Mostrando postagens com marcador narcotráfico. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador narcotráfico. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

O narcotráfico ameaça a vida política e social latino-americana

Matéria publicada no sempre muito bom VALOR ECONÔMICO aborda a temática. Transcrevo parte do material mais aí abaixo. Peguei-no no blog LEITURAS DO FAVRE (espaço que você deve visitar diariamente, pois, lá, você encontra uma compilação de matérias interessantes publicadas na nossa imprensa.

América Latina está sob crescente ameaça das drogas
Por John Paul Rathbone e Adam Thomson Financial Times – VALOR


Em meio à alta vertiginosa dos preços das commodities na década passada, são notáveis duas exceções: a heroína e a cocaína.

Os dois produtos têm desafiado a inflação de maneiras que somente os microprocessadores para computadores conseguem igualar: os narcóticos estão mais baratas, em termos reais, do que há 20 anos. Esse é apenas um exemplo de um fracasso mundial nas tentativas de limitar a oferta de drogas ilegais. Embora a luta tenha custado bilhões de dólares e milhares de vidas, o comércio – e seus efeitos sobre aqueles que usam os produtos -, pouco diminuiu. A produção cresceu e o consumo mundial acompanhou a produção. De estimados 272 milhões usuários de drogas ilegais em todo o mundo, cerca de 250 mil consumidores perdem a vida a cada ano.

Os EUA continuam sendo o maior mercado mundial de drogas e a Europa está avançando rapidamente. É cada vez mais aceito que a política de proibição conhecida como “guerra às drogas” desfechada 40 anos atrás pelo presidente americano Richard Nixon “fracassou” – como afirma inequivocamente recente relatório da Comissão Mundial para Políticas Antidrogas -endossado por três ex-presidentes latino-americanos, um ex-secretário-geral da ONU e um ex-presidente do Fed (Federal Reserve, banco central dos EUA).

ONU estima que o lucro anual dos traficantes com a venda de cocaína no mundo chega a US$ 85 bilhões

Isso está criando ansiedade em Washington e outras capitais ocidentais. Mas, na América Latina, maior centro de produção e comercialização, as consequências desse fracasso continuam a crescer. Na América Central, os níveis de violência são piores, segundo algumas estimativas, do que no Afeganistão ou no Iraque.

A paz social e política está sob ameaça. “Um tsunami de tráfico de drogas abateu-se sobre a região”, diz Kevin Casas-Zamora, ex-vice-presidente da Costa Rica. Para o general Douglas Fraser, chefe do Comando Sul dos EUA, o crime organizado alimentado pelo tráfico de drogas é a mais grave ameaça na América Central.

Pouca gente sugere que a região esteja prestes a se tornar uma coleção de narco-Estados com governos usurpados pelos cartéis, mas esse é um risco para a Guatemala, Honduras e El Salvador, o mais gravemente afligido entre os países da América Central. A maioria das economias de um continente antes associado a dívidas externas e hiperinflação registra substancial crescimento econômico. Enquanto países desenvolvidos estão atolados em alto endividamento e baixo crescimento, a América Latina tornou-se um motor da economia mundial. Mas a maioria das democracias latino-americanas é jovem. O México, segunda maior economia na América Latina, fez sua transição democrática apenas dez anos atrás, o Brasil, a maior, há apenas 25 anos. Isso torna esses países particularmente vulneráveis à corrupção e à violência.

Pelo menos ficaram no passado os dias em que os países eram “certificados” pelos EUA com base em sua capacidade de reduzir a produção de drogas. A maconha é agora o maior plantio comercial na Califórnia, com vendas estimadas de US$ 14 bilhões por ano.

Mesmo assim, o Ocidente continua a impor considerável pressão sobre a região. Os latino-americanos têm suas próprias muito fortes razões para fortalecer o Estado de direito. Os benefícios econômicos e políticos “seriam enormes”, diz Agustín Carstens, presidente do Banco Central do México. O Banco Mundial estima que o custo do crime e da violência na América Central equivale a 8% de seu Produto Interno Bruto (PIB).

Mas muita gente na região cansou da abordagem tradicional, centrada em criminalização e repressão, mas que produziu escassos resultados. Com efeito, o consumo local de drogas está aumentando; o uso de cocaína na América Latina agora está quase igual ao nível europeu, embora ainda seja metade do americano.

Em primeiro lugar, a intensidade da violência que sempre eclipsa o comércio e as tentativas para controlá-la são grotescas: decapitação, desmembramento e chacina aleatória de inocentes. El Salvador, o país mais sangrento na região, registrou 71 homicídios por 100 mil habitantes em 2010, segundo estatísticas nacionais; no Brasil foram 25. Nos EUA, a taxa de homicídios foi inferior a seis; na Europa, não chegou a dois.

Em segundo lugar, combater traficantes pressiona países carentes de recursos que o mundo desenvolvido assume como universais. O continente continua a ser uma das regiões mais desiguais do mundo. Mesmo no México, membro da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o governo define sua taxa de pobreza em 46%.

Terceiro, essa luta cria, nas instituições repressivas, tensões que não conseguem suportar. O serviço policial mexicano foi efetivamente “balcanizado” pela Constituição, de modo que existem forças distintas para os 32 Estados do país e para cada um dos seus 2,3 mil municípios. Em algumas forças policiais na América Central, os agentes da lei têm de comprar munição com seu próprio dinheiro.

Muitas instituições em nações mais ricas sofreriam dificuldades se confrontadas com uma operação transnacional sofisticada que, de acordo com estimativas da ONU, gera US$ 85 bilhões anuais em lucros apenas com a cocaína – o equivalente a seis vezes o lucro da Coca-Cola no ano passado.

“O combate à corrupção e à droga é semelhante ao uso de uma borracha de má qualidade”, diz Malcolm Deas, da Universidade de Oxford, um historiador especializado em temas colombianos que tem assessorado presidentes desse país. “A borracha sempre fica suja e uns pedacinhos dela esfarelam.”

Em todo o mundo, está emergindo o reconhecimento de que as políticas proibicionistas do século passado não funcionaram e que, enquanto as drogas permanecerem ilegais e, portanto, fornecidas por empreendedores criminosos, é improvável que tais políticas sejam eficazes.

Até mesmo a presença de 100 mil dos soldados mais bem treinados pouco serviu para ajudar a estancar o fluxo de opiáceos provenientes do Afeganistão, que responde por cerca de dois terços da produção mundial de heroína. Mau tempo e pragas nas culturas contribuíram mais para reduzir a oferta, no ano passado, do que quaisquer esforços das tropas da Otan ou da polícia afegã.

Quanto à América Latina, a única história de sucesso até agora é a da Colômbia, e apenas quando aferida por uma queda do número de homicídios, mas não pelo volume exportado de drogas ilegais. Além disso, o sucesso de Bogotá deu-se graças a condições irreproduzíveis em outros lugares.

Primeiro, houve um grande afluxo de fundos dos EUA. Os US$ 6 bilhões gastos com o atual programa de ajuda ao Plano Colômbia, de combate ao narcotráfico e à insurgência, totalizam cerca de 6% do PIB da Colômbia em 2000 (ano em que o esquema começou). Por outro lado, a iniciativa americana equivalente no México soma US$ 1,4 bilhão, menos de 0,2% do PIB mexicano em 2010.

Em segundo lugar, nos 20 anos passados, Bogotá empreendeu um esforço sustentado e quase sobre-humano à custa das vidas de um número elevado de policiais e juízes. Bogotá beneficiou-se do fato de sua polícia ser unificada, quando começou a enfrentar seriamente o problema do crime organizado, algo inexistente em muitos outros países. “Se as forças policiais estão fracionadas, o narcotraficantes simplesmente as atacam seletivamente”, enfatiza o general Oscar Naranjo, comandante da polícia colombiana.

Em terceiro lugar, os EUA e a Europa disponibilizaram treinamento e apoio de inteligência no terreno, na Colômbia, o que seria impraticável na maioria da América Latina. Quando Álvaro Uribe, então presidente da Colômbia, aceitou, em 2009, autorizar os militares americanos a usar bases aéreas no país para ajudar as forças locais a caçar traficantes, isso provocou, em toda a região, protestos contra o “imperialismo ianque”. A Constituição do México proíbe que tropas estrangeiras operem no país, embora um pequeno número de militares aposentados do Exército dos EUA tenham sido recentemente mobilizados para lá para contornar tais obstáculos legais, segundo o “The New York Times”.

Finalmente, mesmo quando a repressão tem êxito, isso simplesmente exporta o caos para outros países. “Quanto mais sucesso temos com a interdição, mais o crime organizado vai para outros lugares”, diz Laura Chinchilla, presidente da Costa Rica.

Cada vez mais pessoas, e não apenas libertários e hippies, defendem uma reconsideração radical da política antidrogas. Os EUA, por exemplo, foram capazes de ignorar os piores efeitos do seu problema por muitos anos. Na prática, a atitude era de que, enquanto não houvesse bombas explodindo ou balas voando em Washington, Nova York ou Los Angeles, a violência não importava. Mas, num mundo mais globalizado, Washington está cada vez mais na defensiva – e defronta-se com a possibilidade de a violência atravessar a fronteira.

Não há clareza sobre que medidas deveriam ser tomadas. É pouco provável que mais dinheiro seja investido contra o problema, tendo em vista a condição das finanças americanas. Campanhas de prevenção contra o uso de drogas também não deram resultados satisfatórios. Elas “têm boa relação custo-benefício, porém não são muito eficazes”, destaca Mark Kleiman, um professor da UCLA, e autor do recentemente publicado “Drugs and Drug Policy: What Everyone Needs to Know”. O debate sobre a legalização está atolado em temores legítimos sobre o risco de crescimento das taxas de dependência.

Uma alternativa promissora, e barata, seria estrangular o fluxo de armas dos EUA para o sul. O presidente colombiano, Juan Manuel Santos, lamentou recentemente o fato de que revólveres desmontados podem ser despachados pela Fedex para seu país. No México, 70% das armas apreendidas vêm dos EUA. No entanto, esse debate nunca decola devido à posição de muitos americanos que invocam o direito constitucional de portar armas. Como disse Calderón, em visita a Washington em março: “Eu respeito a Segunda Emenda, mas pedimos: ‘não vendam armas a criminosos mexicanos’”.

