Paulo (32%).
El PT, que aceptó la candidatura de Rousseff por imposición de Lula más que por convicción propia, ahora da saltos de alegría y comienza a confiar en que volverá a ganar las elecciones. Y la verdad es que la popularidad de Rousseff no sólo ha aumentado entre el electorado más pobre, fiel a Lula, sino que le ha quitado votos a su adversario en el sur rico, donde Serra es el gran favorito.
La oposición ha recibido como un jarro de agua fría la subida de Rousseff, sobre todo porque su aspirante aún no ha querido oficializar la candidatura. Serra es un político de larga carrera. Ha sido dos veces ministro, alcalde de São Paulo y ahora gobernador de dicho Estado. Fue derrotado por Lula en las presidenciales de 2002, pero en el segundo turno. El problema es que, si ahora se incorpora a la carrera presidencial y fracasa, perdería también la oportunidad de ser reelegido en São Paulo, donde disfruta de un apoyo popular parecido al de Lula a nivel nacional. Es decir, saldría de la vida política.
El ascenso de Dilma en las encuestas ha hecho que el opositor Partido de la Social Democracia Brasileña (PSDB) se vea obligado a forzar a Serra a tomar una decisión cuanto antes. Lo ideal para el partido es que el joven Aecio Neves, actual gobernador de Minas Gerais, el segundo Estado con más votos del país después de São Paulo, aceptase optar a la vicepresidencia en la candidatura de Serra. Juntaría así los votos de dos Estados que, juntos, suponen casi la mitad del electorado. Neves, sin embargo, también aspira a ser candidato a la presidencia y por eso se hace el remolón. Tiene, además, la esperanza de que Serra pueda acabar renunciando a presentar su candidatura, a la vista de la subida de Rousseff; en ese caso, el PSDB forzosamente tendrá que lanzarle a él al ruedo electoral.
Este mes va a ser, pues, decisivo en lo que atañe a las elecciones de octubre, las primeras en 20 años sin Lula como candidato, aunque con una aspirante considerada su sombra. Para vencer, la oposición no puede presentar a su candidato como superior a Lula -al que los sondeos acaban de conceder un 73% de aprobación popular-, sino a Rousseff. Ésa será la gran batalla: no si Brasil será mejor con Serra que con Lula, sino si Serra, que brilla con luz propia, será mejor para el país que Rousseff, cuya luz proviene de su ex jefe y es en cierto modo una incógnita política, ya que nunca ha disputado unas elecciones.
E o jornal mantém um bom correspondente no Brasil. Este dedica um bom tempo de sua pauta aos assuntos relacionados ao rame-rame da disputa política nos trópicos. No geral, escreve matérias de qualidade. Na edição de hoje, por exemplo, o correspondente trata do crescimento eleitoral de Dilma Roussef. Confir abaixo!
El ascenso fulgurante de Rousseff
Inquietud en la oposición brasileña ante la subida meteórica en las encuestas de la aspirante del PT a la presidencia - El PSDB aún no tiene candidato
JUAN ARIAS Río de Janeiro 02/03/2010
El presidente de Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, tenía razón cuando dijo que su candidata favorita para disputar las elecciones presidenciales de octubre, Dilma Rousseff, crecería en las encuestas en cuanto su candidatura se hiciera oficial. Y así ha sido. El Partido de los Trabajadores (PT) la consagró oficialmente el pasado 20 de febrero y la lanzó al ruedo político. Desde entonces, la ex guerrillera y ministra de la Casa Civil ha dado un salto en los sondeos con una subida de cinco puntos (28%) y se ha colocado a sólo cuatro del que seguramente va a ser su principal contrincante electoral, el socialdemócrata José Serra, actual gobernador de São Paulo (32%).
El PT, que aceptó la candidatura de Rousseff por imposición de Lula más que por convicción propia, ahora da saltos de alegría y comienza a confiar en que volverá a ganar las elecciones. Y la verdad es que la popularidad de Rousseff no sólo ha aumentado entre el electorado más pobre, fiel a Lula, sino que le ha quitado votos a su adversario en el sur rico, donde Serra es el gran favorito.
La oposición ha recibido como un jarro de agua fría la subida de Rousseff, sobre todo porque su aspirante aún no ha querido oficializar la candidatura. Serra es un político de larga carrera. Ha sido dos veces ministro, alcalde de São Paulo y ahora gobernador de dicho Estado. Fue derrotado por Lula en las presidenciales de 2002, pero en el segundo turno. El problema es que, si ahora se incorpora a la carrera presidencial y fracasa, perdería también la oportunidad de ser reelegido en São Paulo, donde disfruta de un apoyo popular parecido al de Lula a nivel nacional. Es decir, saldría de la vida política.
El ascenso de Dilma en las encuestas ha hecho que el opositor Partido de la Social Democracia Brasileña (PSDB) se vea obligado a forzar a Serra a tomar una decisión cuanto antes. Lo ideal para el partido es que el joven Aecio Neves, actual gobernador de Minas Gerais, el segundo Estado con más votos del país después de São Paulo, aceptase optar a la vicepresidencia en la candidatura de Serra. Juntaría así los votos de dos Estados que, juntos, suponen casi la mitad del electorado. Neves, sin embargo, también aspira a ser candidato a la presidencia y por eso se hace el remolón. Tiene, además, la esperanza de que Serra pueda acabar renunciando a presentar su candidatura, a la vista de la subida de Rousseff; en ese caso, el PSDB forzosamente tendrá que lanzarle a él al ruedo electoral.
Este mes va a ser, pues, decisivo en lo que atañe a las elecciones de octubre, las primeras en 20 años sin Lula como candidato, aunque con una aspirante considerada su sombra. Para vencer, la oposición no puede presentar a su candidato como superior a Lula -al que los sondeos acaban de conceder un 73% de aprobación popular-, sino a Rousseff. Ésa será la gran batalla: no si Brasil será mejor con Serra que con Lula, sino si Serra, que brilla con luz propia, será mejor para el país que Rousseff, cuya luz proviene de su ex jefe y es en cierto modo una incógnita política, ya que nunca ha disputado unas elecciones.
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domingo, 28 de fevereiro de 2010
O crescimento de Dilma na pesquisa DATAFOLHA
Na pesquisa Datafolha, divulgada hoje pelo jornal Folha de São Paulo, a ministra Dilma Roussef, candidata do PT, avançou e já está quase no empate técnico com o Governador José Serra. Leia abaixo trechos da matéria.
Vantagem de Serra sobre Dilma baixa para 4 pontos
Em cenário com Ciro, tucano cai 5 pontos e vai a 32%, e petista sobe 5, para 28%Candidato do PSB tem 12% e está estagnado, assim como Marina Silva, do PV, que mantém o patamar de 8% do levantamento anterior FERNANDO RODRIGUESDA SUCURSAL DE BRASÍLIA A pré-candidata a presidente pelo PT, Dilma Rousseff, registrou crescimento de cinco pontos percentuais na sua taxa de intenções de voto de dezembro para cá. Atingiu 28% e encurtou de 14 para 4 pontos percentuais a distância que a separa de seu principal adversário, José Serra, do PSDB, hoje com 32%.Esse é o principal resultado da pesquisa Datafolha realizada nos dias 24 e 25 de fevereiro, com 2.623 pessoas de 16 anos ou mais. Confirmou-se a curva ascendente de Dilma, não importando o cenário nem quais são os candidatos em disputa.
Apesar do crescimento da petista, é impreciso dizer que o levantamento indica um empate estatístico entre Dilma e Serra. A margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.
ASSINANTE UOL LÊ A MATÉRIA COMPLETA AQUI.
Vantagem de Serra sobre Dilma baixa para 4 pontos
Em cenário com Ciro, tucano cai 5 pontos e vai a 32%, e petista sobe 5, para 28%Candidato do PSB tem 12% e está estagnado, assim como Marina Silva, do PV, que mantém o patamar de 8% do levantamento anterior FERNANDO RODRIGUESDA SUCURSAL DE BRASÍLIA A pré-candidata a presidente pelo PT, Dilma Rousseff, registrou crescimento de cinco pontos percentuais na sua taxa de intenções de voto de dezembro para cá. Atingiu 28% e encurtou de 14 para 4 pontos percentuais a distância que a separa de seu principal adversário, José Serra, do PSDB, hoje com 32%.Esse é o principal resultado da pesquisa Datafolha realizada nos dias 24 e 25 de fevereiro, com 2.623 pessoas de 16 anos ou mais. Confirmou-se a curva ascendente de Dilma, não importando o cenário nem quais são os candidatos em disputa.
Apesar do crescimento da petista, é impreciso dizer que o levantamento indica um empate estatístico entre Dilma e Serra. A margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.
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sábado, 13 de fevereiro de 2010
Agora, é só na canela...
Pois é... Foi só a Dilma Roussef subir um pouco mais nas sondagens de opinião para as eleições presidenciais de outubro próximo para que os articulistas da Nova Direita descessem ainda mais o nível do, como direi?, "debate". Hoje, o arauto da turma (tchurma, daqui prá frente), o jornalista Reinaldo Azevedo, que mantém um blog político no site da Veja, com o pretexto de atacar manifestação contra o seu candidato, o governador José Serra (PSDB), distribuiu epitetos de "fascistoides" contra os adversários.
