Leia abaixa um bom artigo escrito pelo jornalista Alon Feuerwerker.
Etiqueta de validade
Alon Feuwerker
É visível um certo cansaço com certa política, mas qual será a tradução da fadiga na vida real? Como será nas eleições? É razoável supor que ou essa energia será canalizada partidariamente ou vai dissipar-se
É humano certo deslumbramento com os movimentos ditos espontâneos. Eles adicionam glamour à política, pelo contraste com a crueza da realidade dela olhada sem filtros, em estado bruto. Das manifestações contra a corrupção Brasil afora até a “ocupação” de Wall Street.
O problema é que se movimentos de massa são bons para criar estados de espírito, e mesmo para bloquear parcialmente a capacidade de intervenção do Estado, como agora no Chile, não estão porém aptos a governar. A utopia do democratismo direto costuma virar do avesso quando tenta passar da fantasia à realidade.
Governar é trabalho para minorias, profissionais organizados em facções, partidos políticos. Que irão realizar a cada momento os projetos supostamente apoiados pela maioria, mas não será o governo da maioria. Será o governo segundo o suposto desejo da maioria, mas operado por uma máquina política dedicada.
Espertas são as máquinas políticas que se abrem aos movimentos sociais para alimentar-se da energia deles, mas é uma operação necessariamente datada, com vencimento.
Pois uma vez no poder a tendência se inverte e o Estado passa a usar os instrumentos tradicionais — da repressão à cooptação — para reduzir o caos, diminuir a desorganização da sinfonia.
Pode não ser muito animador, mas assim é a vida. Desde quase os primórdios. Por razões práticas. Quem ocupa as horas do dia na luta pela sobrevivência não tem como se dedicar às atividades de governo. Daí nasce a necessidade de mecanismos especializados e dedicados.
Podem ser sacerdotes ou nobres. Ou militares. Nas sociedades modernas nasceram os parlamentos, as eleições periódicas. A essência é sempre a mesma. Organizar a rotina para que a sociedade sobreviva, produzindo e reproduzindo-se em ciclos periódicos.
Daí que movimentos precisem, em algum momento, buscar sua tradução na política organizada. Nos anos 70 do século passado o sindicalismo ascendente buscava expressão partidária e o então MDB (antecessor do PMDB) ofereceu guarida. Mas Luiz Inácio Lula da Silva preferiu, após algumas experiências, trilhar o próprio caminho.
Os resultados são conhecidos.
Ontem um punhado de cidades foi novamente palco de protestos contra a corrupção, um processo que vem se desenvolvendo à margem dos partidos. Pois todos eles são de alguma forma governo. Não têm como se apresentar ao distinto público vestidos de branco imaculado.
E é natural que os manifestantes procurem apartar-se de alinhamentos partidários. Uma boa estratégia. Já ensinava Muhammad Ali: flutuar como uma borboleta e picar como uma abelha. Se se abrirem à participação organizada de partidos, transformar-se-ão em alvo fixo.
Do jeito que está, o máximo que os contramanifestantes conseguem é tentar azucrinar pelas redes sociais. Tentar ridicularizar. Uma certa confissão de impotência. E também de alguma perda de sensibilidade. E, episodicamente, de boçalidade.
Mas e os resultados? O movimento pede mudanças legislativas e reforço das atribuições de órgãos de controle. Tudo bem, mas será suficiente? As instituições não existem no éter. Quem as opera é o Estado, comandado por um governo.
É visível certo cansaço com certa política, mas qual será a tradução da fadiga na vida real? Como será nas eleições?
É razoável supor que ou a energia será canalizada partidariamente ou vai dissipar-se diante da resistência, ou da inércia, das máquinas políticas estabelecidas, aliás muito bem estabelecidas. Especialmente as governistas.
Será?
A descoberta de um complô iraniano para matar o embaixador saudita em Washington tem tudo para introduzir de vez o assunto na eleição americana do ano que vem.
Ou bem a acusação é falsa, e aí será a desmoralização dos serviços policiais e de inteligência dos Estados Unidos, ou as pressões para que a Casa Branca contenha definitivamente o Irã nuclear vão subir exponencialmente.
Barack Obama tem a cabeça de Osama bin Laden na parede como troféu. Mas será suficiente?
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sábado, 15 de outubro de 2011
segunda-feira, 26 de setembro de 2011
Danton e a corrupção
Em inspirado artigo, publicado no sempre bom jornal VALOR ECONÔMICO, Renato Janine Ribeiro assesta as suas baterias analíticas contra a corrupção. Vale a pena conferir!
Danton deveria ter roubado mais?
Autor(es): Renato Janine Ribeiro
Valor Econômico - 26/09/2011
"Danton fez bem em roubar?", pergunta Julien Sorel a sua quase-namorada, no romance mais famoso de Stendhal, "O vermelho e o negro". Matilde perguntou-lhe o que está pensando e leva um susto ao ouvir seu raciocínio: "Os revolucionários do Piemonte, da Espanha, deveriam comprometer o povo com crimes? Dar a pessoas mesmo sem mérito todos os postos do Exército? Quem os recebesse não temeria a volta do rei? Deveriam ter saqueado o tesouro de Turim? Numa palavra, senhorita - disse, aproximando-se dela com um ar terrível -, o homem que quiser expulsar da terra a ignorância e o crime deve passar como a tempestade e espalhar o mal ao acaso?"
Não é preciso concordar com Julien Sorel, que, aliás, faz uma pergunta, não uma resposta; mas quem não meditar essas palavras duras, quem não pensar a fundo o que ele diz em 1830, não vai entender a política, mesmo atual, mesmo democrática. Quem deseja expulsar o crime e a ignorância precisa causar muitos males enquanto promove o grande bem? Os fins justificam os meios? Não é isso. Porque Julien não fala de qualquer fim, mas do fim mais nobre que há: introduzir o conhecimento e o bem. No entanto, para isso, será preciso cooptar os corruptos?
