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segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Uma disputa sem espaço para deslizes

Leia abaixo a sempre lúcida análise do jornalista Alon Feuerwerker.

Sem espaço para errar (15/08)
Alon Feuerwerker

Quando você precisa se explicar a toda hora é porque alguma coisa não vai bem. Essa é uma regra geral, sem margem de erro ou grau de incerteza

Na véspera dos programas e inserções eleitorais de rádio e televisão, não apenas os candidatos estão alinhados para a largada, mas também os institutos de pesquisa. Após meses de alguma dissonância, os quatro (Datafolha, Ibope, Sensus, Vox Populi) dizem mais ou menos a mesma coisa: Dilma Rousseff (PT) abre esta etapa na frente de José Serra (PSDB). Por poucos pontos, ainda na casa de um dígito.

Enquanto afirmavam coisas diferentes, os institutos andaram estranhando-se nos números e nas interpretações, com a natural repercussão entre as torcidas. Assim como no jornalismo, o “pesquisismo” também tem sido cenário para o “você está dizendo isso só porque apoia fulano”. É a conversa da arquibancada. Na versão benigna.

Já no campo de jogo a peleja tem outras regras: as caneladas e carrinhos vêm na forma de polêmicas entre o “ponto de fluxo” e a “consulta domiciliar”, entre fazer a indagação sobre o voto antes ou depois de perguntar o que acha do governo, entre dizer ou não que o candidato “x” é apoiado pelo político “y”. E, se não é suficiente, tem sempre a margem de erro para dar uma mãozinha.

Mais ainda. Tem uma coisa chamada “incerteza”. Com as mesmas letras miudinhas dos contratos duvidosos, os institutos avisam sempre haver uma chance (geralmente 5%) de a pesquisa estar completamente errada. De o resultado colhido na amostra ser diferente (para além da margem de erro) do que seria se todo o universo fosse auscultado.

Nas pesquisas, como nos consultórios médicos, o doutor sempre tem razão, até quando não tem. Pois ciência mesmo é dar a si próprio uma probabilidade generosa de estar errado. O tratamento não funcionou? Lamento, mas você está naqueles poucos casos em que não funciona. Tudo bem, doutor, mas o senhor me devolve então o dinheiro das consultas? E dos remédios?

Um consenso é que institutos de pesquisa vivem da credibilidade. Será? Assim como políticos vivem de ganhar eleição, pesquiseiros precisam acertar. No desfecho, claro, mas também nas parciais. Com um detalhe: é fácil verificar se a pesquisa de véspera de eleição acertou, basta compará-la com o resultado. Já nas parciais é mais complicado, pois só dá para comparar mesmo umas pesquisas com as outras.

Agora, por enquanto Sensus e Vox Populi estão levando vantagem sobre o Datafolha, com o Ibope mais ou menos no zero a zero. Já duas vezes o Datafolha chegou a resultados parecidos com os dos concorrentes, mas depois. Hoje as pessoas creem que Dilma ultrapassou Serra, e quem apontou nisso primeiro anda numa boa. Já os outros têm que se explicar.

E quando você precisa se explicar a toda hora é porque alguma coisa não vai bem. Essa é uma regra geral, sem margem de erro ou grau de incerteza.

Isso garante que uns estejam “certos” e os outros, “errados”? Claro que não. No limite podem estar todos errados.

E daí? O drama para os institutos de pesquisa é que a disputa entre eles na maior parte do tempo se passa numa esfera intangível, a das percepções. Daí o valor da tal “credibilidade”. Se eu tenho credibilidade, tenho e ponto final. Mas credibilidade nenhuma resiste intocada ao erro. Menos ainda ao erro sistemático e à necessidade sistemática de se explicar.

E mesmo quem não larga na corrida com muita credibilidade pode acumular capital político, se acertar mais do que os outros, se der sistematicamente a impressão de que vai na frente e os adversários vão atrás. Aliás, quem precisa recorrer muito à própria credibilidade está a meio caminho dar um tchauzinho a ela.

Vai começar

O desafio para para os profissionais de Marina Siva é impedir que seja tragada pelo escasso tempo de tela e pela polarização há muito anunciada. Já no caso de José Serra, a tarefa, não trivial, é explicar por que mudar se as coisas vão bem. A missão de Dilma Rousseff é mais simples, basta impedir que Serra consiga dar essa explicação.

Dilma chega na frente na largada, o que é bom para ela. Estar na frente é sempre melhor. Serra chega precisando segurar um punhado de votos para levar a eleição ao segundo turno. E virar um punhado deles para ganhar.

Numa eleição em que esse punhado é de cinco milhões num universo de 135 milhões, dizer que ela já acabou parece algo precipitado.

Mas é óbvio que o grande desafio está no campo de Serra e não no de Dilma.


segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Será jogo de campeonato a eleição para governador(a) no RN

Em jogo de campeonato, sabemos todos quantos amamos o futebol, a estética subordina-se à necessidade imperiosa de somar pontos. Daí porque, se você é uma das pessos que vira as costas para o nobre esporte bretão e para a locução esportiva, os narradores esportivos (que, não raro, torcedores apaixonadas) criaram o bordão impagável: "joga a bola pro mato que o jogo é de campeonato".