E tem sido esse o diapasão da tchurma. Ainda no site da Veja, Augusto Nunes, exerce o seu "jornalismo" com denodo: tudo o que o Fernando Henrique Cardosos é reverberado e merece elogios. Assim, ainda ontem, propunha, que gracinha!, um debate público entre o ex-presidente e Lula. E todos quantos se posicionaram criticamente a respeito das boutades escritas pelo pai das privatizações foram tratados como "moleques de recados" e os seus nomes escritos com iniciais em letras minusculas.
A gente até se diverte um pouco com esse pessoal. Escrevem bem, dominam a língua de Camões e são deveras criativos. Mas, cá no meu cantinho provinciano, fico a me perguntar: qual o impacto desses, sejamos benevolentes!, "formadores de opinião"? Sim! Eles formam opinião, acredito. Aquela opiniãzinha (diminuída mesmo) de certos setores de classe média, que nunca leram mais do que pequenos escritos de auto-ajuda, mas que se enchem de autoridade para defenestrar o Lula como "analfabeto".
Para felicidade geral, o Serra é maior do que essa gente. Goste-se ou não dele, o governador paulista tem uma biografia pessoal respeitável. E foi um bom ministro da saúde. Além do mais, em que pese o gerenciamento complicado que os tucanos fizeram das universidades paulistas, o Serra não se situa no mesmo patamar ideológico anti-Estado da Nova Direita.
Assim sendo, essa tchurma mais prejudica do que ajuda ao governador paulista. Eles não conseguem deixar de dar vazão, para acalentar a preconceituosa audiência que formaram, à preconceitos a respeito dos trabalhadores, dos negros e dos nordestinos. E a fomentar a demanda irracional por punição...
Mas as eleições de 2010 não precisam se transformar nesse tipo de jogo. Canelada, nem em jogo de várzea, não é? E, ademais, as candidaturas postas, até agora, indicam algo melhor do que essa baixaria...
Sim, podem me esculhambar, mas eu acredito que é um luxo uma eleição presidencial em que os principais candidatos são José Serra, Dima Roussef, Ciro Gomes e Marina Silva. Basta lembrarmos do balaio de gatos que foi a eleição de 1989... Balaio que deu em Collor, na época o ungido dos papais intelectuais e financeiros da tchurma...
E tem sido esse o diapasão da tchurma. Ainda no site da Veja, Augusto Nunes, exerce o seu "jornalismo" com denodo: tudo o que o Fernando Henrique Cardosos é reverberado e merece elogios. Assim, ainda ontem, propunha, que gracinha!, um debate público entre o ex-presidente e Lula. E todos quantos se posicionaram criticamente a respeito das boutades escritas pelo pai das privatizações foram tratados como "moleques de recados" e os seus nomes escritos com iniciais em letras minusculas.
A gente até se diverte um pouco com esse pessoal. Escrevem bem, dominam a língua de Camões e são deveras criativos. Mas, cá no meu cantinho provinciano, fico a me perguntar: qual o impacto desses, sejamos benevolentes!, "formadores de opinião"? Sim! Eles formam opinião, acredito. Aquela opiniãzinha (diminuída mesmo) de certos setores de classe média, que nunca leram mais do que pequenos escritos de auto-ajuda, mas que se enchem de autoridade para defenestrar o Lula como "analfabeto".
Para felicidade geral, o Serra é maior do que essa gente. Goste-se ou não dele, o governador paulista tem uma biografia pessoal respeitável. E foi um bom ministro da saúde. Além do mais, em que pese o gerenciamento complicado que os tucanos fizeram das universidades paulistas, o Serra não se situa no mesmo patamar ideológico anti-Estado da Nova Direita.
Assim sendo, essa tchurma mais prejudica do que ajuda ao governador paulista. Eles não conseguem deixar de dar vazão, para acalentar a preconceituosa audiência que formaram, à preconceitos a respeito dos trabalhadores, dos negros e dos nordestinos. E a fomentar a demanda irracional por punição...
Mas as eleições de 2010 não precisam se transformar nesse tipo de jogo. Canelada, nem em jogo de várzea, não é? E, ademais, as candidaturas postas, até agora, indicam algo melhor do que essa baixaria...
Sim, podem me esculhambar, mas eu acredito que é um luxo uma eleição presidencial em que os principais candidatos são José Serra, Dima Roussef, Ciro Gomes e Marina Silva. Basta lembrarmos do balaio de gatos que foi a eleição de 1989... Balaio que deu em Collor, na época o ungido dos papais intelectuais e financeiros da tchurma...
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quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010
FHC seguindo o script traçado por Lula
Leia abaixo artigo de autoria de Marcos Coimbra. Trata-se de uma análise das investidas críticas do ex-presidente contra Lula, Dilma e o PT. Vale a pena conferir!
Fernando Henrique contra Lula
Autor(es): Marcos Coimbra
Correio Braziliense - 10/02/2010
Com seu cartão de visitas, o Plano Real, Fernando Henrique ganhou a admiração do país. Se não terminou seu período com a imagem que julga condizente com o que fez, ninguém pode ser responsabilizado, fora aqueles que o integraram
Em mais um capítulo da longa batalha que travam há anos, Fernando Henrique e Lula voltaram a se enfrentar no fim de semana. Agora, a iniciativa partiu do ex-presidente, que, em artigo publicado por alguns jornais, se disse “sem medo do passado”. Com isso, afirmou que aceita o desafio do atual, de fazer a comparação entre os governos dos dois na eleição deste ano.
Segundo Fernando Henrique, Lula está em meio a uma “guerra imaginária” em que distorce fatos e, assim fazendo, se glorifica no contraste com ele. Em suas palavras, o presidente quer assustar as pessoas, ameaçando-as com o caos se a oposição vencer.
Quase todo o texto é dedicado à defesa das decisões que tomou e do que fez no Planalto. O cerne de seu argumento é a ideia de que Lula (apenas) “deu passos adiante no que fora plantado por seus antecessores”. Embora falasse no plural, parece que o que ele queria dizer é que o (único) mérito de Lula foi prosseguir o que ele começou.
Nada mais compreensível que a reação de FHC. Não é preciso ter de si uma opinião muito elevada para, em situação semelhante, ficar tão desconfortável quanto ele parece estar. Depois de uma trajetória brilhante como intelectual, entrou na vida política pela porta da frente e chegou aonde chegou, tornando-se, por algum tempo, ídolo de um país que não acreditava mais que a inflação pudesse ser vencida. Hoje, sem que ele o mereça, muitos de seus amigos preferem que ele finja que não existe.
Espicaçado por Lula e Dilma, pelo PT e até por gente que esteve bem aninhada em seu governo, é difícil imaginar que ele fosse ficar quieto em seu canto, sofrendo calado. O artigo foi uma mostra de que ele não vai aceitar de braços cruzados as provocações que a campanha da ministra lhe fará. Aliás, não foi a única, pois, ainda no sábado, já havia dito que Dilma é “um boneco” e Lula seu “ventríloquo”. Em matéria de nível de debate, não se pode dizer que seja elevado.
Fernando Henrique se diz convencido que na campanha haverá um mote (“o governo do PSDB foi neoliberal”) e dois “alvos principais: as privatizações das estatais e a (sua) suposta inação na área social”. Em função disso, contra-argumenta procurando mostrar que melhorou o desempenho das empresas privatizadas em seu governo e reivindicando a invenção do Bolsa Família.
Ainda que concordássemos com o que diz, o problema do raciocínio é que as eleições, para a vasta maioria das pessoas, não são guerras (imaginárias ou reais) entre dados e teses, mas entre imagens. Se existem pessoas que tomam suas decisões de voto apenas depois de ouvir a exaustiva argumentação racional dos candidatos em torno de diagnósticos e propostas, elas são uma minoria. E não apenas aqui, onde, por nossas distorções, o eleitorado é predominantemente constituído por cidadãos de baixa escolaridade e informação. Acontece o mesmo em qualquer lugar, incluindo os mais desenvolvidos. Em todos, os eleitores votam muito mais com imagens que com números na cabeça.
Fernando Henrique teve oito anos de governo para formar uma imagem de si, seus companheiros e ideias. Com seu cartão de visitas, o Plano Real, ganhou a admiração quase unânime do país. Se não terminou seu período com a imagem que julga condizente com o que fez, ninguém pode ser responsabilizado, fora aqueles que o integraram. Basta pensar no investimento em comunicação governamental nada pequeno que foi feito e que de pouco serviu, ao que parece.
O PSDB teve mais duas oportunidades de ouro para refazer a imagem do governo FHC, as campanhas de 2002 e 2006, ambas terminadas no segundo turno. Não foi por falta de tempo de televisão e de recursos que elas foram desperdiçadas.
Serra, sabendo que a grande maioria das pessoas queria a mudança naquela eleição, não pôde assumir o lado do governo de maneira inequívoca. Alckmin preferiu falar de sua gestão em São Paulo e emudeceu quando FHC foi trazido para o palco.
Engana-se quem acha que as privatizações foram um fantasma habilmente inventado por Lula para derrotar o PSDB. Elas não passavam de um símbolo das diferenças entre tucanos e petistas, FHC e Lula, “as elites” e “o povo”, “eles” e “nós”. Denunciando-as, muito mais era expresso, coisas que não são apagadas pelo fato de que “hoje existe celular para todos”.
Toda vez que entra diretamente no debate, FHC faz o que Lula quer. Só que o ex-presidente não consegue e nem deve evitá-lo. Esse é seu drama.
