Da Carta Capital.
Tarso Genro quer governar com diálogo
Paulo Cezar da Rosa
4 de outubro de 2010 às 12:04h
A verdade das urnas é só uma. Aconteceu o que as pesquisas estavam indicando no Rio Grande do Sul. Com uma alteração. Tarso Genro vinha crescendo na esteira do crescimento de Dilma Roussef. Dilma, como em nível nacional, paralisou e começou a regredir na reta final. Os efeitos da queda de Dilma, todavia, não afetaram a onda de crescimento de Tarso. Na prática, o lulismo impulsionou o rompimento do isolamento do PT gaúcho, mas Tarso foi além e resgatou contornos próprios na reta final.
Uma explicação para isso é o fato de José Fogaça (PMDB) ter sido derrotado há quinze dias do pleito e Yeda Crusius (PSDB) ter jogado a toalha na última semana. Sem adversários à altura, Tarso continuou crescendo. Na disputa nacional, entretanto, a direita gaúcha não recuou. O festival de mentiras, boatos e panfletos apócrifos na boca da urna são prova disso. Domingo passado não faltou munição na artilharia anti-Dilma.
Em balanços realizados ao longo do dia da eleição, o governador eleito atribuiu sua vitória à recomposição das forças do PT, combinada com três movimentos: reconstituição do campo político agregando as forças do PCdoB, PSB e outras; renovação de linguagem junto às novas gerações, via internet etc; ampliação junto aos setores produtivos através de um conjunto de ações e debates sobre a economia e o desenvolvimento do Estado.
Talvez tenha sido isso (mais que o efeito Erenice) que impediu Dilma de manter-se acima dos 50% no primeiro turno. A campanha Dilma, até o momento, sinalizou apenas a continuidade e há uma parte do eleitorado sempre mais afeito às novidades. No caso, Marina, com seu discurso ambiental, por um lado, e Serra, com suas propostas sociais um tanto quanto irresponsáveis, pelo outro, apresentaram uma luz a ser seguida.
Depois da obra feita, fica fácil explicar a construção. Mas sempre é importante tentar entender o que aconteceu, até porque a engenharia só avança criticando o passado. Neste momento, o que todos devem estar começando a pensar é no que fazer para que o Brasil continue no rumo certo. Todo o resto é secundário. E definir o que fazer, é essencial entender o que aconteceu….
Tarso Genro, depois de eleito, em seu primeiro discurso, afirmou que pretende governar dialogando com todos os setores e vai ampliar seu governo para além das forças que compuseram sua frente política. Começou bem, e pode agora retribuir o apoio recebido do presidente Lula.
Paulo Cezar da Rosa é jornalista e publicitário. Publicou o livro O Marketing e a Comunicação da Esquerda. É diretor da Veraz Comunicação e da Red Marketing, ambas sediadas em Porto Alegre. paulocezar@veraz.com.br
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