Algumas autoridades na região acreditam que, enquanto elas tomam medidas contra o problema, o Ocidente parece menos disposto a fazer sacrifícios. O México, por exemplo, iniciou reformas, em sua polícia, que exigirão mudanças constitucionais, ao passo que nos EUA a proibição às vendas de fuzis semiautomáticos, que expirou em 2004, ainda não voltou a vigorar. Muitos acreditam que o Ocidente também fracassou no combate à lavagem de dinheiro. Como observou Carlos Slim, magnata mexicano das telecomunicações: “É injusto que os países produtores de drogas fiquem com todos os problemas e que os países consumidores fiquem com os lucros”.

Não há solução mágica capaz de resolver o problema das drogas. Porém muitos na região acreditam que, quanto mais tempo os países ocidentais se abstiverem de assumir um papel significativo na redução da violência associada às tentativas de frear o desejo de seus cidadãos de consumir drogas ilícitas, mais se tornará evidente que eles têm sangue em suas mãos. Forças de segurança e traficantes envolveram-se numa espécie de “corrida armamentista”, diz o relatório GCDP. “É preciso romper o tabu sobre o debate e reformas. A hora de agir é agora".

terça-feira, 21 de junho de 2011

O fracasso da “guerra contra as drogas”

A política de guerra contra as drogas, concebida pelo reaganismo no começo da década de 1980, custou bilhões de dólares, milhares de vidas e destruiu projetos de vida e de comunidade. Alguém ganha muito com isso. Assim como a delinqüência, o narcotráfico também está enredado nas teias da ordem, sendo manipulado (e, não raro, também a manipulando) por ela. Não por acaso, muitos dos falcões anti-drogas, como se vê não apenas no México, em algum momento, estiveram de braços dados com os barões do comércio de drogas.

A sociedade se movimenta. E isso é muito bom. Há limitações, claro, mas, aos poucos, vamos nos dando conta de que a guerra contra as drogas foi se transformando em um aríete neoliberal para a guerra contra os consumidores de drogas, suas famílias e suas comunidades.

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Tão perto do céu, tão longe de Deus...

É com a frase do título do post que alguns mexicanos definem o seu país. Com uma história rica e permeado por conflitos de alta voltagem, o México enfrenta, hoje, o desafio provocado pelo crescimento do narcotráfico. Na verdade, o tráfico de drogas está fortemente enraizado em muitos setores da sociedade do pais. Tanto assim que a lógica da "guerra contra as drogas" no país parece ter mais efeitos colaterais do que desejáveis.

Nós, brasileiros, também lidamos com o problema do narcotráfico. E, por isso mesmo, podemos aprender alguma coisa e tirar algumas lições do terrível cenário mexicano. Daí que, sempre que posso, transcrevo aqui informações sobre a situação mexicana. Hoje, reproduzo abaixo artigo de autoria de Ignácio Ramonet sobre a guerra contra as drogas. O texto foi publicado inicialmente no Le Monde. A tradução para o português é de responsabilidade do EX-BLOG DO CÉSAR MAIA. Foi neste último que o capturei o que segue. Boa leitura!


MÉXICO: UM ESTADO ENCURRALADO ENTRE TRÁFICO, ZETAS, POLÍCIA, EXÉRCITO, MILÍCIAS, DEA!

Trecho do artigo de Ignacio Ramonet (21), no Le Monde Diplomatique.

1. Há uma guerra interna no México. Ou melhor, três guerras. Numa delas, diferentes cartéis do narcotráfico combatem pelo controle territorial; em outra, grupos Zetas (organizações mafiosas, constituídas por ex-militares e antigos policiais) especializam-se em sequestros e extorsões contra a população; a terceira provém da opressão e abusos cometidos pelos militares e forças especiais contra os civis. Nessas guerras, o número de mortos provocados por elas desde 2003 chega próximo dos 30 mil.

2. O México parece cada vez mais com um “Estado encurralado”, preso em uma armadilha mortal. Todos os tipos de agressores armados desfilam pelo país: as forças especiais do exército e os comandos de elite da polícia; bandos de paramilitares e para-policiais; clãs de assassinos e gangues de todos os tipos; agentes norte-americanos da FBI, CIA e da DEA; e por fim os Zetas, que persistem na perseguição dos imigrantes latino-americanos, na travessia em direção aos Estados Unidos.

3. A cada ano, cerca de 500 mil latino-americanos atravessam o México em direção ao “paraíso norte-americano”, mas antes de alcançá-lo, seu percurso assemelha-se ao inferno. Ataques sucessivos de hordas predatórias depenam-nos no decorrer da trilha, com roubos, sequestros, violações… Oito mulheres entre dez são vítimas de abusos sexuais; grande parte delas é transformada em “serventes escravizadas” por bandos criminais, ou contratadas como prostitutas. Centenas de crianças são arrancadas de seus pais e obrigadas a trabalhar nos campos clandestinos de maconha.

4. Milhares de imigrantes são sequestrados e para liberá-los, os Zetas exigem de suas famílias o pagamento de um “regaste”. “Para as organizações criminais é mais fácil sequestrar durante alguns dias alguns desconhecidos em troca de 300 a 1500 dólares cada um, que correr o risco de sequestrar um grande patrão.” Se ninguém é capaz de pagar o regaste dos sequestrados, eles são simplesmente liquidados.

5. Cada célula dos Zetas possui seu próprio carrasco, muitas vezes responsável pela decapitação e esfolamento dos corpos das vítimas, até por queimá-los dentro de barris metálicos. No decorrer da última década, cerca de 60 mil imigrantes ilegais, cujos familiares não puderam quitar o resgate, “desapareceram” dessa forma…

6. Por outro lado, o governo de Obama considera que o banho de sangue que submerge o México ameaça ser um grande perigo para a segurança norte-americana. A chefe da diplomacia, Hillary Clinton, não hesitou em declarar: “A ameaça que representam os narcotraficantes está crescendo; parecendo cada vez mais com a de grupos de insurgentes políticos (…) O México começa a parecer cada vez mais com a Colômbia dos anos 1980.”

7. O poder mexicano continua batendo na tecla de que nos últimos anos o viés militar foi a única solução para a desordem e a violência do país. Resultado: cada vez mais os cidadãos parecem concordar com as decisões dos militares diante da situação vigente… Uma solução encorajada sem dúvida pelo Pentágono, apesar de o Departamento e Estado e a Presidência do EUA manterem a velha retórica dos “princípios democráticos”.

8. São as máfias norte-americanas que tiram a maior vantagem de todo o narcotráfico latino-americano: cerca de 90% do lucro total, 45 bilhões de euros por ano… Enquanto todos os cartéis da América Latina juntos compartilham apenas os 10% restantes…

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

O México e nós

Perplexidade, angústia e medo. Esse sentimentos nos invadem quando tomamos conhecimento da chacina ocorrida na fronteira norte mexicana. O número de assassinados, dentre eles, parece, alguns brasileiros, aponta a importância política do enfrentamento, com conhecimento científico e decisão política, da máquina mortífera do narcotráfico.

Essa máquina, não esqueçamos!, também produz suas chacinas e massacres no Brasil. E não muito longe. Aqui mesmo em Natal, na Zona Norte da cidade, micro-cartéis produzem cenários também grostescos. E, aos poucos, a cidadania, acuada, vai se resignando em ceder partes do território e de áreas do Estado e do Mercado para os criminosos.

Confira abaixo nota publicada no EL PAÍS sobre essa realidade.

La crueldad cotidiana de los narcos mexicanos



La crueldad y el ensañamiento no tienen límites cuando de la guerra entre mafias del narcotráfico mexicano se trata. Los cadáveres de cuatro hombres jóvenes maniatados fueron hallados ayer colgando de un puente en las cercanías de la ciudad de Cuernavaca, en el Estado de Morelos. Las víctimas habían sido torturadas y mutiladas. Sus genitales y sus cabezas fueron abandonados sobre el asfalto, junto a un mensaje enviado por los sicarios a una banda rival. Una escena que ya se ha convertido en algo cotidiano.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

A queda da taxa de homicídios e o narcotráfico

Do Ex-Blog do César Maia transcrevo a matéria abaixo. Fornece dados para uma análise mais profunda. Vale a pena conferir!

HOMICÍDIOS CAEM NO SUDESTE E SUL COM DESLOCAMENTO DA EXPORTAÇÃO DE COCAÍNA PELA ÁFRICA!

César Maia

1. O uso do índice de homicídios dolosos por cem mil habitantes como indicativo de violência deve ser analisado num contexto geral de criminalidade. Sempre que há um elemento exógeno aos níveis internos de violência e este se relaciona diretamente com os homicídios dolosos, há que se avaliar essa condição para não se cometer equívocos. Foi o caso das máfias antes e, nas últimas três décadas e meia, do tráfico de drogas na América Latina.

2. A correlação do tráfico de drogas com mortes violentas é direta e a correlação com outros tipos de criminalidade é indireta. E quanto maior o índice por habitantes, maior a correlação. Se algum fato novo alterar a dinâmica do tráfico de drogas, a análise da criminalidade deve ser mais abrangente que a circunscrita às mortes violentas. Incluindo, portando, os demais delitos e, em especial, Roubos e Furtos, que afetam a percepção de insegurança da população.

3. O índice de homicídios dolosos vem caindo nos últimos anos no sudeste e no sul do Brasil. Há um caso especial, que é o de S. Paulo, em que à razão geral se agrega a unificação das facções que operam no tráfico de drogas, o que acentuou a queda daquele índice. A razão geral mencionada é o deslocamento do corredor de exportação de cocaína para a Europa, que, em parte, saiu dos portos e aeroportos internacionais do Sudeste e Sul para o Nordeste.

4. Isso ocorre pela mudança da porta de entrada da cocaína na Europa, que sai da Península Ibérica e passa para a África Ocidental. Por exemplo: Guiné Bissau se transformou num narcoestado. Com isso, as plataformas por ar e por mar se deslocaram para o Nordeste, facilitadas por aeronaves e barcos de médio e pequeno porte atravessando o Atlântico.

5. Os índices de homicídios dolosos cresceram em geral no Nordeste, sendo exponenciados em cidades como Salvador e Maceió, que passaram a liderar as estatísticas entre as capitais. Recife mantém esta condição desde antes, pois seu aeroporto internacional e base portuária acompanhavam a lógica do Sudeste.

