Transcrevo abaixo trechos da coluna de hoje do jornalista Jânio de Freitas escrita na Folha de São Paulo. Lá embaixo, coloco um link para que os assinantes do jornal ou do UOL possam lê-la integralmente.
JANIO DE FREITAS
Na porta de entrada
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Em uma República presente no século 21, a eleição de seu presidente reduz-se ao aborto, se crime ou não
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ENTRE PRÉ-SAL, Brasil no jogo político planetário, células tronco, construção de foguetes, submarinos nucleares, feitos esplêndidos e silenciosos de laboratórios científicos, liderança mundial em exportação de vários alimentos -enfim uma República presente no século 21 sob tantos aspectos, de repente a eleição de seu presidente reduz-se ao aborto, se crime ou não. Os candidatos tremem, docilizam-se, mentem. Os bispos e pastores, no velho e no novo púlpito da tv, troam passando-se pela voz divina. Um país com meio milênio de atraso.
O caminho para a conquista do eleitor não são os projetos, não são as ideias, não são os circunstantes técnicos e políticos, não é o diagnóstico do presente e a visão de futuro. É a benção. Proveniente de sedes de bispados e cardinalatos, dos palcos e templos onde os que fazem riqueza inventando seitas recolhem os 10% "de dízimo".
(...)
Se o eleitor se convence da insinceridade dos candidatos, testemunha que é da submissão oportunista em quem deveria demonstrar inteireza, ignoro a existência de argumento respeitável para convencê-lo do contrário. Ignoro e duvido que haja.
A eleição dita republicana leva o Brasil ao portal do mundo dos fundamentalismos, essa patologia cujos fins e formas variados são idênticos nas marcas deixadas na história: sempre guerras, mortes impiedosas, sofrimento de inocentes em massa, dominação, e atraso -tantas vezes irreparável no possível caminho do crescimento humano.
(...)
Mas o que os candidatos à Presidência disputam é a sua possibilidade de influir, decisivamente em inúmeros casos, no futuro de quase 200 milhões de pessoas. Adeptos de religião ou não. E a maioria dos adeptos, só para fins de declaração.
ASSINANTE UOL OU FOLHA LÊ O TEXTO INTEGRAL AQUI.
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domingo, 10 de outubro de 2010
Brincando com o fundamentalismo
E os ditos formadores de opinião começam a se chocar com a criatura que eles começaram a cevar. Refiro-me ao fundamentalismo religioso. Agora, no processo eleitoral, é conveninte açular carismáticos e evangélicos contra a Dilma. E, ao PT, faz-se necessário mostrar-se aliado dos eleitores religiosos. Mas, amanhã, a fatura dessa brincadeira pode ser mais alta do que ambos os lados pensam pagar.
Os jornalistas modernosos (ou pós-modernos da Folha) e os produtores culturais tucanos, tão avançados e contra a caretice petista, dão-se conta de que serão os seus amigos (ou eles próprios) as primeiras vítimas de um mundo no qual as regras morais sejam ditadas pelos pastores da Assembléia de Deus. Nesse admirável mundo novo, não tenho dúvidas, espaço nenhum haverá para performances desconstrucionistas. Parada Gay, Caderno "Mais", Segundo Caderno, dinheiro para programas de prevenção à AIDS e contra a violência homofôbica e similares desaparecerão. Como nos EUA da era Bush, o dinheiro público ira financiar campanhas de abstinência sexual. Pois, religiosos extremistas vêm nessas campanhas o caminho para enfrentar a AIDS...
Vejam o Afeganistão. Para escorraçar os russos de lá, os norte-americanos treinaram uma figurinha chamada Osama Bin Lader e deram dinheiro a rodo para a guerrilha islâmica. Pariu a Al Qaeda e o Talibã. E toda a vida social laica, que um dia fez do Afeganistão um país respirável para as mulheres, foi destruído. E o resto, você já sabe.
Quem goza com o gozo fariseu dos pastores e os seus vídeos escatológicos, como aquele de um proto-fascista curitibano, tem que se lembrar que, para os representantes políticos evengélicos, ainda ontem, quando da discussão sobre a nova Cosntituição brasileira, era inaceitável a tipificação de ato sexual forçado no casamento como estupro. Por quê? Ora, porque o casamento é sempre sagrado. Imaginem o retrocesso na discussão sobre a respeito da violência doméstica que vem embutido por trás desses discursos em defesa da família.
