O PSTU é pequeno, mas, a não ser alguém de alma pequena, quem haverá de chamá-lo de nanico? Goste-se ou do partido trotskista, ele tem inserção social e mobiliza paixões, embora de poucos(as). Seus militantes estão nos sindicatos, nas escolas, nas universidades... E defendem com garra e convicção os posicionamentos da legenda. Nada, mas nada mesmo!, em comum com esses partidecos que, aqui no Rio Grande do Norte, alugam-se aos projetos individuais de um ou outro trânsfuga dos "grandes partidos". Sobre essa questão, leia, mais abaixo, uma análise sobre a questão.
Entre partidos nanicos e pequenos partidos
Bruno Lima Rocha
Sempre que entramos em período de campanha, nos deparamos com o fenômeno dos chamados partidos nanicos. Quase sempre o neologismo político brasileiro é depreciativo. Assim o foi na era dos políticos biônicos, depois dos pianistas e contemporaneamente, com mensaleiros e albergueiros. É uma das pautas obrigatórias em ano de Copa do Mundo, uma vez que os iniciados em política percebem este fenômeno como no mínimo indesejável.
Semana passada um periódico eletrônico rio-grandense entrevistou-me a respeito, junto a outros colegas, e não por acaso entramos em acordo conceitual.
O primeiro esforço de definição está em não confundir quando se trata de representação e postos de governo, as legendas nanicas, tristemente reconhecidas como siglas de aluguel, com os pequenos partidos políticos. Vejamos as diferenças.
Os chamados partidos nanicos seriam aqueles desprovidos de representatividade institucional e tampouco teriam a devida base social ou coesão ideológica. Dentre os três problemas, o primeiro é transitório. Partidos que hoje ocupam postos de governo em toda a América Latina, o Brasil incluído, já tiveram uma ínfima expressão em parlamentos e níveis de governo.
Já os dois outros problemas, além de não serem passageiros, também se revelam em grandes legendas. E talvez aí esteja o nó da questão.
Se a democracia eleitoral e representativa (portanto indireta) está com dificuldades de legitimação dado o afastamento entre representante e representado, entre eleito e eleitores, imaginemos a noção de legitimidade de uma legenda desconhecida e quase igual às demais? Quando a semelhança se parece com a não virtude, o que resta?
Quanto menos significado tiver uma sigla, mais parecido com um “ensopado de letrinhas” ficará a política que elege como arena única a disputa eleitoral. Ajudando a gerar um sentido de ainda maior confusão, os partidos nanicos contribuem para aumentar o fosso entre as carreiras de candidatos profissionais (ou aventureiros) e a cidadania ativa.
Os valores da cultura política brasileira já estão por demais atravessados pelo comportamento fisiológico, patrimonialista e com relações de clientela. Portanto, a associação de que o naniquismo partidário implicaria em oportunismo de baixa intensidade, ajuda a rebaixar a apreciação da concorrência através do voto.
Já os partidos pequenos, embora não sejam exclusivamente de esquerda, tem a maior incidência desta tradição. É o caso atual de PSTU, PCO e PCB. A diferença destas legendas para as nanicas, além da coerência ideológica, é a inserção social.
Todas têm frentes de trabalho para além do calendário eleitoral, tais como em sindicatos, meios estudantis, de moradia e lutas específicas. Nestes ambientes, estas agremiações são obrigadas a conviver e disputar com outras correntes e organizações, eleitorais ou não. Desse modo, sua presença em determinados setores de classe torna-se característica, dando conteúdo substantivo para os respectivos programas.
A atuação dos pequenos partidos de esquerda é mais coesa e permanente, tendo vida interna e incidência todo o ano. Desse modo, acabam por isolar as chamadas nanicas, resumidas em apenas mais do mesmo. A diferença é apenas em escala, sendo repetidoras de tamanho diminuto das contumazes das mazelas da política brasileira.
Bruno Lima Rocha é cientista político - www.estrategiaeanalise.com.br / blimarocha@via-rs.net
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quarta-feira, 28 de julho de 2010
terça-feira, 22 de dezembro de 2009
Mineiro, o deputado

Fernando Mineiro (PT) foi um dos deputados mais votados para ser o Parlamentar do Ano pelos jornalistas que cobrem a Assembléia Legislativa do RN. Isso não é pouco. Mineiro não tem caneta que assine regalias e privégios. E nem está na direção da casa. É da base de apoio à governadora Vilma de Faria, mas é crítico e não deixa barato nada que atente contra os valores que defende. Em outras palavras, como dizem no interior, é árvore de pouca sombra...
E, mais importante, a lembrança do nome do deputado ocorreu antes do espetáculo deprimente de votação do orçamento (situação na qual, como já comentei aqui, os nobres parlamentares aprovaram emendas ao orçamento sem saber do que elas tratavam...). E, você sabe, Mineiro enfrentou, quase solitário, a armação feita pelos "colegas" e foi a reserva moral da casa.
