Mostrando postagens com marcador Ciência Política.. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Ciência Política.. Mostrar todas as postagens

sexta-feira, 3 de julho de 2009

A melancolia da esquerda e o cinismo da direita

Transcrevo abaixo partes de um texto inicialmente publicado no El País. Se você freqënta este blog, e eu espero que faça isso com assiduidade (risos), sabe que eu sempre coloco aqui artigos ou reportagens do bom jornal espanhol. O texto está traduzido. E esta tarefa foi feita pelo Ex-Blog do César Maia. Créditos devidamente registrados, que tal ler uma análise interessante sobre as diferenças entre esquerda e direita? Claro, claro, o universo de referência é a Europa, mas, vá lá, dá para aproveitar algo para pensar a nossa realidade...


"O VÍCIO DA ESQUERDA É A MELANCOLIA. O VÍCIO DA DIREITA É O CINISMO"!

Trechos do artigo de Daniel Innerarity (professor de filosofia na U. Zaragoza), Ideias para a Esquerda. (El País, 28/06)

1. O vício da esquerda é a melancolia e o da direita é o cinismo. Em geral, a esquerda espera muito da política, mais que a direita. Exige à política resultados, não só liberdade, mas igualdade. A direita se contenta com a política manter as regras do jogo. É mais procedimental, e se dá por satisfeita que a política garanta marcos e possibilidades, pois o resultado concreto não é o mais importante. Claro que ambas aspiram defender a liberdade e a igualdade. Ninguém tem o monopólio dos valores, mas a ênfase de cada uma explica suas distintas culturas políticas.

2. A diferença radicaria em que a esquerda, na medida em que espera muito da política, também tem um maior potencial de decepção. Por isso, o vício da esquerda é a decepção e o da direita é o cinismo. A esquerda aprende em ciclos longos, e só consegue se recuperar através de certa revisão doutrinária. A direita tem mais incorporada a flexibilidade, e é menos doutrinária, mais eclética, incorporando com maior agilidade elementos de outras tradições políticas.

3. Por isso, a esquerda só pode ganhar se há um clima no qual as ideias joguem um papel importante e há um alto nível de exigências que se dirijam à política. Quando isso falta, quando não há ideias em geral e as aspirações da cidadania em relação à política são planas, a direita é a preferida dos eleitores. A esquerda deveria politizar, frente a uma direita, que isso não interessa.

4. A direita vitoriosa na Europa é uma direita que promove direta ou indiretamente a despolitização e se move melhor com outros valores (eficácia, ordem, flexibilidade, saber técnico...). O que a esquerda deveria fazer é lutar em todos os níveis para recuperar a centralidade política. Hoje, o verdadeiro combate se dá em um campo de jogo que está dividido: os que desejam que o mundo tenha um formato político e outros que não lhes importaria que a política resultasse insignificante.

5. Por isso, a defesa da política é a tarefa fundamental da esquerda. A direita está comodamente instalada na política reduzida a sua mínima expressão. Para a esquerda, que o espaço público tenha qualidade democrática, é um assunto crucial, onde joga sua própria sobrevivência. A atual socialdemocracia europeia não tem nem ideias nem projetos, ou os tem em medida claramente insuficiente.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Etnografia política: um texto de Javier Auyero

Ja falei de Javier Auyero aqui (veja o post Violência e pobreza na Argentina). Trata-se de um cientista social detentor de uma grande capacidade analítica. Merecia ser mais conhecido no Brasil. Indico agora a leitura de uma entrevista sua sobre etnografia política. Acesse aqui (em espanhol).

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

A sociologia e as políticas de transferência de renda na AL

No último número de uma das mais importantes publicações acadêmicas na área de sociologia, o Annual Review of Sociology, foi publicado um estudo sobre as políticas de transferência de renda na América Latina. De autoria de Enrique Valencia Lomelí, professor titular da Universidade de Guadalajara (México), o artigo, intitulado "Las Transferencias Monetarias Condicionadas Como Política Social en América Latina. Un Balance: Aportes, Límites y Debates", está em espanhol, algo raro no prestigiado periódico. Você pode acessá-lo aqui.

sábado, 25 de outubro de 2008

Uma entrevista com Renato Lessa

Leia abaixo uma entrevista com o Professor Renato Lessa (IUPERJ). Trata-se de uma análise arguta sobre o pano de fundo (ou, como diria minha Avó, sobre o buraco que está atrás do pano) das disputas eleitorais que terminam amanhã.