E é assim... Em jogo de campeonato vale a catimba (uma enrolação, um "boneco", como diriam os apodienses) e, se o time estiver na frente no campeonato, "deixar o tempo correr".

Por isso mesmo, há sempre a possibilidade de que, ao final, o campeonato revele-se realmente uma "caixinha de surpresas". E aí, time que esteve na frente por muitas rodadas, derrapa na curva. E feio. Foi o que aconteceu, dentre outros, com o time do São Paulo no último brasileirão.

E daí? O que diabos queres dizer, ô meu? O que isso diz sobre as eleições para o governo do Rio Grande do Norte? Daí, meus lindos e lindas, quero apenas chamar-lhes a atenção para o fato de que quem está na ponta, liderando nas pesquisas, ainda terá que fazer muito esforço para levar a taça nas eleições de outubro.

É bom lembrar essa lição simples porque, não raramente, os defensores da candidatura da Senadora Rosalba Ciarline (DEM), líder disparada nas pesquisas de opinião para ocupar o Palácio Potengi, comportam-se como se o campeonato, digo as eleições de outubro próximo, fossem algo assim como um passeio. E, convenhamos, elas nunca são um passeio aqui no RN.

Por outro lado, não existe WO na política. O time adversário nunca falta ao encontro...

O mais provável adversário de Rosalba, o Vice-Governador Iberê Ferreira de Sousa (PSB), irá para as eleições com a retaguarda da máquina estatal. E isso não é pouco em nenhuma eleição no Brasil. Terá ainda o apoio do PT e do Presidente Lula. Outros elementos tampouco desprezíveis.

Ah, mas estás a subestimar as pesquisas? Eu? Nunquinha... Mas pesquisa eleitoral, caríssimos, não podem ser tratadas como informações estanques e absolutas. Os cenários mudam. E mudam muito, especialmente quando o jogo esquenta. E o jogo vai esquentar. Basta lembrar um dado: mesmo o rosalbismo (e o proto-rosalbismo) jogando na canela contra Iberê na Assembléia Legislativa, ainda assim, ele terá como "agradar" muitas lideranças locais. E isso redefine muitas coisas.

Não, as eleições não terão a beleza estética de um jogo da Seleção de 1982, mas valem bem uma boa cobertura crítica. Tentaremos fazer isso aqui. Pode apostar!

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Governo Vilma de Faria, a vitória da mediocridade

A palavra mediocridade, escrita acima, não contém um sentido explicitamente pejorativo. Se você é uma das duas ou três pessoas que freqüenta este blog, sabe bem, não costumo participar do disse-que-disse e da baixaria que, algumas vezes, infesta o noticiário político local.

Claro, claro, nem sempre é possível manter-me distanciado. Sou um lorde com alma de cangaceiro...

Voltando ao que interessa, quando uso o termo medíocre o faço sem um sentido de menosprezo ou de acusação, mas de constatação de algo que está na média ou abaixo dela. Algo que não se sobressai, que vegeta na mesmice...

Na vida política, como na acadêmica, não raras vezes, a mediocridade é quase uma virtude. Pode acreditar! O personagem não se arrisca muito, não faz mudanças bruscas de rota e se mantém ali, firme e medíocre. Alguns até o identificarão como sábio...

Pois tem sido assim o Governo Vilma de Faria, no Rio Grande do Norte. Lá se vão longos sete anos de mediocridade.

Não há nenhuma marca desse governo. Até na ruindade, ele é mediano. Não há nada de trágico também (apenas, como direi, pequenos deslizes...). Nada de ousado e inovador. Só a mesmice... E, claro, a reprodução local das políticas sociais do Governo Federal. Não fora Lula, com quem o eleitorado potiguar identifica a governadora, Vilma de Faria nem cogitaria sair candidata ao Senado. Não teria apoio e repetiria a sua performance de 1994, quando, candidata a governadora, ficou em quarta lugar, atrás de Fernando Mineiro, candidato do PT.

Estou sendo duro? Diga-me, então, em que área o Governo Vilma fez diferença? Na educação? Ora, ora, após cinco diferentes secretários continuamos patinando e apresentado os piores indicadores de desempenho estudantil do Brasil. Na segurança pública? Aí, até tivemos (e temos atualmente) bons quadros à frente da pasta, mas, logo, logo, o bom dirigente descobre que a mediocridade do governo impede qualquer mudança significativa. Ou seja, mexer no vespeiro das diversas polícias que se orientam, cada uma delas, pelos seus próprios interesses em detrimento da cidadania.

Na cultura? Por favor, após a devastação política e moral do “foliaduto”, a Fundação José Augusto, responsável pela política de cultura, precisa de, no mínimo, uma década para recuperar a sua capacidade de iniciativa e a sua credibilidade.

Na saúde? O Governo apeou-se de suas responsabilidades como gestor do SUS e a farra das cooperativas médicas continuam.

Nas relações políticas? Sem palavras...

