Na novo número da REVISTA BRASILEIRA DE CIÊNCIAS SOCIAIS, você encontrará um ótimo artigo do Professor Roberto Grün, da UFSCAR. Reproduzo parte aí embaixo. Confira!
Escândalos, tsunamis e marolas: apontamentos e desapontamentos sobre um traço recorrente da atualidade*
Roberto Grün
Segundo a Wikipédia, o Brasil passou por 97 escândalos políticos e financeiros na década de 1990. Na primeira década do novo século, foram registrados 125 eventos "dessa natureza".1 Essa catalogação parece comprovar a crença popular de que "o Brasil não tem jeito". Um exercício sociológico talvez ajude a discutir essa crença arraigada, qualificá-la numa perspectiva analítica e, oxalá, também ajudar a sociedade a controlar seus efeitos nefastos que se propagam em diversas esferas da sociabilidade.
Num primeiro momento, poderíamos coonestar o dito popular, segundo o qual "o Brasil é um escândalo". Numa segunda reflexão, menos conjuntural e sanguínea, talvez seja interessante invocar a sociologia para complicar um pouco o senso comum. Nesse sentido, a tarefa é mostrar que os escândalos podem ser alguma coisa maior e mais complexa do que a simples manifestação de descalabros (Thompson, 2000; Chaia e Teixeira, 2001; De Blic, 2003; Neckel, 2005; Adut, 2008). Nessa linha, sugiro que os escândalos podem ser utilmente tratados como uma forma de ação, de controle e também, por vezes, como um mecanismo de mudança social. Através dos escândalos, a sociedade abandona, reitera, altera ou cria normas de convívio e de legitimação.
Os escândalos fazem transparecer mudanças sociais mais ou menos profundas, que foram gestadas na longue durée, sem que a percepção social as tivesse acompanhado e, quando eles explodem, nos damos conta súbita e dramaticamente das transformações em questão. O corolário dessa hipótese é que os nossos escândalos, pelo menos analiticamente, deveriam ser vistos não como uma manifestação da danação eterna do Brasil e dos brasileiros, mas antes uma evidência do vigor com que a sociedade discute, preserva ou altera as normas que ela reputa corretas ou erradas. Nesse caso, estaríamos diante de uma variação, ou generalização, daquela afirmação mil vezes repetida por todo o Ocidente, sobre a "fragilidade da democracia". Ainda que os percalços aconteçam aqui e ali, e que sejam dolorosos, na maior parte das vezes o brado sobre a democracia como "plantinha frágil" mostra que ela se preserva, apesar de sua fragilidade. Mas então, o que quer dizer esse bordão tantas vezes evocado e cuja "não facticidade" não impede o seu uso continuado? Com Douglas (1986) lembramos que o uso continuado de bordões é uma técnica social conhecida de reiteração de convenções cognitivas. Alhures, a autora nos permite sugerir mais diretamente que essa é a forma específica como a democracia se enraíza cada vez mais e se torna incontornável como norma de convívio das sociedades contemporâneas (Idem, p. 17). Respirando a mesma inspiração na análise que agora apresento, trata-se de explorar uma abordagem durkheimiana sobre as formas dos ciclos de ação/imposição/reiteração/transformação da consciência coletiva das sociedades, de maneira análoga àquela que diversos autores empregaram para dar conta de fenômenos aparentemente tão díspares como escândalos em sociedades pré-modernas e em comunidades científicas (Gluckman, 1963; Fleck, [1935] 1979).
LEIA O RESTANTE DO ARTIGO AQUI.
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quinta-feira, 22 de dezembro de 2011
segunda-feira, 26 de setembro de 2011
Danton e a corrupção
Em inspirado artigo, publicado no sempre bom jornal VALOR ECONÔMICO, Renato Janine Ribeiro assesta as suas baterias analíticas contra a corrupção. Vale a pena conferir!
Danton deveria ter roubado mais?
Autor(es): Renato Janine Ribeiro
Valor Econômico - 26/09/2011
"Danton fez bem em roubar?", pergunta Julien Sorel a sua quase-namorada, no romance mais famoso de Stendhal, "O vermelho e o negro". Matilde perguntou-lhe o que está pensando e leva um susto ao ouvir seu raciocínio: "Os revolucionários do Piemonte, da Espanha, deveriam comprometer o povo com crimes? Dar a pessoas mesmo sem mérito todos os postos do Exército? Quem os recebesse não temeria a volta do rei? Deveriam ter saqueado o tesouro de Turim? Numa palavra, senhorita - disse, aproximando-se dela com um ar terrível -, o homem que quiser expulsar da terra a ignorância e o crime deve passar como a tempestade e espalhar o mal ao acaso?"