“Pragmatismo despolitiza as campanhas”
Heloisa Magalhães, do Rio - VALOR

Renato Lessa: “O PT tem teto em São Paulo.


“A política está sendo varrida . Existe uma cultura há anos no Brasil repetindo a idéia de que o bom candidato é aquele que responde a problemas práticos. Esquerda e direita acabaram. O eleitor pensa nas questões práticas, escola do filho, transporte e esgoto”, diz o cientista político Renato Lessa.

Ele critica o cenário que levou ao que atribuiu a um certo “enfado” com relação aos políticos e critica a “tendência crescente do eleitor pragmático, aquele que vota com foco na administração o que, na sua avaliação, vem se repetido à exaustão em todos os níveis do Executivo.

O professor do Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (Iuperj) diz que neste universo do voto racional, “outra coisa terrível é a idéia de que esse eleitor vota no candidato que é amigo do prefeito, governador e do presidente”. diz. E frisa que há tendência de um corte deste processo com a provável vitória de Gilberto Kassab, em São Paulo, e a disputa acirrada no Rio e Belo Horizonte, mostrando o questionamento do eleitor à força do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e dos governadores Sérgio Cabral e Aécio Neves

Em conversa com o Valor, o professor falou do perfil do eleitor que cresceu mas pouco se politizou depois do golpe de 1964.

Abaixo os principais trechos da entrevista:

Valor: As prefeituras hoje com mais recursos financeiros permitindo maiores realizações estão influenciando a reeleição? O eleitor está cada vez mais deixando a política de lado?

Renato Lessa: Primeiro, acho que se trata de uma hipótese com tinturas mitológicas, que por todo o Brasil os prefeitos que tiveram mais dinheiro foram bem avaliados e o eleitor votou neles. Não acredito que as coisas funcionam desse jeito. Política é mais complicada. E também não acredito que exista um eleitor médio. Tenho colegas que acreditam nessas ficções estatísticas. Eu acredito em eleitores reais. E os casos são diferentes. A mesma motivação que podem levar os eleitores de Salvador (João Henrique, PMDB) a reeleger um prefeito não são necessariamente as mesmas motivações que levam os paulistas a reeleger o (Gilberto) Kassab (DEM), embora em ambos os casos você tenha um prefeito bem avaliado. Há fatores locais que não podem deixar de ser levados em conta porque as eleições não são coordenadas nacionalmente.

Valor: Mas o senhor concorda que os eleitores estão partindo para o voto mais pragmático?

Lessa: A hipótese do eleitor pragmático está posta. Merece algum tipo de atenção. Pode também estar decantando na cabeça do eleitor a maneira correta de votar diante de um certo enfado com relação a questões de política. Há décadas vem sendo repetido que política é uma coisa ruim, horrorosa, que só interessa a gente corrupta e que tem relações escusas. Então política é tudo aquilo de que devemos nos afastar e a gestão é tudo aquilo que devemos apreciar.

Valor: Mas ao mesmo tempo o número de candidatos a cada eleição só cresce…

Lessa: No Brasil, dois em cada três brasileiros votam. É um eleitorado imenso. São 138 milhões de eleitores para 183 milhões de habitantes. Na última, foram 350 mil candidatos a vereador, 17 mil a 18 mil para prefeito. O tamanho disso não é brincadeira de dois em dois anos temos uma multidão incalculável que se mobiliza e vai às urnas. Esse eleitorado teve dois piques de crescimento na fabricação de um eleitor mas despolitizado. Depois do golpe de 64, foram dois momentos de expansão forte. O eleitorado disparou mais de 180%. É uma coisa extraordinária que é um caso de crescimento eleitoral sem política. Foi a única ditadura do mundo com aumento exponencial do eleitorado.

Valor: Por que cresceu tanto?

Lessa: A população cresceu mas entre as razões estão o aumento da alfabetização e da urbanização. E aumentou nesse eleitorado o número imenso de eleitores desqualificados em termos educacionais, com os analfabetos funcionais que entraram nisso. Outro espasmo se deu depois da Nova República.

Valor: E a redemocratização de 1988?