O PSDB, mais até do que o PT, tem os pés fincados na classe média. Parte dela se pensa ilustrada. Adora, em São Paulo, os programas culturais corretamente custeados pelo dinheiro público. Alguém pensa que no admirável mundo novo da Assembléia de Deus haverá dinheiro para coisas que não aquelas do "louvor"?
Quem brinca com fundamentalismo, podem apostar, paga um preço alto. E, nestas eleições, estamos indo além da conta.
Os jornalistas modernosos (ou pós-modernos da Folha) e os produtores culturais tucanos, tão avançados e contra a caretice petista, dão-se conta de que serão os seus amigos (ou eles próprios) as primeiras vítimas de um mundo no qual as regras morais sejam ditadas pelos pastores da Assembléia de Deus. Nesse admirável mundo novo, não tenho dúvidas, espaço nenhum haverá para performances desconstrucionistas. Parada Gay, Caderno "Mais", Segundo Caderno, dinheiro para programas de prevenção à AIDS e contra a violência homofôbica e similares desaparecerão. Como nos EUA da era Bush, o dinheiro público ira financiar campanhas de abstinência sexual. Pois, religiosos extremistas vêm nessas campanhas o caminho para enfrentar a AIDS...
Vejam o Afeganistão. Para escorraçar os russos de lá, os norte-americanos treinaram uma figurinha chamada Osama Bin Lader e deram dinheiro a rodo para a guerrilha islâmica. Pariu a Al Qaeda e o Talibã. E toda a vida social laica, que um dia fez do Afeganistão um país respirável para as mulheres, foi destruído. E o resto, você já sabe.
Quem goza com o gozo fariseu dos pastores e os seus vídeos escatológicos, como aquele de um proto-fascista curitibano, tem que se lembrar que, para os representantes políticos evengélicos, ainda ontem, quando da discussão sobre a nova Cosntituição brasileira, era inaceitável a tipificação de ato sexual forçado no casamento como estupro. Por quê? Ora, porque o casamento é sempre sagrado. Imaginem o retrocesso na discussão sobre a respeito da violência doméstica que vem embutido por trás desses discursos em defesa da família.
O PSDB, mais até do que o PT, tem os pés fincados na classe média. Parte dela se pensa ilustrada. Adora, em São Paulo, os programas culturais corretamente custeados pelo dinheiro público. Alguém pensa que no admirável mundo novo da Assembléia de Deus haverá dinheiro para coisas que não aquelas do "louvor"?
Quem brinca com fundamentalismo, podem apostar, paga um preço alto. E, nestas eleições, estamos indo além da conta.
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quinta-feira, 5 de março de 2009
A Igreja e o aborto da menina de Recife
A posição do Arcebispo de Recife, espécie de cruzado moderno, é a melhor expressão do fundamentalismo no Brasil. Para ele e os seus seguidores fundamentalistas, o dogma religioso coloca-se acima da vida e da saúde de uma criança. Lei a matéria abaixo, publicada no Estadão de hoje.
Igreja excomunga envolvidos em aborto de menina estuprada
Ministro da Saúde, José Gomes Temporão, diz que decisão da Igreja foi 'radical' e 'inadequada'
Agência Brasil
BRASÍLIA - Os envolvidos no processo de aborto de uma menina de 9 anos que foi estuprada foram excomungados pelo arcebispo de Olinda e de Recife, d. José Cardoso Sobrinho. De acordo com a polícia, o padrasto da criança já confessou que abusava da garota. A decisão da Igreja foi criticada pelo ministro da Saúde, José Gomes Temporão.
O arcebispo condenou os responsáveis pelo aborto e disse ao Jornal Hoje que "o fim não justifica os meios. Esse é o princípio , a doutrina moral da Igreja. Os adultos, quem aprovou e quem realizou esse aborto, incorreu na excomunhão."
Para o ministro, a decisão foi "radical" e "inadequada". "A lei brasileira é muito clara: a interrupção da gravidez é autorizada em caso de estupro ou em caso de risco de vida da gestante. O resto, é opinião da Igreja. Trata-se de uma criança e, do ponto de vista biológico, não acredito que ela tivesse condições de levar a termo essa gestação de gêmeos", disse, ao participar de entrevista a emissoras de rádio durante o programa Bom Dia, Ministro. "Estou impactado", afirmou.