Fernando Henrique contra Lula
Autor(es): Marcos Coimbra
Correio Braziliense - 10/02/2010
Com seu cartão de visitas, o Plano Real, Fernando Henrique ganhou a admiração do país. Se não terminou seu período com a imagem que julga condizente com o que fez, ninguém pode ser responsabilizado, fora aqueles que o integraram
Em mais um capítulo da longa batalha que travam há anos, Fernando Henrique e Lula voltaram a se enfrentar no fim de semana. Agora, a iniciativa partiu do ex-presidente, que, em artigo publicado por alguns jornais, se disse “sem medo do passado”. Com isso, afirmou que aceita o desafio do atual, de fazer a comparação entre os governos dos dois na eleição deste ano.
Segundo Fernando Henrique, Lula está em meio a uma “guerra imaginária” em que distorce fatos e, assim fazendo, se glorifica no contraste com ele. Em suas palavras, o presidente quer assustar as pessoas, ameaçando-as com o caos se a oposição vencer.
Quase todo o texto é dedicado à defesa das decisões que tomou e do que fez no Planalto. O cerne de seu argumento é a ideia de que Lula (apenas) “deu passos adiante no que fora plantado por seus antecessores”. Embora falasse no plural, parece que o que ele queria dizer é que o (único) mérito de Lula foi prosseguir o que ele começou.
Nada mais compreensível que a reação de FHC. Não é preciso ter de si uma opinião muito elevada para, em situação semelhante, ficar tão desconfortável quanto ele parece estar. Depois de uma trajetória brilhante como intelectual, entrou na vida política pela porta da frente e chegou aonde chegou, tornando-se, por algum tempo, ídolo de um país que não acreditava mais que a inflação pudesse ser vencida. Hoje, sem que ele o mereça, muitos de seus amigos preferem que ele finja que não existe.
Espicaçado por Lula e Dilma, pelo PT e até por gente que esteve bem aninhada em seu governo, é difícil imaginar que ele fosse ficar quieto em seu canto, sofrendo calado. O artigo foi uma mostra de que ele não vai aceitar de braços cruzados as provocações que a campanha da ministra lhe fará. Aliás, não foi a única, pois, ainda no sábado, já havia dito que Dilma é “um boneco” e Lula seu “ventríloquo”. Em matéria de nível de debate, não se pode dizer que seja elevado.
Fernando Henrique se diz convencido que na campanha haverá um mote (“o governo do PSDB foi neoliberal”) e dois “alvos principais: as privatizações das estatais e a (sua) suposta inação na área social”. Em função disso, contra-argumenta procurando mostrar que melhorou o desempenho das empresas privatizadas em seu governo e reivindicando a invenção do Bolsa Família.
Ainda que concordássemos com o que diz, o problema do raciocínio é que as eleições, para a vasta maioria das pessoas, não são guerras (imaginárias ou reais) entre dados e teses, mas entre imagens. Se existem pessoas que tomam suas decisões de voto apenas depois de ouvir a exaustiva argumentação racional dos candidatos em torno de diagnósticos e propostas, elas são uma minoria. E não apenas aqui, onde, por nossas distorções, o eleitorado é predominantemente constituído por cidadãos de baixa escolaridade e informação. Acontece o mesmo em qualquer lugar, incluindo os mais desenvolvidos. Em todos, os eleitores votam muito mais com imagens que com números na cabeça.
Fernando Henrique teve oito anos de governo para formar uma imagem de si, seus companheiros e ideias. Com seu cartão de visitas, o Plano Real, ganhou a admiração quase unânime do país. Se não terminou seu período com a imagem que julga condizente com o que fez, ninguém pode ser responsabilizado, fora aqueles que o integraram. Basta pensar no investimento em comunicação governamental nada pequeno que foi feito e que de pouco serviu, ao que parece.
O PSDB teve mais duas oportunidades de ouro para refazer a imagem do governo FHC, as campanhas de 2002 e 2006, ambas terminadas no segundo turno. Não foi por falta de tempo de televisão e de recursos que elas foram desperdiçadas.
Serra, sabendo que a grande maioria das pessoas queria a mudança naquela eleição, não pôde assumir o lado do governo de maneira inequívoca. Alckmin preferiu falar de sua gestão em São Paulo e emudeceu quando FHC foi trazido para o palco.
Engana-se quem acha que as privatizações foram um fantasma habilmente inventado por Lula para derrotar o PSDB. Elas não passavam de um símbolo das diferenças entre tucanos e petistas, FHC e Lula, “as elites” e “o povo”, “eles” e “nós”. Denunciando-as, muito mais era expresso, coisas que não são apagadas pelo fato de que “hoje existe celular para todos”.
Toda vez que entra diretamente no debate, FHC faz o que Lula quer. Só que o ex-presidente não consegue e nem deve evitá-lo. Esse é seu drama.
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Eleições 2010: qual será o jogo dos donos da bolsa...
Confira abaixo matéria publicada no VALOR ECONÔMICO dando conta dessa, digamos, decisiva questão.
O MERCADO SE DIVIDE ENTRE SERRA E DILMA
SERRA E DILMA DIVIDEM PREFERÊNCIAS NO MERCADO FINANCEIRO
Autor(es): Luiz Sérgio Guimarães, de São Paulo
Valor Econômico - 10/02/2010
O mercado financeiro prefere Serra ou Dilma? Em linhas gerais, os analistas acreditam que Dilma fará uma repetição "piorada" do segundo mandato de Lula: âncora monetária, flutuação cambial suja e política fiscal frouxa. Serra fará o que sempre fez: âncora essencialmente fiscal, contas públicas equilibradas, juro real baixo e câmbio depreciado. Os mercados poderão passar a apoiar mais claramente a ministra Dilma Rousseff se enxergarem dificuldades intransponíveis em uma gestão Serra - Dilma, teoricamente, manteria os juros mais altos que Serra, o que agrada ao mercado. O ex-ministro de FHC Luiz Carlos Mendonça de Barros considera essa visão uma "irresponsável superficialidade". Em relatório divulgado ontem, o economista-chefe do Banco Santander, Alexandre Schwartsman, diz que a evolução das contas de São Paulo entre 2006 e 2009 foi muito semelhante à do governo federal, o que não confirma a avaliação que o governador José Serra tenderia a ser mais duro que Dilma na questão fiscal.
O mercado financeiro prefere Serra ou Dilma? A austeridade fiscal defendida e posta em prática pelo governador de São Paulo, José Serra, sempre conquistou a simpatia de instituições e investidores. Mas a facilidade com que o mercado ampliou seus lucros ao longo dos dois mandatos de Lula introduz um elemento novo capaz de balançar as convicções. E os analistas não descartam uma opção mercadista pela candidatura da ministra Dilma Rousseff.
Em linhas gerais, os analistas acreditam que Dilma fará uma repetição "piorada" do segundo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva: a âncora persistirá monetária, a flutuação cambial permanecerá suja e a política fiscal, frouxa. Serra fará o que sempre fez: a âncora (rigorosa a ponto de reduzir crescimento no primeiro ano) será essencialmente fiscal, a política econômica se sustentará em contas públicas equilibradas, juro real baixo e câmbio depreciado. Os mercados poderão passar a apoiar mais claramente a ministra Dilma Rousseff se enxergarem dificuldades intransponíveis em uma gestão Serra.
Pelo estilo centralizador demonstrado pelo atual governador paulista, o principal risco seria o de não conquistar a máquina burocrática de Brasília. Encontraria problemas para fazer logo o ajuste fiscal pretendido, com corte das despesas públicas e reforma tributária. Essas correções seriam essenciais para o segundo passo: a desvalorização cambial e a redução dos juros. Mas Luis Otavio de Souza Leal, economista-chefe do Banco ABC Brasil, levanta a hipótese de Serra não conseguir fazer o ajuste fiscal na extensão desejada. "Serra poderá tentar colocar de pé os dois outros pilares do seu modelo, sem que a principal viga de sustentação esteja fincada, o que certamente acabaria em fracasso via uma retomada da tendência de alta da inflação. Portanto, acredito que, apesar de no papel o modelo Serra ser melhor, as dúvidas com relação a sua implementação podem levar o mercado a considerar mais confortável a vitória de Dilma", diz Leal. Sobretudo se o atual presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, vier a ocupar a chapa da candidata ou a sua equipe econômica. Com isso, o PT passaria a ideia do "um pouco mais do mesmo", o conhecido confiável, embora não do inteiro agrado dos mercados.
Em entrevista concedida ontem ao Valor, o ex-ministro do governo FHC Luiz Carlos Mendonça de Barros - o Mendonção, como é conhecido no mercado, amigo de Serra - criticou o que considera uma "irresponsável superficialidade" do mercado financeiro, a de acreditar que, num eventual governo Dilma, tudo estará muito bem pois as instituições e os investidores continuarão ganhando dinheiro, já que serão preservadas as atuais políticas monetária e cambial. "Trata-se de um tremendo erro de análise", ataca Mendonção. "O mercado só olha o próprio bolso e é um bolso de curto prazo".
Essas eleições serão, no seu entender, fundamentais para definir o desenho de Nação que se terá no futuro. O Brasil está em condições privilegiadas em relação aos países europeus. Tem dívida pequena e dinâmico mercado de consumo doméstico. O país já está dentro do centro dinâmico da economia mundial. Mas precisa alargar o seu espaço. "Antes disso, será necessário discutir o papel do Estado na economia. Não tenho dúvida de que um governo Dilma irá ampliar a presença do Estado na produção econômica. É um retrocesso, uma visão soviética das coisas", diz Mendonção. Serra tem outro tipo de visão. Quem tem de ser forte é o setor privado, as indústrias. O governo deve controlar severamente as finanças públicas e criar condições para o investimento privado. No entender do diretor da Quest Investimentos, o mercado deveria abrir mão dos seus interesses de curto prazo, em prol do crescimento que virá para todos mais adiante.
