Pois é... Foi só a Dilma Roussef subir um pouco mais nas sondagens de opinião para as eleições presidenciais de outubro próximo para que os articulistas da Nova Direita descessem ainda mais o nível do, como direi?, "debate". Hoje, o arauto da turma (tchurma, daqui prá frente), o jornalista Reinaldo Azevedo, que mantém um blog político no site da Veja, com o pretexto de atacar manifestação contra o seu candidato, o governador José Serra (PSDB), distribuiu epitetos de "fascistoides" contra os adversários.
E tem sido esse o diapasão da tchurma. Ainda no site da Veja, Augusto Nunes, exerce o seu "jornalismo" com denodo: tudo o que o Fernando Henrique Cardosos é reverberado e merece elogios. Assim, ainda ontem, propunha, que gracinha!, um debate público entre o ex-presidente e Lula. E todos quantos se posicionaram criticamente a respeito das boutades escritas pelo pai das privatizações foram tratados como "moleques de recados" e os seus nomes escritos com iniciais em letras minusculas.
A gente até se diverte um pouco com esse pessoal. Escrevem bem, dominam a língua de Camões e são deveras criativos. Mas, cá no meu cantinho provinciano, fico a me perguntar: qual o impacto desses, sejamos benevolentes!, "formadores de opinião"? Sim! Eles formam opinião, acredito. Aquela opiniãzinha (diminuída mesmo) de certos setores de classe média, que nunca leram mais do que pequenos escritos de auto-ajuda, mas que se enchem de autoridade para defenestrar o Lula como "analfabeto".
Para felicidade geral, o Serra é maior do que essa gente. Goste-se ou não dele, o governador paulista tem uma biografia pessoal respeitável. E foi um bom ministro da saúde. Além do mais, em que pese o gerenciamento complicado que os tucanos fizeram das universidades paulistas, o Serra não se situa no mesmo patamar ideológico anti-Estado da Nova Direita.
Assim sendo, essa tchurma mais prejudica do que ajuda ao governador paulista. Eles não conseguem deixar de dar vazão, para acalentar a preconceituosa audiência que formaram, à preconceitos a respeito dos trabalhadores, dos negros e dos nordestinos. E a fomentar a demanda irracional por punição...
Mas as eleições de 2010 não precisam se transformar nesse tipo de jogo. Canelada, nem em jogo de várzea, não é? E, ademais, as candidaturas postas, até agora, indicam algo melhor do que essa baixaria...
Sim, podem me esculhambar, mas eu acredito que é um luxo uma eleição presidencial em que os principais candidatos são José Serra, Dima Roussef, Ciro Gomes e Marina Silva. Basta lembrarmos do balaio de gatos que foi a eleição de 1989... Balaio que deu em Collor, na época o ungido dos papais intelectuais e financeiros da tchurma...
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sábado, 13 de fevereiro de 2010
Agora, é só na canela...
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segunda-feira, 21 de dezembro de 2009
A pesquisa Datafolha e as miragens analíticas da Nova Direita
De vez em quando, visito o blog do Reinaldo Azevedo, no site da Veja. Mas, apresso-me em declarar, somente de vez em quando mesmo Gosto do meu fígado... O jornalista é o representante mais atilado da Nova Direita e o seu estilo já foi analisado, e copiado, por muitos. A agressividade conservadora contra tentativas, mesmo que mínimas, de substantivar a nossa frágil vida democrática é marca dele e dos seus imitadores. Diverte-me um pouco. O problema é que tem gente que o leva sério...
Bueno, faço esse comentário, pois, neste final de semana, o DataFolha divulgou pesquisa de intenções de votos para presidente na qual Dilma sobe para 23% e Serra cai para 37%. Com uma capacidade invejável de reverter o que aponta a realidade, o Reinaldo Azevedo quer, e porque quer, quer que todo mundo compre a idéia de que é o seu preferido, ou seja Serra, quem se sai melhor na pesquisa. Com os adversários agredindo a lógica, resta aos petistas comemorarem.
Mas, epa!, nem tudo é devaneio nas searas da Nova Direita. O César Maia, ex-prefeito do Rio e uma das lideranças do DEM, para surpresa geral, tem sido uma das vozes mais equilibradas na análise do quadro eleitoral de 2010. Por isso mesmo, pode apostar!, vale a pena ler a análise que ele fez da mesma pesquisa. A direção é bem diferente daquela tomada pelo Reinaldo Azevedo. Confira abaixo.
PESQUISA DATAFOLHA APONTA PARA POLARIZAÇÃO!
1. Sempre que os nomes apresentados em pesquisa são de amplo conhecimento público, os números relativos à intenção de voto "se as eleições fossem hoje", se aproximam da verdade de hoje. Especialmente numa pesquisa com mais de 11 mil eleitores, como essa realizada entre 14 e 18 de dezembro. Na pesquisa DataFolha de 25-27/03/2008, portanto mais de 20 meses atrás, Dilma tinha apenas 3%. Vem crescendo progressivamente, em função da divulgação de seu nome e o apoio de Lula: 3%, 8%, 11%, 16%, 16%, e 23%. Serra flutua no mesmo patamar: 38%, 41%, 41%, 38%, 37%, e 37%.
2. A diferença Serra-Dilma caiu de 18% e 19% nas duas pesquisas anteriores, para 14%. Para ela o dado mais importante que sua esperada ascensão com o apoio de Lula, é que a diferença num suposto primeiro turno e num segundo turno não muda. Com isso, isolando os dois no primeiro turno, Dilma tem 38% e no segundo 42%, com crescimento relativo maior que o de Serra, e absoluto igual, para uma taxa de conhecimento menor.