Por isso mesmo, o reconhecimento que o deputado petista recebe agora não é fruto de uma impressão passageira. Longe disso! Mineiro, ao longo de sua atuação como parlamentar (lembre-se que ele foi vereador de Natal por algumas legislaturas) sempre buscou intervir propositivamente no debate público. Assim, os seus mandatos são sempre pautados em propostas e intervenções tecnicamente fundamentadas. Para isso, diga-se de passagem, conta com o apoio inestimável de sua Assessoria Parlamentar. Nesta, só entra gente qualificada. Quando você os encontra, descobre uma parte do segredo do sucesso do deputado: seus assessores são profissionais escolhidos sempre por critérios técnicos e não pela proximidade política...
Mas boa assessoria não garante um bom mandato. O parlamentar precisa trabalhar (e saber trabalhar!). E isso Mineiro faz com vontade e gosto. Um exemplo: durante os últimos sete anos tem trilhado as veredas do interior, contatando pessoas e sentido de perto o Brasil que está vindo. E, nessas viagens, trava conversas com lideranças de trabalhadores rurais e de pescadores, mas também com vereadores e prefeitos. Ou seja, faz política cotidianamente.
Por isso, para este blogueiro, em que pese as minhas discordâncias políticas com o deputado, e como não devo satisfações de minhas posições a não ser ao meu travesseiro, afirmo em alto e bom som que Mineiro é o PARLAMENTAR DO ANO.
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quinta-feira, 26 de novembro de 2009
Capitalismo popular
A proposta de uma socialização da banda larga, formulada pelo Governo, é uma iniciativa interessante e ousada. Claro, óbvio, que é preciso encontrar o rato que vai por o guizo no gato, mas a discussão é muito pertinente. Não por acaso, está aí pautando a mídia. Veja abaixo a análise de Alon Feuerwerker sobre essa e outras questões.
Capitalismo popular (26/11)
Alon Feuerwerker
Falta na banda larga um grande jogador, que esteja disposto a entrar na partida com capacidade de investimento e coragem (e caixa) para praticar uma política de preços agressiva.
O governo federal está metido numa boa empreitada: criar as condições para universalizar o acesso à internet de alta velocidade. Avalia inclusive entrar no mercado de provimento ao consumidor final. A iniciativa deverá servir, pelo menos, para forçar as companhias de telecomunicações a ampliar os serviços e baixar os preços. Se conseguir avançar aí, Lula merecerá aplausos efusivos.
É curioso que exatamente no ramo econômico onde as privatizações são mais festejadas, a telefonia, o poder estatal precise ameaçar com intervenção para colocar as coisas em ordem e atender ao interesse público. Hoje no Brasil quase todo mundo tem telefone, uma realidade muito diferente do que se via no começo dos anos 1990. Mas pagamos preços inexplicáveis. Ou que só encontram explicação no oligopólio.
Eis a desgraça das privatizações brasileiras. Em vez do “capitalismo popular”, expressão do thatcherismo, elas promoveram uma troca de guarda: o espaço que era do Estado foi ocupado por um pequeno grupo de empresas que repartiram o mercado entre si, e operam num ambiente de negócios marcado pelo deficit de regulação. É um modelo que se esgotou. Um exemplo? A banda larga, cara e de qualidade e cobertura inferiores às dos países comparáveis.
Seria ilusão imaginar uma telefonia operando com base na concorrência perfeita. Isso exigiria grande multiplicidade de provedores do serviço, coisa impossível na prática. Daí a necessidade da regulação, e daí o problema de mercados —como o nosso — que apresentam deficit no quesito.
Mas como regular o mercado? Em teoria, com agências reguladoras e boas normas, que deveriam incluir o combate à cartelização. Ainda na teoria, nós temos tudo isso. Temos as leis, os decretos, as portarias, os órgãos governamentais encarregados de zelar pela concorrência e uma agência reguladora bem estruturada e bem dirigida, com quadros competentes a operá-la.
O que falta, então? Um grande jogador, que esteja disposto a entrar na partida com capacidade de investimento e coragem (e caixa) para praticar uma política de preços agressiva. Um jogador cuja lucratividade seja função principalmente da fatia de mercado conquistada, e não da margem unitária no negócio. Alguém que tope lucrar um pouco com cada cliente, para ter muitos clientes e lucrar muito ao final.
Quem se habilita? Se ninguém se apresentar, que venha a estatal de banda larga preparada nos laboratórios do Palácio do Planalto. Pior do que está não vai ficar.
Falta o líder
Os principais quadros brasilienses do PSDB, Democratas e PPS reuniram-se esta semana e, segundo disseram, planejam acertar as pontas na operação política. Querem mais coordenação e melhor comunicação, especialmente na internet. Para quem deseja voltar ao poder, é um passo sensato.
Mas o problema maior não é operacional, é político. Falta a oposição definir se sua prioridade é fazer a luta interna ou combater o adversário. Falta definir o que é essencial: quem é o inimigo a derrotar.
É preciso saber se cada uma das facções oposicionistas está disposta, inclusive, a apoiar de verdade um eventual concorrente interno, se isso for necessário para evitar nova vitória do PT em 2010. Sem esse detalhe fundamental, pouco adiantará o resto.