A mediocridade do governo contaminou as instituições e a vida política do estado. E a vida política regional, traduzida na dança das cadeiras e no troca-troca de partido, nunca foi tão pobre.

Quer uma expressão dessa realidade? O outrora altaneiro PT potiguar quedou-se a uma condição quase abjeta de linha auxiliar do vilmismo em troca de um "pouco mais ou nada". O corolário dessa situação foi um dirigente petista do RN mendigando uma suplência na senatoria... Seria trágico, não fosse cômico... (bueno, pelo menos a mediocridade nos diverte, não é?)

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

As eleições de 2010

Transcrevo abaixo análise desenvolvida pelo Alon Feuerwerker em seu blog a respeito do cenário político que começa a se desenhar para as eleições presidenciais de 2010. Confira!

Mau humor não dará as cartas
Alon Feuerwerker

O ambiente no país é otimista. E mau humor não combina com otimismo. O eleitor não sairá de casa no dia da eleição querendo comer o fígado de ninguém.

Uma característica desta sucessão presidencial é que ela vai ser disputada por gente assertiva e objetiva, ainda que cada um a seu modo. Uns menos suaves, outros mais. É a chance de uma campanha eleitoral razoavelmente “técnica”, o que seria uma bênção. Talvez nos aproximássemos de um cenário “americano”, com o carisma, a empatia e a simpatia servindo mais ao debate programático do que o inverso.

Qual será o foco da discussão? Se depender do que alardeia o governo, o país estará mobilizado para “evitar a volta da turma do Fernando Henrique”. Já a oposição procurará convencer-nos do quanto seria inconveniente “dar mais quatro anos ao PT”. Haverá certamente arranca-tocos relativos à “ética”. Mas todos sabem que não poderá ser só isso.

Agitar espectros não garante eleição, até porque os nomes do PSDB colocados têm garrafas para entregar em suas administrações. E o PT faz um governo com altas taxas de aprovação — e Dilma Rousseff é a ministra mais importante desse governo. E Marina Silva é uma candidata respeitável e consistente.

Teremos escaramuças. Mas, no fritar dos ovos, os concorrentes precisarão apresentar uma visão de futuro, com propostas inteligíveis em pelo menos alguns pontos estratégicos: educação, saúde, segurança e, principalmente, desenvolvimento. Não se trata de ficar debatendo tecnicalidades, mas de convencer o eleitor sobre a capacidade de o candidato ou candidata liderarem o país rumo à remoção das correntes que ainda nos amarram ao subdesenvolvimento.

Quem é o melhor para acabar definitivamente com o tratamento desumano dos pacientes que procuram atendimento médico? Quem é o melhor para fazer as nossas crianças saírem da escola sabendo ler, escrever e fazer contas? Quem é o melhor para reduzir os índices de criminalidade e proteger os cidadãos contra os bandidos? E quem é o melhor para conduzir a economia gerando ao mesmo tempo empregos e equilíbrio ambiental?

No fim das contas, o eleitor prestará atenção aí. Assim como elegeu Luiz Inácio Lula da Silva quando concluiu que a principal coisa a fazer era combater a pobreza e a desigualdade. E cada um dos candidatos terá trunfos. Todos têm currículos respeitáveis. Que a turma da campanha negativa tire o cavalinho da chuva: não será com ataques que vão derrubar Dilma, José Serra ou Aécio Neves e Marina Silva. Quem tentar vai desperdiçar energia, dinheiro e tempo de rádio e televisão. Talvez sirva para tirar o adversário do eixo, o que já é alguma coisa. Mas só.

Até porque o ambiente no país é de otimismo. E deverá continuar assim no ano que vem. E mau humor não combina com otimismo. O eleitor não sairá de casa no dia da eleição querendo comer o fígado de ninguém. Será um belo desafio para os candidatos e seus marqueteiros: como fazer uma campanha combativa, que enfraqueça o adversário, sem entretanto bater de frente com o espírito do tempo, com o sentimento geral.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Lula recebe importante prêmio, mas a grande imprensa finge que nada aconteceu...

Reproduzo aí abaixo a interessante nota postada pelo sempre arguto jornalista Ricardo Kostho em seu criativo balaio.

Prêmio de Lula orgulha o país, mas imprensa esconde

Caros leitores,

são onze e meia da noite e não venço liberar os comentários. Ainda restam mais de 130 na fila e estou morrendo de sono. Passei a tarde toda viajando e aqui onde estou, em São Sebastião, a conexão da internet é muito lenta.

Por favor, não pensem em censura. Os comentários excluídos até agora foram muito poucos _ só aqueles que continham ofensas graves ou eram pura baixaria. Volto daqui a pouco, assim que acordar, para liberar os comentários. Boa noite a todos e muito obrigado pela participação de voces neste debate acalorado aqui no Balaio.

Manhã de quinta-feira: só agora consegui liberar todos os comentários, mais de 400, inclusive os que foram enviados ontem.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu na noite desta terça-feira, em Paris, o prêmio Félix Houphouët-Boigny concedido pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a educação, a ciência e a cultura).

Presidido por Henry Kissinger, ex-secretário de Estado dos Estados Unidos, o júri premiou Lula “por sua atuação na promoção da paz e da igualdade de direitos”.