3. Entre as pessoas de maior renda, Serra tem 38% e Dilma surpreendentes 30%. Entre os de menor renda, provavelmente os que menos acompanham este processo pré-eleitoral, Serra tem 35% e Dilma apenas 23%, número que tende a crescer com o envolvimento de Lula, pois aqui é onde sua aprovação é maior.
4. Os números mostram que a tática do PSDB de ganhar tempo até março abriu espaço para o crescimento de Dilma, exatamente entre os eleitores potenciais de Serra. A entrevista do presidente do Banco Central, com destaque de capa no Globo de domingo, aponta nessa direção: assustar a classe média com hipotéticas mudanças.
5. Finalmente, imaginando que os 23% de Dilma entre os de menor renda suba para 30%, a diferença global cairia de 14 pontos para a metade. É um cenário provável. Claro, nas mesmas condições de hoje.
Bueno, faço esse comentário, pois, neste final de semana, o DataFolha divulgou pesquisa de intenções de votos para presidente na qual Dilma sobe para 23% e Serra cai para 37%. Com uma capacidade invejável de reverter o que aponta a realidade, o Reinaldo Azevedo quer, e porque quer, quer que todo mundo compre a idéia de que é o seu preferido, ou seja Serra, quem se sai melhor na pesquisa. Com os adversários agredindo a lógica, resta aos petistas comemorarem.
Mas, epa!, nem tudo é devaneio nas searas da Nova Direita. O César Maia, ex-prefeito do Rio e uma das lideranças do DEM, para surpresa geral, tem sido uma das vozes mais equilibradas na análise do quadro eleitoral de 2010. Por isso mesmo, pode apostar!, vale a pena ler a análise que ele fez da mesma pesquisa. A direção é bem diferente daquela tomada pelo Reinaldo Azevedo. Confira abaixo.
PESQUISA DATAFOLHA APONTA PARA POLARIZAÇÃO!
1. Sempre que os nomes apresentados em pesquisa são de amplo conhecimento público, os números relativos à intenção de voto "se as eleições fossem hoje", se aproximam da verdade de hoje. Especialmente numa pesquisa com mais de 11 mil eleitores, como essa realizada entre 14 e 18 de dezembro. Na pesquisa DataFolha de 25-27/03/2008, portanto mais de 20 meses atrás, Dilma tinha apenas 3%. Vem crescendo progressivamente, em função da divulgação de seu nome e o apoio de Lula: 3%, 8%, 11%, 16%, 16%, e 23%. Serra flutua no mesmo patamar: 38%, 41%, 41%, 38%, 37%, e 37%.
2. A diferença Serra-Dilma caiu de 18% e 19% nas duas pesquisas anteriores, para 14%. Para ela o dado mais importante que sua esperada ascensão com o apoio de Lula, é que a diferença num suposto primeiro turno e num segundo turno não muda. Com isso, isolando os dois no primeiro turno, Dilma tem 38% e no segundo 42%, com crescimento relativo maior que o de Serra, e absoluto igual, para uma taxa de conhecimento menor.
3. Entre as pessoas de maior renda, Serra tem 38% e Dilma surpreendentes 30%. Entre os de menor renda, provavelmente os que menos acompanham este processo pré-eleitoral, Serra tem 35% e Dilma apenas 23%, número que tende a crescer com o envolvimento de Lula, pois aqui é onde sua aprovação é maior.
4. Os números mostram que a tática do PSDB de ganhar tempo até março abriu espaço para o crescimento de Dilma, exatamente entre os eleitores potenciais de Serra. A entrevista do presidente do Banco Central, com destaque de capa no Globo de domingo, aponta nessa direção: assustar a classe média com hipotéticas mudanças.
5. Finalmente, imaginando que os 23% de Dilma entre os de menor renda suba para 30%, a diferença global cairia de 14 pontos para a metade. É um cenário provável. Claro, nas mesmas condições de hoje.
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sexta-feira, 3 de julho de 2009
A melancolia da esquerda e o cinismo da direita
Transcrevo abaixo partes de um texto inicialmente publicado no El País. Se você freqënta este blog, e eu espero que faça isso com assiduidade (risos), sabe que eu sempre coloco aqui artigos ou reportagens do bom jornal espanhol. O texto está traduzido. E esta tarefa foi feita pelo Ex-Blog do César Maia. Créditos devidamente registrados, que tal ler uma análise interessante sobre as diferenças entre esquerda e direita? Claro, claro, o universo de referência é a Europa, mas, vá lá, dá para aproveitar algo para pensar a nossa realidade...
"O VÍCIO DA ESQUERDA É A MELANCOLIA. O VÍCIO DA DIREITA É O CINISMO"!
Trechos do artigo de Daniel Innerarity (professor de filosofia na U. Zaragoza), Ideias para a Esquerda. (El País, 28/06)
1. O vício da esquerda é a melancolia e o da direita é o cinismo. Em geral, a esquerda espera muito da política, mais que a direita. Exige à política resultados, não só liberdade, mas igualdade. A direita se contenta com a política manter as regras do jogo. É mais procedimental, e se dá por satisfeita que a política garanta marcos e possibilidades, pois o resultado concreto não é o mais importante. Claro que ambas aspiram defender a liberdade e a igualdade. Ninguém tem o monopólio dos valores, mas a ênfase de cada uma explica suas distintas culturas políticas.