Qual foi a principal vantagem competitiva do PT nestas três décadas? A existência de um líder, Luiz Inácio Lula da Silva. Quando o PSDB ganhou duas eleições presidenciais? Quando teve um líder, Fernando Henrique Cardoso. Como o PMDB chegou ao poder? Pelas mãos de Ulysses Guimarães, que apoiou Tancredo Neves quando percebeu que não seria o melhor candidato a presidente em 1985.
Quem é o líder da oposição? Alguém sabe?
Blefe?
Os Estados Unidos apreciam que o Brasil tenha bons canais com o Irã, mas gostariam também que o Brasil defendesse junto ao Irã a posição unânime das grandes potências sobre o programa nuclear iraniano.
Esse foi o sentido da carta de Barack Obama a Lula. Não há antagonismo entre a satisfação dos americanos com as iniciativas diplomáticas brasileiras e o desconforto com o fato de o Brasil estar mais próximo do Irã do que seria desejável na Casa Branca.
Escanteado em Honduras, em Doha, com o G20 e com o etanol, o Brasil aproveitou a visita de Mahmoud Ahmadinejad para mandar o recado de que pode sair da área de controle. Blefe? Vale a pena acompanhar esse pôquer para ver quem, no final, terá cartas para arrastar as fichas.
Coluna (Nas entrelinhas) publicada hoje no Correio Braziliense.
Capitalismo popular (26/11)
Alon Feuerwerker
Falta na banda larga um grande jogador, que esteja disposto a entrar na partida com capacidade de investimento e coragem (e caixa) para praticar uma política de preços agressiva.
O governo federal está metido numa boa empreitada: criar as condições para universalizar o acesso à internet de alta velocidade. Avalia inclusive entrar no mercado de provimento ao consumidor final. A iniciativa deverá servir, pelo menos, para forçar as companhias de telecomunicações a ampliar os serviços e baixar os preços. Se conseguir avançar aí, Lula merecerá aplausos efusivos.
É curioso que exatamente no ramo econômico onde as privatizações são mais festejadas, a telefonia, o poder estatal precise ameaçar com intervenção para colocar as coisas em ordem e atender ao interesse público. Hoje no Brasil quase todo mundo tem telefone, uma realidade muito diferente do que se via no começo dos anos 1990. Mas pagamos preços inexplicáveis. Ou que só encontram explicação no oligopólio.
Eis a desgraça das privatizações brasileiras. Em vez do “capitalismo popular”, expressão do thatcherismo, elas promoveram uma troca de guarda: o espaço que era do Estado foi ocupado por um pequeno grupo de empresas que repartiram o mercado entre si, e operam num ambiente de negócios marcado pelo deficit de regulação. É um modelo que se esgotou. Um exemplo? A banda larga, cara e de qualidade e cobertura inferiores às dos países comparáveis.
Seria ilusão imaginar uma telefonia operando com base na concorrência perfeita. Isso exigiria grande multiplicidade de provedores do serviço, coisa impossível na prática. Daí a necessidade da regulação, e daí o problema de mercados —como o nosso — que apresentam deficit no quesito.
Mas como regular o mercado? Em teoria, com agências reguladoras e boas normas, que deveriam incluir o combate à cartelização. Ainda na teoria, nós temos tudo isso. Temos as leis, os decretos, as portarias, os órgãos governamentais encarregados de zelar pela concorrência e uma agência reguladora bem estruturada e bem dirigida, com quadros competentes a operá-la.
O que falta, então? Um grande jogador, que esteja disposto a entrar na partida com capacidade de investimento e coragem (e caixa) para praticar uma política de preços agressiva. Um jogador cuja lucratividade seja função principalmente da fatia de mercado conquistada, e não da margem unitária no negócio. Alguém que tope lucrar um pouco com cada cliente, para ter muitos clientes e lucrar muito ao final.
Quem se habilita? Se ninguém se apresentar, que venha a estatal de banda larga preparada nos laboratórios do Palácio do Planalto. Pior do que está não vai ficar.
Falta o líder
Os principais quadros brasilienses do PSDB, Democratas e PPS reuniram-se esta semana e, segundo disseram, planejam acertar as pontas na operação política. Querem mais coordenação e melhor comunicação, especialmente na internet. Para quem deseja voltar ao poder, é um passo sensato.
Mas o problema maior não é operacional, é político. Falta a oposição definir se sua prioridade é fazer a luta interna ou combater o adversário. Falta definir o que é essencial: quem é o inimigo a derrotar.
É preciso saber se cada uma das facções oposicionistas está disposta, inclusive, a apoiar de verdade um eventual concorrente interno, se isso for necessário para evitar nova vitória do PT em 2010. Sem esse detalhe fundamental, pouco adiantará o resto.
Qual foi a principal vantagem competitiva do PT nestas três décadas? A existência de um líder, Luiz Inácio Lula da Silva. Quando o PSDB ganhou duas eleições presidenciais? Quando teve um líder, Fernando Henrique Cardoso. Como o PMDB chegou ao poder? Pelas mãos de Ulysses Guimarães, que apoiou Tancredo Neves quando percebeu que não seria o melhor candidato a presidente em 1985.
Quem é o líder da oposição? Alguém sabe?
Blefe?
Os Estados Unidos apreciam que o Brasil tenha bons canais com o Irã, mas gostariam também que o Brasil defendesse junto ao Irã a posição unânime das grandes potências sobre o programa nuclear iraniano.