Lessa: Se pegarmos a Carta de 1998 duas grandes novidades institucionais vamos ver uma mudança de papeis. Uma é do Ministério Público e do Judiciário. O MP deixou de de ter as funções tradicionais do promotor, acusador e passou a defensor da cidadania. E a partir daí toda uma difusão de uma ideologia, uma mentalidade, um imaginário de que os brasileiros são portadores de direitos.

Valor: Foi a busca dos cidadãos em fazer prevalecer seus direitos que diferenciou as instituições?

Lessa: Os direitos dos brasileiros não são expressos através dos partidos. E não é apenas porque o Legislativo está asfixiado e insulado pelas medidas provisórias do Executivo. O eleitor hoje vai buscar os direitos no Judiciário. O Congresso hoje é um conjunto de pessoas eleitas que ficam à disposição do presidente para fazer maiorias, para compor maiorias de governo, muito distante da população aqui em baixo. E a população está aprendendo, cada vez, a mobilizar o Judiciário e o sistema de Justiça para defender suas causas.

Valor: O senhor fala em um eleitor focado em questões práticas. A candidatura Gabeira, no Rio, se enquadra neste perfil?

Lessa: O Gabeira nessa eleição no Rio está tentando animar a questão da grande política. O Rio é uma cidade global, uma das maiores metrópoles do mundo, não pode ser pensada como um problema local tem a ver com o pais e o mundo. A candidatura dele é teste interessante para ver se há espaço na cidade do Rio para quem se apresenta de uma maneira mais politizada no sentido mais amplo. Diz que vai pensar a cidade, as milícias ilegais, o meio ambiente. Contrapõe o estilo completamente asséptico sem política, do gestor, do prefeitinho da Barra (função que foi ocupada pelo opositor a Gaberia, Eduardo Paes, do PMDB, no início da trajetória política) contra a idéia que uma cidade dessa complexidade tem que ter estadista.

Valor: Em São Paulo não está sendo posto em questão a capacidade de Lula tranferir voto?

Lessa: O que está acontecendo em São Paulo é o que sempre aconteceu. Não está acontecendo nada novo. O PT em São Paulo tem o que a Marta (Suplicy) tem. Não é que Kassab é o administrador bem sucedido e admirado. É que o PT tem teto eleitoral. A Marta só ganhou quando disputou com o (Paulo) Maluf. Só ganhou quando Mario Covas desembarcou do consultório médico, quando estava proibido de sair, e foi fazer campanha para ela, colocou o PSDB ao seu lado. Marta com Covas ganhou do Maluf, mas sozinha não ganhou do (José) Serra e não ganha do Kassab. É questão do tamanho eleitoral que o PT tem em São Paulo. É imenso mas é menor do que a metade. Pode até existir transferência de voto em tese, mas em São Paulo o que está acontecendo é a repetição de um padrão eleitoral que está consolidado.

Valor: E para presidente da República, transfere?

Lessa: Depende muito, é totalmente circunstancial. Depende de quem é a pessoa e de quem é o inimigo. Não há uma teoria geral. Mario Covas transferiu para Marta porque o inimigo era o Maluf. (Leonel Brizola) transferiu voto no Rio para Lula quando o inimigo era (Fernando) Collor. Se o candidato que disputasse contra Lula fosse Mario Covas ou Ulysses Guimarães dava para transferir aquela quantidade toda de votos? Não sei, a ver. É muito circunstancial.

Valor: O que sai dessa eleição agora já permite projetar a tendência do quadro partidário para 2010?

Lessa: Tendência para 2010 é complicado mas força é algo a considerar. É força partidária para disputar eleições que virão. Três grandes partidos PT, PSDB e PMDB. Pegando a distribuição de votos nas cidades com mais de 200 mil votos no primeiro turno esses três partidos são os campeões. Mais abaixo vem o DEM. Nas 80 cidades maiores, o DEM teve desempenho quase de pequeno partido, ficou lá em baixo. Perdeu as lideranças e o palanque. O partido foi comido no interior pelo PT que entrou nos grotões e o PSDB se consolida como o principal partido de oposição. Mesmo com a vitória do Kassab, em São Paulo, ninguém vai acreditar que será uma vitória do DEM. Os três maiores partidos com escala nacional são o PMDB, PSDB e PT tem base e densidade eleitoral. O Lula não sai enfraquecido. Há uma teoria que com uma derrota da Marta elimina a Dilma (Rousseff). Eu não entendi essa dialética.

sábado, 27 de setembro de 2008

Quanto pesa o apoio de Lula nestas eleições?