2. A diferença radicaria em que a esquerda, na medida em que espera muito da política, também tem um maior potencial de decepção. Por isso, o vício da esquerda é a decepção e o da direita é o cinismo. A esquerda aprende em ciclos longos, e só consegue se recuperar através de certa revisão doutrinária. A direita tem mais incorporada a flexibilidade, e é menos doutrinária, mais eclética, incorporando com maior agilidade elementos de outras tradições políticas.
3. Por isso, a esquerda só pode ganhar se há um clima no qual as ideias joguem um papel importante e há um alto nível de exigências que se dirijam à política. Quando isso falta, quando não há ideias em geral e as aspirações da cidadania em relação à política são planas, a direita é a preferida dos eleitores. A esquerda deveria politizar, frente a uma direita, que isso não interessa.
4. A direita vitoriosa na Europa é uma direita que promove direta ou indiretamente a despolitização e se move melhor com outros valores (eficácia, ordem, flexibilidade, saber técnico...). O que a esquerda deveria fazer é lutar em todos os níveis para recuperar a centralidade política. Hoje, o verdadeiro combate se dá em um campo de jogo que está dividido: os que desejam que o mundo tenha um formato político e outros que não lhes importaria que a política resultasse insignificante.
5. Por isso, a defesa da política é a tarefa fundamental da esquerda. A direita está comodamente instalada na política reduzida a sua mínima expressão. Para a esquerda, que o espaço público tenha qualidade democrática, é um assunto crucial, onde joga sua própria sobrevivência. A atual socialdemocracia europeia não tem nem ideias nem projetos, ou os tem em medida claramente insuficiente.
"O VÍCIO DA ESQUERDA É A MELANCOLIA. O VÍCIO DA DIREITA É O CINISMO"!
Trechos do artigo de Daniel Innerarity (professor de filosofia na U. Zaragoza), Ideias para a Esquerda. (El País, 28/06)
1. O vício da esquerda é a melancolia e o da direita é o cinismo. Em geral, a esquerda espera muito da política, mais que a direita. Exige à política resultados, não só liberdade, mas igualdade. A direita se contenta com a política manter as regras do jogo. É mais procedimental, e se dá por satisfeita que a política garanta marcos e possibilidades, pois o resultado concreto não é o mais importante. Claro que ambas aspiram defender a liberdade e a igualdade. Ninguém tem o monopólio dos valores, mas a ênfase de cada uma explica suas distintas culturas políticas.
2. A diferença radicaria em que a esquerda, na medida em que espera muito da política, também tem um maior potencial de decepção. Por isso, o vício da esquerda é a decepção e o da direita é o cinismo. A esquerda aprende em ciclos longos, e só consegue se recuperar através de certa revisão doutrinária. A direita tem mais incorporada a flexibilidade, e é menos doutrinária, mais eclética, incorporando com maior agilidade elementos de outras tradições políticas.
3. Por isso, a esquerda só pode ganhar se há um clima no qual as ideias joguem um papel importante e há um alto nível de exigências que se dirijam à política. Quando isso falta, quando não há ideias em geral e as aspirações da cidadania em relação à política são planas, a direita é a preferida dos eleitores. A esquerda deveria politizar, frente a uma direita, que isso não interessa.
4. A direita vitoriosa na Europa é uma direita que promove direta ou indiretamente a despolitização e se move melhor com outros valores (eficácia, ordem, flexibilidade, saber técnico...). O que a esquerda deveria fazer é lutar em todos os níveis para recuperar a centralidade política. Hoje, o verdadeiro combate se dá em um campo de jogo que está dividido: os que desejam que o mundo tenha um formato político e outros que não lhes importaria que a política resultasse insignificante.
5. Por isso, a defesa da política é a tarefa fundamental da esquerda. A direita está comodamente instalada na política reduzida a sua mínima expressão. Para a esquerda, que o espaço público tenha qualidade democrática, é um assunto crucial, onde joga sua própria sobrevivência. A atual socialdemocracia europeia não tem nem ideias nem projetos, ou os tem em medida claramente insuficiente.
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terça-feira, 16 de junho de 2009
A direita administra melhor a economia? Apontamentos para a descontrução de um mito.
No artigo abaixo transcrito, apontamentos para a desconstrução desse mito persistente de que a direita gere melhor, na direção dos governos, a vida econômica.
TRIBUNA: Carlos Mulas Granados
Progresistas: una mayoría en minoría
La mayoría de los ciudadanos, en España y en casi todo el mundo, prefiere las políticas progresistas, pero no se moviliza en su defensa. Según el último European Election Survey, un 58% de los europeos se autodefine de centro izquierda, pero en las elecciones del pasado 7-J los partidos conservadores han obtenido un 15% más de escaños que los socialdemócratas. ¿Cómo explicarlo?
La mayoría cree que el Estado debe actuar para proteger a los más débiles y que la religión no debe interferir en la política; defiende la promoción activa de las minorías y acepta nuevas formas de familia; otorga un papel importante al Estado en educación, sanidad, seguridad o dinamización económica, y sospecha de la capacidad de las grandes corporaciones para comportarse como deben sin controles públicos. Pero los partidos progresistas no logran persuadirles de que les voten con un mensaje sólido vinculado a valores ampliamente sentidos. En esta crisis económica es evidente: los progresistas ponen "las políticas" y los conservadores se llevan "la política", es decir, los votos, como Antonio Estella ha escrito aquí mismo recientemente.