Essas questões de alta literatura me vieram à mente quando me lembrei de um líder da base governista que, indignado com medidas anti-corrupção da presidente Dilma, teria dito que "ela não sabe que está brincando com fogo". Em valor literário, a diferença entre o personagem de Stendhal e o nosso é gigantesca. Mas não estarão falando de coisas parecidas - com a ressalva de que o parlamentar se empenha em vantagens sem ética, e Julien numa ética maior?
Vivemos hoje a luta entre duas grandes ideias sobre a política. A primeira vem da experiência e diz: governar e ser honesto, a um só tempo, raia o impossível. Não quero dizer que todo governante é desonesto; apenas noto que há um fator poderoso que leva, para obter maiorias, à aliança com políticos de má catadura. Curiosamente, em cada país isso se atribui a causas diferentes. Aqui, uns dizem que acabando com o presidencialismo de coalizão, adotando o voto distrital ou a lista fechada, tudo há de melhorar. Em outros países, recomenda-se o contrário. Mas, em suma, primeira convicção: governabilidade e ética não são amigas de infância. Mesmo quem não é Maquiavel, que defendia que o príncipe mantivesse a todo custo seu Estado, e se bate por valores nobres, precisa sujar as mãos. A expressão é de Sartre. Sem sujá-las, não se faz política.
Mas há uma segunda e poderosa ideia: os valores democráticos. A palavra "democracia", que no começo significava essencialmente a escolha pelo povo, fica tão rica desde a II Guerra Mundial que anexa os direitos humanos, e também os valores éticos. Combater a corrupção, a exploração das mulheres pelos homens e até a exploração do homem pelo homem tornam-se preceitos fundamentais. O problema: como ligar este ponto com o anterior? Por um lado, temos uma forte demanda ética, que deseja espraiar-se pela política e talvez nunca tenha atingido tal dimensão em regime democrático. Talvez. Por outro, queremos dos governos que nos deem ou ao menos nos permitam prosperidade. Estamos divididos, os cidadãos, entre o conforto e a ética. Derrubamos Collor em nome da "ética na política", mas ele não teria caído caso seu governo desse bons frutos. Se caiu, foi porque tinha pouco apoio nos partidos e porque não efetuou o salto para o Primeiro Mundo, que prometera na campanha.
Resumindo, vivemos em dilemas. Do ponto de vista do cidadão, quer-se ética - nem sempre por razões éticas, mas também porque, se todos andarem pelo acostamento, a estrada trava. Mas o mesmo cidadão deseja conforto, prosperidade, uma fatia maior do PIB. Rachado entre os princípios morais e a ambição pela prosperidade, nem sempre crava a escolha na ética, que pode exigir renúncia, sacrifício e derrota. Não é à toa que uns chamam de "ético" quem, para outros, é um perdedor.
Já do ponto de vista do governante, e penso na presidente que mostra menos complacência com a corrupção desde Itamar Franco, a escolha também é difícil. Alguns analistas a condenam ora porque lhe falta jogo de cintura, ora porque demora a demitir acusados de corrupção. Mas jogo de cintura é, nove vezes em dez, complacência com os malfeitos! É esse o seu dilema e o de muitos governantes decentes. O que fazem então os governos? Exceto quando são essencialmente corruptos, procuram manter a flexibilização da ética longe do cerne do poder. Tentam preservar o centro do governo. Vejam o curiosíssimo instituto das emendas parlamentares à lei orçamentária. Duas décadas atrás, José Serra propôs que o orçamento fosse aprovado sem nenhuma emenda. Isso era tão absurdo quanto são as emendas parlamentares de hoje. A democracia surge na Inglaterra com o poder, dos eleitos do povo, de votar e rejeitar impostos e despesas. Aprovar o orçamento é o apogeu desse ritual democrático, quando a sociedade decide o que é prioritário e o que não é. Os Estados Unidos conservam isso, tanto que no governo Clinton ficaram um dia sem orçamento e o governo federal, literalmente, fechou. Mas aqui, se o Parlamento não vota o orçamento, ele é assim mesmo executado. E muitas das emendas, que Serra condenava, são penduricalhos pelos quais o parlamentar atende sua base para conseguir se reeleger - algumas delas, sem necessidade sequer para sua base.
Há saída para esses dilemas? Espero que sim. Mas notem que são dois dilemas. Um é do governo, outro dos cidadãos. Não basta cobrar do governo, se os cidadãos não cobrarem ética de si mesmos.
Renato Janine Ribeiro é professor titular de ética e filosofia política na Universidade de São Paulo. Escreve às segundas-feiras
Danton deveria ter roubado mais?
Autor(es): Renato Janine Ribeiro
Valor Econômico - 26/09/2011
"Danton fez bem em roubar?", pergunta Julien Sorel a sua quase-namorada, no romance mais famoso de Stendhal, "O vermelho e o negro". Matilde perguntou-lhe o que está pensando e leva um susto ao ouvir seu raciocínio: "Os revolucionários do Piemonte, da Espanha, deveriam comprometer o povo com crimes? Dar a pessoas mesmo sem mérito todos os postos do Exército? Quem os recebesse não temeria a volta do rei? Deveriam ter saqueado o tesouro de Turim? Numa palavra, senhorita - disse, aproximando-se dela com um ar terrível -, o homem que quiser expulsar da terra a ignorância e o crime deve passar como a tempestade e espalhar o mal ao acaso?"
Não é preciso concordar com Julien Sorel, que, aliás, faz uma pergunta, não uma resposta; mas quem não meditar essas palavras duras, quem não pensar a fundo o que ele diz em 1830, não vai entender a política, mesmo atual, mesmo democrática. Quem deseja expulsar o crime e a ignorância precisa causar muitos males enquanto promove o grande bem? Os fins justificam os meios? Não é isso. Porque Julien não fala de qualquer fim, mas do fim mais nobre que há: introduzir o conhecimento e o bem. No entanto, para isso, será preciso cooptar os corruptos?