Esse foi o sentido da carta de Barack Obama a Lula. Não há antagonismo entre a satisfação dos americanos com as iniciativas diplomáticas brasileiras e o desconforto com o fato de o Brasil estar mais próximo do Irã do que seria desejável na Casa Branca.
Escanteado em Honduras, em Doha, com o G20 e com o etanol, o Brasil aproveitou a visita de Mahmoud Ahmadinejad para mandar o recado de que pode sair da área de controle. Blefe? Vale a pena acompanhar esse pôquer para ver quem, no final, terá cartas para arrastar as fichas.
Coluna (Nas entrelinhas) publicada hoje no Correio Braziliense.
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sábado, 28 de março de 2009
O esvaziamento dos partidos políticos brasileiros
Na edição eletrônica do jornal O Estado de São Paulo de hoje, deparei-me com uma análise a respeito do suposto esvaziamento dos partidos políticos brasileiros. Transcrevo abaixo o artigo. Para quem é do campo das ciências sociais, o autor, Marco Aurélio Nogueira, dispensa maiores apresentações
Partidos vazios
Marco Aurélio Nogueira
Se prestarem atenção nos dados divulgados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) semana passada, os partidos políticos têm bons motivos para se preocupar.
Em janeiro de 2008, cerca de 90% dos eleitores brasileiros não pertenciam a nenhuma legenda. Um ano depois, esse índice subiu para 91,6%. São 119,7 milhões de eleitores sem vínculos partidários. A comparação chama ainda mais a atenção quando se vê que o colégio eleitoral cresceu cerca de 2,9 milhões nesse período, ao passo que o número de não filiados aumentou 4,3 milhões.
A tendência é consistente. Afeta todas as legendas e ocorre em todas as unidades da Federação. A única exceção foi o PRB, partido próximo à Igreja Universal do Reino de Deus, que conseguiu passar de 121 mil para 157 mil filiados. Só o PMDB, maior partido do País, perdeu 14% de seus aderentes (cerca de 300 mil), porcentagem próxima à do PSDB, do DEM e do PT. Mesmo os micropartidos ideológicos, tipo PSTU e PCO, retrocederam cerca de 3%.
Como explicar isso? Estarão os partidos decepcionando os eleitores ou são estes que encontraram outra maneira de encaminhar suas reivindicações? O problema é institucional, pode ser resolvido com uma legislação eleitoral e partidária mais justa e adequada? Ou é de ordem moral, derivado do "excesso de corrupção" e dos "altos salários" que desgastariam a imagem dos políticos entre a população, como alega uma complicada corrente de opinião que vai da direita ultraconservadora à extrema-esquerda "revolucionária"?
Não há resposta cabal para o fato, mas é fácil visualizar suas consequências. O enfraquecimento da relação entre partidos e eleitores é um indício de que se afrouxaram os laços entre a sociedade e o sistema político. Pode ser que os cidadãos já não se importem tanto com o modo como são governados e prefiram se distanciar da democracia representativa. Sem eles, no entanto, a representação soluça e termina sob monopólio dos partidos, que se tornam seus únicos protagonistas, "donos" de suas regras e de seus resultados. Com isso, a política representativa se converte em atividade de profissionais que não são "vistos" pela sociedade e não se importam em trazê-la para o centro do palco.
A questão é delicada porque a democracia representativa continua sempre mais vital em sociedades complexas e multiétnicas como são as nossas. Nela, o fundamental papel de dar operacionalidade à política, às reivindicações sociais e às decisões de governo tem cabido aos partidos, que foram inventados precisamente para isso.
Os partidos se dedicam a organizar a chegada ao governo ou a oposição ao governo. Encarregam-se de criar condições para que os interesses parciais desta ou daquela classe evoluam, se encontrem com os interesses parciais de outras classes e deem origem a algum denominador comum que represente mais fielmente o conjunto. Mesmo as organizações de esquerda, que sempre se recusaram a limitar sua ação ao plano estrito do parlamento, representam grupos sociais, dão voz a eles e podem agir como construtores de hegemonia, de novas orientações culturais. São os partidos e a luta entre eles dentro e fora do parlamento que possibilitam o processamento democrático das demandas e a estruturação de uma agenda de políticas.
Se os cidadãos os ignoram, temos um sinal de alerta, que soa forte quando percebemos que são ralas as chances da sociedade se autorrepresentar ou de resolver seus problemas pela via da "participação direta".
Para entender melhor a questão, temos de olhar para o modo como se vive. O esvaziamento dos partidos tem que ver com uma mudança profunda que está abalando a ordem social. Alguns sociólogos costumam usar a metáfora da "vida líquida" para se referir a isso, salientando a exacerbação de um antigo processo de "derretimento" que estaria a afetar tudo aquilo que há de "sólido" e instituído. Em decorrência, a incerteza e a insegurança tenderiam a amortecer o desejo de participação política dos cidadãos. Outros falam de "sociedade em rede" e dão destaque às tecnologias de informação, que, ao se tornarem experiência cotidiana, alteram a comunicação, o trabalho e a formação da consciência. Embaralhando os fluxos de decisão, numa dinâmica em que o econômico se sobrepõe ao político, a "sociedade em rede" faz com que os centros (os governos, os Estados, os partidos) percam potência e não consigam mais controlar espaços e pessoas, que, frustradas, deles se desinteressam.