Se o mercado, a sete meses das eleições, ainda não fechou consenso sobre o candidato favorito, sabe o que não quer: torce para o deputado Ciro Gomes (PSB-CE) retirar sua candidatura. O mercado não tem medo das decisões do governador José Serra nas áreas monetária e cambial. Tem medo de suas hesitações e preferiria que o lançamento oficial de sua candidatura à Presidência da República já tivesse ocorrido. Também não tem medo de uma Dilma Rousseff supostamente mais "desenvolvimentista" que Lula. "O mercado prefere Serra", antecipa o economista-chefe do Banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves. Ele não levou a sério a entrevista do presidente do PSDB, Sérgio Guerra, para quem, eleito, Serra mudará o sistema de metas de inflação, o câmbio e os juros. São "audácias de palanque", não linhas e planos de governo.
Como o restante da sociedade, o mercado faz comparações entre Serra e Dilma, mas o dólar e os juros ainda não se deixaram empolgar pelas eleições de outubro. Nem a valorização recente da moeda americana, nem a inflexão sofrida pela curva futura de juros refletem os riscos eleitorais. Mas cresce e se inflama o debate interno nas mesas de tesoureiros, gestores e economistas de bancos e consultorias sobre a influência do pleito presidencial - tido como uma reedição do embate feroz de 2002 - sobre o comportamento das duas principais variáveis. Logo, com o lançamento oficial das candidaturas, as eleições estarão incendiando as expectativas e as decisões de investimentos.
Para o mercado, com Dilma os gastos do governo persistiriam elevados, o superávit fiscal não passaria de 2,5%, exigindo uma política monetária apertada. Nesses meses finais de Lula, raciocina Leal, quanto mais viável se mostrar a candidatura Dilma, mais conservadora tenderá a ficar a política fiscal, de modo a conquistar a simpatia do mercado e reduzir a parte longa da curva de juros. O mercado gosta disso e, dependendo dos programas de governo dos dois candidatos, poderá ficar "comprado" em Dilma.
Enquanto a candidata petista deve transmitir aos mercados mensagens tranquilizadoras sobre os integrantes de sua equipe econômica, os analistas ouvidos pelo Valor não trabalham com a possibilidade de, eleito presidente da República, José Serra nomear medalhões para os postos-chave da economia. Nem o Ministério da Fazenda, nem o Banco Central seriam ocupados por estrelas com luz própria. Serra, no entender do mercado, gosta de se cercar de "luas", homens-satélites que apenas refletem o brilho do chefe.
Essa interpretação de economistas de bancos baseia-se no fato de seu atual secretariado ter sido montado com homens de sua estrita confiança, mas avessos à publicidade externa. A discrição é a marca dos secretários. Quais são as posições de Mauro Ricardo Machado Costa, o secretário da Fazenda do governo paulista, sobre juro e câmbio? O que pensa sobre isso Francisco Vidal Luna, secretário de Economia e Planejamento? Luna foi sócio do ex-ministro João Sayad no antigo banco SRL (sigla de Sayad, Reichstul e Luna). Todos sabem o que Sayad defende em matéria de política monetária. Mas Luna concordaria com as mesmas posições baixistas? Eleito, Serra manteria essa propensão de indicar homens indecifráveis, impermeáveis ao pré-julgamento mercadista. Evitaria, com isso, delegar as cruciais políticas monetária e cambial a expoentes historicamente ligados à social-democracia paulista.
Estariam de antemão descartados tanto o professor da FGV Yoshiaki Nakano, um dos mais respeitados defensores do "novo-desenvolvimentismo" quanto o keynesiano Luiz Carlos Mendonça de Barros. Mas ambos podem servir de inspiração a Serra. Os dois defendem um estrito controle das contas públicas. "A base de sustentação da política econômica será sempre uma política fiscal austera. A contenção dos gastos, a ampliação das metas de superávit primário e a busca de um déficit nominal zero são os pressupostos nos quais irão se assentar as outras políticas", diz o professor da FGV, Paulo Gala, economista do grupo liderado pelo desenvolvimentista tucano Luiz Carlos Bresser-Pereira.
Para a política monetária, o objetivo parece ser o de estabilizar o juro real no nível de 5%. Na cambial, a meta é construir uma taxa depreciada capaz de reverter a desindustrialização denunciada pelos desenvolvimentistas. Como? Por meio da regulamentação da conta de capitais, sugere Gala. As medidas tomadas na parte final da gestão de Armínio Fraga no BC de Fernando Henrique Cardoso, e continuadas no governo Lula, no sentido de liberalizar a conta de capitais do balanço de pagamentos, seriam revertidas. Não há possibilidade de se falar em "controle de capitais".
Diferentemente de 2002, o risco político não conseguirá fazer disparar o dólar. No entender do economista-chefe da MB Associados, Sérgio Vale, a taxa de câmbio chegará ao fim do ano bem depreciada, mas em função do déficit em conta corrente, e não de uma fuga de capitais estrangeiros motivada por mudanças de regras na política cambial. "Ao não ter aumentado a poupança nos oito anos que ficou no governo, o PT dará de presente ao país um déficit em conta corrente cada vez mais difícil de financiar", diz Vale. Sobre juro, nem Serra, nem nenhum governo será irresponsável no combate à inflação. "O correto é buscar mecanismos de redução dos spreads bancários. É isso ao final que o Serra deve ter na cabeça quando fala dos juros", diz Vale.
O MERCADO SE DIVIDE ENTRE SERRA E DILMA
SERRA E DILMA DIVIDEM PREFERÊNCIAS NO MERCADO FINANCEIRO
Autor(es): Luiz Sérgio Guimarães, de São Paulo
Valor Econômico - 10/02/2010
O mercado financeiro prefere Serra ou Dilma? Em linhas gerais, os analistas acreditam que Dilma fará uma repetição "piorada" do segundo mandato de Lula: âncora monetária, flutuação cambial suja e política fiscal frouxa. Serra fará o que sempre fez: âncora essencialmente fiscal, contas públicas equilibradas, juro real baixo e câmbio depreciado. Os mercados poderão passar a apoiar mais claramente a ministra Dilma Rousseff se enxergarem dificuldades intransponíveis em uma gestão Serra - Dilma, teoricamente, manteria os juros mais altos que Serra, o que agrada ao mercado. O ex-ministro de FHC Luiz Carlos Mendonça de Barros considera essa visão uma "irresponsável superficialidade". Em relatório divulgado ontem, o economista-chefe do Banco Santander, Alexandre Schwartsman, diz que a evolução das contas de São Paulo entre 2006 e 2009 foi muito semelhante à do governo federal, o que não confirma a avaliação que o governador José Serra tenderia a ser mais duro que Dilma na questão fiscal.
O mercado financeiro prefere Serra ou Dilma? A austeridade fiscal defendida e posta em prática pelo governador de São Paulo, José Serra, sempre conquistou a simpatia de instituições e investidores. Mas a facilidade com que o mercado ampliou seus lucros ao longo dos dois mandatos de Lula introduz um elemento novo capaz de balançar as convicções. E os analistas não descartam uma opção mercadista pela candidatura da ministra Dilma Rousseff.
Em linhas gerais, os analistas acreditam que Dilma fará uma repetição "piorada" do segundo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva: a âncora persistirá monetária, a flutuação cambial permanecerá suja e a política fiscal, frouxa. Serra fará o que sempre fez: a âncora (rigorosa a ponto de reduzir crescimento no primeiro ano) será essencialmente fiscal, a política econômica se sustentará em contas públicas equilibradas, juro real baixo e câmbio depreciado. Os mercados poderão passar a apoiar mais claramente a ministra Dilma Rousseff se enxergarem dificuldades intransponíveis em uma gestão Serra.
Pelo estilo centralizador demonstrado pelo atual governador paulista, o principal risco seria o de não conquistar a máquina burocrática de Brasília. Encontraria problemas para fazer logo o ajuste fiscal pretendido, com corte das despesas públicas e reforma tributária. Essas correções seriam essenciais para o segundo passo: a desvalorização cambial e a redução dos juros. Mas Luis Otavio de Souza Leal, economista-chefe do Banco ABC Brasil, levanta a hipótese de Serra não conseguir fazer o ajuste fiscal na extensão desejada. "Serra poderá tentar colocar de pé os dois outros pilares do seu modelo, sem que a principal viga de sustentação esteja fincada, o que certamente acabaria em fracasso via uma retomada da tendência de alta da inflação. Portanto, acredito que, apesar de no papel o modelo Serra ser melhor, as dúvidas com relação a sua implementação podem levar o mercado a considerar mais confortável a vitória de Dilma", diz Leal. Sobretudo se o atual presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, vier a ocupar a chapa da candidata ou a sua equipe econômica. Com isso, o PT passaria a ideia do "um pouco mais do mesmo", o conhecido confiável, embora não do inteiro agrado dos mercados.