Essas questões de alta literatura me vieram à mente quando me lembrei de um líder da base governista que, indignado com medidas anti-corrupção da presidente Dilma, teria dito que "ela não sabe que está brincando com fogo". Em valor literário, a diferença entre o personagem de Stendhal e o nosso é gigantesca. Mas não estarão falando de coisas parecidas - com a ressalva de que o parlamentar se empenha em vantagens sem ética, e Julien numa ética maior?
Vivemos hoje a luta entre duas grandes ideias sobre a política. A primeira vem da experiência e diz: governar e ser honesto, a um só tempo, raia o impossível. Não quero dizer que todo governante é desonesto; apenas noto que há um fator poderoso que leva, para obter maiorias, à aliança com políticos de má catadura. Curiosamente, em cada país isso se atribui a causas diferentes. Aqui, uns dizem que acabando com o presidencialismo de coalizão, adotando o voto distrital ou a lista fechada, tudo há de melhorar. Em outros países, recomenda-se o contrário. Mas, em suma, primeira convicção: governabilidade e ética não são amigas de infância. Mesmo quem não é Maquiavel, que defendia que o príncipe mantivesse a todo custo seu Estado, e se bate por valores nobres, precisa sujar as mãos. A expressão é de Sartre. Sem sujá-las, não se faz política.
Mas há uma segunda e poderosa ideia: os valores democráticos. A palavra "democracia", que no começo significava essencialmente a escolha pelo povo, fica tão rica desde a II Guerra Mundial que anexa os direitos humanos, e também os valores éticos. Combater a corrupção, a exploração das mulheres pelos homens e até a exploração do homem pelo homem tornam-se preceitos fundamentais. O problema: como ligar este ponto com o anterior? Por um lado, temos uma forte demanda ética, que deseja espraiar-se pela política e talvez nunca tenha atingido tal dimensão em regime democrático. Talvez. Por outro, queremos dos governos que nos deem ou ao menos nos permitam prosperidade. Estamos divididos, os cidadãos, entre o conforto e a ética. Derrubamos Collor em nome da "ética na política", mas ele não teria caído caso seu governo desse bons frutos. Se caiu, foi porque tinha pouco apoio nos partidos e porque não efetuou o salto para o Primeiro Mundo, que prometera na campanha.
Resumindo, vivemos em dilemas. Do ponto de vista do cidadão, quer-se ética - nem sempre por razões éticas, mas também porque, se todos andarem pelo acostamento, a estrada trava. Mas o mesmo cidadão deseja conforto, prosperidade, uma fatia maior do PIB. Rachado entre os princípios morais e a ambição pela prosperidade, nem sempre crava a escolha na ética, que pode exigir renúncia, sacrifício e derrota. Não é à toa que uns chamam de "ético" quem, para outros, é um perdedor.
Já do ponto de vista do governante, e penso na presidente que mostra menos complacência com a corrupção desde Itamar Franco, a escolha também é difícil. Alguns analistas a condenam ora porque lhe falta jogo de cintura, ora porque demora a demitir acusados de corrupção. Mas jogo de cintura é, nove vezes em dez, complacência com os malfeitos! É esse o seu dilema e o de muitos governantes decentes. O que fazem então os governos? Exceto quando são essencialmente corruptos, procuram manter a flexibilização da ética longe do cerne do poder. Tentam preservar o centro do governo. Vejam o curiosíssimo instituto das emendas parlamentares à lei orçamentária. Duas décadas atrás, José Serra propôs que o orçamento fosse aprovado sem nenhuma emenda. Isso era tão absurdo quanto são as emendas parlamentares de hoje. A democracia surge na Inglaterra com o poder, dos eleitos do povo, de votar e rejeitar impostos e despesas. Aprovar o orçamento é o apogeu desse ritual democrático, quando a sociedade decide o que é prioritário e o que não é. Os Estados Unidos conservam isso, tanto que no governo Clinton ficaram um dia sem orçamento e o governo federal, literalmente, fechou. Mas aqui, se o Parlamento não vota o orçamento, ele é assim mesmo executado. E muitas das emendas, que Serra condenava, são penduricalhos pelos quais o parlamentar atende sua base para conseguir se reeleger - algumas delas, sem necessidade sequer para sua base.
Há saída para esses dilemas? Espero que sim. Mas notem que são dois dilemas. Um é do governo, outro dos cidadãos. Não basta cobrar do governo, se os cidadãos não cobrarem ética de si mesmos.
Renato Janine Ribeiro é professor titular de ética e filosofia política na Universidade de São Paulo. Escreve às segundas-feiras
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terça-feira, 28 de dezembro de 2010
Tão perto do céu, tão longe de Deus...
É com a frase do título do post que alguns mexicanos definem o seu país. Com uma história rica e permeado por conflitos de alta voltagem, o México enfrenta, hoje, o desafio provocado pelo crescimento do narcotráfico. Na verdade, o tráfico de drogas está fortemente enraizado em muitos setores da sociedade do pais. Tanto assim que a lógica da "guerra contra as drogas" no país parece ter mais efeitos colaterais do que desejáveis.
Nós, brasileiros, também lidamos com o problema do narcotráfico. E, por isso mesmo, podemos aprender alguma coisa e tirar algumas lições do terrível cenário mexicano. Daí que, sempre que posso, transcrevo aqui informações sobre a situação mexicana. Hoje, reproduzo abaixo artigo de autoria de Ignácio Ramonet sobre a guerra contra as drogas. O texto foi publicado inicialmente no Le Monde. A tradução para o português é de responsabilidade do EX-BLOG DO CÉSAR MAIA. Foi neste último que o capturei o que segue. Boa leitura!
MÉXICO: UM ESTADO ENCURRALADO ENTRE TRÁFICO, ZETAS, POLÍCIA, EXÉRCITO, MILÍCIAS, DEA!
Trecho do artigo de Ignacio Ramonet (21), no Le Monde Diplomatique.