Tais configurações casam com a individualização e a democratização típicas da nossa época, que "soltam" os indivíduos de seus grupos de referência e os incentivam a "pensar com a própria cabeça", ou seja, a agir e a decidir autonomamente, mesmo que segundo padrões definidos pela mídia ou pelo mercado. Perversas e sutis formas de controle se generalizam num ambiente onde tudo parece fora de controle. A obsessão por controlar (das pessoas à própria vida) convive paradoxalmente com o desejo ilimitado de liberdade.
As sociedades deixam assim de produzir adesões e lealdades simples, automáticas, tumultuando as identidades. Dá para imaginar como isso rebate na política.
Não precisamos levar essas hipóteses ao pé da letra, pois as mudanças sociais são assimétricas, espalham-se por tempos longos e demoram a ser captadas pelas instituições. Mas se tais explicações têm alguma serventia, é a de nos alertar para o que ocorre nos rios profundos que movem as sociedades. Servem para nos dizer que as instituições precisam mudar, que as práticas não podem permanecer rotinizadas, que a linguagem política tem de ser renovada dia a dia, independentemente de credos, livros ou heróis.
Ou a política democrática honra seu compromisso com a secularização e abandona os deuses que porventura já não falam a língua do tempo, ou arrisca-se a perder valor inapelavelmente.
Marco Aurélio Nogueira é professor titular de Teoria Política da Unesp. E-mail: m.a.nogueira@globo.com
Partidos vazios
Marco Aurélio Nogueira
Se prestarem atenção nos dados divulgados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) semana passada, os partidos políticos têm bons motivos para se preocupar.
Em janeiro de 2008, cerca de 90% dos eleitores brasileiros não pertenciam a nenhuma legenda. Um ano depois, esse índice subiu para 91,6%. São 119,7 milhões de eleitores sem vínculos partidários. A comparação chama ainda mais a atenção quando se vê que o colégio eleitoral cresceu cerca de 2,9 milhões nesse período, ao passo que o número de não filiados aumentou 4,3 milhões.
A tendência é consistente. Afeta todas as legendas e ocorre em todas as unidades da Federação. A única exceção foi o PRB, partido próximo à Igreja Universal do Reino de Deus, que conseguiu passar de 121 mil para 157 mil filiados. Só o PMDB, maior partido do País, perdeu 14% de seus aderentes (cerca de 300 mil), porcentagem próxima à do PSDB, do DEM e do PT. Mesmo os micropartidos ideológicos, tipo PSTU e PCO, retrocederam cerca de 3%.
Como explicar isso? Estarão os partidos decepcionando os eleitores ou são estes que encontraram outra maneira de encaminhar suas reivindicações? O problema é institucional, pode ser resolvido com uma legislação eleitoral e partidária mais justa e adequada? Ou é de ordem moral, derivado do "excesso de corrupção" e dos "altos salários" que desgastariam a imagem dos políticos entre a população, como alega uma complicada corrente de opinião que vai da direita ultraconservadora à extrema-esquerda "revolucionária"?
Não há resposta cabal para o fato, mas é fácil visualizar suas consequências. O enfraquecimento da relação entre partidos e eleitores é um indício de que se afrouxaram os laços entre a sociedade e o sistema político. Pode ser que os cidadãos já não se importem tanto com o modo como são governados e prefiram se distanciar da democracia representativa. Sem eles, no entanto, a representação soluça e termina sob monopólio dos partidos, que se tornam seus únicos protagonistas, "donos" de suas regras e de seus resultados. Com isso, a política representativa se converte em atividade de profissionais que não são "vistos" pela sociedade e não se importam em trazê-la para o centro do palco.
A questão é delicada porque a democracia representativa continua sempre mais vital em sociedades complexas e multiétnicas como são as nossas. Nela, o fundamental papel de dar operacionalidade à política, às reivindicações sociais e às decisões de governo tem cabido aos partidos, que foram inventados precisamente para isso.
Os partidos se dedicam a organizar a chegada ao governo ou a oposição ao governo. Encarregam-se de criar condições para que os interesses parciais desta ou daquela classe evoluam, se encontrem com os interesses parciais de outras classes e deem origem a algum denominador comum que represente mais fielmente o conjunto. Mesmo as organizações de esquerda, que sempre se recusaram a limitar sua ação ao plano estrito do parlamento, representam grupos sociais, dão voz a eles e podem agir como construtores de hegemonia, de novas orientações culturais. São os partidos e a luta entre eles dentro e fora do parlamento que possibilitam o processamento democrático das demandas e a estruturação de uma agenda de políticas.
Se os cidadãos os ignoram, temos um sinal de alerta, que soa forte quando percebemos que são ralas as chances da sociedade se autorrepresentar ou de resolver seus problemas pela via da "participação direta".