Não é um premiozinho qualquer. Entre as 23 personalidades mundiais que receberam o prêmio até hoje _ anteriormente nenhum deles brasileiro _ , estão Nelson Mandela, ex-presidente da África do Sul, Yitzhak Rabin, ex-premiê israelense, Yasser Arafat, ex-presidente da Autoridade Nacional Palestina, e Jimmy Carter, ex-presidente dos Estados Unidos.

Secretário-executivo do prêmio, Alioune Traoré lembrou durante a cerimonia na sede da Unesco que um terço dos vencedores anteriores ganhou depois o Prêmio Nobel da Paz.
Pode-se imaginar no Brasil o trauma que isto causaria a certos setores políticos e da mídia caso o mesmo aconteça com Lula.


Thaoré disse a Lula que, ao receber este prêmio, “o senhor assume novas responsabilidades na história”.

Mas nada disso foi capaz de comover os editores dos dois jornalões paulistas, Folha e Estadão, que simplesmente ignoraram o fato em suas primeiras páginas. Dos três grandes jornais nacionais, apenas O Globo destacou a entrega do prêmio no alto da capa.

Para o Estadão, mais importante do que o prêmio recebido por Lula foi a manifestão de dois ativistas do Greenpeace que exibiram faixas conclamando Lula a salvar a Amazônia e o clima. “Ambientalistas protestam durante premiação de Lula”, foi o título da página A7 do Estadão.
O protesto do Greenpeace foi também o tema das únicas fotografias publicadas pela Folha e pelo Estadão. No final do texto, o Estadão registrou que Lula pediu desculpas aos jovens ativistas, retirados com truculência pela segurança, e “reverteu o constragimento a seu favor, sendo ovacionado pelo público que lotava o auditório”.


“O alerta destes jovens vale para todos nós, porque a Amazônia tem que ser realmente preservada”, afirmou Lula em seu discurso, ao longo do qual foi aplaudido três vezes quando pediu o fim do embargo a Cuba e a criação do Estado palestino, e condenou o golpe em Honduras.
“Sinto-me honrado de partilhar desta distinção. Recebo esse prêmio em nome das conquistas recentes do povo brasileiro”, afirmou Lula para os convidados das Nações Unidas.


A honraria inédita concedida a um presidente brasileiro, motivo de orgulho para o país, também não mereceu constar da escalada de manchetes do Jornal Nacional. A notícia da entrega do prêmio no principal telejornal noturno saiu ensanduichada entre declarações de Lula sobre a crise no Senado e o protesto do Greenpeace.

É verdade que ontem foi o dia do grande show promovido nos funerais de Michael Jackson, mas também ganhou destaque na escalada e no noticiário a comemoração pelos quinze anos do Plano Real (tema tratado neste Balaio na semana passada) promovida no plenário do Senado, em que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso aproveitou para atacar Lula.

Diante da manifesta má-vontade demonstrada pela imprensa neste episódio da cobertura da entrega do Prêmio da Unesco, dá para entender porque o governo Lula procura formas alternativas para se comunicar com a população fora da grande mídia.

Muitas vezes, quando trabalhava no governo, e mesmo depois que saí, discordei dele nas críticas que fazia à atuação da imprensa, a ponto de dizer recentemente que não lia mais jornais porque lhe davam azia.

Exageros à parte, mesmo que esta atitude beligerante lhe cause mais prejuízos do que dividendos, na minha modesta opinião, o fato é que Lula não deixa de ter razão quando se queixa de uma tendência da nossa mídia de inverter a máxima de Rubens Ricupero, aquele que deu uma banana para os escrúpulos.

“O que é bom a gente esconde, o que é ruim a gente divulga”, parece ser mesmo a postura de boa parte dos editores da nossa imprensa com um estranho gosto pelo noticiário negativo, priorizando as desgraças e minimizando as coisas boas que também acontecem no país.

Valeu, Lula. Parabéns!

Sobre Darendorf

Graças ao auxílio do Ex-Blog do César Maia, coloco, mais abaixo, um texto, publicado inicialmente no jornal El País, traduzido pelo ex-prefeito carioca, de um dirigente do PP espanhol. Trata-se de uma interessante apresentação do pensamento de Darendorf. Vale a pena conferir!

O POPULISMO MIDIÁTICO COLOCA O POVO CONTRA O POVO!

Trechos do artigo de José Maria Lassalle, secretário de estudos do PP-ES, sobre o pensamento de Ralf Dahrendorf, recentemente falecido (El País, 06/07)

1. Dahrendorf entende que os liberais -de fato- serão sempre uma minoria, pois se exige uma série de virtudes cardinais da liberdade. A saber: Ser capaz de não deixar-se apartar do próprio rumo ainda no caso de ficar só; estar disposto a viver com as contradições e os conflitos do mundo humano; ter a disciplina de um espectador comprometido, que não se deixa comprar; e, finalmente, assumir uma entrega apaixonada à razão, como instrumento do conhecimento e da ação. Foi pioneiro em em alertar sobre o populismo midiático.