1. Há uma guerra interna no México. Ou melhor, três guerras. Numa delas, diferentes cartéis do narcotráfico combatem pelo controle territorial; em outra, grupos Zetas (organizações mafiosas, constituídas por ex-militares e antigos policiais) especializam-se em sequestros e extorsões contra a população; a terceira provém da opressão e abusos cometidos pelos militares e forças especiais contra os civis. Nessas guerras, o número de mortos provocados por elas desde 2003 chega próximo dos 30 mil.
2. O México parece cada vez mais com um “Estado encurralado”, preso em uma armadilha mortal. Todos os tipos de agressores armados desfilam pelo país: as forças especiais do exército e os comandos de elite da polícia; bandos de paramilitares e para-policiais; clãs de assassinos e gangues de todos os tipos; agentes norte-americanos da FBI, CIA e da DEA; e por fim os Zetas, que persistem na perseguição dos imigrantes latino-americanos, na travessia em direção aos Estados Unidos.
3. A cada ano, cerca de 500 mil latino-americanos atravessam o México em direção ao “paraíso norte-americano”, mas antes de alcançá-lo, seu percurso assemelha-se ao inferno. Ataques sucessivos de hordas predatórias depenam-nos no decorrer da trilha, com roubos, sequestros, violações… Oito mulheres entre dez são vítimas de abusos sexuais; grande parte delas é transformada em “serventes escravizadas” por bandos criminais, ou contratadas como prostitutas. Centenas de crianças são arrancadas de seus pais e obrigadas a trabalhar nos campos clandestinos de maconha.
4. Milhares de imigrantes são sequestrados e para liberá-los, os Zetas exigem de suas famílias o pagamento de um “regaste”. “Para as organizações criminais é mais fácil sequestrar durante alguns dias alguns desconhecidos em troca de 300 a 1500 dólares cada um, que correr o risco de sequestrar um grande patrão.” Se ninguém é capaz de pagar o regaste dos sequestrados, eles são simplesmente liquidados.
5. Cada célula dos Zetas possui seu próprio carrasco, muitas vezes responsável pela decapitação e esfolamento dos corpos das vítimas, até por queimá-los dentro de barris metálicos. No decorrer da última década, cerca de 60 mil imigrantes ilegais, cujos familiares não puderam quitar o resgate, “desapareceram” dessa forma…
6. Por outro lado, o governo de Obama considera que o banho de sangue que submerge o México ameaça ser um grande perigo para a segurança norte-americana. A chefe da diplomacia, Hillary Clinton, não hesitou em declarar: “A ameaça que representam os narcotraficantes está crescendo; parecendo cada vez mais com a de grupos de insurgentes políticos (…) O México começa a parecer cada vez mais com a Colômbia dos anos 1980.”
7. O poder mexicano continua batendo na tecla de que nos últimos anos o viés militar foi a única solução para a desordem e a violência do país. Resultado: cada vez mais os cidadãos parecem concordar com as decisões dos militares diante da situação vigente… Uma solução encorajada sem dúvida pelo Pentágono, apesar de o Departamento e Estado e a Presidência do EUA manterem a velha retórica dos “princípios democráticos”.
8. São as máfias norte-americanas que tiram a maior vantagem de todo o narcotráfico latino-americano: cerca de 90% do lucro total, 45 bilhões de euros por ano… Enquanto todos os cartéis da América Latina juntos compartilham apenas os 10% restantes…
Nós, brasileiros, também lidamos com o problema do narcotráfico. E, por isso mesmo, podemos aprender alguma coisa e tirar algumas lições do terrível cenário mexicano. Daí que, sempre que posso, transcrevo aqui informações sobre a situação mexicana. Hoje, reproduzo abaixo artigo de autoria de Ignácio Ramonet sobre a guerra contra as drogas. O texto foi publicado inicialmente no Le Monde. A tradução para o português é de responsabilidade do EX-BLOG DO CÉSAR MAIA. Foi neste último que o capturei o que segue. Boa leitura!
MÉXICO: UM ESTADO ENCURRALADO ENTRE TRÁFICO, ZETAS, POLÍCIA, EXÉRCITO, MILÍCIAS, DEA!
Trecho do artigo de Ignacio Ramonet (21), no Le Monde Diplomatique.
1. Há uma guerra interna no México. Ou melhor, três guerras. Numa delas, diferentes cartéis do narcotráfico combatem pelo controle territorial; em outra, grupos Zetas (organizações mafiosas, constituídas por ex-militares e antigos policiais) especializam-se em sequestros e extorsões contra a população; a terceira provém da opressão e abusos cometidos pelos militares e forças especiais contra os civis. Nessas guerras, o número de mortos provocados por elas desde 2003 chega próximo dos 30 mil.
2. O México parece cada vez mais com um “Estado encurralado”, preso em uma armadilha mortal. Todos os tipos de agressores armados desfilam pelo país: as forças especiais do exército e os comandos de elite da polícia; bandos de paramilitares e para-policiais; clãs de assassinos e gangues de todos os tipos; agentes norte-americanos da FBI, CIA e da DEA; e por fim os Zetas, que persistem na perseguição dos imigrantes latino-americanos, na travessia em direção aos Estados Unidos.
3. A cada ano, cerca de 500 mil latino-americanos atravessam o México em direção ao “paraíso norte-americano”, mas antes de alcançá-lo, seu percurso assemelha-se ao inferno. Ataques sucessivos de hordas predatórias depenam-nos no decorrer da trilha, com roubos, sequestros, violações… Oito mulheres entre dez são vítimas de abusos sexuais; grande parte delas é transformada em “serventes escravizadas” por bandos criminais, ou contratadas como prostitutas. Centenas de crianças são arrancadas de seus pais e obrigadas a trabalhar nos campos clandestinos de maconha.
4. Milhares de imigrantes são sequestrados e para liberá-los, os Zetas exigem de suas famílias o pagamento de um “regaste”. “Para as organizações criminais é mais fácil sequestrar durante alguns dias alguns desconhecidos em troca de 300 a 1500 dólares cada um, que correr o risco de sequestrar um grande patrão.” Se ninguém é capaz de pagar o regaste dos sequestrados, eles são simplesmente liquidados.