Para entender melhor a questão, temos de olhar para o modo como se vive. O esvaziamento dos partidos tem que ver com uma mudança profunda que está abalando a ordem social. Alguns sociólogos costumam usar a metáfora da "vida líquida" para se referir a isso, salientando a exacerbação de um antigo processo de "derretimento" que estaria a afetar tudo aquilo que há de "sólido" e instituído. Em decorrência, a incerteza e a insegurança tenderiam a amortecer o desejo de participação política dos cidadãos. Outros falam de "sociedade em rede" e dão destaque às tecnologias de informação, que, ao se tornarem experiência cotidiana, alteram a comunicação, o trabalho e a formação da consciência. Embaralhando os fluxos de decisão, numa dinâmica em que o econômico se sobrepõe ao político, a "sociedade em rede" faz com que os centros (os governos, os Estados, os partidos) percam potência e não consigam mais controlar espaços e pessoas, que, frustradas, deles se desinteressam.
Tais configurações casam com a individualização e a democratização típicas da nossa época, que "soltam" os indivíduos de seus grupos de referência e os incentivam a "pensar com a própria cabeça", ou seja, a agir e a decidir autonomamente, mesmo que segundo padrões definidos pela mídia ou pelo mercado. Perversas e sutis formas de controle se generalizam num ambiente onde tudo parece fora de controle. A obsessão por controlar (das pessoas à própria vida) convive paradoxalmente com o desejo ilimitado de liberdade.
As sociedades deixam assim de produzir adesões e lealdades simples, automáticas, tumultuando as identidades. Dá para imaginar como isso rebate na política.
Não precisamos levar essas hipóteses ao pé da letra, pois as mudanças sociais são assimétricas, espalham-se por tempos longos e demoram a ser captadas pelas instituições. Mas se tais explicações têm alguma serventia, é a de nos alertar para o que ocorre nos rios profundos que movem as sociedades. Servem para nos dizer que as instituições precisam mudar, que as práticas não podem permanecer rotinizadas, que a linguagem política tem de ser renovada dia a dia, independentemente de credos, livros ou heróis.
Ou a política democrática honra seu compromisso com a secularização e abandona os deuses que porventura já não falam a língua do tempo, ou arrisca-se a perder valor inapelavelmente.
Marco Aurélio Nogueira é professor titular de Teoria Política da Unesp. E-mail: m.a.nogueira@globo.com
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terça-feira, 17 de fevereiro de 2009
Cadu comenta entrevista do Senador Jarbas Vasconcelos
O comentário abaixo foi enviado por Carlos Eduardo Freitas, o Cadú, que mantém o blog Tesoura Social. Cadú é um cara inteligente e sensível. É também um estudioso dedicado do campo da sociologia.
É muito interessante como estratos da classe média brasileira atualizam constantemente um discurso negativo (naturalizado) acerca de políticas assistenciais desenvolvidas pelo Estado. Sempre operando com o sofisma de que "é mais importante ensinar a pescar do que dar o peixe" - sem levar em consideração as condições estruturais de reprodução da miséria social. Como bem demonstrou Richad Sennett, essa visão negativa de que toda ou qualquer forma de assistência estatal gera parasitismo social, tem origem no séc. XIX no pensamento liberal (Locke, Kant e Adam Smith). Para esses homens, a dependência social era sinônimo de degradação humana ou traço de infantilidade. Assim, o Estado, ao intervir na vida social, promovia a preguiça intelectual e impedia o livre desenvolvimento das capacidades humanas, esse, só possível num ambiente de livre disputa social. Ao deixar os indivíduos jogados a própria sorte, aqueles assumiriam a responsabilidade própria sobre suas vidas, o que representaria um amadurecimento civilizatório. Também interessante é observar setores da esquerda compartilhar com a visão negativa do Estado-assistencial, o tachando como "populista" (categoria auto-explicativa, ou senso comum-douto). Para os marxistas tradicionais, ao promover políticas "assistencialistas", o Estado desmantelaria qualquer possibilidade de "tomada de consciência" das classes trabalhadoras. Assim, tanto para os liberais quanto para os marxistas apocalípticos, é necessário um choque de capitalismo na medida, pois que representa etapa "natural" do desenvolvimento das forças produtivas. É "destruição criativa" shumpteriana reinando nos discursos de hoje (à direita e à esquerda).
Abraços,Cadú.
É muito interessante como estratos da classe média brasileira atualizam constantemente um discurso negativo (naturalizado) acerca de políticas assistenciais desenvolvidas pelo Estado. Sempre operando com o sofisma de que "é mais importante ensinar a pescar do que dar o peixe" - sem levar em consideração as condições estruturais de reprodução da miséria social. Como bem demonstrou Richad Sennett, essa visão negativa de que toda ou qualquer forma de assistência estatal gera parasitismo social, tem origem no séc. XIX no pensamento liberal (Locke, Kant e Adam Smith). Para esses homens, a dependência social era sinônimo de degradação humana ou traço de infantilidade. Assim, o Estado, ao intervir na vida social, promovia a preguiça intelectual e impedia o livre desenvolvimento das capacidades humanas, esse, só possível num ambiente de livre disputa social. Ao deixar os indivíduos jogados a própria sorte, aqueles assumiriam a responsabilidade própria sobre suas vidas, o que representaria um amadurecimento civilizatório. Também interessante é observar setores da esquerda compartilhar com a visão negativa do Estado-assistencial, o tachando como "populista" (categoria auto-explicativa, ou senso comum-douto). Para os marxistas tradicionais, ao promover políticas "assistencialistas", o Estado desmantelaria qualquer possibilidade de "tomada de consciência" das classes trabalhadoras. Assim, tanto para os liberais quanto para os marxistas apocalípticos, é necessário um choque de capitalismo na medida, pois que representa etapa "natural" do desenvolvimento das forças produtivas. É "destruição criativa" shumpteriana reinando nos discursos de hoje (à direita e à esquerda).