Não é preciso concordar com Julien Sorel, que, aliás, faz uma pergunta, não uma resposta; mas quem não meditar essas palavras duras, quem não pensar a fundo o que ele diz em 1830, não vai entender a política, mesmo atual, mesmo democrática. Quem deseja expulsar o crime e a ignorância precisa causar muitos males enquanto promove o grande bem? Os fins justificam os meios? Não é isso. Porque Julien não fala de qualquer fim, mas do fim mais nobre que há: introduzir o conhecimento e o bem. No entanto, para isso, será preciso cooptar os corruptos?
Essas questões de alta literatura me vieram à mente quando me lembrei de um líder da base governista que, indignado com medidas anti-corrupção da presidente Dilma, teria dito que "ela não sabe que está brincando com fogo". Em valor literário, a diferença entre o personagem de Stendhal e o nosso é gigantesca. Mas não estarão falando de coisas parecidas - com a ressalva de que o parlamentar se empenha em vantagens sem ética, e Julien numa ética maior?
Vivemos hoje a luta entre duas grandes ideias sobre a política. A primeira vem da experiência e diz: governar e ser honesto, a um só tempo, raia o impossível. Não quero dizer que todo governante é desonesto; apenas noto que há um fator poderoso que leva, para obter maiorias, à aliança com políticos de má catadura. Curiosamente, em cada país isso se atribui a causas diferentes. Aqui, uns dizem que acabando com o presidencialismo de coalizão, adotando o voto distrital ou a lista fechada, tudo há de melhorar. Em outros países, recomenda-se o contrário. Mas, em suma, primeira convicção: governabilidade e ética não são amigas de infância. Mesmo quem não é Maquiavel, que defendia que o príncipe mantivesse a todo custo seu Estado, e se bate por valores nobres, precisa sujar as mãos. A expressão é de Sartre. Sem sujá-las, não se faz política.
Mas há uma segunda e poderosa ideia: os valores democráticos. A palavra "democracia", que no começo significava essencialmente a escolha pelo povo, fica tão rica desde a II Guerra Mundial que anexa os direitos humanos, e também os valores éticos. Combater a corrupção, a exploração das mulheres pelos homens e até a exploração do homem pelo homem tornam-se preceitos fundamentais. O problema: como ligar este ponto com o anterior? Por um lado, temos uma forte demanda ética, que deseja espraiar-se pela política e talvez nunca tenha atingido tal dimensão em regime democrático. Talvez. Por outro, queremos dos governos que nos deem ou ao menos nos permitam prosperidade. Estamos divididos, os cidadãos, entre o conforto e a ética. Derrubamos Collor em nome da "ética na política", mas ele não teria caído caso seu governo desse bons frutos. Se caiu, foi porque tinha pouco apoio nos partidos e porque não efetuou o salto para o Primeiro Mundo, que prometera na campanha.
Resumindo, vivemos em dilemas. Do ponto de vista do cidadão, quer-se ética - nem sempre por razões éticas, mas também porque, se todos andarem pelo acostamento, a estrada trava. Mas o mesmo cidadão deseja conforto, prosperidade, uma fatia maior do PIB. Rachado entre os princípios morais e a ambição pela prosperidade, nem sempre crava a escolha na ética, que pode exigir renúncia, sacrifício e derrota. Não é à toa que uns chamam de "ético" quem, para outros, é um perdedor.