5. Cada célula dos Zetas possui seu próprio carrasco, muitas vezes responsável pela decapitação e esfolamento dos corpos das vítimas, até por queimá-los dentro de barris metálicos. No decorrer da última década, cerca de 60 mil imigrantes ilegais, cujos familiares não puderam quitar o resgate, “desapareceram” dessa forma…
6. Por outro lado, o governo de Obama considera que o banho de sangue que submerge o México ameaça ser um grande perigo para a segurança norte-americana. A chefe da diplomacia, Hillary Clinton, não hesitou em declarar: “A ameaça que representam os narcotraficantes está crescendo; parecendo cada vez mais com a de grupos de insurgentes políticos (…) O México começa a parecer cada vez mais com a Colômbia dos anos 1980.”
7. O poder mexicano continua batendo na tecla de que nos últimos anos o viés militar foi a única solução para a desordem e a violência do país. Resultado: cada vez mais os cidadãos parecem concordar com as decisões dos militares diante da situação vigente… Uma solução encorajada sem dúvida pelo Pentágono, apesar de o Departamento e Estado e a Presidência do EUA manterem a velha retórica dos “princípios democráticos”.
8. São as máfias norte-americanas que tiram a maior vantagem de todo o narcotráfico latino-americano: cerca de 90% do lucro total, 45 bilhões de euros por ano… Enquanto todos os cartéis da América Latina juntos compartilham apenas os 10% restantes…
quarta-feira, 8 de abril de 2009
Alguma coisa está ficando fora da ordem...
Leia a matéria abaixo, publicada na edição eletrônica de hoje do sempre bom jornal espanhol El País. Realmente, parece que o Presidente Obama está construindo uma importante ponte com Cuba. E o infame bloqueio está com os seus dias contados.
Fidel Castro: "¿Cómo podemos ayudar al presidente Obama?"
Un grupo de legisladores demócratas se reúne con el líder cubano en La Habana en un nuevo gesto de distensión
Fidel Castro se ha reunido este martes en La Habana con siete congresistas estadounidenses del Partido Demócrata que han culminado una visita de cinco días a la isla en la que también se han entrevistado con el presidente Raúl Castro, quien "reiteró su disposición a dialogar sobre cualquier tema, teniendo como únicas premisas la igualdad soberana de los Estados y el absoluto respeto a la independencia nacional".
En el posterior encuentro con Fidel, el líder cubano, convalenciente desde 2006, ha preguntado a los políticos norteamericanos cómo puede ayudar desde Cuba para que Obama avance en la normalización de relaciones entre los dos países, enemigos irreconciliables desde el triunfo de la revolución cubana, según la versión ofrecida por dos de los legisladores en una rueda de prensa a su regreso a Washington.
Barbara Lee y Laura Richardson han asegurado que Castro, de 82 años, ha acudido al encuentro con un aspecto saludable y cargado de energía: "Aunque ha estado enfermo, le hemos encontrado muy saludable, enérgico y razonando con claridad", ha dicho Lee, uno de los tres legisladores que charlaron con Castro.
"Está muy pendiente de todo lo que está pasando", ha añadido Richardson, que ha explicado cómo fue el encuentro. "Cuando se acercó a nostros, nos miró a los ojos y nos preguntó: '¿Cómo podemos ayudar al presidente Obama?'".
La delegación de legisladores - la mayoría afroamericanos miembros del caucus negro - viajó a La Habana a título personal, no como enviados de Obama. Aún así, Cuba interpretó su visita como una señal de distensión. "Valoro el gesto del grupo legislativo", escribió ayer Fidel Castro en un artículo de prensa , un días después de declarar que no "temía el dialogo con Estados Unidos", informa Mauricio Vicent.
Fidel Castro: "¿Cómo podemos ayudar al presidente Obama?"
Un grupo de legisladores demócratas se reúne con el líder cubano en La Habana en un nuevo gesto de distensión
Fidel Castro se ha reunido este martes en La Habana con siete congresistas estadounidenses del Partido Demócrata que han culminado una visita de cinco días a la isla en la que también se han entrevistado con el presidente Raúl Castro, quien "reiteró su disposición a dialogar sobre cualquier tema, teniendo como únicas premisas la igualdad soberana de los Estados y el absoluto respeto a la independencia nacional".
En el posterior encuentro con Fidel, el líder cubano, convalenciente desde 2006, ha preguntado a los políticos norteamericanos cómo puede ayudar desde Cuba para que Obama avance en la normalización de relaciones entre los dos países, enemigos irreconciliables desde el triunfo de la revolución cubana, según la versión ofrecida por dos de los legisladores en una rueda de prensa a su regreso a Washington.
Barbara Lee y Laura Richardson han asegurado que Castro, de 82 años, ha acudido al encuentro con un aspecto saludable y cargado de energía: "Aunque ha estado enfermo, le hemos encontrado muy saludable, enérgico y razonando con claridad", ha dicho Lee, uno de los tres legisladores que charlaron con Castro.
"Está muy pendiente de todo lo que está pasando", ha añadido Richardson, que ha explicado cómo fue el encuentro. "Cuando se acercó a nostros, nos miró a los ojos y nos preguntó: '¿Cómo podemos ayudar al presidente Obama?'".
La delegación de legisladores - la mayoría afroamericanos miembros del caucus negro - viajó a La Habana a título personal, no como enviados de Obama. Aún así, Cuba interpretó su visita como una señal de distensión. "Valoro el gesto del grupo legislativo", escribió ayer Fidel Castro en un artículo de prensa , un días después de declarar que no "temía el dialogo con Estados Unidos", informa Mauricio Vicent.
quarta-feira, 1 de abril de 2009
Tópicos da guerra contra o tráfico
Não sei se você leu matéria publicada na Folha de domingo passado sobre a violência em Ciudad Juarez, no México. Trata-se de uma reportagem de boa qualidade sobre os desdobramentos políticos e sociais da guerra contra as drogas. Neste momento, no México, a discussão sobre o melhor modelo de enfrentamento do tráfico de drogas parece algo muito retórico, pois, podemos afirmar pelas informações de que dispomos, que a guerra já se desenrola. E as mortes já se contam aos milhares. Hoje, no El País, a mesma questão é abordada. Confira abaixo!