6. Por isso, ao se constatar a curva decrescente dos homicídios dolosos no Sudeste e Sul nos últimos anos, deve-se, antes de qualquer conclusão precipitada (como tem ocorrido), verificar outros indicadores, entre eles os Roubos e Furtos, que evidenciam, mais ainda que os homicídios, a exposição da população à violência e ao delito.

7. A secretaria de segurança do ERJ divulgou dias atrás, para publicação da imprensa, os números relativos a Homicídios Dolosos e mostrou a curva decrescente que vem desde quase 10 anos atrás, com oscilações eventuais. A tendência tem sido essa. De forma precipitada os números foram divulgados com manchetes favoráveis, como se houvesse uma reversão do quadro de violência. Infelizmente não foi assim. Faltaram cuidados e análise das razões e do conjunto dos indicadores

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

O marketing não vence a violência

Nos últimos tempos, especialmente nas eleições, somos bombardeados com propostas de copiar uma suposta fórmula exitosa de enfrentar a violência testada na Colômbia. Pois não é que agora, depois de tanta propaganda, os levantamentos apontam um recrudescimento do número de homicídios? Confira na matéria abaixo. O texto, traduzido do espanhol, foi-me enviado pelo Ex-Blog do César Maia.

CRESCEM OS HOMICÍDIOS EM MEDELLÍN E CALI! NÚMEROS NÃO BATEM COM A PROPAGANDA!

(El Tiempo, 04) 1. O total de assassinatos na Colômbia, em 2009, foi de 15.817 ou 32 mortes por 100 mil habitantes. Em Medellín houve um aumento de 64% e foram 1.432 homicídios (obs.: o que alcança 62 por 100 mil se for na cidade e 41 por 100 mil se for na região metropolitana). Em Cali o aumento foi de 17% alcançando 1.615 homicídios (obs.: 75 por 100 mil se for na cidade e 57 por 100 mil se for na região metropolitana). Na região do 'Valle' (obs.: onde opera o mais violento cartel de cocaína hoje e que tem Cali como capital) foram 2.997 assassinatos ou 52 por 100 mil habitantes.

2. Em essência, o narcotráfico e situações conexas, como os ajustes de contas; o controle das áreas de cultivo; os corredores para sacar a droga; e o manejo das chamadas 'ollas' ou 'plazas' nas cidades são, entre outras, as causas dos homicídios, segundo a Polícia.

3. Oito de cada dez casos de homicídios foram cometidos com armas de fogo. Dos 15.817 assassinatos, 16 por cento destes (2.467) foram provocados com arma branca. O sicariato, que se fez mais visível nas cidades por assuntos de narcotráfico, representou 6.999 mortes (44,2% do total). Outros 768 homicídios ocorreram em assaltos (4,9%), 213 por ataques de grupos armados ilegais, e 139 ocasionados por gangues emergentes. A parte das vítimas mais afetada por idade foi a compreendida entre os 18 e 32 anos. O informe da Polícia não menciona Bogotá, mas em 2009 chagaram a 1.628 (mais 11%), (obs.: 24 por 100 mil), segundo a Medicina Legal.

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Entrevista com Ignacio Cano

Ignacio Cano, professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro e pesquisador do Laboratório de Análises da Violência, da mesma instituição, é um dos mais destacados investigadores da criminalidade violenta no Brasil contemporâneo. Na edição de hoje do jornal espanhol El País, ele concede uma interessante entrevista. Nela, dentre outras coisas, posiciona-se em relação à legalização das drogas. Vale a pena conferir (em espanhol)! Acesse aqui.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Legalização das drogas: a posição corajosa do Deputado Paulo Teixeira (PT)

O Deputado Paulo Teixeira (PT-SP) tem assumido, com surpreendente coragem se levarmos em conta a média dos políticos brasileiros, a proposta de descriminalizar o uso das drogas. No vídeo abaixo, uma entrevista concedida pelo deputado ao jornalista Alon Feuerwerker. Feuerwerker, como vocês sabem, pilota um blog (Blog do Alon), é colunista do Correio Brasiliense e, de uns tempos prá cá, ancora o programa "Jogo do Poder", que é transmitido pela CNT, mas que você pode encontrar também no you tube.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Evangélicos traficantes?

Ficastes espantado? Pois não se trata de ficção, o casamento entre neopentencostais e traficantes é o mais novo dado de determinadas partes do Rio de Janeiro. Confira aqui artigo publicado na Revista Plural, da USP, tratando do assunto.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

O narcotráfico e o terror sem limites

A terrível notícia abaixo diz respeito ao México. Mas até quando estaremos fora desse cenário de horrores em que tem se transformado o México após as investidas do Governo contra os cartéis das drogas? A matéria foi publicada na edição de hoje do jornal espanhol El País.

Asesinados 16 jóvenes en un centro para toxicómanos de Ciudad Juárez
Una docena de encapuchados ha irrumpido en el edificio con una lista de sus objetivos
Madrid / Ciudad Juárez - 03/09/2009.

Una docena de hombres armados ha irrumpido esta madrugada (hora española) en un centro de rehabilitación para toxicómanos en Ciudad Juárez, en México, y ha asesinado a 16 jóvenes, recoge el diario El Universal en su edición online. Hay al menos cinco heridos en estado crítico.

Según fuentes de la fiscalía local, los hechos han ocurrido en la colonia Bella Vista, al noreste de la localidad, en un centro para el control de adicciones llamado El Aliviane donde viven más de 50 personas.

Varios testigos han asegurado que un grupo de por lo menos 12 hombres encapuchados ha entrado en el centro con una lista de sus objetivos, y tras identificarlos, han sido puestos en fila en un pasillo y fusilados.

Segundo caso en 2009

Hasta el lugar se han desplazado varias ambulancias de la Cruz Roja para atender a los heridos, y llevarlos a hospitales. En el traslado, las ambulancias han sido custodiadas por soldados del Ejército mexicano y agentes federales.

Este es el segundo caso en lo que va de año en que hombres armados entran en un centro de rehabilitación de drogadictos en Ciudad Juárez para asesinar a varios internos.



segunda-feira, 25 de maio de 2009

Uma viagem ao mercado de armas

Leia mais abaixo matéria publicada no El País a respeito do impacto devastador do comércio de armas na vida política e social desta sofrida latino-américa.

Las armas ilegales desangran Latinoamérica
Más de 140.000 personas mueren tiroteadas cada año en la región - Los 'narcos' han reemplazado a las guerrillas en el negocio - Nicaragua es un gran punto de entrada
FERNANDO GUALDONI / JAVIER LAFUENTE - Madrid - 25/05/2009

Los recientes juicios contra dos de los más conocidos traficantes de armas, el ruso Víktor Bout -alias El Mercader de la Muerte- en Tailandia (pendiente de extradición a EE UU para agosto) y el sirio Monser al Kassar (condenado en febrero a 30 años de prisión en Nueva York), han revelado lo sencillo que es meter armas ilegalmente en América Latina, el papel crucial que desempeña Centroamérica, en especial Nicaragua, en este negocio, y la amenaza que supone que un país como Venezuela fabrique sus propios fusiles y municiones.

Para detener a Bout y Al Kassar, la agencia antidroga estadounidense alegó que ambos intentaron vender lanzamisiles portátiles tierra-aire rusos SAM a las Fuerzas Armadas Revolucionarias de Colombia (FARC). La ruta prevista para ambas operaciones era similar: las armas partían desde Rumania o Bulgaria y entraban por Nicaragua. Desde el país centroamericano se iban a arrojar con paracaídas sobre territorio colombiano.

"No hay pruebas de que el Gobierno de Ortega sea cómplice del tráfico, pero sin duda el país tiene enormes lagunas legales que facilitan el tráfico ilegal", dice Roberto Orozco, experto nicaragüense del Instituto de Estudios Estratégicos y Políticas Públicas. "Es verdad que no se puede afirmar que Managua esté directamente involucrada, pero hay que recordar que Ortega ha dado cobijo a narcoterroristas de las FARC", replica el colombiano Alfredo Rangel, director de la Fundación Seguridad y Democracia en Bogotá.

Los puertos nicaragüenses están entre los mayores coladeros de armas en la región, según fuentes de Defensa de EE UU. "En especial el puerto de Corinto", apunta Orozco. "Es el único de aguas profundas y está controlado por el Ejército y la policía, que hace la vista gorda. No hay estadísticas fiables sobre la cantidad de barcos que atracan allí, pero no hay que pensar en veinte o treinta, con dos o tres bien cargados es suficiente para abastecer al mercado de miles de armas", añade.

Hay más de 80 millones de armas ilegales en América Latina, según el Centro para la Información de Defensa (CID) de Washington. Cualquier criminal, hasta el más imbécil, tiene acceso a una pistola y hasta a un fusil. Ni hablar de las narcoguerrillas y el crimen organizado, éstos se hacen con un lanzacohetes como cualquier español con una barra de pan.

Los datos son brutales. La tasa de homicidios -140.000 al año, según el Banco Mundial- es más del doble del promedio mundial. Varios países tienen un índice de crímenes por cada 100.000 habitantes más que alarmante: Brasil, 28; Colombia, 65; El Salvador, 45; Guatemala, 50; Venezuela, 35. La violencia también golpea a la economía latinoamericana. El coste de esta lacra se estima en un 14,2% del PIB regional. según el informe Crimen y Violencia en el Desarrollo del Banco Mundial.

Además, el tráfico ilícito de armas está cada vez más estrechamente ligado al narcotráfico. En Perú, hace unos meses, saltaron todas las alarmas cuando el Ejército comprobó que los resquicios de la guerrilla maoísta Sendero Luminoso, hoy dedicada a la producción y venta de cocaína, tenían en su poder lanzacohetes RPG-7, ametralladoras pesadas y fusiles Kaláshnikov, todos de origen ruso. El rearme senderista ya ha costado la vida a medio centenar de soldados peruanos en 12 meses.

A finales de abril, los senderistas intentaron derribar el helicóptero en el que viajaba el comandante en jefe de las Fuerzas Armadas, el general Francisco Contreras. El coronel Jorge de Lama iba en el aparato. "Nos dispararon dos granadas de RPG, pero por suerte cayeron lejos. No creo que supieran que iba el general Contreras, simplemente apuntaron a un helicóptero militar que estaba en su zona", relata De Lama, refiriéndose al valle de los ríos Apurimac y Ene, la inaccesible zona de Ayacucho donde Sendero ha estado desde que se creó en los ochenta. El Ejército peruano se resiste a revelar las rutas de abastecimiento de armas de los senderistas, pero no se atreve a negar que el puerto amazónico de Iquitos es un agujero negro para la seguridad del país. A esta ciudad estaban destinados los 50.000 Kaláshnikov que Vladimiro Montesinos, el siniestro ex jefe de los servicios secretos peruanos durante el Gobierno de Fujimori, compró en Jordania. Sin embargo, 10.000 de esas armas acabaron en manos de las FARC. El resto nunca se entregó porque Ammán detuvo la operación.