A menina estava grávida de gêmeos e, de acordo com médicos, se a gravidez fosse levada a diante, ela correria risco de vida. Na terça à noite, a menina foi internada e recebeu medicamentos para interromper a gravidez. Ao justificar sua decisão, dom José Cardoso Sobrinho disse que, aos olhos da Igreja, o aborto é crime e que a lei dos homens não está acima das leis de Deus.
Para Temporão, o ato de excomungar os envolvidos no aborto é um contra-senso diante do que aconteceu à criança, vítima de estupro pelo padrasto. "Fiquei chocado com os dois fatos: com o que aconteceu com a menina e com a posição desse religioso que, equivocadamente, ao dizer que defende uma vida, coloca em risco uma outra tão importante."
O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, que estava ao lado de Temporão quando ele se pronunciou também fez seu comentário: "Quero falar como cidadão: estou muito revoltado. Essa menina foi violentada, já teve um trauma grande. A Igreja, em vez de ajudar, criou uma questão a mais." E em seguida, completou: "É a criminalização da vítima."
(com Lígia Formenti, de O Estado de S. Paulo)
Igreja excomunga envolvidos em aborto de menina estuprada
Ministro da Saúde, José Gomes Temporão, diz que decisão da Igreja foi 'radical' e 'inadequada'
Agência Brasil
BRASÍLIA - Os envolvidos no processo de aborto de uma menina de 9 anos que foi estuprada foram excomungados pelo arcebispo de Olinda e de Recife, d. José Cardoso Sobrinho. De acordo com a polícia, o padrasto da criança já confessou que abusava da garota. A decisão da Igreja foi criticada pelo ministro da Saúde, José Gomes Temporão.
O arcebispo condenou os responsáveis pelo aborto e disse ao Jornal Hoje que "o fim não justifica os meios. Esse é o princípio , a doutrina moral da Igreja. Os adultos, quem aprovou e quem realizou esse aborto, incorreu na excomunhão."
Para o ministro, a decisão foi "radical" e "inadequada". "A lei brasileira é muito clara: a interrupção da gravidez é autorizada em caso de estupro ou em caso de risco de vida da gestante. O resto, é opinião da Igreja. Trata-se de uma criança e, do ponto de vista biológico, não acredito que ela tivesse condições de levar a termo essa gestação de gêmeos", disse, ao participar de entrevista a emissoras de rádio durante o programa Bom Dia, Ministro. "Estou impactado", afirmou.
A menina estava grávida de gêmeos e, de acordo com médicos, se a gravidez fosse levada a diante, ela correria risco de vida. Na terça à noite, a menina foi internada e recebeu medicamentos para interromper a gravidez. Ao justificar sua decisão, dom José Cardoso Sobrinho disse que, aos olhos da Igreja, o aborto é crime e que a lei dos homens não está acima das leis de Deus.
Para Temporão, o ato de excomungar os envolvidos no aborto é um contra-senso diante do que aconteceu à criança, vítima de estupro pelo padrasto. "Fiquei chocado com os dois fatos: com o que aconteceu com a menina e com a posição desse religioso que, equivocadamente, ao dizer que defende uma vida, coloca em risco uma outra tão importante."
O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, que estava ao lado de Temporão quando ele se pronunciou também fez seu comentário: "Quero falar como cidadão: estou muito revoltado. Essa menina foi violentada, já teve um trauma grande. A Igreja, em vez de ajudar, criou uma questão a mais." E em seguida, completou: "É a criminalização da vítima."
(com Lígia Formenti, de O Estado de S. Paulo)
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terça-feira, 11 de novembro de 2008
Essa mulher me dá um medo danado

Quando leio uma manchete como a que coloco abaixo, do jornal espanhol El Pais de hoje, tremo nas bases. É que tenho um pavor crônica das "verdades perfeitas" e seus defensores, os fundamentalistas. O fundamentalismo está sempre à espreita e ninguém está imune. Nem eu. Mas, cá entre nós, temo em especial o fundamentalismo cristão. Ele não é menos nefasto do que os outros mais facilmente identificáveis pela grande mídia. Caso tenha estômago, aproveite o link da manchete e lei a matéria. Depois me responda: tenho ou não razões de temer a governadora do Alasca?
Palin: "Dios me enseñará el camino hacia la Casa Blanca"
La ex candidata republicana a la vicepresidencia asegura en su primera entrevista tras las elecciones que pone su vida "en manos del creador"
Tomará que o Obama faça um bom governo, consiga a reeleição e faça os americanos deixarem essa mulher no Alasca.
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