Em entrevista concedida ontem ao Valor, o ex-ministro do governo FHC Luiz Carlos Mendonça de Barros - o Mendonção, como é conhecido no mercado, amigo de Serra - criticou o que considera uma "irresponsável superficialidade" do mercado financeiro, a de acreditar que, num eventual governo Dilma, tudo estará muito bem pois as instituições e os investidores continuarão ganhando dinheiro, já que serão preservadas as atuais políticas monetária e cambial. "Trata-se de um tremendo erro de análise", ataca Mendonção. "O mercado só olha o próprio bolso e é um bolso de curto prazo".
Essas eleições serão, no seu entender, fundamentais para definir o desenho de Nação que se terá no futuro. O Brasil está em condições privilegiadas em relação aos países europeus. Tem dívida pequena e dinâmico mercado de consumo doméstico. O país já está dentro do centro dinâmico da economia mundial. Mas precisa alargar o seu espaço. "Antes disso, será necessário discutir o papel do Estado na economia. Não tenho dúvida de que um governo Dilma irá ampliar a presença do Estado na produção econômica. É um retrocesso, uma visão soviética das coisas", diz Mendonção. Serra tem outro tipo de visão. Quem tem de ser forte é o setor privado, as indústrias. O governo deve controlar severamente as finanças públicas e criar condições para o investimento privado. No entender do diretor da Quest Investimentos, o mercado deveria abrir mão dos seus interesses de curto prazo, em prol do crescimento que virá para todos mais adiante.
Se o mercado, a sete meses das eleições, ainda não fechou consenso sobre o candidato favorito, sabe o que não quer: torce para o deputado Ciro Gomes (PSB-CE) retirar sua candidatura. O mercado não tem medo das decisões do governador José Serra nas áreas monetária e cambial. Tem medo de suas hesitações e preferiria que o lançamento oficial de sua candidatura à Presidência da República já tivesse ocorrido. Também não tem medo de uma Dilma Rousseff supostamente mais "desenvolvimentista" que Lula. "O mercado prefere Serra", antecipa o economista-chefe do Banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves. Ele não levou a sério a entrevista do presidente do PSDB, Sérgio Guerra, para quem, eleito, Serra mudará o sistema de metas de inflação, o câmbio e os juros. São "audácias de palanque", não linhas e planos de governo.
Como o restante da sociedade, o mercado faz comparações entre Serra e Dilma, mas o dólar e os juros ainda não se deixaram empolgar pelas eleições de outubro. Nem a valorização recente da moeda americana, nem a inflexão sofrida pela curva futura de juros refletem os riscos eleitorais. Mas cresce e se inflama o debate interno nas mesas de tesoureiros, gestores e economistas de bancos e consultorias sobre a influência do pleito presidencial - tido como uma reedição do embate feroz de 2002 - sobre o comportamento das duas principais variáveis. Logo, com o lançamento oficial das candidaturas, as eleições estarão incendiando as expectativas e as decisões de investimentos.
Para o mercado, com Dilma os gastos do governo persistiriam elevados, o superávit fiscal não passaria de 2,5%, exigindo uma política monetária apertada. Nesses meses finais de Lula, raciocina Leal, quanto mais viável se mostrar a candidatura Dilma, mais conservadora tenderá a ficar a política fiscal, de modo a conquistar a simpatia do mercado e reduzir a parte longa da curva de juros. O mercado gosta disso e, dependendo dos programas de governo dos dois candidatos, poderá ficar "comprado" em Dilma.
Enquanto a candidata petista deve transmitir aos mercados mensagens tranquilizadoras sobre os integrantes de sua equipe econômica, os analistas ouvidos pelo Valor não trabalham com a possibilidade de, eleito presidente da República, José Serra nomear medalhões para os postos-chave da economia. Nem o Ministério da Fazenda, nem o Banco Central seriam ocupados por estrelas com luz própria. Serra, no entender do mercado, gosta de se cercar de "luas", homens-satélites que apenas refletem o brilho do chefe.
Essa interpretação de economistas de bancos baseia-se no fato de seu atual secretariado ter sido montado com homens de sua estrita confiança, mas avessos à publicidade externa. A discrição é a marca dos secretários. Quais são as posições de Mauro Ricardo Machado Costa, o secretário da Fazenda do governo paulista, sobre juro e câmbio? O que pensa sobre isso Francisco Vidal Luna, secretário de Economia e Planejamento? Luna foi sócio do ex-ministro João Sayad no antigo banco SRL (sigla de Sayad, Reichstul e Luna). Todos sabem o que Sayad defende em matéria de política monetária. Mas Luna concordaria com as mesmas posições baixistas? Eleito, Serra manteria essa propensão de indicar homens indecifráveis, impermeáveis ao pré-julgamento mercadista. Evitaria, com isso, delegar as cruciais políticas monetária e cambial a expoentes historicamente ligados à social-democracia paulista.
Estariam de antemão descartados tanto o professor da FGV Yoshiaki Nakano, um dos mais respeitados defensores do "novo-desenvolvimentismo" quanto o keynesiano Luiz Carlos Mendonça de Barros. Mas ambos podem servir de inspiração a Serra. Os dois defendem um estrito controle das contas públicas. "A base de sustentação da política econômica será sempre uma política fiscal austera. A contenção dos gastos, a ampliação das metas de superávit primário e a busca de um déficit nominal zero são os pressupostos nos quais irão se assentar as outras políticas", diz o professor da FGV, Paulo Gala, economista do grupo liderado pelo desenvolvimentista tucano Luiz Carlos Bresser-Pereira.
Para a política monetária, o objetivo parece ser o de estabilizar o juro real no nível de 5%. Na cambial, a meta é construir uma taxa depreciada capaz de reverter a desindustrialização denunciada pelos desenvolvimentistas. Como? Por meio da regulamentação da conta de capitais, sugere Gala. As medidas tomadas na parte final da gestão de Armínio Fraga no BC de Fernando Henrique Cardoso, e continuadas no governo Lula, no sentido de liberalizar a conta de capitais do balanço de pagamentos, seriam revertidas. Não há possibilidade de se falar em "controle de capitais".
Diferentemente de 2002, o risco político não conseguirá fazer disparar o dólar. No entender do economista-chefe da MB Associados, Sérgio Vale, a taxa de câmbio chegará ao fim do ano bem depreciada, mas em função do déficit em conta corrente, e não de uma fuga de capitais estrangeiros motivada por mudanças de regras na política cambial. "Ao não ter aumentado a poupança nos oito anos que ficou no governo, o PT dará de presente ao país um déficit em conta corrente cada vez mais difícil de financiar", diz Vale. Sobre juro, nem Serra, nem nenhum governo será irresponsável no combate à inflação. "O correto é buscar mecanismos de redução dos spreads bancários. É isso ao final que o Serra deve ter na cabeça quando fala dos juros", diz Vale.
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quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010
Diretor da DATAFOLHA comprova: Lula transfere votos para Dilma

Transcrevo abaixo matéria publicada no site Terra Magazine, pilotado, com a competência de sempre, pelo jornalista Bob Fernandes.
Marcela Rocha
Sociólogo de formação, Mauro Paulino, há mais de 20 anos vasculha e divulga anseios e intenções do eleitorado brasileiro. No instituto de pesquisa Datafolha, coordena a realização de pesquisas eleitorais desde 1988. Em entrevista a Terra Magazine, ele fala do "tabuleiro de xadrez" em que estão a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT), e o governador José Serra (PSDB-SP) no pleito presidencial de outubro.
- Comprovadamente Lula já está transferindo muitos votos para Dilma - diz.
- Comprovadamente Lula já está transferindo muitos votos para Dilma - diz.
Ela é a "mulher forte do governo" e "já está em campanha". Serra é "um administrador muito bem avaliado" e "conhecido nacionalmente". Mas, para Paulino, a "peça chave" desse tabuleiro é o presidente Lula. "Os dois candidatos estarão com os olhos voltados para ele e o eleitorado, por sua vez, também", acrescenta.
- Do ponto de vista da ministra, Lula pode ser a peça chave para o bem e para o mal. Meu bem, meu mal (risos). (...) O contraste entre o carisma de Dilma e Lula pode fazer com que o eleitor não vote nela.
- Do ponto de vista da ministra, Lula pode ser a peça chave para o bem e para o mal. Meu bem, meu mal (risos). (...) O contraste entre o carisma de Dilma e Lula pode fazer com que o eleitor não vote nela.
Leia abaixo a íntegra da entrevista:
Terra Magazine - Algumas pessoas questionam a legitimidade das pesquisas eleitorais. Como o Datafolha faz para evitar esse tipo de questionamento?
Mauro Paulino - A pesquisa sempre é questionada, principalmente por quem se sente prejudicado, ou por quem não estava à frente, ou quem se vê ameaçado por uma candidatura ascendente. Mas a legitimidade das pesquisas se comprova pelo histórico do desempenho dos institutos, que é a base da credibilidade adquirida por cada um deles. Então, há os mais e menos questionados. Outro fator é o uso abundante de pesquisas pelos partidos políticos. Ou seja, se pesquisas não ajudassem e não fossem um instrumento eficaz, os partidos não gastariam tanto dinheiro comprando pesquisa.
O senhor acredita que as pessoas já tomaram conhecimento de que a ministra Dilma seja a candidata do presidente Lula?
Já há um conhecimento para lá de razoável da candidatura de Dilma. O Datafolha publicou um artigo no final do ano passado mostrando que ainda há 15% de eleitores afirmando que votariam em um candidato indicado por Lula, mas dizem não saber quem é esse candidato ainda. Então, isso dá uma dimensão do desconhecimento dela e do potencial de crescimento que tem a candidatura Dilma.