M. Á. BASTENIER
'Narcoguerra' en México y Colombia
Colombia y México están íntimamente vinculados por el narcotráfico. Ambos países son ámbitos de producción y tránsito de droga con destino a Estados Unidos, con su formidable mercado de 35 millones de consumidores, y el asalto a las instituciones del Estado que Colombia sufría en los años ochenta y noventa parece una calcomanía de lo que hoy sucede en México. Ha habido un trasvase de mafias, una implantación de carteles de la droga de Colombia en México, porque la demanda es tal que la oferta se ubica allí donde esté el eslabón más débil. Pero los dos países no son vasos comunicantes, porque no es que el primero se vacíe para llenar el segundo, sino que México se colombianiza, sin que Bogotá se vacíe por ello del problema.
En 1982, el presidente norteamericano Ronald Reagan creó la South Florida Task Force, que destruyó los canales de distribución colombianos por mar hasta Miami, lo que dio lugar a la operación trasvase, mediante la cual los carteles colombianos comenzaron a establecer con socios locales nuevas rutas a través de México. Al mismo tiempo, el Estado colombiano comenzaba a imprimir mayor vigor a la lucha contra el narco. Bajo la presidencia de Ernesto Samper en los noventa, se dieron severos golpes al cartel de Medellín, se dice que con la colaboración de las mafias de Cali, y aunque fue esa presunta connivencia la que arruinó un prometedor mandato del que el propio presidente cuenta que se levantaba cada mañana preguntando qué fuego había que apagar, a su término, en 1998, la guerra ya no podía perderse. Andrés Pastrana y Álvaro Uribe han sido los continuadores de esa obra y, muy notablemente, este último ha apostado sus dos mandatos, y puede que un tercero, a la derrota de la narcoguerrilla, FARC, bajo cuyo amparo crece la coca.
Unos 150.000 mexicanos viven del cultivo, procesamiento y distribución de coca, opio y marihuana, y otros 300.000 operan en industrias complementarias, mientras que en Colombia se decía que uno de cada cuatro varones adultos vivía del negocio de la violencia. Las mafias actúan con impunidad en los Estados de Nuevo León, Guanajuato, Tamaulipas, Chihuahua y Veracruz, y, también como en la Colombia de Pablo Escobar, han desarrollado una red asistencial para facilitar despensas y ayudas económicas a los marginados con el objeto de crearse un escudo de opinión mientras corrompen a las autoridades. No en vano, la mafia siciliana nació en el siglo XIX para saquear el Estado, pero también fue un servicio de auxilios al pequeño campesino y jornalero contra los abusos de la propiedad latifundista.
Esa corrupción afecta hasta tal punto a la policía y los servicios de información que el presidente Felipe Calderón ha tenido que enviar al Ejército a la reconquista de Ciudad Juárez, en la frontera con Estados Unidos, donde son militares los nuevos jefes de los servicios de seguridad y operan 7.500 soldados patrullando carreteras y caminos, como hace el contingente de la OTAN en Afganistán. En esa localidad de millón y medio de habitantes, ha habido en los primeros 50 días de 2009 500 asesinatos; y desde 2006, en todo México, más de 10.000 muertes vinculadas al narco, tres veces más que las bajas de Estados Unidos en seis años de guerra en Irak.
En Colombia, la superposición de las FARC para la protección y cobro del peaje sobre el cultivo ilícito ha difuminado el panorama, de forma que combatir a la guerrilla parece que lo tapa todo, y pese a los indiscutibles éxitos militares del Estado, la extensión de los campos de coca nunca disminuye. Si mañana las FARC se autodisolvieran, la erradicación del narco se hallaría lejos de estar garantizada, porque a los antiguos carteles les han sucedido gran número de pequeños traficantes diseminados por una geografía abrupta, mal comunicada e inabarcable por un Estado que, aun habiéndose reforzado notablemente con Uribe, necesitaría más tropas de las que parece dispuesto a sufragar el capitalismo nacional.
Diríase que el presidente estadounidense, Barack Obama, sólo hubiera heredado guerras de su predecesor: contra la crisis, contra el pueblo de Irak, contra Al Qaeda y los talibanes en Afganistán y Pakistán, y en su linde meridional, contra la droga. Sellar la frontera con México exigiría seguramente muchos más hombres que el medio millón que Estados Unidos envió a Vietnam a perder una guerra. Pero sin el concurso irrestricto del vecino del norte, cuesta creer que el combate al narco pueda culminarse con éxito.
M. Á. BASTENIER
'Narcoguerra' en México y Colombia
Colombia y México están íntimamente vinculados por el narcotráfico. Ambos países son ámbitos de producción y tránsito de droga con destino a Estados Unidos, con su formidable mercado de 35 millones de consumidores, y el asalto a las instituciones del Estado que Colombia sufría en los años ochenta y noventa parece una calcomanía de lo que hoy sucede en México. Ha habido un trasvase de mafias, una implantación de carteles de la droga de Colombia en México, porque la demanda es tal que la oferta se ubica allí donde esté el eslabón más débil. Pero los dos países no son vasos comunicantes, porque no es que el primero se vacíe para llenar el segundo, sino que México se colombianiza, sin que Bogotá se vacíe por ello del problema.
En 1982, el presidente norteamericano Ronald Reagan creó la South Florida Task Force, que destruyó los canales de distribución colombianos por mar hasta Miami, lo que dio lugar a la operación trasvase, mediante la cual los carteles colombianos comenzaron a establecer con socios locales nuevas rutas a través de México. Al mismo tiempo, el Estado colombiano comenzaba a imprimir mayor vigor a la lucha contra el narco. Bajo la presidencia de Ernesto Samper en los noventa, se dieron severos golpes al cartel de Medellín, se dice que con la colaboración de las mafias de Cali, y aunque fue esa presunta connivencia la que arruinó un prometedor mandato del que el propio presidente cuenta que se levantaba cada mañana preguntando qué fuego había que apagar, a su término, en 1998, la guerra ya no podía perderse. Andrés Pastrana y Álvaro Uribe han sido los continuadores de esa obra y, muy notablemente, este último ha apostado sus dos mandatos, y puede que un tercero, a la derrota de la narcoguerrilla, FARC, bajo cuyo amparo crece la coca.