Por qué los conservadores sacan la mejor tajada electoral? Pues porque aunque formuladas con franqueza sus políticas no tendrían apoyo general, su relato de "fuerza, seguridad y libertad" suena bien. En general, los conservadores ya no discuten los logros políticos y sociales defendidos y conquistados por sus adversarios a lo largo de la historia (el derecho a votar, a trabajar dignamente, al subsidio de desempleo, a la educación y la sanidad públicas, a la libertad de expresión, etc.), e incluso se han apropiado de algunos de ellos. Ahora se presentan como "centristas" y combinan su histórica defensa de la bandera nacional, la familia tradicional y la política de ley y el orden con un aura, más mítico que real, de gestión eficaz de la economía.
El retrato que haría de sí un neoconservador es el de un centrista compasivo, hombre o mujer de principios claros y moral sólida, buen gestor económico, amante de la libertad individual y riguroso en la defensa de la seguridad. Enfrente estarían los progres: izquierdistas trasnochados, empeñados en defender la salud y la educación públicas de inexistentes enemigos, que llaman a la lucha de clases, la nacionalización, el libertinaje, la desaparición de la religión, el aborto, la subida de impuestos, el despilfarro, la promoción de la pereza, la tolerancia con los criminales y la falta de principios morales.
Esta caricatura ignora la herencia de los pensadores de la Ilustración y de políticos progresistas egregios como Lincoln, Roosevelt, King, González, Brandt, Allende o tantos otros. Y ofende porque la Historia repite siempre lo mismo: los conservadores estuvieron siempre instalados en el"no" a cualquier avance cívico y social. Siempre "no"... hasta que el avance se impone y ya no hay vuelta atrás.
¿Cómo superar esta caricatura grosera e interesada del progre? Tal vez ayudaría la acuñación de un nuevo término que deshiciera tal simplificación y recogiera la esencia del nuevo pensamiento progresista del siglo XXI. De hecho, bajo el término neoprogresista se comienzan a agrupar distintos pensadores y políticos en los foros mundiales.
Un neoprogresista no acepta la contraposición clásica entre libertad e igualdad, porque la verdadera libertad se logra promoviendo la igualdad. Ama la libertad más que los conservadores, pero no sólo la del "dejar hacer, dejar pasar". Porque, ¿cómo puede llegar a ser libre un niño que no accede a la mejor educación posible a causa de la pobreza de sus padres? ¿Cómo puede ser libre una persona con discapacidad si no se garantiza desde el Estado que pueda circular como cualquiera por las calles? ¿Cómo puede una mujer ser libre si no se garantiza su igualdad cuando trabaja? ¿Cómo puede un país ser libre si no se le protege de los abusos del mercado y no se favorece su nivelación?
La búsqueda de esa verdadera libertad es lo que motiva las dos grandes políticas que hoy distinguen un programa progresista de uno conservador: la protección y la capacitación (lo que en inglés se llama empowerment).
Un neoprogresista cree en la necesidad de dar seguridad a los niños, a los mayores, a los débiles, a las minorías, a los pobres... porque no cree que las desigualdades tengan un origen natural, sino un origen social que puede mitigarse. No se trata de proteger a los trabajadores frente a los empresarios, ni a los parias de la tierra y los descamisados contra los terratenientes y los nobles. Se trata de proteger a todos los ciudadanos de los excesos de un mercado sin normas y sin control.
Protección, sí, pero también capacitación, porque con ella se libera el potencial de los individuos y disminuye la necesidad de protección. Así adquiere sentido la regulación frente a una "libertad" mal entendida: para equilibrar las desigualdades, para que el porvenir del planeta no quede hipotecado por la ambición desmedida de unos cuantos, para que la generación de hoy no condene a las siguientes. Bajo los nuevos conceptos de "economía virtuosa", "recuperación verde" y "sociedad sostenible", los neoprogresistas están agrupando las políticas que marcarán el futuro.
Para capacitar hay que invertir y habilitar recursos públicos: es decir, cobrar impuestos. Sin avergonzarse. Reniegan de los tributos quienes no creen en lo público. Pero mucha gente necesita de la acción pública... y máxime en tiempos como los actuales de crisis financiera y económica.
De estos temas y enfoques se debate en los diferentes foros de think-tanks progresistas de todo el mundo celebrados en los dos últimos años en Londres, Washington, Santiago de Chile... o en el que, dentro de unos meses, se celebrará en Madrid. La idea que va emergiendo de tales intercambios de ideas es que una mayoría de ciudadanos firmaría un manifiesto con estos principios y apoyaría las políticas que de ellos se derivan. Ahora el reto está en comunicarlos bien.
Los neocon llevan décadas promoviendo sin pudor ni complejo sus ideas, defendiendo "la libertad, la fuerza y la seguridad", y presentándose como portentosos gestores que acabarían con los funcionarios y las instituciones públicas supuestamente inoperantes. La crisis en que nos encontramos ha demostrado que estaban equivocados, pero su habilidad comunicativa ha conseguido distraer a la ciudadanía de la responsabilidad plena que sus políticas tienen en la actual situación.
Los neoprogresistas deben neutralizar la demagogia conservadora y acertar a comunicar su visión esperanzada de futuro. Si no lo hacen, verán como se imponen de nuevo el miedo, el desprestigio de lo público, la llamada al poder duro más peligroso. Un ambiente en el que los conservadores se mueven como pez en el agua, pero que nos abocará a la asunción resignada de la formación y estallido de burbujas insostenibles, con la consiguiente ampliación de las desigualdades. El desafío es grave y urgente.