Qual o principal motivo do crescimento dela nas pesquisas? Isso é referente ao conhecimento que as pessoas têm dela ou ao fato de já saberem que ela dará continuidade ao trabalho de Lula? É uma questão mais política ou personalista?
Qual o principal motivo do crescimento dela nas pesquisas? Isso é referente ao conhecimento que as pessoas têm dela ou ao fato de já saberem que ela dará continuidade ao trabalho de Lula? É uma questão mais política ou personalista?
São vários fatores ocorrendo simultaneamente. As pessoas vêm tomando conhecimento. O processo eleitoral hoje ainda é restrito às pessoas com mais informações, restrito às pessoas com taxa de escolaridade mais alta e pertencentes a um segmento menor da população. Na medida em que as pessoas com menos acesso à informação, com uma renda mais baixa - que formam a maior parte do eleitorado de Lula - forem tomando conhecimento da candidata Dilma e que Lula não pode ser candidato - porque ainda 20% vota nele na pesquisa espontânea -, teremos um panorama mais claro do potencial de votos dela. Porque quando essas pessoas tomarem conhecimento de Dilma como candidata de Lula, darão o apoio e a transferência de votos. Contudo, ela pode sofrer com a comparação com Lula.
Como assim?O contraste entre o carisma de Dilma e Lula pode fazer com que o eleitor não vote nela. As pesquisas não têm como avaliar isso, mas acompanhar.
Sobre o carisma e a transferência de voto, o senhor acredita na transferência de votos de Lula para Dilma?Lula tem uma penetração muito forte nos segmentos que relacionam os benefícios sociais à ação do governo federal. E também tem algo que é incomparável: o poder de comunicação, essa facilidade que ele tem de conquistar a simpatia desse segmento da população. Hoje ele é aprovado por maioria absoluta em todos os segmentos da sociedade, não só nessa camada. Isto nos permite afirmar que há potencial de crescimento em Dilma, mas que depende das comparações que o eleitor fará: Dilma e Serra, Dilma e Lula.
Apesar de registrar índice inédito de aprovação, a presidente do Chile, Michelle Bachelet, não elegeu um sucessor de sua legenda para o cargo. O Chile pode ser usado como um exemplo para o caso brasileiro?
São realidades muito diferentes. O quadro brasileiro é bem diferente do chileno.
O senhor acredita que o fato de os dois candidatos serem um pouco menos carismáticos, como o presidente eleito do PT, José Eduardo Dutra, já destacou, do que os antecessores tucano (FHC) e petista (Lula) no Planalto seja um fator que colabore para politizar a campanha?
O brasileiro está naturalmente refletindo mais sobre política em consequência do desenvolvimento da sua própria cultura nessa área. E ter uma eleição a cada dois anos ajuda muito. O eleitor vai se habituando ao voto e às consequências dele. Então, hoje, o eleitor pensa mais sobre seu voto, elabora melhor esse voto, de uma forma muito mais racional do que na primeira eleição a presidente em 1989, após a redemocratização. Ali, valia muito mais a paixão, a novidade... Nessa época, o marketing tinha um peso muito grande. Hoje, acho que o marketing político tem um peso menor e o eleitor toma suas decisões de forma mais pensada e mais autônoma, independente do carisma, que pesa, claro, mas a capacidade de administração tem sido muito valorizada. A conta que o eleitor faz é: "quem tem mais condições de resolver os nossos problemas imediatos".
O fato de a ministra Dilma nunca ter disputado uma eleição é melhor ou pior, tendo em vista que a política tem sido vista de maneira desconfiada após sucessivos escândalos de corrupção?
Mais do que não ter participado, o que beneficia Dilma é o fato de ela não estar no cenário político quando do Mensalão. Quando surgiram todas aquelas acusações de Mensalão, Dilma praticamente não existia para a maioria da população. Então, ela entrou em cena para substituir aquele que foi considerado o grande culpado, José Dirceu. E, a partir daí, a economia começou a melhorar também, ela passou a ser a figura mais forte do governo - afinal Lula sempre fez questão de deixar isso muito claro -, o país passou por uma crise mundial e saiu bem... Isso tudo é muito valorizado e anula a inexperiência. É claro que ela tem um caminho muito mais longo do que Serra para se tornar conhecida, mas isso é facilmente superado porque a coalizão do governo tem muito mais tempo de propaganda na televisão. E acho que o fato de ela nunca ter disputado um pleito acaba não pesando muito.
Observamos um crescimento da ministra e estabilidade do governador nas pesquisas. A que se deve essa estabilidade?
Serra tem uma ótima avaliação como governador de São Paulo, teve uma ótima avaliação como ministro, tem a imagem de ser um administrador competente e de quem resolve os problemas da saúde, que é hoje o principal problema do país apontado pelos eleitores. Então, ele tem todas essas vantagens e sai na frente por conta disso, também por ter disputado eleições anteriores e estar na lembrança do eleitorado como alguém com porte de candidato a presidente. Isto justifica a permanência dele na liderança das pesquisas. Mas o que tem sido mostrado é que há uma candidata em ascensão, Dilma, há um candidato com estabilidade, Serra, e Ciro Gomes (PSB) caindo.
O fator Ciro tem enfraquecido Dilma ou Serra?
As pesquisas mostram que, com Ciro na disputa, a diferença entre Serra e Dilma diminui. Sem ele, aumenta e Serra tem mais vantagens. Então, há uma boa parte que vota em Ciro aparentemente por não querer votar num candidato do PT.
Nas eleições de 1998, 2002 e 2006, quem liderava as pesquisas um ano antes acabou por vencer as eleições. O cenário de 2010 é previsível?
Essa eleição é muito mais imprevisível do que as quatro anteriores. É a primeira vez que não temos Lula como candidato, é primeira vez que há um cabo eleitoral com esse apoio popular que Lula tem. Estes fatores já tornam essa eleição diferente de todas as outras. Não se sabe como o eleitor vai reagir. Na verdade a peça chave dessa eleição é o próprio Lula e não sabemos como o eleitor vai lidar com esse fato. Lula não pode ser candidato e Dilma é a candidata dele contra Serra, que é comprovadamente um bom administrador. Como essa equação será resolvida pelo eleitorado? Não temos como prever.
O senhor disse que a peça chave dessa eleição é Lula...
Os dois candidatos estarão com os olhos voltados para Lula e o eleitorado, por sua vez, também. Ele tem um governo com uma taxa de aprovação inédita e o peso que isso terá nesse pleito já está sendo demonstrado. Comprovadamente ele já está transferindo muitos votos para Dilma. Agora, qual é o teto disso e até que ponto isso tira votos de Serra? Não sabemos. Mas a eleição vai girar em torno de Lula, por isso que ele é a peça chave. Do ponto de vista de Dilma, pode ser a peça chave para o bem e para o mal. Meu bem, meu mal (risos).
Como o senhor avalia a tática petista de polarização? Uns defendem que ela é boa para Dilma, outros, para Serra, e há aqueles que afirmam não ser bom para o eleitorado...
A polarização é inevitável, não tem como fugir. A meu ver, para o bem da democracia, é bom que haja muitos pontos de vista sendo discutidos. O segundo turno existe para que haja essa polarização, mas, no primeiro, quanto mais candidatos expuserem suas ideias, melhor para o desenvolvimento da cultura política do brasileiro.
E o que o senhor acha da comparação entre Lula e FHC?
É inevitável também. Não consigo imaginar a campanha sem essa comparação. O marketing político vive dessas comparações, de tentar jogar o bem contra o mal. Não tem como fugir disso, mas espero que não fique só nisso. É saudável que existam candidatos como Marina Silva, por exemplo, que traz o tema do meio ambiente. Seria importante que houvesse mais candidatos trazendo outros temas para que o debate fosse mais rico.
Voltando à temática da polarização, alguns tucanos defendem que Serra ganha com ela por ter mais experiência em processos eleitorais.
A campanha começa de fato para o total do eleitorado a partir de março, abril, quando as candidaturas estão oficializadas e começam as entrevistas. Aí, o desempenho de cada um pesará e pode ser, então, que a experiência de Serra seja decisiva. Mas não dá para saber como será o desempenho de Dilma, que ainda não foi vista em debate, ou em uma entrevista mais incisiva.
O fato de o PSDB não ter determinado seu candidato influencia em que medida o desempenho de José Serra nas pesquisas?
A consequência disso é só existir uma pessoa fazendo campanha abertamente: Dilma Rousseff.
Mas Serra é muito bem avaliado em São Paulo e Dilma corre a passos largos em direção à liderança nas campanhas eleitorais...
Equação complexa...Mas esse é o grande dilema do PSDB e do Serra. Não será uma eleição presidencial fácil e isso já está mais do que comprovado. Além disto, o tempo na televisão é muito importante e o PT fez alianças que dão a ele quase o dobro do tempo que tem o PSDB. Por outro lado, se Serra desistir, deixa praticamente entregue a eleição para o PT. Por quanto tempo mais o PT vai permanecer no poder? Porque, em 2014, Lula volta como candidato. Serra é o candidato mais forte do PSDB, pelo menos é o que tem o caminho mais curto. Aécio Neves (governador de Minas Gerais) teria que conquistar São Paulo e isso não é tarefa fácil. Enquanto Serra já é figura nacional por já ter participado de eleições presidenciais e por ter sido ministro da Saúde. É um tabuleiro de xadrez
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sexta-feira, 1 de janeiro de 2010
Em Lula, o povo confia
Pesquisa realizada pelo DATAFOLHA e publicada na edição do jornal Folha de São Paulo de hoje indica que Lula é a personalidade pública brasileira em quem o brasileiro mais confia. Confira textos da matéria abaixo.