Unos 150.000 mexicanos viven del cultivo, procesamiento y distribución de coca, opio y marihuana, y otros 300.000 operan en industrias complementarias, mientras que en Colombia se decía que uno de cada cuatro varones adultos vivía del negocio de la violencia. Las mafias actúan con impunidad en los Estados de Nuevo León, Guanajuato, Tamaulipas, Chihuahua y Veracruz, y, también como en la Colombia de Pablo Escobar, han desarrollado una red asistencial para facilitar despensas y ayudas económicas a los marginados con el objeto de crearse un escudo de opinión mientras corrompen a las autoridades. No en vano, la mafia siciliana nació en el siglo XIX para saquear el Estado, pero también fue un servicio de auxilios al pequeño campesino y jornalero contra los abusos de la propiedad latifundista.
Esa corrupción afecta hasta tal punto a la policía y los servicios de información que el presidente Felipe Calderón ha tenido que enviar al Ejército a la reconquista de Ciudad Juárez, en la frontera con Estados Unidos, donde son militares los nuevos jefes de los servicios de seguridad y operan 7.500 soldados patrullando carreteras y caminos, como hace el contingente de la OTAN en Afganistán. En esa localidad de millón y medio de habitantes, ha habido en los primeros 50 días de 2009 500 asesinatos; y desde 2006, en todo México, más de 10.000 muertes vinculadas al narco, tres veces más que las bajas de Estados Unidos en seis años de guerra en Irak.
En Colombia, la superposición de las FARC para la protección y cobro del peaje sobre el cultivo ilícito ha difuminado el panorama, de forma que combatir a la guerrilla parece que lo tapa todo, y pese a los indiscutibles éxitos militares del Estado, la extensión de los campos de coca nunca disminuye. Si mañana las FARC se autodisolvieran, la erradicación del narco se hallaría lejos de estar garantizada, porque a los antiguos carteles les han sucedido gran número de pequeños traficantes diseminados por una geografía abrupta, mal comunicada e inabarcable por un Estado que, aun habiéndose reforzado notablemente con Uribe, necesitaría más tropas de las que parece dispuesto a sufragar el capitalismo nacional.
Diríase que el presidente estadounidense, Barack Obama, sólo hubiera heredado guerras de su predecesor: contra la crisis, contra el pueblo de Irak, contra Al Qaeda y los talibanes en Afganistán y Pakistán, y en su linde meridional, contra la droga. Sellar la frontera con México exigiría seguramente muchos más hombres que el medio millón que Estados Unidos envió a Vietnam a perder una guerra. Pero sin el concurso irrestricto del vecino del norte, cuesta creer que el combate al narco pueda culminarse con éxito.
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quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009
Afro-americado, acusado sem provas, está para ser executado nos EUA
Troy Davis, um afro-americano de 42 anos, está para ser executado nesses dias no estado da Geórgia, nos EUA. Pesa contra ele a acusação de ter assassinado, em 1989, um policial branco na cidade de Savanah. Ele nega veementemente a autoria do crime. Foi condenado em um tribunal no qual provas materiais não foram apresentadas. A condenação foi baseada nos depoimentos de testemunhas que, disseram depois, foram coagidas pela polícia local. Há, nesse momento, uma intensa campanha nos EUA pela suspensão dessa execução. Postei , aí abaixo, um vídeo com a campanha em defesa de Troy Davis. Assista-o e reflita sobre o significado da pena de morte.
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terça-feira, 11 de novembro de 2008
Essa mulher me dá um medo danado

Quando leio uma manchete como a que coloco abaixo, do jornal espanhol El Pais de hoje, tremo nas bases. É que tenho um pavor crônica das "verdades perfeitas" e seus defensores, os fundamentalistas. O fundamentalismo está sempre à espreita e ninguém está imune. Nem eu. Mas, cá entre nós, temo em especial o fundamentalismo cristão. Ele não é menos nefasto do que os outros mais facilmente identificáveis pela grande mídia. Caso tenha estômago, aproveite o link da manchete e lei a matéria. Depois me responda: tenho ou não razões de temer a governadora do Alasca?
Palin: "Dios me enseñará el camino hacia la Casa Blanca"
La ex candidata republicana a la vicepresidencia asegura en su primera entrevista tras las elecciones que pone su vida "en manos del creador"
Tomará que o Obama faça um bom governo, consiga a reeleição e faça os americanos deixarem essa mulher no Alasca.
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quarta-feira, 5 de novembro de 2008
A esquerda americana e a vitória de Obama

Êxtase. A palavra define bem o estado de espirito dos progressistas. A foto acima ilustra um artigo de celebração publicado no combativo The Nation. No site do conhecido jornal, destaco This election will transform American life in ways we cannot yet fully imagine, escrito por William Greider.
quinta-feira, 30 de outubro de 2008
Obama é show
Daqui, da periféria do império, estou torcendo por Obama. Mas, à parte isso, e deixando o passionalismo de lado, quando a gente assiste ao material da campanha dele, não há como não concordar, de que se trata de um "show de bola". Uma aula de marketing político. Assista e confira!
quarta-feira, 1 de outubro de 2008
Michael Moore analisa a crise.

Não vou muito com a cara do cineasta Michael Moore. Acho o gordinho simpático, mas muito, muito demagogo demais para o meu gosto. E um tanto quanto maniqueísta. Entretanto, cultivo, neste blog, um certo pluralismo. Assim, coloco abaixo, em espanhol, artigo do dito cujo "analisando" a crise das bolsas. Ou, mais precisamente, a (não) aprovação da lei proposta por Bush, o pacote, para salvar o "mercado". Trata-se de matéria publicada no Página 12 de hoje. Vale a pena conferir!