O jornal Folha de São Paulo, na sua edição de hoje, fez a seguinte questão a dois cientistas políticos: o apoio de Lula será um fator decisivo nas eleições municipais deste ano? Veja, abaixo, partes das respostas dadas. Trata-se de um debate interessante.

SIM

Do amor na política

RENATO LESSA

NOS IDOS do império, nos quais eleições razoavelmente limpas configuravam-se como impossibilidades existenciais, houve uma que se destacou das demais na arte de produzir desrepresentação.
A coisa passou-se nos anos 40 do século 19, sob o consulado de Alves Branco e de seu partido -o Liberal-, que impôs aos seus adversários um massacre eleitoral de tal monta que o evento acabou consagrado na crônica da bestialogia nacional como "as eleições do cacete".
Ante a grita dos massacrados, que acusavam o governo de manipulação eleitoral, o liberal ministro foi didático: não há que confundir o princípio das "maiorias por compressão" -artificiais e obtidas pela força- com o das "maiorias de amor" -que resultam de modo natural do "princípio da gratidão". E era este, é claro, o caso.
Bastaram a Alves Branco apenas um partido, alguma desfaçatez e muita fraude para desfrutar de seu experimento amoroso. Ao presidente Lula bastam os incontáveis partidos de sua base parlamentar, uma popularidade pessoal crescente e uma vocação política para o "unanimismo". Parece não haver queixas diante do experimento amoroso revivido na safra 2008: qual dos candidatos a prefeito das capitais se apresenta como desafeto de Lula? No início de setembro, dava-se como provável a vitória do presidente em 20 das 26 capitais. Engana-se o leitor que supuser que nas demais se exerce a republicana praxe do contraditório político-eleitoral. Está aí o candidato do PSDB à prefeitura de Teresina, Silvio Mendes, a ser processado pelos rivais petistas... pelo uso positivo da imagem do próprio Lula.
A faca na boca e a espuma no canto dos lábios, dos idos de 2005, desapareceram, por ora, da cena nacional. Nas capitais nas quais o bloco do presidente lidera, dois casos interessantes devem ser considerados. O de Kassab é pungente. O gerente da urbe paulistana declara abertamente seu amor por Lula. Teve o cuidado de compensá-lo com menções afetuosas a José Serra e a Fernando Henrique Cardoso, mas nada que dissipe a sensação de que vivemos eleições sem política, sem algo que ultrapasse a medíocre cultura da gestão.
No Rio de Janeiro, um ex-deputado hidrófobo da CPI do Mensalão se apresenta como esteio da colaboração município-Estado-União. Ao lado do "governador-que-ri" -o boa-praça Sérgio Cabral Filho-, o candidato do PMDB sente-se inteiramente à vontade para incluir Lula em seu panteão. Para completar o cafarnaum habitual carioca, Lula torce por Marcelo Crivella e sua versão do teológico-político. A ver navios, ficam partido do presidente e dois aliados, desde os tempos magros: o PC do B e o PSB.
O conjunto dos mais de 5.000 municípios submetidos à temporada de captura de sufrágios, versão 2008, configura um vasto e variado mundo cuja complexidade recomenda não acreditar que algum fator comum, por mais forte que seja, possa definir os resultados. É prudente supor que fatores locais poderão ter papel relevante nas escolhas dos eleitores, para além da gratidão a um presidente tão popular.


RENATO LESSA , 54, doutor em ciência política, é professor titular de teoria e filosofia política do Iuperj (Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro) e da UFF (Universidade Federal Fluminense) e presidente do Instituto Ciência Hoje.
Assinante UOL lê o texto completo aqui.