2. Sem Dahrendorf, o pensamento liberal perde o brilho argumentativo. Sua desaparição nos priva também da exemplaridade de um liberal de verdade. Esse liberal das garantias, da tolerância e dos direitos, que crê que a luta contra a crueldade e o medo, é o primeiro e que, a partir disso, vem os demais. Como explica Eric D. Weitz: "a democracia, é um objeto delicado, e a sociedade, fruto de um equilíbrio instável, sempre se vem ameaçadas e podem saltar pelos ares".

3. Suas precoces leituras de Weber o fizeram estudar o conflito como uma realidade inevitável no seio da sociedade humana. Uma realidade que não se erradica porque o conflito não se funda em classes ou na desigualdade, mas no poder mesmo. Seu enfrentamento requer estruturas de tolerância frente à diferença e, sobretudo, de gestão ordenada do conflito que o transformem em um fator de progresso através do pluralismo das sociedades abertas. Sobretudo depois que contemplou o nazismo, com a enorme inquietude de jovem, viu como esse "vírus da inumanidade" e essa "épica uniformadora" estava atrás do sentido de comunidade que latia na alma da nação alemã.

4. Dahrendorf percebeu que o populismo midiático é uma forma de pensar e atuar como se a base de sua legitimidade consistisse na relação direta com o povo no lugar das instituições da democracia. Um autoritarismo progressivo ou populismo de baixa intensidade, cujo objetivo é impulsionar a desapropriação da soberania da representatividade da classe política e do parlamento, substituindo-os por novos intermediários que, convertidos em tribunos da opinião, utilizarão finalmente o "povo contra o povo", fazendo-se renunciar a "um controle informado, cotidiano e permanente sobre a direção da coisa pública.

segunda-feira, 23 de março de 2009

Milk, o preço da liberdade

Não, não, ainda não assiti ao filme. Infelizmente! Tenho a expectativa de fazê-lo o mais breve possível. Enquanto isso, coloco, mais abaixo, um artigo de Contardo Caligaris sobre o mesmo. Confira!

MILK", O PREÇO DA LIBERDADE
Contardo Calligaris


Para continuarmos livres, é preciso defender a liberdade do vizinho como se fosse a nossa


ASSISTINDO a "Milk - A Voz da Igualdade", de Gus Van Sant (extraordinário Sean Penn no papel de Harvey Milk), lembrei-me de um e-mail que recebi em abril de 2008. Era uma circular de www.boxturtlebulletin.com (um site sobre os direitos das minorias sexuais), que "comemorava" os 55 anos de um evento sinistro: em 1953, Dwight Eisenhower, presidente dos EUA, assinou um decreto pelo qual seriam despedidos todos os funcionários federais que fossem culpados de "perversão sexual". Essa lei permaneceu em vigor durante mais de 20 anos: milhares de americanos perderam seus empregos por causa de sua orientação sexual.

Fato frequentemente esquecido (um pouco como foi esquecida, durante décadas, a perseguição dos homossexuais pelo nazismo), nos anos 50, no discurso do senador McCarthy, a caça às bruxas "comunistas" se confundia com a caça às bruxas homossexuais. Por exemplo, uma carta do secretário nacional do Partido Republicano (citada na circular) dizia: "Talvez tão perigosos quanto os comunistas propriamente ditos são os pervertidos escusos que infiltraram nosso governo nos últimos anos". Essa não era uma posição extrema: na época, a revista "Time" defendeu o projeto de despedir todos os homossexuais que trabalhassem para o governo federal.

É nesse clima que, nos anos 70, em San Francisco, Milk se tornou o primeiro homossexual assumido a ser eleito para um cargo público.

Poderia escrever sobre as razões que, quase invariavelmente, levam alguém a querer esmagar a liberdade de seus semelhantes. O segredo (de polichinelo) é que muitos preferem odiar nos outros alguma coisa que eles não querem reconhecer e odiar neles mesmos. E poderia contar a história de Roy Cohn, braço direito de McCarthy, que morreu, em 1984, odiando e escondendo sua homossexualidade e gritando ao mundo que a causa de sua morte não era a Aids (ele foi imortalizado por Al Pacino na peça e no filme "Anjos na América", de Tony Kushner).

Mas, depois de assistir a "Milk", estou a fim de festejar o caminho percorrido em apenas meio século: o mundo é, hoje, um lugar mais habitável do que 50 anos atrás. Aconteceu graças a milhares de Harvey Milks e a milhões de outros que não precisaram ser nem homossexuais nem comunistas nem coisa que valesse: eles apenas descobriram que só é possível proteger a liberdade da gente se entendermos que, para isso, é necessário defender a liberdade de nosso vizinho como se fosse a nossa. Nos anos 70, quase decorei a carta aberta que James Baldwin (escritor, negro e homossexual) endereçou a Angela Davis (jovem filósofa, negra e militante), quando ela estava sendo processada por um assassinato que não cometera, e o risco era grande que o processo acabasse em uma condenação "exemplar". Baldwin lembrava as diferenças de história, engajamento e pensamento entre ele e Davis, para concluir: "Devemos lutar pela tua vida como se fosse a nossa - ela é a nossa, aliás - e obstruir com nossos corpos o corredor que leva à câmara de gás. Porque, se eles te pegarem de manhã, voltarão para nós naquela mesma noite".