Iquitos y la frontera entre los países andinos y Brasil, el golfo de Urabá, que une Colombia y Panamá, el triple límite entre Paraguay, Brasil y Argentina -zona donde Hezbolá tiene una fuerte influencia-, son algunos de los principales puntos de contrabando en la región. Sin embargo, Centroamérica y, en especial Guatemala y Nicaragua, han adquirido en los últimos años especial relevancia como puerta de entrada de los cargamentos.

Rangel recuerda que así como Nicaragua ya es clave en el comercio ilegal, Venezuela desempeña un papel relevante. Como buena parte de las armas que acaban en el mercado negro proceden de la policía y el Ejército -robadas o vendidas por los propios agentes o militares-, hay serios temores de que parte de los 100.000 Kaláshnikov que Caracas compró a Rusia acaben en manos de los narcos. Sin embargo, el mayor peligro, apunta Rangel, lo constituirá la fábrica venezolana, bajo licencia, de armas y municiones rusas.

Mientras que las armas abundan en la zona, las municiones escasean. El calibre 7,62 mm, que usan los fusiles rusos AK-103 adquiridos por Venezuela, es el más deseado por la región y en especial por las FARC, que aún poseen al menos 5.000 armas que necesitan esta munición. Hoy se consigue en Perú y Bolivia, pero en poca cantidad. La fabricación de este calibre en Venezuela ofrecerá a las narcoguerrillas una fuente ilimitada de municiones dentro del continente.

Aparte de los canales de tráfico de armas que se remontan a la época de auge de las guerrillas, en los setenta y ochenta, se han afianzado en la región aquellos controlados por el crimen organizado. Los intercambios de droga por armas que los carteles de la droga colombianos inauguraron a mediados de los noventa con la mafia rusa han proliferado. Así como la cocaína sale de Colombia, Perú y Bolivia hacia Europa a través de Venezuela, Ecuador y Brasil, las armas recorren el mismo camino en sentido contrario.

Adelaida Vásquez y Carolina Gabea son testigos casi a diario de este tráfico. Ambas son fiscales de Ciudad del Este, la urbe paraguaya pegada a Brasil y Argentina y uno de los mayores focos de contrabando de armas de Suramérica y paso del tráfico desde Brasil hacia Perú y Colombia. Tienen una queja común: pocos recursos y el enemigo en casa. "La policía nacional no sólo no nos ayuda, nos boicotea. Tenemos un grupo de agentes especiales, pero son pocos ante tanto delito", explica Vázquez, que sobre drogas y armas lo ha visto todo. "Una vez confiscamos una ametralladora antiaérea a unos narcos... no me lo podía creer", añade. Vázquez es de Ciudad del Este, pero Gabea lleva en la ciudad cuatro años, es de Asunción. "Es peligroso ser legal y trabajar acá, pero ¿sabe qué?, si uno se mantiene limpio el narco no suele meterse con uno. Es parte del juego", dice Gabea.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

A díficl guerra contra o narcotráfico no México.

Na última terça-feira, em uma conversa informal com colegas coordenadores de cursos de sociologia e ciências sociais, após uma cansativa reunião sobre a avaliação da CAPES, tocamos no assunto narcotráfico. Um colega, se não me engano de Ribeirão preto, comentava sobre a sua experiência como professor visitante no México. Falava da experiência singular que foi lecionar em Ciudad Juarez, situada na fronteira com os EUA, uma espécie de capital do narcotráfico. Comentava o colega sobre o clima de medo e de desarticulação da vida social e cultural provacado pela ostensiva presença (e poder) do crime organizado naquele sítio. Após aquele encontro, eu que venho acompanhado com interesse o desenrolar da "guerra contra o tráfico", fiquei a pensar, no vôo de volta para a casa, como é díficil fugir dos lugares-comuns na abordagem do problema das drogas. Enquanto matuto sobre o assunto, transcrevo, mais abaxo, notícia de hoje, publicada na edição eletrônica do El País, sobre o tema.


México, bajo el azote del narcotráfico
Obama llega a un país donde el Estado y los carteles se disputan el monopolio de la violencia. Esta situación, que en 2008 provocó 7.000 asesinatos, se ha ido gestando a lo largo de los últimos cinco lustros.
SERGIO GONZÁLEZ RODRÍGUEZ

La visita a México del presidente Barack Obama se inscribe en una situación de excepcional degradación institucional al sur de la frontera de Estados Unidos. La inseguridad y la violencia, producto de la guerra del narcotráfico y otras industrias del delito, en particular el secuestro, nunca habían sido tan graves en México como ahora. Los 7.000 muertos de 2008 duplicaron la cifra del 2007. Y tan sólo en el primer trimestre de este año se cuentan 1.000 muertos. El año pasado hubo un promedio de 17 secuestros por día en todo el país, y el índice de impunidad de los delitos llegó al 99%, de acuerdo con la Comisión Nacional de Derechos Humanos (CNDH).

El Gobierno del presidente Felipe Calderón comenzó con una operación firme del Ejército en tareas de combate al narcotráfico. A pesar de su espectacularidad, los resultados han sido escasos. Los grupos delictivos multiplicaron su capacidad ofensiva y su control a lo largo y a lo ancho del territorio nacional, sobre todo en Chihuahua, Tamaulipas, Michoacán, Nuevo León y Tabasco, entre otros Estados. Por su parte, el Gobierno mexicano ha reducido el problema a media docena de localidades, entre ellas, Ciudad Juárez. Sin embargo, las bajas de esta guerra están en todas partes: delincuentes, militares, policías, ciudadanos.

Bajo la disputa del monopolio de la violencia entre el Estado y los narcotraficantes en sus diversas facciones, que luchan entre sí por la hegemonía del crimen y el dominio de los territorios, el despliegue de 90.000 soldados en varios puntos del país se ha convertido en un factor que tiende a empeorar los escenarios por el abuso de la fuerza y su falta de respeto a los derechos humanos. Al visitar México, la alta comisionada de las Naciones Unidas para los Derechos Humanos (ACNUDH), Louise Arbour, expresó ya el peligro que implica esta participación.

Al igual que otras veces durante los últimos años, el Gobierno mexicano ofreció, en víspera de un encuentro binacional y como muestra de su voluntad de combatir al narcotráfico, la detención de un narcotraficante de renombre. En este caso, se detuvo a Vicente Carrillo Leyva, hijo del que fuera jefe del cártel de Juárez Amado Carrillo Fuentes, el extinto Señor de los cielos. A pesar de que desde 1998 hubo orden de aprehensión contra Carrillo Leyva, derivada del Maxiproceso del Gobierno contra tal grupo criminal, las autoridades permitieron que éste, originario del Estado de Sinaloa al noroeste del país, se instalara en un barrio adinerado de la capital, previa cirugía estética que apenas le modificó la nariz, y viviera libre durante años como un joven empresario.

Días antes, las autoridades habían detenido a Vicente Zambada Niebla, hijo de otro ex miembro del cártel de Juárez, Ismael El Mayo Zambada, ahora afecto al cártel de Sinaloa. Esta detención fue la respuesta del Gobierno al escándalo internacional que suscitó la presencia del narcotraficante Joaquín El Chapo Guzmán Loera, cabeza del cártel de Sinaloa, en la lista de millonarios de la revista Forbes con una fortuna de 1.000 millones de dólares. Guzmán Loera, que se fugó en 2001 de un penal de "alta seguridad" en los primeros días del Gobierno de Vicente Fox Quesada, del Partido Acción Nacional (PAN), es conocido desde entonces como el capo del panismo, y permanece en libertad a pesar de existir orden de aprehensión contra él desde años atrás. Una red de corruptelas lo protege.

La situación adversa de México se gestó a lo largo de los últimos 25 años, y se asocia a los acuerdos de Estado y Gobierno con los cárteles de la droga, el uso del territorio del país para el trasiego de la cocaína proveniente de Sudamérica y la corrupción paulatina de las corporaciones militares y policiacas. Aquellos acuerdos fueron parte del apoyo mexicano en su territorio a la operación Irán-Contra de 1981, que dirigió el vicepresidente George Bush padre durante el mandato del presidente Ronald Reagan.

La operación, que consistió en el intercambio de armas para la contraguerrilla nicaragüense por drogas para el mercado de Estados Unidos, fue dirigida por la Agencia Central de Inteligencia (CIA), y participó su homóloga mexicana: la Dirección Federal de Seguridad (DFS). En esa época se dieron dos asesinatos emblemáticos que se atribuyen a intromisiones en tales nexos hasta entonces confidenciales: el del periodista mexicano Manuel Buendía y el del agente estadounidense anti-narcóticos Enrique Camarena. Su fantasma acompaña la degradación mexicana y la ambigüedad de Estados Unidos en el problema de las drogas en México y a nivel continental.

Dicho estigma ha continuado en sus dos vertientes: por un lado, periodistas amenazados, desaparecidos o asesinados mientras investigaban asuntos de crimen organizado y poder político (35 de ellos en los últimos siete años, como registra la CNDH); por otro, corporaciones militares o policiacas de ambos países inmersas en un juego de estrategia destructiva.

Casi nadie quiere recordar que la degradación mexicana comenzó y persiste en el seno de sus instituciones. El poder criminal que representa el narcotráfico en México es consustancial a su política y a su economía: cada año, las actividades por lavado de dinero ascienden a 24.000 millones de dólares, según difundió el diario The Washington Post en otoño pasado. El propio sistema financiero mexicano facilita que el lavado de dinero quede impune. Tratar de ignorar cómo se llegó y se sostiene esta aberración, está lejos de ayudar a detenerla.

A semejanza de antaño, se ha visto la escalada contradictoria de mensajes entre ambos países, que ha seguido un juego de dureza inicial acerca de México en tanto "Estado fallido" y riesgo para la seguridad de Estados Unidos, y, conforme se acerca la fecha del encuentro presidencial, se ha ido transformando en suavidad diplomática en busca de acuerdos básicos. Si se expresa la repetición de esta rutina, habrá un encuentro proclive a la propaganda y la hipocresía compartidas, más que el logro de un emplazamiento distinto del problema que trascienda las inercias del pasado.