Já do ponto de vista do governante, e penso na presidente que mostra menos complacência com a corrupção desde Itamar Franco, a escolha também é difícil. Alguns analistas a condenam ora porque lhe falta jogo de cintura, ora porque demora a demitir acusados de corrupção. Mas jogo de cintura é, nove vezes em dez, complacência com os malfeitos! É esse o seu dilema e o de muitos governantes decentes. O que fazem então os governos? Exceto quando são essencialmente corruptos, procuram manter a flexibilização da ética longe do cerne do poder. Tentam preservar o centro do governo. Vejam o curiosíssimo instituto das emendas parlamentares à lei orçamentária. Duas décadas atrás, José Serra propôs que o orçamento fosse aprovado sem nenhuma emenda. Isso era tão absurdo quanto são as emendas parlamentares de hoje. A democracia surge na Inglaterra com o poder, dos eleitos do povo, de votar e rejeitar impostos e despesas. Aprovar o orçamento é o apogeu desse ritual democrático, quando a sociedade decide o que é prioritário e o que não é. Os Estados Unidos conservam isso, tanto que no governo Clinton ficaram um dia sem orçamento e o governo federal, literalmente, fechou. Mas aqui, se o Parlamento não vota o orçamento, ele é assim mesmo executado. E muitas das emendas, que Serra condenava, são penduricalhos pelos quais o parlamentar atende sua base para conseguir se reeleger - algumas delas, sem necessidade sequer para sua base.
Há saída para esses dilemas? Espero que sim. Mas notem que são dois dilemas. Um é do governo, outro dos cidadãos. Não basta cobrar do governo, se os cidadãos não cobrarem ética de si mesmos.
Renato Janine Ribeiro é professor titular de ética e filosofia política na Universidade de São Paulo. Escreve às segundas-feiras
Danton deveria ter roubado mais?
Autor(es): Renato Janine Ribeiro
Valor Econômico - 26/09/2011
"Danton fez bem em roubar?", pergunta Julien Sorel a sua quase-namorada, no romance mais famoso de Stendhal, "O vermelho e o negro". Matilde perguntou-lhe o que está pensando e leva um susto ao ouvir seu raciocínio: "Os revolucionários do Piemonte, da Espanha, deveriam comprometer o povo com crimes? Dar a pessoas mesmo sem mérito todos os postos do Exército? Quem os recebesse não temeria a volta do rei? Deveriam ter saqueado o tesouro de Turim? Numa palavra, senhorita - disse, aproximando-se dela com um ar terrível -, o homem que quiser expulsar da terra a ignorância e o crime deve passar como a tempestade e espalhar o mal ao acaso?"
Não é preciso concordar com Julien Sorel, que, aliás, faz uma pergunta, não uma resposta; mas quem não meditar essas palavras duras, quem não pensar a fundo o que ele diz em 1830, não vai entender a política, mesmo atual, mesmo democrática. Quem deseja expulsar o crime e a ignorância precisa causar muitos males enquanto promove o grande bem? Os fins justificam os meios? Não é isso. Porque Julien não fala de qualquer fim, mas do fim mais nobre que há: introduzir o conhecimento e o bem. No entanto, para isso, será preciso cooptar os corruptos?
Essas questões de alta literatura me vieram à mente quando me lembrei de um líder da base governista que, indignado com medidas anti-corrupção da presidente Dilma, teria dito que "ela não sabe que está brincando com fogo". Em valor literário, a diferença entre o personagem de Stendhal e o nosso é gigantesca. Mas não estarão falando de coisas parecidas - com a ressalva de que o parlamentar se empenha em vantagens sem ética, e Julien numa ética maior?
Vivemos hoje a luta entre duas grandes ideias sobre a política. A primeira vem da experiência e diz: governar e ser honesto, a um só tempo, raia o impossível. Não quero dizer que todo governante é desonesto; apenas noto que há um fator poderoso que leva, para obter maiorias, à aliança com políticos de má catadura. Curiosamente, em cada país isso se atribui a causas diferentes. Aqui, uns dizem que acabando com o presidencialismo de coalizão, adotando o voto distrital ou a lista fechada, tudo há de melhorar. Em outros países, recomenda-se o contrário. Mas, em suma, primeira convicção: governabilidade e ética não são amigas de infância. Mesmo quem não é Maquiavel, que defendia que o príncipe mantivesse a todo custo seu Estado, e se bate por valores nobres, precisa sujar as mãos. A expressão é de Sartre. Sem sujá-las, não se faz política.
Mas há uma segunda e poderosa ideia: os valores democráticos. A palavra "democracia", que no começo significava essencialmente a escolha pelo povo, fica tão rica desde a II Guerra Mundial que anexa os direitos humanos, e também os valores éticos. Combater a corrupção, a exploração das mulheres pelos homens e até a exploração do homem pelo homem tornam-se preceitos fundamentais. O problema: como ligar este ponto com o anterior? Por um lado, temos uma forte demanda ética, que deseja espraiar-se pela política e talvez nunca tenha atingido tal dimensão em regime democrático. Talvez. Por outro, queremos dos governos que nos deem ou ao menos nos permitam prosperidade. Estamos divididos, os cidadãos, entre o conforto e a ética. Derrubamos Collor em nome da "ética na política", mas ele não teria caído caso seu governo desse bons frutos. Se caiu, foi porque tinha pouco apoio nos partidos e porque não efetuou o salto para o Primeiro Mundo, que prometera na campanha.