Os direitos fundamentais não são direitos de grupo, eles valem para cada indivíduo singularmente, um a um. É óbvio que grupos particulares (constituídos por raça, orientação sexual, ideologia, etnia etc.) podem e devem militar coletivamente pelos direitos de seus membros, mas, em uma sociedade de indivíduos, a liberdade de cada um, por "diferente" que ele seja, é condição da liberdade de todos. Por quê?

Simples: se meu vizinho, sem violar as leis básicas da cidade, for impedido de ter a vida concreta que ele quer, então meu jeito de viver poderá ser tolerado ou até permitido, mas ele não será nunca mais propriamente meu direito. "Milk" é um filme sobre um momento crucial na história das liberdades, mas não é um filme "arqueológico". A gente sai do cinema com a sensação renovada de que a militância libertária ainda é a grande exigência do dia. Ótimo assim.

Um amigo me disse recentemente que eu dou uma importância excessiva à contracultura dos anos 60/70. Acho, de fato, que ela foi a única revolução do século 20 que deu certo e, ao dar certo, melhorou a vida concreta de muitos, se não de todos. Acho também que suas conquistas só se mantêm pelo esforço cotidiano de muitos. Afinal (quem viu o filme entenderá), surge uma Anita Bryant a cada dia.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Mesmo com a crise, popularidade de Lula sobe

Ainda no Estadão, repercutindo a última pesquisa CNT/Sensus, dados sobre o crescimento da popularidade do Presidente Lula.

BRASÍLIA - As avaliações positivas do governo e a aprovação pessoal do presidente Luiz Inácio Lula da Silva atingiram, em janeiro, níveis recordes na série histórica da pesquisa CNT/Sensus, divulgada nesta terça-feira, 3. A despeito dos sinais de impacto da crise financeira internacional sobre a economia doméstica, a avaliação positiva do governo subiu de 71,1%, em dezembro, para 72,5% em janeiro. Este é o maior índice da série histórica, superando os 83,6% obtido pelo próprio Lula em janeiro de 2003.

A aprovação ao presidente Lula passou de 80,3%, em dezembro, para 84% em janeiro. A desaprovação ao presidente diminuiu de 15,2% para 12,2%. A avaliação negativa sobre o governo recuou de 6,4% para 5%, enquanto a avaliação regular ficou praticamente estável, passando de 21,6% para 21,7%.

Segundo o presidente da CNT, Clésio Andrade, a alta da popularidade de Lula e de seu governo se deve ao fato de as pessoas acreditarem no discurso do presidente de que a crise é passageira e que o governo está agindo para superá-la. "Há forte esperança da população centrada no discurso e ações do governo. As pessoas acreditam que a crise é passageira", disse Andrade, destacando que, pessoalmente, não acredita que a atual crise terá curta duração. "O presidente Lula virou a âncora da esperança", acrescentou.

A margem de erro da pesquisa é de 3 pontos para cima ou para baixo.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Análise do Alon sobre a popularidade do Lula

O jornalista Alon Feuerwerker, quase sempre, emite opiniões lúcidas e corajosas sobre a realidade política nacional (e, de vez em quando, internacional). Eu indico sempre a leitura do seu sempre ótimo blog (http://www.blogdoalon.com.br/). Transcrevo abaixo a sua análise sobre a mais recente pesquisa da CNT/IBOPE dando contas do crescimento da popularidade do presidente Lula, mesmo em meio à crise. Vale a pena conferir!

E coragem para isso?

As pesquisas CNT e Ibope confirmam a alta popularidade de Luiz Inácio Lula da Silva. Mas como vão ficar os índices de aprovação do presidente quando os sinais da crise estiverem mais evidentes por aqui? Quando a criação de empregos desacelerar? Vamos especular. Assim mesmo, no chutômetro. Pois eu acho que, mantida a atual disposição de forças políticas, Lula tem chances de atravessar a crise sem graves danos na imagem ou na popularidade. Quando as pessoas votam num presidente da República elas escolhem um líder. Um líder para as horas boas e as horas más. Para enfraquecer o líder é preciso que a oposição ofereça alternativas mais vantajosas de liderança. Mais vantajosas para os liderados, não para os candidatos a líder. A oposição brasileira não consegue apresentar uma única idéia substancialmente diferente de como enfrentar o tsunami econômico mundial, para que o Brasil saísse dele melhor do que sairá com Lula. E o cidadão comum que hoje apóia o governo, e que prtanto está potencialmente disposto a votar para que as coisas continuem como estão, fica sem grandes motivos para mudar de lado. A questão dos juros já foi tratada aqui ad nauseam. Outra coisa reveladora são as "medidas de exceção" propostas pelo presidente da Companhia Vale do Rio Doce. Retirar "temporariamente" direitos trabalhistas para, em troca, supostamente reduzir demissões. O governo flerta com a idéia. Aliás, Lula flerta com essa plataforma "neoliberal" de vez em quando (leia A reforma trabalhista de Lula e o Livro Vermelho de Mao Tsetung). Só para fazer uma média com os empresários. Se Lula estivesse na oposição e alguém propusesse mexer em direitos trabalhistas, o mundo desabaria. Lula aproveitaria para tirar o máximo proveito possível desse ensaio de insensatez do governante. Porque o certo agora não é flexibilizar direitos dos trabalhadores, mas fazer o contrário: reforçá-los. Demitir um empregado, por exemplo, deveria ficar mais caro. Isso desestimularia as demissões e ajudaria a evitar mais desemprego. Crédito em bancos estatais só deveria estar disponível para quem não demitisse. E o governo deveria dar crédito muito barato para empresas que contratassem agora, no meio da crise, uma certa porcentagem adicional de sseu contingente laboral. Quer demitir? Então vai pegar capital de giro nos bancos privados, pagando os juros da livre iniciativa. Capitalismo nos olhos dos outros é refresco. O resumo da ópera: Lula governa gerando benefícios para os pobres e segurança para os ricos. Daí a sua popularidade. Lá atrás, a oposição tentou minar a primeira perna (lembram do "bolsa-esmola"?). O resultado foi ruim. Agora a oposição teria que mirar na segunda. E coragem para isso?