Obama, Zapatero, Sócrates, Brown, Rudd, Bachelet, Lula y sus pocos colegas progresistas aún en el poder han de contarnos su relato con claridad: protección y capacitación para la igualdad y para una verdadera libertad. También para la paz, la seguridad y el desarrollo sostenible. Y deben hacerlo con determinación ante cada reto. El más inmediato es el de superar un estereotipo aún vigente, un estereotipo que puede haber pesado en los resultados del 7-J en el conjunto de la Unión Europea: que la derecha gestiona mejor la economía y es más decidida ante las crisis. Los progresistas tienen que demostrar que sus valores son capaces de producir las políticas más eficientes. Esto requiere coraje, y también asumir que las reformas que ganan el futuro no siempre satisfacen a todos en el presente.
La mayoría estaría con ellos si desplegaran un discurso cohesionado, emotivo y movilizador. Como lo hicieron antes cientos de líderes que lucharon para que las mujeres y los hombres fueran libres, para que se sintieran seguros y para que fueran capaces de construirse un futuro mejor. Los neoprogresistas, si decidimos asumir este término, son herederos de una larga y épica historia de libertad, derechos y protección que hoy deben reivindicar más que nunca.
Además de Carlos Mulas Granados, director de la Fundación Ideas, firma este artículo Luis Arroyo, presidente de Asesores de Comunicación Pública.
TRIBUNA: Carlos Mulas Granados
Progresistas: una mayoría en minoría
La mayoría de los ciudadanos, en España y en casi todo el mundo, prefiere las políticas progresistas, pero no se moviliza en su defensa. Según el último European Election Survey, un 58% de los europeos se autodefine de centro izquierda, pero en las elecciones del pasado 7-J los partidos conservadores han obtenido un 15% más de escaños que los socialdemócratas. ¿Cómo explicarlo?
La mayoría cree que el Estado debe actuar para proteger a los más débiles y que la religión no debe interferir en la política; defiende la promoción activa de las minorías y acepta nuevas formas de familia; otorga un papel importante al Estado en educación, sanidad, seguridad o dinamización económica, y sospecha de la capacidad de las grandes corporaciones para comportarse como deben sin controles públicos. Pero los partidos progresistas no logran persuadirles de que les voten con un mensaje sólido vinculado a valores ampliamente sentidos. En esta crisis económica es evidente: los progresistas ponen "las políticas" y los conservadores se llevan "la política", es decir, los votos, como Antonio Estella ha escrito aquí mismo recientemente.
Por qué los conservadores sacan la mejor tajada electoral? Pues porque aunque formuladas con franqueza sus políticas no tendrían apoyo general, su relato de "fuerza, seguridad y libertad" suena bien. En general, los conservadores ya no discuten los logros políticos y sociales defendidos y conquistados por sus adversarios a lo largo de la historia (el derecho a votar, a trabajar dignamente, al subsidio de desempleo, a la educación y la sanidad públicas, a la libertad de expresión, etc.), e incluso se han apropiado de algunos de ellos. Ahora se presentan como "centristas" y combinan su histórica defensa de la bandera nacional, la familia tradicional y la política de ley y el orden con un aura, más mítico que real, de gestión eficaz de la economía.
El retrato que haría de sí un neoconservador es el de un centrista compasivo, hombre o mujer de principios claros y moral sólida, buen gestor económico, amante de la libertad individual y riguroso en la defensa de la seguridad. Enfrente estarían los progres: izquierdistas trasnochados, empeñados en defender la salud y la educación públicas de inexistentes enemigos, que llaman a la lucha de clases, la nacionalización, el libertinaje, la desaparición de la religión, el aborto, la subida de impuestos, el despilfarro, la promoción de la pereza, la tolerancia con los criminales y la falta de principios morales.
Esta caricatura ignora la herencia de los pensadores de la Ilustración y de políticos progresistas egregios como Lincoln, Roosevelt, King, González, Brandt, Allende o tantos otros. Y ofende porque la Historia repite siempre lo mismo: los conservadores estuvieron siempre instalados en el"no" a cualquier avance cívico y social. Siempre "no"... hasta que el avance se impone y ya no hay vuelta atrás.
¿Cómo superar esta caricatura grosera e interesada del progre? Tal vez ayudaría la acuñación de un nuevo término que deshiciera tal simplificación y recogiera la esencia del nuevo pensamiento progresista del siglo XXI. De hecho, bajo el término neoprogresista se comienzan a agrupar distintos pensadores y políticos en los foros mundiales.
Un neoprogresista no acepta la contraposición clásica entre libertad e igualdad, porque la verdadera libertad se logra promoviendo la igualdad. Ama la libertad más que los conservadores, pero no sólo la del "dejar hacer, dejar pasar". Porque, ¿cómo puede llegar a ser libre un niño que no accede a la mejor educación posible a causa de la pobreza de sus padres? ¿Cómo puede ser libre una persona con discapacidad si no se garantiza desde el Estado que pueda circular como cualquiera por las calles? ¿Cómo puede una mujer ser libre si no se garantiza su igualdad cuando trabaja? ¿Cómo puede un país ser libre si no se le protege de los abusos del mercado y no se favorece su nivelación?
La búsqueda de esa verdadera libertad es lo que motiva las dos grandes políticas que hoy distinguen un programa progresista de uno conservador: la protección y la capacitación (lo que en inglés se llama empowerment).
