terça-feira, 5 de agosto de 2008

A TV e as eleições: uma visão pragmática

Abaixo, reproduzo uma visão pragmática sobre o papel da TV como instrumento da disputa política eleitoral. Trata-se de análise desenvolvida por César Maia, em seu "Ex-Blog" de hoje.

"A TV NAS ELEIÇÕES HOJE!

1. Desde 2003 que se sente um impacto cada vez menor dos programas e comerciais políticos de TV sobre os eleitores. A "morte do comercial de 30 segundos" se sentiu especialmente na comunicação política.

2. Curiosamente, para os eleitores, quem tem muito pouco tempo de TV é como se não fosse competitivo, não estivesse no jogo. Mas ao contrário, quem tem muito tempo não tem mais a vantagem que tinha anteriormente. Em 2006, Cabral tinha mais que o dobro do tempo de Denise Frossard na TV, mas -na Capital- perdeu para ela a eleição no primeiro turno. Denise chegou a TV com 13%. Cabral com 40%. Depois de 45 dias, ela teve 31% e ele 30%. Crivella caiu de 22% para 14% neste período de TV.

3. A comunicação política na TV, hoje, para ser eficiente deve ser muito mais direta e menos rebuscada. As cenas chocantes voltam-se como bumerangue contra quem as usa. O eleitor já as vê todos os dias nos noticiários da TV. Não se impacta com um programa eleitoral. Quem sai com uma câmera na mão buscando desgraça na rua termina sendo parte dela mesma.

4. Há um nó fatal na comunicação em TV: confiança. Esse é o único decisivo. Como comunicar para que o eleitor tenha confiança no candidato? Esse é o X da questão. O conteúdo só entra, se o nó da confiança for aberto.

5. Esse ano as Olimpíadas entram atrasadas, entre 8 e 23 de agosto. E depois vem as dramatizações das coberturas da TV com as famílias dos medalhistas torcendo, chorando, com suas chegadas em carro do corpo de bombeiros, com suas vidas tão sacrificadas, com o apoio de um parente ou amigo, com o beijo de seu namorado ou namorada, esposo ou esposa ou filhos, ou pais... Isso no mínimo completa agosto. Será portando uma eleição de tiro curto.

6. Usar a TV a partir do dia 19 exigirá comunicar num ambiente de enormes ruídos. Não adianta falar alto. Deve-se falar certo. No ouvido. Quase murmurando pela TV. Abaixo do nó ou vértice da confiança vem o triângulo do perfil do candidato: proximidade, capacidade de realizar, ideologia ou tema. O ideal é um grande triangulo eqüilátero. Mas é raro. Se for um triângulo isósceles, que o vértice da maior altura, o seja muito alto, caracterizando claramente pelo menos um perfil.

7. O lugar adequado de bater forte é na internet."

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