quinta-feira, 9 de julho de 2009

Sobre Darendorf

Graças ao auxílio do Ex-Blog do César Maia, coloco, mais abaixo, um texto, publicado inicialmente no jornal El País, traduzido pelo ex-prefeito carioca, de um dirigente do PP espanhol. Trata-se de uma interessante apresentação do pensamento de Darendorf. Vale a pena conferir!

O POPULISMO MIDIÁTICO COLOCA O POVO CONTRA O POVO!

Trechos do artigo de José Maria Lassalle, secretário de estudos do PP-ES, sobre o pensamento de Ralf Dahrendorf, recentemente falecido (El País, 06/07)

1. Dahrendorf entende que os liberais -de fato- serão sempre uma minoria, pois se exige uma série de virtudes cardinais da liberdade. A saber: Ser capaz de não deixar-se apartar do próprio rumo ainda no caso de ficar só; estar disposto a viver com as contradições e os conflitos do mundo humano; ter a disciplina de um espectador comprometido, que não se deixa comprar; e, finalmente, assumir uma entrega apaixonada à razão, como instrumento do conhecimento e da ação. Foi pioneiro em em alertar sobre o populismo midiático.

2. Sem Dahrendorf, o pensamento liberal perde o brilho argumentativo. Sua desaparição nos priva também da exemplaridade de um liberal de verdade. Esse liberal das garantias, da tolerância e dos direitos, que crê que a luta contra a crueldade e o medo, é o primeiro e que, a partir disso, vem os demais. Como explica Eric D. Weitz: "a democracia, é um objeto delicado, e a sociedade, fruto de um equilíbrio instável, sempre se vem ameaçadas e podem saltar pelos ares".

3. Suas precoces leituras de Weber o fizeram estudar o conflito como uma realidade inevitável no seio da sociedade humana. Uma realidade que não se erradica porque o conflito não se funda em classes ou na desigualdade, mas no poder mesmo. Seu enfrentamento requer estruturas de tolerância frente à diferença e, sobretudo, de gestão ordenada do conflito que o transformem em um fator de progresso através do pluralismo das sociedades abertas. Sobretudo depois que contemplou o nazismo, com a enorme inquietude de jovem, viu como esse "vírus da inumanidade" e essa "épica uniformadora" estava atrás do sentido de comunidade que latia na alma da nação alemã.

4. Dahrendorf percebeu que o populismo midiático é uma forma de pensar e atuar como se a base de sua legitimidade consistisse na relação direta com o povo no lugar das instituições da democracia. Um autoritarismo progressivo ou populismo de baixa intensidade, cujo objetivo é impulsionar a desapropriação da soberania da representatividade da classe política e do parlamento, substituindo-os por novos intermediários que, convertidos em tribunos da opinião, utilizarão finalmente o "povo contra o povo", fazendo-se renunciar a "um controle informado, cotidiano e permanente sobre a direção da coisa pública.

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