Un neoprogresista cree en la necesidad de dar seguridad a los niños, a los mayores, a los débiles, a las minorías, a los pobres... porque no cree que las desigualdades tengan un origen natural, sino un origen social que puede mitigarse. No se trata de proteger a los trabajadores frente a los empresarios, ni a los parias de la tierra y los descamisados contra los terratenientes y los nobles. Se trata de proteger a todos los ciudadanos de los excesos de un mercado sin normas y sin control.
Protección, sí, pero también capacitación, porque con ella se libera el potencial de los individuos y disminuye la necesidad de protección. Así adquiere sentido la regulación frente a una "libertad" mal entendida: para equilibrar las desigualdades, para que el porvenir del planeta no quede hipotecado por la ambición desmedida de unos cuantos, para que la generación de hoy no condene a las siguientes. Bajo los nuevos conceptos de "economía virtuosa", "recuperación verde" y "sociedad sostenible", los neoprogresistas están agrupando las políticas que marcarán el futuro.
Para capacitar hay que invertir y habilitar recursos públicos: es decir, cobrar impuestos. Sin avergonzarse. Reniegan de los tributos quienes no creen en lo público. Pero mucha gente necesita de la acción pública... y máxime en tiempos como los actuales de crisis financiera y económica.
De estos temas y enfoques se debate en los diferentes foros de think-tanks progresistas de todo el mundo celebrados en los dos últimos años en Londres, Washington, Santiago de Chile... o en el que, dentro de unos meses, se celebrará en Madrid. La idea que va emergiendo de tales intercambios de ideas es que una mayoría de ciudadanos firmaría un manifiesto con estos principios y apoyaría las políticas que de ellos se derivan. Ahora el reto está en comunicarlos bien.
Los neocon llevan décadas promoviendo sin pudor ni complejo sus ideas, defendiendo "la libertad, la fuerza y la seguridad", y presentándose como portentosos gestores que acabarían con los funcionarios y las instituciones públicas supuestamente inoperantes. La crisis en que nos encontramos ha demostrado que estaban equivocados, pero su habilidad comunicativa ha conseguido distraer a la ciudadanía de la responsabilidad plena que sus políticas tienen en la actual situación.
Los neoprogresistas deben neutralizar la demagogia conservadora y acertar a comunicar su visión esperanzada de futuro. Si no lo hacen, verán como se imponen de nuevo el miedo, el desprestigio de lo público, la llamada al poder duro más peligroso. Un ambiente en el que los conservadores se mueven como pez en el agua, pero que nos abocará a la asunción resignada de la formación y estallido de burbujas insostenibles, con la consiguiente ampliación de las desigualdades. El desafío es grave y urgente.
Obama, Zapatero, Sócrates, Brown, Rudd, Bachelet, Lula y sus pocos colegas progresistas aún en el poder han de contarnos su relato con claridad: protección y capacitación para la igualdad y para una verdadera libertad. También para la paz, la seguridad y el desarrollo sostenible. Y deben hacerlo con determinación ante cada reto. El más inmediato es el de superar un estereotipo aún vigente, un estereotipo que puede haber pesado en los resultados del 7-J en el conjunto de la Unión Europea: que la derecha gestiona mejor la economía y es más decidida ante las crisis. Los progresistas tienen que demostrar que sus valores son capaces de producir las políticas más eficientes. Esto requiere coraje, y también asumir que las reformas que ganan el futuro no siempre satisfacen a todos en el presente.
La mayoría estaría con ellos si desplegaran un discurso cohesionado, emotivo y movilizador. Como lo hicieron antes cientos de líderes que lucharon para que las mujeres y los hombres fueran libres, para que se sintieran seguros y para que fueran capaces de construirse un futuro mejor. Los neoprogresistas, si decidimos asumir este término, son herederos de una larga y épica historia de libertad, derechos y protección que hoy deben reivindicar más que nunca.
Además de Carlos Mulas Granados, director de la Fundación Ideas, firma este artículo Luis Arroyo, presidente de Asesores de Comunicación Pública.
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sexta-feira, 30 de janeiro de 2009
Marcelo Coelho e os neocons
Marcelo Coelho é um dos melhores colunistas de nossa imprensa. Há anos, exceto no período de férias, toda quarta-feira publica um bom artigo no caderno "Ilustrada" do jornal Folha de São Paulo. Leio-o sempre. Os seus textos esbanhjam inteligência, sensibilidade e lucidez crítica. Você os lê com prazer. Bueno, talvez por isso mesmo, ele vem sendo desancado pelo Reinaldo Azevedo, o ícone dos neocons brasileiros. E tem respondido com elegância aos ataques do parajornalista da revista Veja. Acesse o blog do Marcelo aqui e tome pé dessa pequena batalha.
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quinta-feira, 25 de dezembro de 2008
A Nova Direita mora ao lado
Não, não estou querendo analisar conhecido (e ótimo) texto do sociólogo Antônio Flávio Pierucci sobre a base social do malufismo nos anos oitenta. Quero me referir a uma nova direita, auto-identificada como superior moral e intelectualmente à velha esquerda. É composta por aquela gente que se jacta de ser anti-PT e que adora espinafrar o Lula recorrendo, sem subterfúgios, a velhos preconceitos classistas tão fortemente enraizados no pensamento social brasileiro. Arrogante e esnobe, essa nova direita polula em diversos meios de comunicação e tem audiência cativa entre os membros daquela classe tão dificilmente identificável objetivamente denominada comumente como classe média. Não por acaso, em quase todos os consultórios médicos, você vai encontrar exemplares daquela revista semanal conhecida por praticar o que alguns denominam de parajornalismo e que se tornou o ninho brasileiro daqueles personagens identificados alhures como "neocons".