Resumindo, vivemos em dilemas. Do ponto de vista do cidadão, quer-se ética - nem sempre por razões éticas, mas também porque, se todos andarem pelo acostamento, a estrada trava. Mas o mesmo cidadão deseja conforto, prosperidade, uma fatia maior do PIB. Rachado entre os princípios morais e a ambição pela prosperidade, nem sempre crava a escolha na ética, que pode exigir renúncia, sacrifício e derrota. Não é à toa que uns chamam de "ético" quem, para outros, é um perdedor.
Já do ponto de vista do governante, e penso na presidente que mostra menos complacência com a corrupção desde Itamar Franco, a escolha também é difícil. Alguns analistas a condenam ora porque lhe falta jogo de cintura, ora porque demora a demitir acusados de corrupção. Mas jogo de cintura é, nove vezes em dez, complacência com os malfeitos! É esse o seu dilema e o de muitos governantes decentes. O que fazem então os governos? Exceto quando são essencialmente corruptos, procuram manter a flexibilização da ética longe do cerne do poder. Tentam preservar o centro do governo. Vejam o curiosíssimo instituto das emendas parlamentares à lei orçamentária. Duas décadas atrás, José Serra propôs que o orçamento fosse aprovado sem nenhuma emenda. Isso era tão absurdo quanto são as emendas parlamentares de hoje. A democracia surge na Inglaterra com o poder, dos eleitos do povo, de votar e rejeitar impostos e despesas. Aprovar o orçamento é o apogeu desse ritual democrático, quando a sociedade decide o que é prioritário e o que não é. Os Estados Unidos conservam isso, tanto que no governo Clinton ficaram um dia sem orçamento e o governo federal, literalmente, fechou. Mas aqui, se o Parlamento não vota o orçamento, ele é assim mesmo executado. E muitas das emendas, que Serra condenava, são penduricalhos pelos quais o parlamentar atende sua base para conseguir se reeleger - algumas delas, sem necessidade sequer para sua base.
Há saída para esses dilemas? Espero que sim. Mas notem que são dois dilemas. Um é do governo, outro dos cidadãos. Não basta cobrar do governo, se os cidadãos não cobrarem ética de si mesmos.
Renato Janine Ribeiro é professor titular de ética e filosofia política na Universidade de São Paulo. Escreve às segundas-feiras
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quinta-feira, 15 de abril de 2010
O paternalismo enrustido dos que querem impedir os "fichas sujas" de se candidatarem
A nossa classe média sempre foi meio udenista. Prega moral e bons costumes, mas patrões e filhos, não raro, assediam as empregadas domésticas. Esbraveja contra a corrupção, mas requer sempre um "tratamento diferenciado". E quando fala em corrupção, claro!, está se referindo aos "outros". No seu etnocentrismo de classe, os bem pensantes da classe média acham que só mesmo tutelando a choldra é que garantiremos a "nossa democracia". Do contrário, a patuléia ira votar em "fichas sujas". Não por acaso, após as primeiras doses do uisquito gringo, ao nos aproximarmos da mesa onde bem o "tipo ideal da classe média" brasileira, ouvimos expressões como "o problema é esse povo, que é ignorante..."
Qual a saída que os bem pensantes apontam? Tutelar a choldra. Daí o nosso paternalismo jurídico. Os bons filhos de classe média que saem das nossas faculdades de direito, aboletados nos seus altos salários, sentem-se como uma casta superior. E saem arrotando lições e regras para a patuléia...
É esse o caso do projeto que tenta impedir os políticos "fichas sujas" de se candidatarem. O projeto e a produção discursiva em sua defesa não conseguem esconder a idéia, digamos, "desconfiada" que os setores que se supõe "esclarecidos" têm a respeito do "povo". O sub-texto é: ora, como a massa ignara é que vota nos corruptos, vamos "ajudá-la" nas suas escolhas eleitorais retirando de cena os políticos que nos achamos que não merecem estar "lá".