Lula é o brasileiro mais confiável, aponta Datafolha
FERNANDO BARROS DE MELLO
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva é a pessoa mais confiável para os brasileiros, segundo ranking com 27 personalidades elaborado pelo Datafolha. Lula está à frente de apresentadores de TV como William Bonner e Silvio Santos, do padre Marcelo Rossi e de cantores como Roberto Carlos e Chico Buarque.
Os 11.258 entrevistados, de 14 a 18 de dezembro, deram nota de 0 (menos confiável) a 10 (mais confiável) às personalidades apresentadas. Lula lidera a lista, com nota média de 7,9.
(...)
De todas as personalidades, apenas duas -Lula e Silvio Santos- são conhecidas por todos os entrevistados.
Maria Celina D'Araújo, professora de ciência política da PUC-RJ, diz que os primeiros lugares são ocupados por "homens de mídia". "Lula é um grande artista, sabe se comunicar. É um aspecto das novas sociedades de espetáculo. Poucos sabem se aproveitar disso, e o Lula sabe", diz.
Para Maria Celina, especialista nos governos Getúlio Vargas, nenhum presidente explorou tanto a comunicação de massa, principalmente via programas de rádio e TV e colunas em jornais.
Ex-presidentes
Chama a atenção o fato de que, dos últimos cinco colocados, quatro são ex-presidentes: Fernando Henrique Cardoso, Itamar Franco, José Sarney e Fernando Collor, este o menos confiável de todos.
(...)
O cientista político Luciano Dias diz que "a imagem positiva ou negativa é resultado do fluxo de notícias sobre essa pessoa". Segundo Dias, artistas como Chico Buarque ou o padre Marcelo Rossi raramente são expostos a um noticiário negativo, o que explica o bom desempenho deles na consulta.
Para o cientista político, o raciocínio também pode ser aplicado ao presidente Lula, que hoje sofre ataques menos contundentes da oposição. "Na medida em que ele foi ampliando sua popularidade e não é candidato, o interesse em atacá-lo é muito baixo."
Lula é o brasileiro mais confiável, aponta Datafolha
FERNANDO BARROS DE MELLO
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva é a pessoa mais confiável para os brasileiros, segundo ranking com 27 personalidades elaborado pelo Datafolha. Lula está à frente de apresentadores de TV como William Bonner e Silvio Santos, do padre Marcelo Rossi e de cantores como Roberto Carlos e Chico Buarque.
Os 11.258 entrevistados, de 14 a 18 de dezembro, deram nota de 0 (menos confiável) a 10 (mais confiável) às personalidades apresentadas. Lula lidera a lista, com nota média de 7,9.
(...)
De todas as personalidades, apenas duas -Lula e Silvio Santos- são conhecidas por todos os entrevistados.
Maria Celina D'Araújo, professora de ciência política da PUC-RJ, diz que os primeiros lugares são ocupados por "homens de mídia". "Lula é um grande artista, sabe se comunicar. É um aspecto das novas sociedades de espetáculo. Poucos sabem se aproveitar disso, e o Lula sabe", diz.
Para Maria Celina, especialista nos governos Getúlio Vargas, nenhum presidente explorou tanto a comunicação de massa, principalmente via programas de rádio e TV e colunas em jornais.
Ex-presidentes
Chama a atenção o fato de que, dos últimos cinco colocados, quatro são ex-presidentes: Fernando Henrique Cardoso, Itamar Franco, José Sarney e Fernando Collor, este o menos confiável de todos.
(...)
O cientista político Luciano Dias diz que "a imagem positiva ou negativa é resultado do fluxo de notícias sobre essa pessoa". Segundo Dias, artistas como Chico Buarque ou o padre Marcelo Rossi raramente são expostos a um noticiário negativo, o que explica o bom desempenho deles na consulta.
Para o cientista político, o raciocínio também pode ser aplicado ao presidente Lula, que hoje sofre ataques menos contundentes da oposição. "Na medida em que ele foi ampliando sua popularidade e não é candidato, o interesse em atacá-lo é muito baixo."
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quarta-feira, 23 de dezembro de 2009
O potencial de crescimento da candidatura de Dilma Roussef
Na Folha de São Paulo de hoje, em uma análise objetiva, diretores do Datafolha apontam o potencial de crescimento da candidatura da Ministra Dilma Roussef.
ANÁLISE
"Votos" de Lula podem igualar Dilma a Serra
MAURO PAULINO
DIRETOR-GERAL DO DATAFOLHA
ALESSANDRO JANONI
DIRETOR DE PESQUISAS DO DATAFOLHA
A capacidade de transferência de votos que o presidente Lula demonstra ter elevando sua candidata Dilma Roussef (PT) ao atual patamar de 23% não se esgotou. Uma análise mais detalhada da última pesquisa Datafolha mostra que há 15% de brasileiros que manifestam o desejo de votar no candidato apoiado pelo presidente, mas não sabem ainda que Dilma é sua escolhida, deixando de optar por ela.
(...)
Para chegar a essa conclusão o Datafolha combinou os resultados de três perguntas: intenção de voto estimulada, grau de influência de Lula como cabo eleitoral e o conhecimento de Dilma como candidata do presidente.
Somando-se os que não escolhem Dilma, mas outro candidato (58%), os que optam por votar em branco ou anular (9%) e os que não sabem em quem votar (10%) chega-se a 77% da população adulta que não declara, neste momento, apoio à petista. Dentre estes, 21% afirmam que votariam com certeza em um candidato apoiado por Lula. Estes dividem-se em 6% que identificam Dilma como candidata de Lula e 15% que não sabem quem Lula apoia.
Há, portanto, 15% da população que, neste momento, não declara intenção de votar em Dilma, não sabe que ela é a candidata de Lula, mas afirma que votaria com certeza em um candidato apoiado pelo presidente.
(...)
A característica mais marcante desse estrato é a baixa escolaridade. Enquanto na média da população brasileira adulta, 48% têm grau de escolaridade fundamental, nesse segmento, essa taxa vai a 68%.
O mesmo ocorre com a renda. Na média, 43% dos brasileiros têm renda familiar de até dois salários mínimos. No segmento dos potenciais eleitores de Dilma, esse percentual vai a 59%. Além disso, 36% vivem no Nordeste e 20% no Norte ou Centro-Oeste, índices que superam a média em oito e cinco pontos percentuais, respectivamente.
ASSINANTE UOL LÊ A MATÉRIA COMPLETA AQUI.
ANÁLISE
"Votos" de Lula podem igualar Dilma a Serra
MAURO PAULINO
DIRETOR-GERAL DO DATAFOLHA
ALESSANDRO JANONI
DIRETOR DE PESQUISAS DO DATAFOLHA
A capacidade de transferência de votos que o presidente Lula demonstra ter elevando sua candidata Dilma Roussef (PT) ao atual patamar de 23% não se esgotou. Uma análise mais detalhada da última pesquisa Datafolha mostra que há 15% de brasileiros que manifestam o desejo de votar no candidato apoiado pelo presidente, mas não sabem ainda que Dilma é sua escolhida, deixando de optar por ela.
(...)
Para chegar a essa conclusão o Datafolha combinou os resultados de três perguntas: intenção de voto estimulada, grau de influência de Lula como cabo eleitoral e o conhecimento de Dilma como candidata do presidente.
Somando-se os que não escolhem Dilma, mas outro candidato (58%), os que optam por votar em branco ou anular (9%) e os que não sabem em quem votar (10%) chega-se a 77% da população adulta que não declara, neste momento, apoio à petista. Dentre estes, 21% afirmam que votariam com certeza em um candidato apoiado por Lula. Estes dividem-se em 6% que identificam Dilma como candidata de Lula e 15% que não sabem quem Lula apoia.
Há, portanto, 15% da população que, neste momento, não declara intenção de votar em Dilma, não sabe que ela é a candidata de Lula, mas afirma que votaria com certeza em um candidato apoiado pelo presidente.
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A característica mais marcante desse estrato é a baixa escolaridade. Enquanto na média da população brasileira adulta, 48% têm grau de escolaridade fundamental, nesse segmento, essa taxa vai a 68%.
O mesmo ocorre com a renda. Na média, 43% dos brasileiros têm renda familiar de até dois salários mínimos. No segmento dos potenciais eleitores de Dilma, esse percentual vai a 59%. Além disso, 36% vivem no Nordeste e 20% no Norte ou Centro-Oeste, índices que superam a média em oito e cinco pontos percentuais, respectivamente.
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segunda-feira, 21 de dezembro de 2009
A pesquisa Datafolha e as miragens analíticas da Nova Direita
De vez em quando, visito o blog do Reinaldo Azevedo, no site da Veja. Mas, apresso-me em declarar, somente de vez em quando mesmo Gosto do meu fígado... O jornalista é o representante mais atilado da Nova Direita e o seu estilo já foi analisado, e copiado, por muitos. A agressividade conservadora contra tentativas, mesmo que mínimas, de substantivar a nossa frágil vida democrática é marca dele e dos seus imitadores. Diverte-me um pouco. O problema é que tem gente que o leva sério...