Para uma melhor apreensão do fenômeno neocon, coloco à sua disposição (em espanhol) um texto publicada na revista El Viejo Topo. Clique aqui e leia-o.
Para uma melhor apreensão do fenômeno neocon, coloco à sua disposição (em espanhol) um texto publicada na revista El Viejo Topo. Clique aqui e leia-o.
segunda-feira, 17 de novembro de 2008
Lula, Obama e a dança do marxismo ortodoxo com a direita moderninha
No "Tedência-debates" da Folha de São Paulo de hoje, você encontra dois artigos que são interessantes menos pelo que afirmam, mas, muito mais, pelos autores que os escrevem. De um lado, temos Francisco de Oliveira, grande cientista social, que, nos últimos anos, foi sendo confinado à condição de guia intelectual da ultra-esquerda, com um artigo intitulado "O pré-ministério de Wall Street" (somente para assinantes UOL) no qual, dentre outras coisas, procura diminuir a importância da vitória de Barak Obama, comparando negativamente à vitória do Senador àquela conseguida por Lula. Quase no fim do artigo, afirma: " ausência de uma teoria sobre o capitalismo globalizado dá lugar apenas a tímidas perspectivas que não vão além de uma semana. Já vimos esse filme, muito recentemente: o de uma esperança que venceu o medo para depois entregar-se a ele." Mais uma vez, diria o meu amigo Alex, é o medo do gozo dominando o horizonte. De outro lado, ou seria mais justo dizer "mais abaixo"?, o ex-petista Augusto de Franco, antigo comandante de uma corrente de ultra-esquerda no partido do Lula, hoje convertido ao time da nova direita, com um texto cujo título diz tudo (da perspectiva, digamos, analítica do autor) "Lula-aqui, Evo-ali, Obama-lá" (somente para assinantes UOL). É um par perfeito: marxismo ortodoxo e nova direita.
terça-feira, 12 de agosto de 2008
Clóvis Rossi e a tortura
Tarso Genro, ao tocar em uma questão fundamental para a vida democrática brasilieira como a punição dos envolvidos com os crimes de tortura durante a ditadura militar, provocou uma reação irada não apenas dos militares, mas também dos escribas da "nova direita" na grande imprensa. Clóvis Rossi, com lucidez, aponta em outra direção. Vale a pena conferir o que ele escreveu hoje no jornal Folha de São Paulo. Abaixo, uma parte da coluna.
"CLÓVIS ROSSI
De torturas e punições
SÃO PAULO - Há duas confusões, que parecem pura má-fé, na equiparação que setores das Forças Armadas estão fazendo entre a ação dos que pegaram em armas contra o regime militar e a ação dos militares que os reprimiram.
Primeiro, agentes do Estado não podem recorrer à delinqüência para reprimir delinqüência de inimigos. Matar em combate é uma coisa, matar (ou torturar) quem já está preso é borrar a fronteira entre a civilização e a barbárie, tal como ocorre quando, em nome de um projeto político, se matam ou torturam não-combatentes.
A segunda -e principal confusão, porque não é conceitual, mas factual- trata da impunidade. Praticamente todos os que pegaram em armas contra a ditadura foram punidos. Punidos foram muitos que nem pegaram em armas (vide o caso do jornalista Vladimir Herzog, assassinado nos porões do aparelho repressivo, mesmo não tendo aderido à luta armada).
Alguns oposicionistas foram punidos no marco da lei, ainda que certas leis repressivas fossem ilegítimas, porque editadas por um governo não surgido do voto livre dos cidadãos. Mas um punhado deles foi punido muito além da lei, com assassinatos, torturas (inclusive de parentes não envolvidos na luta), desaparecimentos (caso de Rubens Paiva, que nada tinha a ver com a luta armada), banimento e por aí vai.
Do lado oposto, no entanto, ninguém foi punido. Muitos, ao contrário, foram promovidos. A impunidade deu margem, por exemplo, ao atentado do Riocentro, em que só um acidente de trabalho impediu uma tragédia inenarrável (a bomba explodiu no colo do militar que ia atacar um show musical supostamente de esquerda).(...)"
Assinante UOL lê a coluna inteira aqui.
"CLÓVIS ROSSI
De torturas e punições
SÃO PAULO - Há duas confusões, que parecem pura má-fé, na equiparação que setores das Forças Armadas estão fazendo entre a ação dos que pegaram em armas contra o regime militar e a ação dos militares que os reprimiram.
Primeiro, agentes do Estado não podem recorrer à delinqüência para reprimir delinqüência de inimigos. Matar em combate é uma coisa, matar (ou torturar) quem já está preso é borrar a fronteira entre a civilização e a barbárie, tal como ocorre quando, em nome de um projeto político, se matam ou torturam não-combatentes.
A segunda -e principal confusão, porque não é conceitual, mas factual- trata da impunidade. Praticamente todos os que pegaram em armas contra a ditadura foram punidos. Punidos foram muitos que nem pegaram em armas (vide o caso do jornalista Vladimir Herzog, assassinado nos porões do aparelho repressivo, mesmo não tendo aderido à luta armada).