Abraços,Cadú.
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sábado, 4 de outubro de 2008
Os partidos no cenário político pós-eleições de amanhã
Leia abaixo trechos do artigo do jornalista Fernando Rodrigues, publicado no jornal Folha de São Paulo de hoje, sobre o cenário político pós eleições de amanhã.
FERNANDO RODRIGUES
Sobram PSDB e PT
BRASÍLIA - PMDB e DEM sempre atuaram como coadjuvantes do poder no período pós-ditadura militar. Acentuaram seus papéis secundários com a consolidação de PT e PSDB. Passadas as eleições de amanhã, não há sinal de mudança significativa nesse cenário.
Gilberto Kassab (DEM) em São Paulo e Eduardo Paes (PMDB) no Rio têm chances de prosperar no segundo turno. Mas ninguém se arriscaria hoje a apontar esses políticos ou algum líder de suas agremiações em condições de competir na disputa pelo Planalto em 2010.
(...)
Na sopa de letras sem sentido da política brasileira, PP, PDT, PTB, PR e outros resignaram-se ao segundo plano. Nunca chegarão ao Planalto. Só prosperam nessa zona da pasmaceira por causa da legislação benevolente e patrimonialista.
Vivem sem povo, mamando no fundo partidário e traficando seus horários de rádio e TV.
Os ideológicos estacionaram numa dobra do tempo entre a Revolução Industrial e a queda do Muro de Berlim. PC do B, PSOL, PSTU são nanicos eleitorais. O PPS (ex-partidão) nem ideológico é mais. O PV poderia ser uma novidade, mas a sigla optou por se transformar parcialmente numa exótica sublegenda da família Sarney.
Tudo somado, sobram PSDB e PT. Muito vai se falar na semana que vem sobre como petistas ou tucanos perderam ou ganharam em algumas grandes cidades. Mas, na essência, a largada para 2010 continuará igualzinha. De um lado, José Serra. Do outro, Dilma Rousseff.
FERNANDO RODRIGUES
Sobram PSDB e PT
BRASÍLIA - PMDB e DEM sempre atuaram como coadjuvantes do poder no período pós-ditadura militar. Acentuaram seus papéis secundários com a consolidação de PT e PSDB. Passadas as eleições de amanhã, não há sinal de mudança significativa nesse cenário.
Gilberto Kassab (DEM) em São Paulo e Eduardo Paes (PMDB) no Rio têm chances de prosperar no segundo turno. Mas ninguém se arriscaria hoje a apontar esses políticos ou algum líder de suas agremiações em condições de competir na disputa pelo Planalto em 2010.
(...)
Na sopa de letras sem sentido da política brasileira, PP, PDT, PTB, PR e outros resignaram-se ao segundo plano. Nunca chegarão ao Planalto. Só prosperam nessa zona da pasmaceira por causa da legislação benevolente e patrimonialista.
Vivem sem povo, mamando no fundo partidário e traficando seus horários de rádio e TV.
Os ideológicos estacionaram numa dobra do tempo entre a Revolução Industrial e a queda do Muro de Berlim. PC do B, PSOL, PSTU são nanicos eleitorais. O PPS (ex-partidão) nem ideológico é mais. O PV poderia ser uma novidade, mas a sigla optou por se transformar parcialmente numa exótica sublegenda da família Sarney.
Tudo somado, sobram PSDB e PT. Muito vai se falar na semana que vem sobre como petistas ou tucanos perderam ou ganharam em algumas grandes cidades. Mas, na essência, a largada para 2010 continuará igualzinha. De um lado, José Serra. Do outro, Dilma Rousseff.
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sexta-feira, 8 de agosto de 2008
Cientista político argentino analisa os partidos políticos
O cientista político argentino Natalio Botana, em artigo no jornal La Nacion de ontem, 07 de agosto, faz uma aguda análise sobre a situação dos partidos políticos em seu país. Vale a pena ler o artigo, acredito, porque, descontadas as especificidades, muito do que é comentado ali também diz respeito à realidde brasileira. Coloco aqui um link para o artigo (em espanhol). Logo que possível, colocarei algumas partes do artigo em português.