Nos quieren meter miedo
Michael Moore
Todos decían que la ley sería aprobada. Los expertos del universo ya estaban haciendo reservas para celebrar en los mejores restaurantes de Manhattan. Los compradores personales en Dallas y Atlanta fueron despachados para hacer los primeros regalos de Navidad. Los Hombres Locos de Chicago y Miami estaban descorchando botellas y brindando entre ellos mucho antes del desayuno.
Pero lo que no sabían era que cientos de miles de estadounidenses se despertaron ayer a la mañana y decidieron que era tiempo de rebelarse. Los políticos no la vieron venir. Millones de llamadas telefónicas y correos electrónicos golpearon al Congreso tan fuerte como si Marshall Dillon (Comisario Dillon, personaje de una serie) y Elliot Ness hubieran descendido en Washington D.C. para detener los saqueos y arrestar a los ladrones.
La Corporación del Crimen del Siglo fue detenida por 228 votos contra 205. Fue raro e histórico; nadie podía recordar un momento cuando una ley apoyada por el presidente y el liderazgo de ambos partidos fuera derrotada. Eso nunca sucede. Mucha gente se está preguntando por qué el ala derecha del Partido Republicano se unió al ala izquierda del Partido Demócrata para votar en contra del robo. Cuarenta por ciento de los demócratas y dos tercios de los republicanos votaron en contra de la ley.
Esto es lo que sucedió:
La carrera presidencial puede estar todavía muy pareja en las encuestas, pero las carreras en el Congreso están señalando una victoria aplastante para los demócratas. Pocos discuten la predicción de que los republicanos van a recibir una paliza el 4 de noviembre. Hasta 30 bancas republicanas en la Cámara de Representantes se perderían en lo que sería un increíble repudio a su agenda. Los representantes del oficialismo tienen tanto miedo de perder sus bancas, que cuando apareció esta “crisis financiera” hace dos semanas, se dieron cuenta que habían entregado su única oportunidad de separarse de Bush antes de la elección, mientras hacían algo que los hiciera parecer como que estaban del lado de “la gente”.
Estaba mirando ayer C-Span, una de las mejores comedias que he visto en años. Ahí estaban, un republicano después de otro que habían apoyado la guerra y hundido al país en una deuda record, que habían votado para matar cualquier regulación que hubiera mantenido a Wall Street en control —¡ahí estaban, lamentándose y defendiendo al hombrecito común!—. Uno tras otro se pararon en el micrófono de la Cámara baja y tiraron a Bush bajo el ómnibus, bajo el tren (aunque habían votado por quitarles los subsidios a los trenes también), diablos, lo hubieran tirado bajo la aguas crecientes de Lower Ninth Ward (barrio de Nueva Orleans) si hubieran podido conjurar otro huracán.
Los 95 valientes demócratas que rompieron con Barney Frank y Chris Dodd era los héroes reales, igual a aquellos pocos que se pararon y votaron en contra de la guerra en octubre de 2002. Miren los comentarios de ayer de los republicanos Marcy Kaptur, Sheila Jackson Lee, y Dennis Kucinich. Dijeron la verdad. Los demócratas que votaron por el paquete lo hicieron en gran parte porque estaban temerosos de las amenazas de Wall Street, que si los ricos no recibían su dádiva, los mercados enloquecerían y entonces adiós a las pensiones que dependen de las acciones y adiós a los fondos de retiro. ¿Y adivinen qué? ¡Eso es exactamente lo que hizo Wall Street! La caída más grande de un solo día en el Dow en la historia de la Bolsa de Valores de Nueva York. Anoche los nuevos presentadores de televisión lo gritaban: ¡los estadounidenses acaban de perder 1,2 billón de dólares en la Bolsa! ¡Es el Pearl Harbour financiero! ¡Se cae el cielo! ¡Gripe aviar! Por supuesto, la gente cuerda sabe que nadie “perdió” nada ayer, que los valores suben y bajan y que esto también pasará porque lo ricos comprarán ahora que están bajos, los sostendrán, luego los venderán, y luego comprarán nuevamente cuando estén bajos. Pero por ahora, Wall Street y su brazo de propaganda (las redes y los medios que poseen) continuarán tratando de meternos miedo. Será más difícil conseguir un préstamo. Algunas personas perderán sus empleos. Una débil nación de peleles no durará mucho bajo esta tortura. ¿O sí podremos?
Esto es lo que creo: el liderazgo democrático en la Cámara baja esperaba secretamente todo el tiempo que esta pésima ley fracasara. Con las propuestas de Bush hechas añicos, los demócratas sabían que entonces podían escribir su propia ley que favorece al promedio de los estadounidenses y no al 10 por ciento más rico que está esperando otro lingote de oro. De manera que la pelota está en la manos de la oposición. El revólver de Wall Street todavía le apunta a la cabeza. Antes que den el próximo paso, déjenme decirle lo que los medios silenciaron mientras se debatía esta ley:
1. La ley de salvataje NO tiene provisiones para el llamado grupo de supervisión que iba a monitorear los gastos de Wall Street de los 700.000 millones;
2. NO consideraba multas, sanciones o prisión para ningún ejecutivo que pudiera robar algo del dinero del pueblo;
3. NO hizo nada para obligar a los bancos y a los prestamistas a reescribir las hipotecas del pueblo para evitar ejecuciones ¡Esta ley no hubiera detenido ni UNA ejecución!
4. En toda la legislación NO había nada ejecutable, usando palabras como “sugerido” cuando se referían a que se le devolviera el dinero del rescate al gobierno;
5. Más de 200 economistas escribieron al Congreso y dijeron que esta ley podría empeorar la “crisis financiera y causar aún MAS de una caída.
Es hora que nuestro lado establezca claramente las leyes que nosotros queremos pasar.
Traducción: Celita Doyhambéhére.
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