NÃO

O efeito decisivo e o efeito marginal

JAIRO NICOLAU

A CAMPANHA eleitoral deste ano tem reforçado duas tendências já vistas em eleições anteriores. Na falta de nome melhor, vou chamar a primeira de rotinização das campanhas.
Desde a redemocratização, esta é a sétima eleição para prefeitos e vereadores. As eleições já não são mais a novidade que eram na década de 80.
Aos poucos elas foram assumindo um caráter menos excepcional e mais rotineiro. As campanhas ficaram mais curtas, mais concentradas na TV, viram a maioria dos militantes voluntários desaparecerem, poluem menos as cidades e despertam menos interesse dos eleitores e da imprensa.
Vejo a cobertura rarefeita que a campanha tem recebido dos jornais neste ano e lembro dos cadernos especiais de outras disputas. Observo os carros sem adesivos e lembro de eleições passadas, quando avaliava a força do candidato contando os adesivos.
A segunda tendência é a concentração da discussão da campanha nos temas locais. Aos poucos, eleitores vão aprendendo quais são as reais atribuições do prefeito. Aprendem que ele tem responsabilidade pelo trânsito da cidade, mas pouco pode fazer para gerar emprego em larga escala. Aprendem que as prefeituras podem cuidar bem da educação infantil, mas não da superior. Aprendem que, por mais que se diga o contrário, a responsabilidade maior pela segurança pública é do governador, e não do prefeito.
Cada cidade tem sua agenda particular. Em algumas, a disputa assume um caráter plebiscitário, sobretudo quando o prefeito atual concorre à reeleição. Em outras, a disputa se dá em torno de umas poucas famílias/ grupos dominantes. Em alguns lugares, os partidos influenciam mais a disputa. Em outros, vale o peso de lideranças carismáticas. Mas, em quase todas elas, candidatos e eleitores estão pensando nos problemas e soluções de sua cidade, de costas para o que acontece em outros lugares.
Não conheço candidato a prefeito que tenha sido vitorioso falando de temas nacionais ou concentrando seu programa em grandes questões doutrinárias. A última vez que a política nacional influenciou para valer uma disputa para prefeito foi em 1988, quando o Exército invadiu a CSN, matou e feriu trabalhadores. O evento, ocorrido poucos dias antes do pleito, comoveu o país e produziu uma maré de votos para os partidos de esquerda nas maiores cidades. Alguns analistas e parte da imprensa parecem não gostar da tendência ao municipalismo das eleições e buscam desesperadamente sinais de nacionalização. A premissa é que uma eleição municipal determinará a disputa de dois anos depois. 2008 teria que explicar 2010. Por isso, tanto espaço para os bastidores da escolha em Belo Horizonte. Por isso, a importância da disputa na cidade de São Paulo.
Por isso, o presidente deve influenciar decisivamente o pleito deste ano.
Porém, as evidências dessa associação são tênues. Para ficar em um exemplo: em um estudo, comparei os votos obtidos por Lula em 2008 com os dos PT em 2006 e descobri que a associação estatística entre eles é praticamente inexistente.
Pelo que vi em outras campanhas e pelo que tenho acompanhado nesta, continuo convencido de que as eleições municipais são movidas basicamente pelos temas locais. Os atores externos à vida municipal têm quase sempre efeito marginal sobre o resultado final da disputa.
Quando sugiro que as coisas se passam assim ouço a pergunta inevitável: não será diferente com Lula? Não adianta lembrar que já houve uma eleição em 2004, no meio do primeiro mandato de Lula, e que os efeitos de seu apoio não foram tão expressivos.
A confusão talvez ocorra por conta do que cada um de nós chama de influência. Ou, como está na pergunta de hoje, o que cada um entende como "fator decisivo". Não duvido de que o apoio do presidente possa ajudar alguns candidatos a subir um pouco.

(...)
JAIRO NICOLAU, 44, doutor em ciência política, é diretor de Ensino do Iuperj. Durante as eleições deste ano assina uma coluna na veja.com .

Assinante UOL lê o texto ineiro aqui.

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Debate sobre a crise boliviana na UFRN

Na próxima quarta-feira, dia 24 de setembro, a partir das 16 horas, no Auditório de Ciências Sociais (Consequinho), no CCHLA, teremos um debate sobre a crise boliviana. O debatedor será o Gabriel Vitullo, professor de Ciência Política do Departamento de Ciências Sociais da UFRN. A atividade é uma promoção do PET de Ciências Sociais.

sábado, 2 de agosto de 2008

Um artigo de Fabiano Santos sobre a política americana

Um análise competente da política americana é feita pelo cientista político Fabiano Santos (IUPERJ) em artigo publicado no último número da sempre execelente revista eletrônica Insight Inteligência. Leia aqui o artigo, intitulado "O que esperar da política americana?".