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segunda-feira, 21 de julho de 2008
SOBRE A ÚLTIMA PESQUISA ELEITORAL PARA A PREFEITURA DE NATAL
A pesquisa eleitoral publicada no último final de semana pelo Diário de Natal/O poti não pode ser levada muito a sério. Não que não seja uma pesquisa séria, mas é que ela diz muito pouco da disputa eleitoral que recém começa e do quadro que, acredito, só estará melhor definido no final de agosto. O único dado realmente significativo da nova pesquisa é que quase 50% dos eleitores ainda não definiu em quem votará em outubro. Nesse sentido, vale a pena ler análise sobre as últimas pesquisas eleitorais feita pelo Prefeito César Maia em seu Ex-Blog. Advirto aos patrulheiros de carteirinha que o prefeito do Rio, discordâncias políticas à parte, tem uma grande capacidade de análise dos processos eleitorais (obviamente, algumas vezes, enfia o pé na jaca, como nas suas análises sobre as eleições presidenciais passadas, mas, no geral, tem uma boa visão do que é uma eleição municipal no Brasil).
"TAXA DE ALHEAMENTO DO ELEITOR, MAIOR QUE NUNCA!
1. A última pesquisa do Ibope realizada entre 15 e 17 de julho- vem prejudicada pelos fortes acontecimentos que comoveram a opinião pública carioca naqueles dias, com a tragédia da morte de um menino fuzilado por uma ação desastrada da polícia. Nem o Ibope, nem o Estado de SP, nem a TV Globo tem culpa. Mas esta é uma pesquisa que deve ser desconsiderada. A taxa de não-voto (nulo+branco+não sabe+não respondeu) cresceu para 32% (uma semana antes eram 20%). Todos caíram. Mas quando há um choque de opinião, a distribuição dos que desistiram de escolher candidato é totalmente aleatória e portanto qualquer um poderia ter caído mais ou menos. No caso dos 3 que estão empatados em terceiro lugar há 45 dias, estatisticamente não há diferença em função do aumento do não-voto em 50%.
2. Mas é mais complexo do que isso. As pesquisas que vão se sucedendo mostram uma enorme volatilidade de quase todos os candidatos. Muitas vezes uma mesma porcentagem não traduz um mesmo perfil de eleitor. Analisando um período de 3 meses, o que menos flutua sob qualquer ponto de vista é o candidato do PSOL, sempre na faixa dos 5%.
3. Este Ex-Blog já chamou a atenção quanto a inexistência de pré-campanha em 2008, seja pelos limites da legislação, seja pelos fatos de grande repercussão que ocorreram no primeiro semestre e desviaram a atenção. A pesquisa do Ibope se comparada a outras e se supõe, as anteriores do próprio Ibope mostrou um aumento de pelo menos 12 pontos no "não-voto".
4. Em Belo Horizonte, esta mesma pesquisa do Ibope-ESP-TVG dá ao candidato do governador e do prefeito da capital, com toda a divulgação de imprensa, meros 8%. Os líderes têm 17% e 14%. Mas o surpreendente é que em BH, o "não voto" alcançou nessa pesquisa 49% das intenções de voto. Rio e Belo Horizonte são as capitais em que as Taxas de Alheamento, são as maiores do Brasil.
5. O melhor que fariam os contratantes dessa pesquisa num quadro de clamor público é deixá-la de lado, esperar um pouco, e contratar outra."
"TAXA DE ALHEAMENTO DO ELEITOR, MAIOR QUE NUNCA!
1. A última pesquisa do Ibope realizada entre 15 e 17 de julho- vem prejudicada pelos fortes acontecimentos que comoveram a opinião pública carioca naqueles dias, com a tragédia da morte de um menino fuzilado por uma ação desastrada da polícia. Nem o Ibope, nem o Estado de SP, nem a TV Globo tem culpa. Mas esta é uma pesquisa que deve ser desconsiderada. A taxa de não-voto (nulo+branco+não sabe+não respondeu) cresceu para 32% (uma semana antes eram 20%). Todos caíram. Mas quando há um choque de opinião, a distribuição dos que desistiram de escolher candidato é totalmente aleatória e portanto qualquer um poderia ter caído mais ou menos. No caso dos 3 que estão empatados em terceiro lugar há 45 dias, estatisticamente não há diferença em função do aumento do não-voto em 50%.
2. Mas é mais complexo do que isso. As pesquisas que vão se sucedendo mostram uma enorme volatilidade de quase todos os candidatos. Muitas vezes uma mesma porcentagem não traduz um mesmo perfil de eleitor. Analisando um período de 3 meses, o que menos flutua sob qualquer ponto de vista é o candidato do PSOL, sempre na faixa dos 5%.
3. Este Ex-Blog já chamou a atenção quanto a inexistência de pré-campanha em 2008, seja pelos limites da legislação, seja pelos fatos de grande repercussão que ocorreram no primeiro semestre e desviaram a atenção. A pesquisa do Ibope se comparada a outras e se supõe, as anteriores do próprio Ibope mostrou um aumento de pelo menos 12 pontos no "não-voto".
4. Em Belo Horizonte, esta mesma pesquisa do Ibope-ESP-TVG dá ao candidato do governador e do prefeito da capital, com toda a divulgação de imprensa, meros 8%. Os líderes têm 17% e 14%. Mas o surpreendente é que em BH, o "não voto" alcançou nessa pesquisa 49% das intenções de voto. Rio e Belo Horizonte são as capitais em que as Taxas de Alheamento, são as maiores do Brasil.
5. O melhor que fariam os contratantes dessa pesquisa num quadro de clamor público é deixá-la de lado, esperar um pouco, e contratar outra."
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