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Mais análise sobre o resultado eleitoral

Reproduzo abaixo análise sobre o resultado das eleições feita por Alon Feurwecker (já falei, bem, dele aqui). Vale a pena ler. Acesse diretamente o blog dele aqui.

De olho nos estados (28/10)

Por Alon Feuerwerker
alonfeuerwerker.df@diariosassociados.com.br

Já se sabe há três semanas, desde o primeiro turno, que o PMDB sairia desta eleição como a jóia cobiçada da próxima. Mas qual será, afinal, o peso dos resultados municipais de 2008 na corrida presidencial de 2010? E a real importância das coligações partidárias numa eleição majoritária, especialmente na escolha do presidente da República, qual é? Quem conseguir arrastar o PMDB para uma aliança terá mesmo dado o passo decisivo para ficar imbatível na corrida pelo Palácio do Planalto? O que realmente quer o PMDB?

Vamos começar pelo fim. O PMDB quer poder, o máximo possível. Nesse particular, a legenda é igualzinha às outras. Tome-se a sucessão das Mesas do Congresso. Os deputados federais do PMDB desejam o comando da Câmara. Os senadores ambicionam a Presidência do Senado. O PT e o presidente da República acham que é demais entregar ambas as cadeiras ao aliado. Mas a proposta de partilha esbarra numa dificuldade.

Como já se escreveu nesta coluna, um pedaço do PMDB (senadores) não se vê representado pelo outro (deputados). Pior, os dois grupos disputam espaço internamente na legenda e na relação política com o governo. Quem abrir mão estará cedendo poder para o principal adversário. E, como o PMDB tem a maior bancada numa e noutra Casa, ambos se julgam no direito de manter a postulação.

Um acordo em 2007 entre o PT e o PMDB decidiu pelo rodízio na Câmara, e agora é a vez de Michel Temer (PMDB-SP). Mas o Senado, que não participou do pacto, acha que não tem nada com isso. E tecnicamente não tem mesmo. Além do mais, os senadores viram o acordo de 2007 como uma manobra do governo e do PT para enfraquecê-los.

Encontrei ontem, na sala de embarque do Aeroporto de Congonhas, um amigo gaúcho, petista. Conversa vai, ele quis saber por que acho difícil o acordo, ainda que não impossível. Respondi com um exemplo. Imagine a cena, disse eu. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva chama o ministro Tarso Genro e dá a notícia: “Tarso, é o seguinte, vou te tirar do Ministério da Justiça e colocar o Olívio Dutra no teu lugar. É para atender às minhas conveniências políticas. Fica elas por elas, já que o partido não perde nada. Vou anunciar daqui a pouco. Você liga para o Olívio para combinar a transição?”.

Meu interlocutor naturalmente riu. E mudamos de assunto. Fomos para 2010. O papo chegou no ponto de que alianças políticas são importantes pois garantem tempo de televisão, mas não só. O Rio de Janeiro acaba de mostrar que alianças podem fazer a diferença em eleições muito apertadas. É bem possível que a disputa de 2010 seja dura, e quem agregar um pouquinho mais poderá obter vantagem decisiva. A capacidade de reunir apoios também é importante por outro motivo: serve para transmitir ao eleitor a idéia de que o candidato tem suficiente força política para colocar em prática as propostas apresentadas na campanha.

Sem perder de vista que numa eleição majoritária a relação é direta entre o candidato e o eleitor, recomenda-se não esquecer os detalhes do parágrafo anterior. E, já que apoios e alianças são mesmo importantes, o que vai ser decisivo em 2010 para o PMDB escolher se prefere casar, comprar uma bicicleta ou nenhuma das duas anteriores?

Mais do que pelo poder (que já tem, e bastante), o PMDB provavelmente se orientará daqui por diante pela expectativa de poder, até porque a Era Lula está nas últimas. E quem tem mais expectativa de poder a oferecer para 2010, o governo ou a oposição? O governo tem Lula, uma ótima avaliação e consideráveis chances de eleger o sucessor. A oposição tem bons nomes, força regional e espera que a sucessão não aconteça em céu de brigadeiro na economia.