Bueno, faço esse comentário, pois, neste final de semana, o DataFolha divulgou pesquisa de intenções de votos para presidente na qual Dilma sobe para 23% e Serra cai para 37%. Com uma capacidade invejável de reverter o que aponta a realidade, o Reinaldo Azevedo quer, e porque quer, quer que todo mundo compre a idéia de que é o seu preferido, ou seja Serra, quem se sai melhor na pesquisa. Com os adversários agredindo a lógica, resta aos petistas comemorarem.
Mas, epa!, nem tudo é devaneio nas searas da Nova Direita. O César Maia, ex-prefeito do Rio e uma das lideranças do DEM, para surpresa geral, tem sido uma das vozes mais equilibradas na análise do quadro eleitoral de 2010. Por isso mesmo, pode apostar!, vale a pena ler a análise que ele fez da mesma pesquisa. A direção é bem diferente daquela tomada pelo Reinaldo Azevedo. Confira abaixo.
PESQUISA DATAFOLHA APONTA PARA POLARIZAÇÃO!
1. Sempre que os nomes apresentados em pesquisa são de amplo conhecimento público, os números relativos à intenção de voto "se as eleições fossem hoje", se aproximam da verdade de hoje. Especialmente numa pesquisa com mais de 11 mil eleitores, como essa realizada entre 14 e 18 de dezembro. Na pesquisa DataFolha de 25-27/03/2008, portanto mais de 20 meses atrás, Dilma tinha apenas 3%. Vem crescendo progressivamente, em função da divulgação de seu nome e o apoio de Lula: 3%, 8%, 11%, 16%, 16%, e 23%. Serra flutua no mesmo patamar: 38%, 41%, 41%, 38%, 37%, e 37%.
2. A diferença Serra-Dilma caiu de 18% e 19% nas duas pesquisas anteriores, para 14%. Para ela o dado mais importante que sua esperada ascensão com o apoio de Lula, é que a diferença num suposto primeiro turno e num segundo turno não muda. Com isso, isolando os dois no primeiro turno, Dilma tem 38% e no segundo 42%, com crescimento relativo maior que o de Serra, e absoluto igual, para uma taxa de conhecimento menor.
3. Entre as pessoas de maior renda, Serra tem 38% e Dilma surpreendentes 30%. Entre os de menor renda, provavelmente os que menos acompanham este processo pré-eleitoral, Serra tem 35% e Dilma apenas 23%, número que tende a crescer com o envolvimento de Lula, pois aqui é onde sua aprovação é maior.
4. Os números mostram que a tática do PSDB de ganhar tempo até março abriu espaço para o crescimento de Dilma, exatamente entre os eleitores potenciais de Serra. A entrevista do presidente do Banco Central, com destaque de capa no Globo de domingo, aponta nessa direção: assustar a classe média com hipotéticas mudanças.
5. Finalmente, imaginando que os 23% de Dilma entre os de menor renda suba para 30%, a diferença global cairia de 14 pontos para a metade. É um cenário provável. Claro, nas mesmas condições de hoje.
Bueno, faço esse comentário, pois, neste final de semana, o DataFolha divulgou pesquisa de intenções de votos para presidente na qual Dilma sobe para 23% e Serra cai para 37%. Com uma capacidade invejável de reverter o que aponta a realidade, o Reinaldo Azevedo quer, e porque quer, quer que todo mundo compre a idéia de que é o seu preferido, ou seja Serra, quem se sai melhor na pesquisa. Com os adversários agredindo a lógica, resta aos petistas comemorarem.
Mas, epa!, nem tudo é devaneio nas searas da Nova Direita. O César Maia, ex-prefeito do Rio e uma das lideranças do DEM, para surpresa geral, tem sido uma das vozes mais equilibradas na análise do quadro eleitoral de 2010. Por isso mesmo, pode apostar!, vale a pena ler a análise que ele fez da mesma pesquisa. A direção é bem diferente daquela tomada pelo Reinaldo Azevedo. Confira abaixo.
PESQUISA DATAFOLHA APONTA PARA POLARIZAÇÃO!
1. Sempre que os nomes apresentados em pesquisa são de amplo conhecimento público, os números relativos à intenção de voto "se as eleições fossem hoje", se aproximam da verdade de hoje. Especialmente numa pesquisa com mais de 11 mil eleitores, como essa realizada entre 14 e 18 de dezembro. Na pesquisa DataFolha de 25-27/03/2008, portanto mais de 20 meses atrás, Dilma tinha apenas 3%. Vem crescendo progressivamente, em função da divulgação de seu nome e o apoio de Lula: 3%, 8%, 11%, 16%, 16%, e 23%. Serra flutua no mesmo patamar: 38%, 41%, 41%, 38%, 37%, e 37%.
2. A diferença Serra-Dilma caiu de 18% e 19% nas duas pesquisas anteriores, para 14%. Para ela o dado mais importante que sua esperada ascensão com o apoio de Lula, é que a diferença num suposto primeiro turno e num segundo turno não muda. Com isso, isolando os dois no primeiro turno, Dilma tem 38% e no segundo 42%, com crescimento relativo maior que o de Serra, e absoluto igual, para uma taxa de conhecimento menor.
3. Entre as pessoas de maior renda, Serra tem 38% e Dilma surpreendentes 30%. Entre os de menor renda, provavelmente os que menos acompanham este processo pré-eleitoral, Serra tem 35% e Dilma apenas 23%, número que tende a crescer com o envolvimento de Lula, pois aqui é onde sua aprovação é maior.
4. Os números mostram que a tática do PSDB de ganhar tempo até março abriu espaço para o crescimento de Dilma, exatamente entre os eleitores potenciais de Serra. A entrevista do presidente do Banco Central, com destaque de capa no Globo de domingo, aponta nessa direção: assustar a classe média com hipotéticas mudanças.
5. Finalmente, imaginando que os 23% de Dilma entre os de menor renda suba para 30%, a diferença global cairia de 14 pontos para a metade. É um cenário provável. Claro, nas mesmas condições de hoje.
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terça-feira, 1 de dezembro de 2009
Morte política de Arruda enfraquece a candidatura de José Serra
A análise de Jânio de Freitas, na edição de hoje do jornal Folha de São Paulo, vai direto ao ponto. Confira trechos abaixo.
Um rombo na sucessão
Janio de Freitas
A figura mais eminente que o DEM construiu para a eleição só pode ser candidato a votos de uma sentença criminal
O EFEITO POLÍTICO mais importante da ilustrada e ilustrativa presença do governador José Roberto Arruda no novo mensalão é o seu reflexo, direto e traumático, no esquema previsto pelo PSDB para disputar a sucessão presidencial.
Há mais de cinco anos José Serra desenvolve um trabalho de atração do PFL, lá atrás, hoje DEM. (...)
O menor dos êxitos esperáveis por Serra nessa investida seria o apoio, em âmbito nacional, do enfraquecido mas bem organizado DEM. A rigor, os demistas já vinham e vêm condenados a apoiar um candidato do PSDB, por falta de alternativa entre as possibilidades de candidaturas de razoável viabilidade. À parte tal circunstância, a estratégia de Serra deu o resultado que ele poderia esperar.
E foi além, de fato. No desempenho bem conceituado de José Roberto Arruda como governador do Distrito Federal, Serra e os demistas encontraram uma perspectiva nova e comum, por motivos diferentes, aos dois lados.
(...)
O estrelato de José Roberto Arruda nos vídeos da bandidagem política reabre a vaga mais proeminente nas considerações de Serra para a sua possível chapa. E o desastre nem se limita a esse rombo. Arruda enfraqueceu muito o apoio eleitoral do DEM, ao presentear os candidatos e partidos contrários com uma arma eficaz contra os demistas: a figura mais eminente que construíram para as próximas eleições, no plano local como no federal, só pode ser candidato aos votos de uma sentença criminal.
(...)
Assinante UOL lê o artigo completo aqui.
Um rombo na sucessão
Janio de Freitas
A figura mais eminente que o DEM construiu para a eleição só pode ser candidato a votos de uma sentença criminal
O EFEITO POLÍTICO mais importante da ilustrada e ilustrativa presença do governador José Roberto Arruda no novo mensalão é o seu reflexo, direto e traumático, no esquema previsto pelo PSDB para disputar a sucessão presidencial.
Há mais de cinco anos José Serra desenvolve um trabalho de atração do PFL, lá atrás, hoje DEM. (...)
O menor dos êxitos esperáveis por Serra nessa investida seria o apoio, em âmbito nacional, do enfraquecido mas bem organizado DEM. A rigor, os demistas já vinham e vêm condenados a apoiar um candidato do PSDB, por falta de alternativa entre as possibilidades de candidaturas de razoável viabilidade. À parte tal circunstância, a estratégia de Serra deu o resultado que ele poderia esperar.
E foi além, de fato. No desempenho bem conceituado de José Roberto Arruda como governador do Distrito Federal, Serra e os demistas encontraram uma perspectiva nova e comum, por motivos diferentes, aos dois lados.
(...)
O estrelato de José Roberto Arruda nos vídeos da bandidagem política reabre a vaga mais proeminente nas considerações de Serra para a sua possível chapa. E o desastre nem se limita a esse rombo. Arruda enfraqueceu muito o apoio eleitoral do DEM, ao presentear os candidatos e partidos contrários com uma arma eficaz contra os demistas: a figura mais eminente que construíram para as próximas eleições, no plano local como no federal, só pode ser candidato aos votos de uma sentença criminal.
(...)
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