Bajo el principio del prohibicionismo a la producción, el tráfico, la distribución, venta y consumo de las drogas, el combate a los cárteles seguirá el modelo de Estados Unidos impuesto a Colombia, que se funda en los riesgos a la soberanía nacional encubiertos bajo el rubro de la cooperación, el uso intensivo de fuerzas paramilitares susceptibles de ser corrompidas, el surgimiento de conflictos de contrainsurgencia, etcétera. Con todo, resulta imperativo que el Gobierno estadounidense se comprometa a restringir la demanda de drogas en su país y la oferta de armas, y que comience a aceptar la discusión sobre el fracaso de las acciones represivas en busca de un paradigma nuevo: la legalización de las drogas y su implantación gradual.

Hay muchas fuerzas geopolíticas y políticas dentro de ambos países que se benefician con el negocio de la ilegalidad de las drogas y el auge de las industrias delictivas. El caos aparente que trae consigo la violencia desatada y el imperio del crimen organizado es, en realidad, un escenario dirigido para las ganancias de algunos.

El presidente Felipe Calderón presume ante el mundo de su programa de combate al narcotráfico y al delito. Los hechos lo desfavorecen: su Acuerdo Nacional por la Seguridad, Justicia y Legalidad fue incapaz de inhibir el crimen organizado, lo que ha incrementado el poderío criminal y recrudecido la violencia. Ha ofrecido muchas acciones y las ha consumado, pero se ha olvidado de los resultados y la eficacia real de sus operativos; divulga sus cambios pero soslaya los nulos avances. Refugiado en el formalismo de su figura presidencial como último bastión, lo vemos perder poco a poco la batalla definitiva de su mandato. Y va en desventaja a su encuentro con el presidente Obama. Tendrá que añadir lucidez a su firmeza.

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Notícias de uma guerra nada particular: a luta contra o narcotráfico

Na edição eletrônica do jornal espanhol El País, de hoje, mais uma matéria sobre a díficil batalha contra o narcotráfico. Confira abaixo!

REPORTAJE
El 'narco' va ganando la guerra. ¿Y ahora qué hacemos?
La lucha contra las mafias va siempre por detrás de su capacidad para innovar - Cada vez más instituciones llaman a reconocer el fracaso y atacar la demanda
FERNANDO PEINADO ALCARAZ 02/04/2009

Las mafias de la droga se regeneran como la hidra de la mitología griega. Cuando la lucha policial bloquea una ruta, reaparecen por un nuevo camino; cuando los campos de coca o de opio son fumigados, desplazan los cultivos a otro rincón. A pesar de que la caza mundial del narco ha dado pocos frutos -los contrabandistas son cada vez más poderosos, las drogas más baratas y abundantes-, la mayoría de países se resiste a ensayar alternativas más allá de una persecución esquizofrénica, cara y contraproducente. ¿Hay métodos más eficaces para ganar la guerra de las drogas?

La cuestión ha cobrado fuerza en los últimos meses. Tocaba evaluar la estrategia trazada en 1998 por Naciones Unidas para un periodo de 10 años y los expertos han proclamado la derrota en la batalla contra los narcos y han pedido el abandono de una estrategia represiva que utópicamente se marcó como objetivo "un mundo libre de drogas".

Para conseguir esta meta, algunos Gobiernos apostaron por erradicar el origen del mal. Sin embargo, las campañas para eliminar con herbicidas las cosechas de coca suramericana han sido un despilfarro de dinero, principalmente estadounidense: sólo han conseguido trasladar las plantaciones a lugares más recónditos e inaccesibles y la producción mundial no ha disminuido.

Tampoco ha funcionado el bloqueo de las narcorrutas. Aunque la ONU estima que actualmente se decomisa alrededor del 42% de la producción mundial de cocaína y del 23% de heroína, los expertos en política antinarcóticos cuestionan la fiabilidad de esas cifras y argumentan que la cantidad de droga que se menudea en las calles europeas o estadounidenses es cada vez mayor, como prueba el descenso de los precios de venta: entre un 10% y un 30% en la última década.

Cuanto más difícil se lo han puesto las fuerzas del orden a los carteles, más ingenio y recursos han invertido éstos. Uno de los últimos ejemplos de la inagotable capacidad del crimen organizado para burlar la vigilancia son los narcosubmarinos. Se construyen en astilleros clandestinos en la selva colombiana y son capaces de transportar 10 toneladas de cocaína, a ras del agua rumbo al lucrativo mercado estadounidense. La Guardia Costera de EE UU, que ya ha puesto en marcha una inversión millonaria en sensores acuáticos, interceptó en 2008 una media de 10 semisumergibles al mes, aunque estima que cuatro de cada cinco llegan a su destino sin ser avistados. Los capos de la cocaína gallega han usado un narcosubmarino en al menos una ocasión, en 2006, cuando la Guardia Civil halló uno abandonado en la ría de Vigo.

Esta I+D del tráfico de droga crece alentada por la jugosa recompensa que supone cada operación realizada con éxito. Si fuera un país, Narcolandia sería la 21ª economía mundial, según la ONU, con un PIB anual de 243.000 millones de euros, justo detrás de Suecia, con 272.000 millones de euros. En el Tercer Mundo, los narcos son los empresarios más poderosos. Como en África Occidental, donde países como Guinea-Bissau tienen en el comercio de anacardos con India su principal fuente legal de ingresos.

Con estos incentivos no es extraño que, a pesar de los golpes policiales, siempre haya alguien dispuesto a jugarse una vida entre rejas por entrar en el negocio. "Los contrabandistas pagan a los campesinos 300 dólares (227 euros) por la hoja de coca necesaria para producir un kilo de cocaína, que en las calles estadounidenses, vendido en dosis de un gramo a 70 dólares (53 euros), les reportará 100.000 dólares (76.000 euros)", desgrana Peter Reuter, profesor de la Universidad de Maryland y uno de los más reputados expertos en políticas antidrogas, quien no cree que destinando más recursos a la represión se pueda reducir significativamente la cantidad de droga disponible en los mercados consumidores, EE UU y Europa. "Sería más eficaz disminuir la fuerte demanda de drogas en los países consumidores que seguir insistiendo en un control inviable de la oferta", opina Reuter.

"Es imperativo rectificar la estrategia de guerra a las drogas aplicada en los últimos 30 años", censura un informe publicado en febrero por la Comisión Latinoamericana sobre Drogas y Democracia, con tres ex presidentes entre sus miembros: Ernesto Zedillo (México), Fernando Henrique Cardoso (Brasil) y César Gaviria (Colombia). "Las políticas prohibicionistas (...) no han producido los resultados esperados. Estamos más lejos que nunca del objetivo proclamado de erradicación de las drogas". El informe acusa a EE UU y Europa de no hacer lo suficiente para prevenir o curar el apetito de drogas de sus ciudadanos, que estimula la producción y el tráfico desde el resto del mundo.

Apesar de los cuantiosos recursos invertidos en políticas antidroga (al año 40.000 millones de dólares en EE UU y 34.000 millones de euros en la UE), sólo uno de cada cuatro euros se destina a prevención del consumo, mientras que el resto se invierte en represión criminal. No es casual que las quejas provengan de la región que es el principal campo de batalla de la guerra contra los carteles: en México, el desafío criminal al Gobierno ha dejado más de 7.000 muertos desde enero de 2008, (supera los 6.628 registrados en Palestina e Israel entre 2000 y 2008 por la ONG B'Tselem) y la sangría se extiende por países vecinos, como Guatemala y Honduras. Hillary Clinton, secretaria de Estado de EE UU, ha reconocido que al no haber contenido el consumo doméstico, su país es corresponsable en el drama al sur de su frontera.

Apostar por alternativas no significa que haya que bajar la guardia frente a los narcos, advierte Antonio María Costa, director ejecutivo de la Oficina de la ONU contra las Drogas y el Delito (UNODC en inglés), una agencia que asiste y coordina a los Gobiernos. Costa reprocha que haya lobbies pro drogas que defiendan la legalización como solución. "No hay necesidad de sacrificar la protección de la salud de los ciudadanos para reducir el crimen. Ambos objetivos son compatibles", asegura.

Durante mucho tiempo, cualquier disidencia del discurso clásico prohibicionista ha levantado sospechas. Ahora que los carteles causan más estragos que nunca en Centroamérica, África Occidental o Afganistán, muchos se preguntan qué sentido tiene que los Estados hayan dejado a las mafias enriquecerse con el monopolio de la droga y proponen un régimen de legalización controlado que les restaría cuota de mercado.

"No me extrañaría que en 5 o 10 años emerja con fuerza en Europa el debate para legalizar la venta de cannabis", afirma Ethan Nadelmann, director ejecutivo de la Alianza por la Política de Drogas, una organización que promueve la legalización de la venta controlada de marihuana en EE UU. En su país, el principal abanderado de la guerra global contra la droga, aún se encarcela a los consumidores, pero la Administración de Obama acaba de romper el tabú imperante durante décadas sobre alternativas contra la droga con el anuncio de que apoyará con fondos federales los programas de distribución de jeringuillas para adictos. "El debate para abandonar el prohibicionismo no había estado tan candente en EE UU en 30 años", afirma Nadelmann. "Obama es más proclive a cambiar el rumbo, y eso va a afectar al resto del mundo porque reducirá las presiones en Europa para avanzar hacia políticas más progresistas", argumenta.

Partidarios o no de la legalización, la filosofía que mueve a los críticos del prohibicionismo es que la sociedad debe acostumbrarse a convivir con las drogas y a reducir los efectos más dañinos de éstas. "El ideal que sigue moviendo a muchos Gobiernos es la erradicación de las drogas", constata Iván Briscoe, experto en narcotráfico de la Fundación para las Relaciones Internacionales y el Diálogo Exterior (Fride). "Sin embargo, no hay una política realista que se proponga reducir otros delitos, que no llevan aparejada una carga de moralidad tan extrema, como el hurto o el robo". Reuter cree que, en última instancia, la influencia que el Estado puede ejercer sobre la cantidad de droga que se consume es limitada porque son valores culturales y sociales los que entran en juego. "Hay países con consumo muy bajo a pesar de que nunca han diseñado una política pública de drogas".