É a velha concepção de tutela das massas! Com uma roupagem nova. Mas, por sob as vestes coloridos dos moralistas do século XXI, o mesmo corpo e alma dos que, ainda ontem, defendiam a exclusão dos analfabetos do processo eleitoral.
Campanha a favor da lei dos "fichas limpas"? Que coisa chique e inodora, não é? As pessoas que a fazem, não por acaso capitaneadas pela CNBB, sentem-se do "bem". Sei, sei, gente do bem que pode passar por cima de você na próxima esquina se deres bobeira. Como diria o Macaco Simão, "vão indo, que eu não vou..."
Qual a saída que os bem pensantes apontam? Tutelar a choldra. Daí o nosso paternalismo jurídico. Os bons filhos de classe média que saem das nossas faculdades de direito, aboletados nos seus altos salários, sentem-se como uma casta superior. E saem arrotando lições e regras para a patuléia...
É esse o caso do projeto que tenta impedir os políticos "fichas sujas" de se candidatarem. O projeto e a produção discursiva em sua defesa não conseguem esconder a idéia, digamos, "desconfiada" que os setores que se supõe "esclarecidos" têm a respeito do "povo". O sub-texto é: ora, como a massa ignara é que vota nos corruptos, vamos "ajudá-la" nas suas escolhas eleitorais retirando de cena os políticos que nos achamos que não merecem estar "lá".
É a velha concepção de tutela das massas! Com uma roupagem nova. Mas, por sob as vestes coloridos dos moralistas do século XXI, o mesmo corpo e alma dos que, ainda ontem, defendiam a exclusão dos analfabetos do processo eleitoral.
Campanha a favor da lei dos "fichas limpas"? Que coisa chique e inodora, não é? As pessoas que a fazem, não por acaso capitaneadas pela CNBB, sentem-se do "bem". Sei, sei, gente do bem que pode passar por cima de você na próxima esquina se deres bobeira. Como diria o Macaco Simão, "vão indo, que eu não vou..."
sábado, 5 de dezembro de 2009
A oposição em seu labirinto
DEM e PSDB passaram os últimos anos assumindo confortáveis papéis de campeões da moralidade pública. Os deslizes e desastres de petistas e aliados forneciam elementos para cruzadas morais. Mas, antes do que se esperava, as vestais começaram o strip-tease em praça pública. Com enredo cinematográfico, o DEM, do Governandor José Roberto Arruda, se liquefaz com rapidez. E ameaça envolver o PSDB em sua descida ao inferno. Para continuar no tema, aproveite e leia, mais abaixo, trechos da coluna de hoje do jornalista Fernando Rodrigues, da Folha.
FERNANDO RODRIGUES
A pior semana da oposição
BRASÍLIA - Acaba hoje talvez a pior semana para a oposição num ano que já havia sido péssimo para a trinca PSDB-DEM-PPS. Nem o petista mais otimista poderia imaginar um presente de Natal antecipado e assim tão completo.
As três principais siglas anti-Lula foram chamuscadas ao mesmo tempo. O mensalão do DEM quase derrubou o único governador da sigla, José Roberto Arruda, em Brasília. O Supremo Tribunal Federal abriu ação para apurar o mensalão do PSDB, no qual o ex-presidente nacional da sigla Eduardo Azeredo é acusado de ser um dos mandantes. E o presidente nacional do PPS, Roberto Freire, foi citado como beneficiário de propinas do panetonegate candango. Todos, por óbvio, negam ser culpados.
(...)
Para o PT, é uma benção manter os peemedebistas acuados. Há uma redução natural na voracidade atávica por cargos e verbas em troca do apoio a Dilma Rousseff em 2010.
Mesmo antes dos fatos devastadores recentes, as coisas já não estavam bem na seara da oposição. No final do ano passado, a Justiça Eleitoral havia cassado o então governador da Paraíba, Cássio Cunha Lima (PSDB). Há alguns meses, a governadora tucana do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius, sofreu uma ameaça de impeachment.
(...)
O impacto de toda essa desgraça em 2010 ainda é incerto para tucanos e "demos". Mas, certamente, bom o efeito não deve ser.
frodriguesbsb@uol.com.br
ASSINANTE UOL LÊ O TEXTO COMPLETO AQUI,
FERNANDO RODRIGUES
A pior semana da oposição
BRASÍLIA - Acaba hoje talvez a pior semana para a oposição num ano que já havia sido péssimo para a trinca PSDB-DEM-PPS. Nem o petista mais otimista poderia imaginar um presente de Natal antecipado e assim tão completo.