Alguns oposicionistas foram punidos no marco da lei, ainda que certas leis repressivas fossem ilegítimas, porque editadas por um governo não surgido do voto livre dos cidadãos. Mas um punhado deles foi punido muito além da lei, com assassinatos, torturas (inclusive de parentes não envolvidos na luta), desaparecimentos (caso de Rubens Paiva, que nada tinha a ver com a luta armada), banimento e por aí vai.
Do lado oposto, no entanto, ninguém foi punido. Muitos, ao contrário, foram promovidos. A impunidade deu margem, por exemplo, ao atentado do Riocentro, em que só um acidente de trabalho impediu uma tragédia inenarrável (a bomba explodiu no colo do militar que ia atacar um show musical supostamente de esquerda).(...)"
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terça-feira, 22 de julho de 2008
Sobre a Lei Seca e a "Nova Direita"
Hoje bem cedo, ouvindo a CBN enquanto preparava o café da manhã, fui informado de que, em Minas Gerais, um advogado obteve liminar garantindo-lhe o "direito" de não se submeter ao bafômetro. Nos sites e blogues da chamada "nova direita" (falo depois sobre a dita cuja!), no geral, há uma histeria contra a nova lei e a atuação policial contra os que dirigem após ingerir bebidas alcoolicas. Tudo em nome das "liberdades individuais". Seria cômico, não fosse trágico. Reproduz-se, agora, o mesmo discurso do plebiscito sobre as armas. Em um páis no qual uma das músicas de sucesso, já há algum tempo, é "beber, cair e levantar" e onde o número de mortes ligadas aos acidentes de trânsito, a nova lei seca faz parte de nosso processo civilizacional. Deve ser defendida como uma medida a favor da vida. Aproveito para reproduzir, abaixo, parte de artigo do Dr. Dráuzio Varella, publicado no jornal Folha de São Paulo do dia 19.
DRAUZIO VARELLA
Lei seca no trânsito
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Tem cabimento ingerir uma droga que altera os reflexos e sair por aí pilotando uma máquina?
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GOSTO DE BEBER, e confesso sem o menor sentimento de culpa. Álcool, de vez em quando, em quantidade pequena, dá prazer sem fazer mal à maioria das pessoas. Aos sábados e domingos, quando estou de folga, tomo uma cachaça antes do almoço, hábito adquirido com os carcereiros da antiga Casa de Detenção. Difícil é escolher a marca, o Brasil produz variedade incrível. Tomo uma, ocasionalmente duas, jamais a terceira. Essa é a vantagem em relação às bebidas adocicadas que você bebe feito refresco, sem se dar conta das conseqüências. Cachaça impõe respeito, o usuário sabe com quem está lidando: exagerou, é vexame na certa.
Cerveja, tomo de vez em quando. O primeiro gole é um bálsamo para o espírito; no calor, depois de um dia de trabalho e horas no trânsito, transporta o cidadão do inferno para o paraíso. O gole seguinte já não é igual, infelizmente. A segunda latinha decepciona, deixa até um resíduo amargo; a terceira encharca.
Uísque e vodca, só tenho em casa para oferecer às visitas.
De vinho eu gosto, mas tomo pouco, porque pesa no estômago. Além disso, meu paladar primitivo não permite reconhecer notas de baunilha ou sabores trufados; não tenho idéia do que seja uma trava sutil de tanino, nem o aroma de cassis pisado, nem o frescor de framboesas do campo. Em meu embotamento olfato-gustativo, faço coro com os que admitem apenas três comentários diante de um copo de vinho: é bom, é ruim, e bebe e não enche o saco.
Feita essa premissa, quero deixar claro ser a favor da chamada lei seca no trânsito.
Assinante UOL leia mais aqui.
DRAUZIO VARELLA
Lei seca no trânsito
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Tem cabimento ingerir uma droga que altera os reflexos e sair por aí pilotando uma máquina?
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GOSTO DE BEBER, e confesso sem o menor sentimento de culpa. Álcool, de vez em quando, em quantidade pequena, dá prazer sem fazer mal à maioria das pessoas. Aos sábados e domingos, quando estou de folga, tomo uma cachaça antes do almoço, hábito adquirido com os carcereiros da antiga Casa de Detenção. Difícil é escolher a marca, o Brasil produz variedade incrível. Tomo uma, ocasionalmente duas, jamais a terceira. Essa é a vantagem em relação às bebidas adocicadas que você bebe feito refresco, sem se dar conta das conseqüências. Cachaça impõe respeito, o usuário sabe com quem está lidando: exagerou, é vexame na certa.
Cerveja, tomo de vez em quando. O primeiro gole é um bálsamo para o espírito; no calor, depois de um dia de trabalho e horas no trânsito, transporta o cidadão do inferno para o paraíso. O gole seguinte já não é igual, infelizmente. A segunda latinha decepciona, deixa até um resíduo amargo; a terceira encharca.
Uísque e vodca, só tenho em casa para oferecer às visitas.
De vinho eu gosto, mas tomo pouco, porque pesa no estômago. Além disso, meu paladar primitivo não permite reconhecer notas de baunilha ou sabores trufados; não tenho idéia do que seja uma trava sutil de tanino, nem o aroma de cassis pisado, nem o frescor de framboesas do campo. Em meu embotamento olfato-gustativo, faço coro com os que admitem apenas três comentários diante de um copo de vinho: é bom, é ruim, e bebe e não enche o saco.
Feita essa premissa, quero deixar claro ser a favor da chamada lei seca no trânsito.
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