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quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Os governadores e o jogo de 2014: a análise de César Maia

Você pode até não concordar com nada que o ex-Prefeito e atual Vereador César Maia (DEM-RJ) escreve, mas não pode negar que o cara faz análises bem articuladas. Sou um dos leitores assíduos do seu Ex-Blog. E, sempre que possível, reproduzo aqui algumas de suas corrosivas avaliações políticas. É o que faço hoje, com um texto no qual ele analisa o papel dos governadores no jogo político nacional. 

A IMPLOSÃO DOS GOVERNADORES!*
César Maia


1. O processo de centralização, fragilizando a Federação, acentuou-se com Lula. A condição de outsider de Dilma deu um alento aos governadores que viram suas participações crescerem. Mas as manifestações de junho acuaram os governadores, seja pela queda geral de popularidade, seja por não saberem como reagir a um ano da campanha de 2014.
       
2. A função política que exerciam junto ao congresso, coordenando suas bancadas, desapareceu. Os temas que vieram à tona -reforma política, voto aberto, aplicação dos royalties do pré-sal...- não os tiveram como interlocutores. Ninguém ouviu ou leu a opinião deles. Permanecem mudos, ou quase.
        
3. Voltam-se para dentro de seus estados, buscando dar curso a decisões que possam melhorar os seus prestígios, em grande medida municipalizando os seus mandatos. Saíram das fotos.  E nem falar..., das ruas.
        
4. Paradoxalmente -apesar da forte queda de popularidade- Dilma procurou assumir a ‘paternidade’ de medidas que respondessem a demandas populares potenciais, como a falta de médicos, a extensão do financiamento da casa própria ao mobiliário... E transferir ao congresso e aos governadores parte de seu desgaste. Reforma política por plebiscito é exemplo disso.
        
5. Dessa forma, a outsider -no início do mandato- passou a ter protagonismo político e os governadores -por se sentirem acuados- acentuaram esse processo de desfederalização, por inércia e omissão. Esse foi um desdobramento não pedido nem imaginado pelas manifestações: o reforço da centralização e o desmonte politico da Federação.
        
6. Há exceções, poucas: São Paulo, Pernambuco e Rio Grande do Sul.

* Texto publicado no EX-BLOG DO CÉSAR MAIA (19/09/2013).


terça-feira, 5 de agosto de 2008

A TV e as eleições: uma visão pragmática

Abaixo, reproduzo uma visão pragmática sobre o papel da TV como instrumento da disputa política eleitoral. Trata-se de análise desenvolvida por César Maia, em seu "Ex-Blog" de hoje.

"A TV NAS ELEIÇÕES HOJE!

1. Desde 2003 que se sente um impacto cada vez menor dos programas e comerciais políticos de TV sobre os eleitores. A "morte do comercial de 30 segundos" se sentiu especialmente na comunicação política.

2. Curiosamente, para os eleitores, quem tem muito pouco tempo de TV é como se não fosse competitivo, não estivesse no jogo. Mas ao contrário, quem tem muito tempo não tem mais a vantagem que tinha anteriormente. Em 2006, Cabral tinha mais que o dobro do tempo de Denise Frossard na TV, mas -na Capital- perdeu para ela a eleição no primeiro turno. Denise chegou a TV com 13%. Cabral com 40%. Depois de 45 dias, ela teve 31% e ele 30%. Crivella caiu de 22% para 14% neste período de TV.

3. A comunicação política na TV, hoje, para ser eficiente deve ser muito mais direta e menos rebuscada. As cenas chocantes voltam-se como bumerangue contra quem as usa. O eleitor já as vê todos os dias nos noticiários da TV. Não se impacta com um programa eleitoral. Quem sai com uma câmera na mão buscando desgraça na rua termina sendo parte dela mesma.

4. Há um nó fatal na comunicação em TV: confiança. Esse é o único decisivo. Como comunicar para que o eleitor tenha confiança no candidato? Esse é o X da questão. O conteúdo só entra, se o nó da confiança for aberto.

5. Esse ano as Olimpíadas entram atrasadas, entre 8 e 23 de agosto. E depois vem as dramatizações das coberturas da TV com as famílias dos medalhistas torcendo, chorando, com suas chegadas em carro do corpo de bombeiros, com suas vidas tão sacrificadas, com o apoio de um parente ou amigo, com o beijo de seu namorado ou namorada, esposo ou esposa ou filhos, ou pais... Isso no mínimo completa agosto. Será portando uma eleição de tiro curto.

6. Usar a TV a partir do dia 19 exigirá comunicar num ambiente de enormes ruídos. Não adianta falar alto. Deve-se falar certo. No ouvido. Quase murmurando pela TV. Abaixo do nó ou vértice da confiança vem o triângulo do perfil do candidato: proximidade, capacidade de realizar, ideologia ou tema. O ideal é um grande triangulo eqüilátero. Mas é raro. Se for um triângulo isósceles, que o vértice da maior altura, o seja muito alto, caracterizando claramente pelo menos um perfil.

7. O lugar adequado de bater forte é na internet."

quinta-feira, 31 de julho de 2008

Ainda sobre pesquisas eleitorais

Mais vez, e, sinceramente, esperando não estar abusando da paciência de vocês, reproduzo mais abaixo trechos de um análise feita po César Maia, em seu ex-blog, sobre o significado, neste momento das campanhas para vereadores e prefeitos, dos resultados das pesquisas eleitorais. Essas observações são particularmente importantes para quem acompanha a disputa em cidades como Belo Horizonte (MG) e Natal (RN).

QUANDO E POR QUE O RESULTADO DAS ELEIÇÕES NADA TEM A VER COM AS PESQUISAS DE INÍCIO DAS CAMPANHAS!

1. Os períodos anteriores às campanhas eleitorais vão informando ao eleitor sobre os políticos, suas posições e posturas, sobre os governos, as conjunturas que se sucedem... Especialmente nas pré-campanhas isso ocorre com intensidade. Por isso Paul Lazarsfeld dizia que era como uma foto (daquele tempo): impregnava a imagem no celulóide para ser revelada em campanha. Nos EUA a pré-campanha -as Primárias- é uma verdadeira eleição desde um ano antes das eleições. Nos regimes parlamentares -quase sempre binários- com os chefes de governo -atual e potencial de oposição- conhecidos, todo dia é dia de campanha, pois -teoricamente- os governos podem cair a qualquer momento e as eleições serem chamadas em 45 dias.

2. No Brasil além de nada disso ocorrer, ainda há uma legislação eleitoral que proíbe a pré-campanha e a reprime drasticamente com risco de inelegibilidade. Com isso, o eleitor chega ao processo eleitoral, 90 dias antes das eleições, com baixa informação. As exceções existem quando os candidatos são os que já foram governantes ou são para eleição. Exemplo: 2000 no Rio quando os candidatos eram um ex-governador, a vice-governadora, um ex-prefeito e o prefeito. Ou seja: o eleitor estava informado. Esse ano em SP da mesma forma. Os candidatos são um ex-governador/ex-prefeito, uma ex-prefeita, um ex-governador e o prefeito. O eleitor tem todas as informações sobre os atores políticos.

3. Mas quando isso não ocorre o eleitor entra em campanha muito mais desinformado do que deveria estar. Claro, pela ausência de pré-campanha, mas também porque a cobertura política é basicamente a cobertura dos governos. Sobre esses sim há informações. Os que já foram recentemente candidatos majoritários -a governador, prefeito e senador- têm seus nomes mais lembrados e em pesquisas antes da entrada da TV aparecem mais (o eleitor só entra em campo para valer uns 10 dias depois da TV)."