As três principais siglas anti-Lula foram chamuscadas ao mesmo tempo. O mensalão do DEM quase derrubou o único governador da sigla, José Roberto Arruda, em Brasília. O Supremo Tribunal Federal abriu ação para apurar o mensalão do PSDB, no qual o ex-presidente nacional da sigla Eduardo Azeredo é acusado de ser um dos mandantes. E o presidente nacional do PPS, Roberto Freire, foi citado como beneficiário de propinas do panetonegate candango. Todos, por óbvio, negam ser culpados.
(...)
Para o PT, é uma benção manter os peemedebistas acuados. Há uma redução natural na voracidade atávica por cargos e verbas em troca do apoio a Dilma Rousseff em 2010.
Mesmo antes dos fatos devastadores recentes, as coisas já não estavam bem na seara da oposição. No final do ano passado, a Justiça Eleitoral havia cassado o então governador da Paraíba, Cássio Cunha Lima (PSDB). Há alguns meses, a governadora tucana do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius, sofreu uma ameaça de impeachment.
(...)
O impacto de toda essa desgraça em 2010 ainda é incerto para tucanos e "demos". Mas, certamente, bom o efeito não deve ser.
frodriguesbsb@uol.com.br
ASSINANTE UOL LÊ O TEXTO COMPLETO AQUI,
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quarta-feira, 2 de dezembro de 2009
E a Ieda?
terça-feira, 1 de dezembro de 2009
Radicaliza, Arruda...
Leia abaixo pequeno trecho de matéria postada no blog do Josias de Sousa, da Folha. Comento depois.
Ao final de uma reunião tensa com integrantes da cúpula do DEM, José Roberto Arruda lançou no ar uma frase enigmática:
“Se o partido radicalizar comigo, vou radicalizar também”, disse o governador do Distrito Federal, em timbre de ameaça.
Ficou boiando na atmosfera a impressão de que Arruda dispõe de munição. Pior: Levado ao pelourinho, não hesitaria em abrir o paiol.
A conversa com os mandachuvas do DEM consumiu duas horas da tarde desta segunda (30).
Comentário
Ora, ora, então tem farinha (para não usar uma metáfora escatológica aqui...) para ser lançada no vestilador? Oba, oba... Então, fiquemos na torcida pela radicalização do Arruda.
Ao final de uma reunião tensa com integrantes da cúpula do DEM, José Roberto Arruda lançou no ar uma frase enigmática:
“Se o partido radicalizar comigo, vou radicalizar também”, disse o governador do Distrito Federal, em timbre de ameaça.
Ficou boiando na atmosfera a impressão de que Arruda dispõe de munição. Pior: Levado ao pelourinho, não hesitaria em abrir o paiol.
A conversa com os mandachuvas do DEM consumiu duas horas da tarde desta segunda (30).
Comentário
Ora, ora, então tem farinha (para não usar uma metáfora escatológica aqui...) para ser lançada no vestilador? Oba, oba... Então, fiquemos na torcida pela radicalização do Arruda.
segunda-feira, 21 de julho de 2008
A sociologia e a corrupção: uma dica de leitura.
Um moralismo, via de regra rente ao senso comum, alimenta as análises sobre a corrupção no Brasil. Que esse tipo de abordagem predomine nos jornalões, vá lá, a gente até entende, mas quando cientistas sociais põem-se a escrever sobre a corrupção de forma geral e a-histórica, dá pena. Mark Granovetter, um dos mais importantes nomes da Nova Sociologia Econômica, escreveu recentemente um interessante artigo sobre o tema. Foi traduzido para o português e publicado na revista Política & Sociedade. Leia aqui o artigo.
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sexta-feira, 11 de julho de 2008
A Operação Satiagraha na leitura de Alon Feuerwerker
O Alon Feuerwerker (ex-Folha de São Paulo) é um dos melhores jornalistas brasileiros na atualidade. Os seus escritos, quase sempre, expressam análises sérias, distanciadas e críticas da realidade política nacional. Algo raro nesses tempos de alinhamento automático e de estigmatização e demonização de quem não segue cartilhas. Ele não foge à regra na análise sobre a mais recente operação da Polícia Federal. Vale a pena conferir o texto dele sobre o assunto. O título é "Interesses especialíssimos".
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