Los paladines de la batalla sin cuartel contra los traficantes reconocen su derrota, pero la atribuyen a la escasa coordinación policial y a la poca voluntad de los Gobiernos para acabar con el lavado de dinero. El esfuerzo hasta ahora ha sido un parcheado de acciones nacionales y la cooperación no ha ido más allá del intercambio de información y asistencia técnica.

¿Haría falta una fuerza policial mundial? "No es necesario poner a los policías bajo un mismo mando", contesta Amado Philip de Andrés, encargado de desarrollo de programas de UNODC en América Latina. "Lo que nos preocupa es la poca cooperación que ha habido hasta ahora". Markus Schultze-Kraft, director en América Latina de International Crisis Group, una influyente organización que asesora a los Gobiernos en seguridad, cree que una policía internacional del narcotráfico es algo idealista. "Aún cuesta que se entiendan los policías de dos países que no comparten el idioma, como Alemania o España, cuando trabajan en un cuerpo de intercambio de información como Europol". Schultze-Kraft destaca el avance que supone el Centro de Análisis y Operaciones contra el Narcotráfico por Vía Marítima (MAOC-N por sus siglas inglesas), operativo desde 2007. Con sede en Lisboa, pretende vigilar la costa entre Suráfrica y Noruega, como hace desde 1989 al otro lado del Atlántico la estadounidense Fuerza de Tarea Conjunta Interagencias Sur (JIATF-S en inglés).

España, punto caliente en muchas de las narcorrutas, es uno de los países que más dinero gasta en lucha policial contra la droga. Intenta proteger su extensa frontera costera con un sofisticado y costoso despliegue de cámaras y sensores, el Sistema Integrado de Vigilancia Exterior (SIVE), que aunque ya cubre Andalucía, Murcia y las islas Canarias, no ha espantado a los narcotraficantes. Lo saben bien en Cádiz, provincia pionera en la instalación del SIVE, que a pesar de los éxitos policiales -el 25% de las incautaciones de droga de España en 2008- registra cada vez un tráfico más intenso, como ha advertido en numerosas ocasiones la fiscal antidroga de Cádiz, Ángeles Ayuso.

"Cuando desarticulan una organización, al día siguiente hay otros dispuestos a ocupar su lugar", critica Francisco Mena, presidente desde hace 20 años de la Coordinadora de Asociaciones Antidroga de la provincia, y buen conocedor de los impulsos que empujan a tantos hacia las redes criminales: "Un adolescente que vigile en la playa la presencia de guardias civiles gana unos 1.500 euros, el que alija se lleva entre 3.000 y 4.000 y el que lo carga en su coche unos 6.000". Pese a todo, y aunque Cádiz es una de las provincias andaluzas con más consumo, Mena reconoce que la situación de seguridad es ahora mejor que antes de que se implantara el SIVE.

El Plan Nacional sobre Drogas ha puesto un creciente énfasis en la prevención y tratamiento de los drogodependientes. En 2004, el plan dejó de estar bajo la órbita del Ministerio de Interior para ser coordinado por Sanidad, marcando el paso de un enfoque de orden público a otro de protección de la salud. "Hay que profundizar en la prevención, pero el problema de las drogas presenta muchas caras y necesita actuaciones en una diversidad de ámbitos", asegura la delegada del Plan Nacional de Drogas, Carmen Moya: "Es cierto que las medidas represivas exclusivamente no resuelven el problema, pero no podemos menoscabar en medios policiales". Si en 2003 había 3.491 policías y guardias civiles combatiendo al crimen organizado, hoy son 10.653 los agentes dedicados a esta labor.

En 2009 está prevista la ampliación del SIVE por el Este, para frenar la entrada de droga por el delta del Ebro, pero los narcos han inaugurado una nueva vía de acceso mucho más permeable: la entrada por carretera desde los Balcanes. También han intensificado la ruta africana de la cocaína, y siguen colando la droga en zodiac, avionetas, contenedores de mercancías o en los intestinos de los camellos en vuelos comerciales. La creatividad y sofisticación de los traficantes parece no tener fin. El Cuerpo Nacional de Policía de Barcelona interceptó el 20 de marzo un paquete procedente de Venezuela que contenía una vajilla de 42 piezas -vasos, platos y vasijas- fabricada con cocaína.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Tópicos da guerra contra o tráfico

Não sei se você leu matéria publicada na Folha de domingo passado sobre a violência em Ciudad Juarez, no México. Trata-se de uma reportagem de boa qualidade sobre os desdobramentos políticos e sociais da guerra contra as drogas. Neste momento, no México, a discussão sobre o melhor modelo de enfrentamento do tráfico de drogas parece algo muito retórico, pois, podemos afirmar pelas informações de que dispomos, que a guerra já se desenrola. E as mortes já se contam aos milhares. Hoje, no El País, a mesma questão é abordada. Confira abaixo!

M. Á. BASTENIER
'Narcoguerra' en México y Colombia

Colombia y México están íntimamente vinculados por el narcotráfico. Ambos países son ámbitos de producción y tránsito de droga con destino a Estados Unidos, con su formidable mercado de 35 millones de consumidores, y el asalto a las instituciones del Estado que Colombia sufría en los años ochenta y noventa parece una calcomanía de lo que hoy sucede en México. Ha habido un trasvase de mafias, una implantación de carteles de la droga de Colombia en México, porque la demanda es tal que la oferta se ubica allí donde esté el eslabón más débil. Pero los dos países no son vasos comunicantes, porque no es que el primero se vacíe para llenar el segundo, sino que México se colombianiza, sin que Bogotá se vacíe por ello del problema.

En 1982, el presidente norteamericano Ronald Reagan creó la South Florida Task Force, que destruyó los canales de distribución colombianos por mar hasta Miami, lo que dio lugar a la operación trasvase, mediante la cual los carteles colombianos comenzaron a establecer con socios locales nuevas rutas a través de México. Al mismo tiempo, el Estado colombiano comenzaba a imprimir mayor vigor a la lucha contra el narco. Bajo la presidencia de Ernesto Samper en los noventa, se dieron severos golpes al cartel de Medellín, se dice que con la colaboración de las mafias de Cali, y aunque fue esa presunta connivencia la que arruinó un prometedor mandato del que el propio presidente cuenta que se levantaba cada mañana preguntando qué fuego había que apagar, a su término, en 1998, la guerra ya no podía perderse. Andrés Pastrana y Álvaro Uribe han sido los continuadores de esa obra y, muy notablemente, este último ha apostado sus dos mandatos, y puede que un tercero, a la derrota de la narcoguerrilla, FARC, bajo cuyo amparo crece la coca.

Unos 150.000 mexicanos viven del cultivo, procesamiento y distribución de coca, opio y marihuana, y otros 300.000 operan en industrias complementarias, mientras que en Colombia se decía que uno de cada cuatro varones adultos vivía del negocio de la violencia. Las mafias actúan con impunidad en los Estados de Nuevo León, Guanajuato, Tamaulipas, Chihuahua y Veracruz, y, también como en la Colombia de Pablo Escobar, han desarrollado una red asistencial para facilitar despensas y ayudas económicas a los marginados con el objeto de crearse un escudo de opinión mientras corrompen a las autoridades. No en vano, la mafia siciliana nació en el siglo XIX para saquear el Estado, pero también fue un servicio de auxilios al pequeño campesino y jornalero contra los abusos de la propiedad latifundista.

Esa corrupción afecta hasta tal punto a la policía y los servicios de información que el presidente Felipe Calderón ha tenido que enviar al Ejército a la reconquista de Ciudad Juárez, en la frontera con Estados Unidos, donde son militares los nuevos jefes de los servicios de seguridad y operan 7.500 soldados patrullando carreteras y caminos, como hace el contingente de la OTAN en Afganistán. En esa localidad de millón y medio de habitantes, ha habido en los primeros 50 días de 2009 500 asesinatos; y desde 2006, en todo México, más de 10.000 muertes vinculadas al narco, tres veces más que las bajas de Estados Unidos en seis años de guerra en Irak.

En Colombia, la superposición de las FARC para la protección y cobro del peaje sobre el cultivo ilícito ha difuminado el panorama, de forma que combatir a la guerrilla parece que lo tapa todo, y pese a los indiscutibles éxitos militares del Estado, la extensión de los campos de coca nunca disminuye. Si mañana las FARC se autodisolvieran, la erradicación del narco se hallaría lejos de estar garantizada, porque a los antiguos carteles les han sucedido gran número de pequeños traficantes diseminados por una geografía abrupta, mal comunicada e inabarcable por un Estado que, aun habiéndose reforzado notablemente con Uribe, necesitaría más tropas de las que parece dispuesto a sufragar el capitalismo nacional.

Diríase que el presidente estadounidense, Barack Obama, sólo hubiera heredado guerras de su predecesor: contra la crisis, contra el pueblo de Irak, contra Al Qaeda y los talibanes en Afganistán y Pakistán, y en su linde meridional, contra la droga. Sellar la frontera con México exigiría seguramente muchos más hombres que el medio millón que Estados Unidos envió a Vietnam a perder una guerra. Pero sin el concurso irrestricto del vecino del norte, cuesta creer que el combate al narco pueda culminarse con éxito.

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

A díficil luta contra o narcotráfico no México

O narcotráfico penetrou fundo na vida social mexicana. Introduziu-se nas mais diversas esferas e corrompeu de forma comprometedora as instituições policiais e a própria justiça. Nós, brasileiros, devemos acompanhar com muita atenção o que está ocorrendo naquele país. Se não por outro motivo, ao menos para tirarmos algumas lições. Por isso mesmo, republico abaixo matéria de hoje do jornal espanhol El País.

La policía mexicana detiene a 'El Java', presunto capo del narcotráfico

El Ejército mexicano ha capturado a uno de los presuntos líderes del cártel del Golfo, Javier Díaz Román, alias El Java, relacionado al parecer con el narcotráfico en los estados de Quintana Roo y Veracruz, según detallaron este jueves las autoridades mexicanas, que procedieron al arresto el pasado 22 de diciembre.

La Suprocuraduría de Investigación Especializada en Delincuencia Organizada (SIEDO) había emitido una orden de busca y captura que finalmente se llevó a término a principios de semana, aunque el sospechoso opuso resistencia e intentó huir, según informaciones de los medios locales.

El cártel del Golfo opera en Cancún y, al parecer, el detenido guarda vínculos con el líder del grupo de sicarios Los Zetas, así como con otros presuntos narcotraficantes. Desde el día 24, Díaz Román se encuentra bajo custodia de la SIEDO.