O PMDB pode ir para um dos dois lados. Ou, como é próprio do partido, para nenhum. Uma alternativa é a legenda ficar novamente fora das coligações formais na disputa nacional, enquanto suas seções estaduais buscam o melhor caminho para preservar e robustecer o poder local. Onde, como se viu, o PMDB é especialista. E poder local é essencial para eleger bancadas federais.

Aqui, mais um detalhe. O PMDB ganhou em seis capitais. Em quatro delas, teve que derrotar o PT, ou nomes apoiados pelo PT. Em uma, recebeu o apoio do PT no segundo turno. Só em uma os dois partidos estiveram coligados desde o começo. Se o desenho das disputas estaduais em 2010 indicar muitas polarizações entre PT e PMDB, é bom Lula começar, e logo, a procurar em outro lugar o vice de Dilma Rousseff.

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Sobre as eleições

Tá mesmo uma coisa repetitiva o processo eleitoral em curso. Não dá nem disposição para analisar a mesmice. Aqui em Natal, então, tá, como se diz, "sem a menor graça".
Beuno, mas não é apenas aqui. Veja, abaixo, parte do artigo de Fernando Rodrigues, na Folha.

FERNANDO RODRIGUES

Monotonia eleitoral

BRASÍLIA - A primeira fornada de pesquisas neste início de campanha eleitoral para prefeitos e vereadores mostra uma monótona semelhança com 2004. Agora, como há quatro anos, os partidos mais tradicionais dominam as disputas nas capitais e nos municípios grandes e médios.
Já há pesquisas disponíveis em 61 cidades brasileiras. O eleitorado nessas localidades soma 41,2 milhões, o equivalente a 32% dos que votarão em 5 de outubro.
Quatro partidos são hegemônicos no processo: PT, PMDB, DEM e PSDB. Essas siglas têm 51 candidatos em primeiro lugar isolados ou empatados nas 61 capitais e cidades grandes e médias pesquisadas.
Em 2004, essas mesmas quatro agremiações já haviam sido vitoriosas. Receberam 60,5% dos votos para prefeito em todo o país.


Assinante UOL lê o artigo completo aqui.

terça-feira, 5 de agosto de 2008

A TV e as eleições: uma visão pragmática

Abaixo, reproduzo uma visão pragmática sobre o papel da TV como instrumento da disputa política eleitoral. Trata-se de análise desenvolvida por César Maia, em seu "Ex-Blog" de hoje.

"A TV NAS ELEIÇÕES HOJE!

1. Desde 2003 que se sente um impacto cada vez menor dos programas e comerciais políticos de TV sobre os eleitores. A "morte do comercial de 30 segundos" se sentiu especialmente na comunicação política.

2. Curiosamente, para os eleitores, quem tem muito pouco tempo de TV é como se não fosse competitivo, não estivesse no jogo. Mas ao contrário, quem tem muito tempo não tem mais a vantagem que tinha anteriormente. Em 2006, Cabral tinha mais que o dobro do tempo de Denise Frossard na TV, mas -na Capital- perdeu para ela a eleição no primeiro turno. Denise chegou a TV com 13%. Cabral com 40%. Depois de 45 dias, ela teve 31% e ele 30%. Crivella caiu de 22% para 14% neste período de TV.

3. A comunicação política na TV, hoje, para ser eficiente deve ser muito mais direta e menos rebuscada. As cenas chocantes voltam-se como bumerangue contra quem as usa. O eleitor já as vê todos os dias nos noticiários da TV. Não se impacta com um programa eleitoral. Quem sai com uma câmera na mão buscando desgraça na rua termina sendo parte dela mesma.

4. Há um nó fatal na comunicação em TV: confiança. Esse é o único decisivo. Como comunicar para que o eleitor tenha confiança no candidato? Esse é o X da questão. O conteúdo só entra, se o nó da confiança for aberto.

5. Esse ano as Olimpíadas entram atrasadas, entre 8 e 23 de agosto. E depois vem as dramatizações das coberturas da TV com as famílias dos medalhistas torcendo, chorando, com suas chegadas em carro do corpo de bombeiros, com suas vidas tão sacrificadas, com o apoio de um parente ou amigo, com o beijo de seu namorado ou namorada, esposo ou esposa ou filhos, ou pais... Isso no mínimo completa agosto. Será portando uma eleição de tiro curto.

6. Usar a TV a partir do dia 19 exigirá comunicar num ambiente de enormes ruídos. Não adianta falar alto. Deve-se falar certo. No ouvido. Quase murmurando pela TV. Abaixo do nó ou vértice da confiança vem o triângulo do perfil do candidato: proximidade, capacidade de realizar, ideologia ou tema. O ideal é um grande triangulo eqüilátero. Mas é raro. Se for um triângulo isósceles, que o vértice da maior altura, o seja muito alto, caracterizando claramente pelo menos um perfil.

7. O lugar adequado de bater forte é na internet."