En paralelo a esta operación, el Ejército mexicano detenía unas horas antes a 23 presuntos narcotraficantes en el sur del país, varios de ellos policías, vinculados al poderoso cartel de los hermanos Beltrán Leyva, ha informado la Secretaría de Defensa Nacional (Sedena).

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

O fracasso da estratégia norte-americana de combate ao narcotráfico

No El País, uma notícia dá conta do aumento da produção de coca na Colômbia. É a tradução exata do fracasso da estratégia norte-americana de enfrentamento ao narcotráfico. Bom lembrar isso porque não poucos, dentre os articulistas da dita "grande imprensa", querem nos empurrar para o mesmo caminho desastroso trilhado pelos colombianos.

El aumento de la producción de coca en Colombia

El Plan Colombia, destinado a aumentar la seguridad y a eliminar los cultivos de droga, ha fracasado. EE UU invirtió en él seis mil millones de dólares pero el 90% de la cocaína que consumen los estadounidenses procede del país suramericano. Según la Oficina de Cuentas del Gobierno de EE UU (GAO, en sus siglas en inglés), el cultivo de coca creció un 15% entre 2000 y 2006. Son aún más alarmantes las cifras de un estudio de la ONU, que sitúan el aumento de la producción en un 27% sólo en 2007. La coca, base para la producción de cocaína, continúa financiando a los grupos paramilitares y a las FARC. Sin embargo, a pesar de las fumigaciones aéreas y de las operaciones militares colombianas contra las guerrillas, el tráfico de droga no ha disminuido. La falta de alternativas para los campesinos que cultivan coca ha provocado que trasladen sus plantaciones hacia regiones más remotas.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Narcotráfico e mortes no México

Matéria publicada no jornal Folha de São Paulo.


Dobram mortes ligadas ao crime no México
DO "NEW YORK TIMES", NA CIDADE DO MÉXICO

As mortes relacionadas à guerra das drogas no México mais que dobraram neste ano, ante 2007, e o número deve aumentar antes que comece a cair, declarou o procurador-geral da Justiça mexicana.
Eduardo Medina-Mora vinculou o salto a uma batalha entre cartéis pelo controle do mercado e ao vácuo de poder deixado por uma série de detenções e apreensões que ganharam grande destaque.
O número de homicídios entre criminosos atingiu 5.376 do começo do ano a 2 de dezembro, 117% acima dos 2.477 homicídios registrados no período em 2007, disse. (...)

MATÉRIA COMPLETA AQUI (PARA ASSINANTES DO UOL).

domingo, 23 de novembro de 2008

O peso do narcotráfico no México

Ontem, ao comentar artigo, digamos, infeliz, publicado no jornal Folha de São Paulo, fiz um comentário rápido sobre o papel de desestabilização da vida social mexicana desempenhado pelo narcotráfico. Para uma melhor compreensão do assunto, transcrevo mais abaixo matéria publicada hoje no EL PAÍS. Trata-se de uma entrevista com o Procurador-Geral da República do México. Vale a pena conferir!

ENTREVISTA: EDUARDO MEDINA MORA Procurador general de la República
"El crimen organizado estaba tocando a las puertas del Estado"



No hace mucho, en un periódico mexicano apareció una viñeta en la que se veía al diablo muy preocupado, charlando con un colega sobre la situación de violencia que sufre el país. "Durante décadas", venía a decir, "temimos que se colombianizara México, ahora lo que nos da miedo es que se mexicanice el infierno...". Así que la primera pregunta, la que aquí se hace hasta el demonio, es obvia.

Pregunta. ¿Qué está pasando en México?

Respuesta. La situación actual responde a una evolución de dos fenómenos que, si bien no surgieron juntos, sí conviven de una manera un tanto perversa. De una parte, este país nunca se planteó con suficiente seriedad la construcción de instituciones policiales y de procuración de justicia realmente transparentes. En el pasado tuvimos circunstancias de seguridad pública que se percibían mejores, pero eso no necesariamente respondía a una estructuración institucional pertinente. El modelo funcionaba para algunos ciudadanos, pero era un modelo de delincuencia administrada. El crimen organizado desde el poder. Y ese modelo fue liquidado en los ochenta, pero no se sustituyó por unas instituciones sólidas. No las tenemos. La principal característica del problema de seguridad es su debilidad institucional. Otro factor que ha contribuido es resultado del proceso de evolución política, de la desconcentración del poder. El Ejecutivo anterior era muy fuerte, basado en las atribuciones que la Constitución le da al presidente pero también en poderes metaconstitucionales. Y cuando el país entró en una circunstancia democrática más clara, muchos de esas reglas dejaron de funcionar. El poder se descentralizó. No siempre en un sentido virtuoso. Por ejemplo, México tiene una enorme fragmentación policial. Este Estado es federal, y cada ayuntamiento, cada municipio tiene la potestad constitucional de construir su fuerza pública. Hay más de 1.640 corporaciones policiales en el país.

P. Muchas de ellas infiltradas por el narcotráfico...

R. Hay policías en algunas zonas de la frontera norte que directamente fueron privatizadas por el narcotráfico. El presidente Felipe Calderón ha dicho que las organizaciones criminales en algunas de esas zonas han disputado al Estado sus potestades básicas. El derecho exclusivo al uso legítimo de la fuerza. El derecho exclusivo de cobrar impuestos -básicamente con el fenómeno de extorsión- y en alguna ocasión el derecho exclusivo de dictar normas de carácter general. Esto se produjo porque, de forma paralela al debilitamiento del Estado, los cárteles mexicanos -que tradicionalmente tenían un papel de prestación de servicio a los colombianos, de porteadores de la droga- fueron adquiriendo más poder. Se beneficiaron de dos circunstancias. Por un lado, Estados Unidos consiguió cerrar la ruta del Caribe. Por otro, Colombia logró fragmentar y reducir el poder de los cárteles tradicionales -Pablo Escobar, los Ochoa, los Rodríguez Orihuela quedaron atrás-. Todo aquello le dio un enorme poder económico al narcotráfico en México, y como consecuencia un enorme poder corruptor y un enorme poder de intimidación. Por su parte, el Estado nunca le prestó suficiente atención a esta penetración lenta, paulatina pero muy potente en el marco institucional. Nunca valoró la capacidad del crimen para destruir instituciones, sobre todo al nivel local. Y ante este panorama -con una creciente confrontación entre las organizaciones y una enorme violencia- no tuvimos ninguna alternativa más que la de combatir sin cuartel a estos grupos.

P. Usted habla de la debilidad institucional. ¿Por qué el Estado no esperó a tener las armas necesarias? ¿Por qué se lanzó a esa guerra sin cuartel provocando la explosión de la violencia? ¿Era una cuestión tan urgente?

R. Era una cuestión absolutamente inaplazable.

P. ¿Por qué?

R. En primer lugar, la violencia ya estaba ahí. La violencia no comenzó con la Administración del presidente Calderón. La disputa de los territorios fue provocada porque el consumo de droga cambió en Estados Unidos. La demanda de cocaína bajó y subió la de estimulantes [metanfetaminas]. Los cárteles mexicanos empezaron a perder ingresos. Empezaron a no tener el suficiente dinero para sostener toda la infraestructura criminal que habían construido en todos estos años. Al ser el pastel más pequeño, se generó la lucha inicial, que luego se hizo más cruenta por otras circunstancias: alianzas precarias que se rompen, agravios y traiciones entre los mismos grupos.... El planteamiento del Gobierno no es terminar con el narcotráfico en la medida en que somos conscientes de que siempre habrá una demanda de sustancias ilícitas, sino quitarle a estas organizaciones el enorme poder de intimidación, el enorme poder de fuego que acumularon a lo largo de todos estos años y por consecuencia su capacidad de destruir instituciones y de secuestrar la tranquilidad de los ciudadanos.

P. Pero la sensación es justamente la contraria. Lo dice todo el mundo en la calle. Nunca México estuvo tan mal.

R. La percepción pública de la violencia responde primero a la manera en que ésta se presenta. Asesinatos, armas de alto poder, decapitaciones que potencian la percepción del fenómeno. No estoy desestimando el tamaño del problema, que es muy grave y así lo asumimos, pero sí hay que considerar que los niveles de violencia en el país comparado con otros países no son tan desfavorables. Hemos tenido este año un incremento muy significativo de los homicidios dolosos atribuibles a la delincuencia organizada, y que se potencia por la cobertura que los medios hacen. Porque la manera en que las organizaciones ejecutan su violencia también tiene un propósito mediático, también tiene un propósito de intimidación de la sociedad que es recogido por los medios. No es tanto el número, sino el esquema deliberado en el cual se realizan precisamente para que, recogidos por los medios, se potencie su aspecto intimidatorio. No nos comparamos tan mal con otros países. México tendrá este año alrededor de 12 asesinatos por cada 100.000 habitantes, Colombia va a llegar a 33 o 34, Guatemala o El Salvador, cerca de 50. La curva de la violencia se va a comportar como una curva de campana, todavía no hemos llegado al pico de máximo de violencia, y en la trayectoria descendente encontraremos también picos de violencia. En un futuro no demasiado lejano la violencia decrecerá.

P. ¿Hasta dónde había llegado para hacer tan urgente la lucha?

R. Las organizaciones de delincuencia organizada estaban tocando la puerta de las más importantes instituciones del Estado. Por eso tenía que darse una respuesta tan contundente, tan determinada. El principal error que sucedió en Colombia y nos han compartido como experiencia para no repetir, fue subestimar el poder corruptor del narcotráfico. Ciertamente, el narcotráfico ha tenido capacidad de infiltrar instituciones de seguridad y de procuración de justicia. Estamos realizando una investigación muy profunda que ha llevado a mandos muy importantes de la fiscalía y también de la policía federal a la cárcel. Hemos visto la capacidad del narcotráfico para lograr información anticipada de operaciones que se iban a realizar. Esto es lo que hemos llamado Operación Limpieza, apegada totalmente a derecho, en la que hemos podido judicializar casos en contra de mandos importantes. Y sobre esta base también separar de funciones a un número muy considerable de fiscales y de elementos. Aún tenemos pendiente el blindaje institucional para que la información no pueda salir

P. ¿Cómo se va a hacer?

R. En detalles muy concretos. Los computadores no deben tener USB o grabadores de discos compactos. No puede haber impresoras en papel y además hay que establecer alarmas de tal suerte que esta información no se disemine con la facilidad que nos hemos dado cuenta ahora que se hacía. El compromiso de la depuración es absoluto, y eso nos va a hacer más efectivos. El número de personas detenidas, el volumen de droga... Tengo aquí unos datos que demuestran nuestra eficacia. Del 1 de diciembre de 2006 en que tomó posesión el presidente Calderón hasta ahora, hemos confiscado 69,7 toneladas de cocaína. 3.655 toneladas de marihuana, alrededor de 40 toneladas de precursores químicos de la metanfetamina, 12.550 coches, 209 barcos, 315 aviones. También le hemos atacado al poder de fuego... Más de 27.000 armas, de las que 15.000 eran largas. Casi 2.000 granadas. Tres millones de municiones. Más armamentos de lo que se necesita para equipar a un Ejército. Hemos detenido a 38.247 personas. Líderes emblemáticos, 5; operadores financieros, 28; lugartenientes, 14; sicarios, 807; funcionarios públicos, 69... Se ha golpeado a todas y cada una de las organizaciones, sin excepción...

P. Pues aún así hay un 40% de la población, según las encuestas, que cree que la guerra se está perdiendo...

R. Los ciudadanos viven la conversación social, y la conversación social se construye no sólo en la vivencia cotidiana de cada uno, sino también en la versión que los medios dan del problema.

P. Hay otro 40% que estaría dispuesto a pactar con tal de que bajara el nivel de violencia.

R. No hay espacio para eso, en primer lugar porque eso es contrario a la ética política, a los valores democráticos, a los valores de respeto a la ley y a la Constitución. Y además en la dinámica en la que se ha entrado en términos de descomposición de las organizaciones, aunque tuviéramos la tentación no habría manera de llevarla a la práctica porque el deterioro y la fragmentación de las organizaciones hace imposible esto.

P. Aunque no haya sido parte de la estrategia, está en su agenda detener a los capos...

R. Lo está...

P. La gente se pregunta dónde están los narcotraficantes más famosos, el Chapo Guzmán...

R. Hay algunas figuras emblemáticas que son objetivo prioritario, pero no único de esta lucha. En los últimos 100 días se ha capturado a líderes muy importantes. Se han ido logrando estas capturas de figuras emblemáticas, pero lo que hace que la lucha sea exitosa será reducir la capacidad de ingresos y de capacidad de fuego, por eso el componente de armas es fundamental.

P. ¿Y de qué forma el éxito de esta lucha depende de EE UU?

R. El narcotráfico es un fenómeno transnacional. El mercado más importante del mundo es Estados Unidos, y México tiene 3.000 kilómetros de vecindad. EE UU tiene una legislación muy permisiva en materia de armas. Sus ciudadanos pueden adquirir legalmente las armas que deseen hasta de calibre 50. Un rifle, el barret, de calibre 50, es uno de los preferidos de los narcotraficantes mexicanos. Esa arma, que puede adquirir cualquier ciudadano, penetra blindaje, penetra paredes, ha llegado a alcanzar un objetivo a 2.400 metros de distancia. Sin duda en las cifras que le he dado de incautación de armas el abastecedor fundamental es Estados Unidos. Allí tienen alrededor de 107.000 establecimientos de ventas de armas. Algo más de 12.000 están en la frontera con México. Y precisamente son estos, los de la frontera, los que tienen como promedio de ventas anual el doble que el resto del territorio. Esto no puede ser casual, no puede ser accidental. La Constitución estadounidense en su segunda enmienda garantiza este derecho, y aunque a nosotros nos puede parecer absurdo que un ciudadano pueda comprar un [rifle] AK-47, un AR-15, o un barret 50, esa es la ley de la tierra.

P. Otra de las cuestiones de debate en México es si la policía sigue siendo operativa a pesar de las infiltraciones.

R. Sin duda. El tamaño y la capacidad institucional no se destruyó. El hecho de poder eliminar a estas personas no destruye a la institución. Son infiltrados, pero no hay colapso institucional en absoluto. Son las propias instituciones las que están ejecutando esta limpieza.

P. Pero hay casos en que la infiltración llegó muy alto -el ex jefe de la Interpol, el ex zar antidrogas-. Eso provoca una desconfianza creciente.

R. Yo creo que el efecto es el contrario. Cuando los ciudadanos miran que se afronta el problema, lo aplauden. Lo más grave en términos de confianza sería la negación, ignorar el problema. Los ciudadanos, y así lo estamos midiendo en nuestras encuestas, saben que estas acciones -difíciles, dolorosas, porque en algún caso era gente muy cercana a nosotros- están hechas con rigor y su efecto es que las instituciones salgan reforzadas.

P. ¿Se siente concernido por la sospecha generalizada hacia la clase política y, en especial, hacia los que como usted están en primera línea contra el narcotráfico?

R. Yo personalmente no tengo ninguna preocupación, nunca se me ha hecho ninguna imputación directa, porque no hay base para hacerla. No se me puede vincular con nada relacionado al crimen organizado.

P. ¿Cuándo se comenzará a ver la luz?

R. Se empieza a ver ya. El narcotráfico está perdiendo fuerza. En su caída están teniendo y tendrán reacciones de violencia inusitada. La situación de normalidad empezará a verse no muy lejos en el tiempo, aunque la batalla completa para ganar esta guerra sin duda es de largo plazo, y así lo planteó el presidente desde el primer día. Será una guerra larga, costosa, difícil. Pero la derrota es impensable porque es imposible. México tiene capacidad para derrotar al narcotráfico. No hay espacio para la derrota.

sábado, 22 de novembro de 2008

PCC, DEA e o lengalenga de sempre na Folha de São Paulo

Inacreditável! Em artigo da segunda página da Folha de São Paulo, o correspondente do jornal em Caracas, Fabiano Maisonnave, seguindo a cantilena anti-Evo dominante na imprensa brasileira, perpetra algumas pérolas. Com o pretexto de comentar a suspensão das atividades da DEA (a conhecida agência anti-drogas norte-americana) na Bolívia, posição bancada pelo presidente boliviano, após a confirmação do envolvimento da não tão isenta e imparcial agência norte-americana em assuntos, digamos, “distantes” das drogas, o jornalista amontoa, em poucas linhas, um conjunto de lugares-comuns do “alinhamento automático” com os EUA. Repete aquele desdobramento retórico usual, muito presente na imprensa brasileira, no qual o questionamento de qualquer política norte-americana é tomado como expressão de anti-americanismo (algo que, concordamos, se desdobra e se alimenta, não raramente, de fundamentalismos vários). A relação da decisão de Evo com as ações do PCC é o coroamento de um texto, no mínimo, mal-intencionado.
Leia abaixo trechos do artigo. Entremeio alguns comentários (em itálico) aos trechos, digamos, mais "pesados".

Fiesta no PCC

O PCC NÃO deve caber em si de tantas boas notícias.
Principal comprador da cocaína boliviana, terá o seu negócio bem mais facilitado depois que Evo Morales expulsou a DEA do país.

O autor, de forma cavilosa, foge de algumas questões fundamentais: Por que o DEA foi expulso? O que ele tem promovido na Bolívia? O combate ao narcotráfico tem se traduzido em que custos sociais e ambientais na América Latina?
A perspectiva assumida não deixa de ser curiosa: a DEA aparece como estando acima do bem e do mal. Não pergunte a nenhum latino-americano, mas, sim, a um norte-americano medianamente informado e ele se apresentará muito mais crítico em relação à agência do que o jornalista.


Em menos de um ano, receberá uma estrada novinha em folha que pavimenta a sua mais importante rota do pó, entre Santa Cruz e Corumbá (MS). Mas a cereja do bolo é que, a partir de agora, o Brasil será o principal parceiro da Bolívia no combate às drogas.

Risível! Mas tudo vale para combater o Evo, não é mesmo? Mas, sabemos bem, se a tal estrada não fosse construída, o Governo Evo seria considerado incompetente. Já que a construiu, nada de elogios, se fez é porque era para servir ao narcotráfico

(...)

A falta de preocupação do Brasil ganhou contornos surreais na semana passada, na visita a Brasília do ministro de Governo, Alfredo Rada, ao colega Tarso Genro (Justiça). Toda a iniciativa veio do lado boliviano. O ministro brasileiro e seus assessores engoliram a lengalenga de que coca não é cocaína (o mesmo que dizer que laranja não é suco de laranja) e se limitaram a ouvir e aceitar as propostas de revisar os inócuos acordos bilaterais e ampliar a cooperação policial.
Genro poderia ter questionado, no mínimo, por que Morales -que acumula os cargos de presidente da República e do sindicato dos cocaleiros- decidiu aumentar a área legal de coca de 12 mil para 20 mil hectares, embora 6 mil hectares bastem para o uso tradicional.

Coca está para cocaína assim como a laranja está para o suco de laranja? Meu Deus! O que será que esse cara fez antes de escrever o artigo. Hum, sei lá, mas... Sem comentários!



Tanta inércia condiz com a estratégia maior da diplomacia lulista de evitar brigas com o vizinhos e assim despontar como "big player" mundial. Mesmo que isso traga o risco de transformar o Brasil num cenário de guerra parecido ao que ocorre hoje no México. Que o diga Botucatu, onde uma quadrilha acaba de explodir uma delegacia para roubar cocaína "made in Bolívia".

Lula, sempre ele!, é o culpado! Ora, ora, onde já se viu coisa mais sem sentido do que essa de querer que o Brasil seja um player global, não é? Parece complexo de vira-lata do jornalista, mas, creio eu, não é. É que é muito difícil afirmar alguma coisa diferente, crítica e independente na dita Grande Imprensa.

O final do texto é melancólico. A comparação com o ocorrido em Botucatu funciona como uma chantagem: impeçam o Evo de fazer essa "loucura" (se livrar da DEA, lembrem!) ou isso aqui se transforma no México. Tudo se passa como se o florescimento dos cartéis mexicanos não tivesse ocorrido em meio a uma guerra que teve exatamente a DEA como um dos seus atores. Qual o papel do DEA na guerra da droga no México? Até a indústria cinematográfica norte-americana já explorou esse filão. Ontem mesmo, no EL PAÍS, podia-se ler a notícia de que o ex-czar anti-drogas mexicano (treinado onde? ajudado por qual agência) fora preso por suspeitas de envolvimento com o narcotráfico.


Assinante UOL lê o artigo completo aqui.