Assisti, não faz muito tempo, ao documentário "Pro dia nascer feliz". Minha enteada, de quinze anos, também assistiu. E se identificou bastante com as alegrias, dramas e incertezas que os adolescentes expressaram no filme. Hoje, ao entrar no Blog do Alon, vi que ele fez uma ótima relação entre o documentário, a crise da juventude e o processo eleitoral que se aproxima. Meio passional, mas, vá lá!, acertando em cheio o que é substancial, o Alon aborda algumas das questões mais importantes da nossa agenda contemporânea. Assista ao trailer do ótimo documentário. Depois, leia o texto do Alon.
Um soco em boa hora (05/03)
Alon Feuerwerker
Brasília, DF - Brasil
Será que nossos modelos de eleição e de cobertura jornalística da dita cuja não estão a reproduzir na circunstância eleitoral exatamente o desenho econômico e social excludente que os políticos sem exceção dizem querer combater? E que o jornalismo teoricamente deveria criticar?
Circunstâncias profissionais fizeram eu estar sentado na noite da quarta-feira diante de um filme não propriamente novo, mas ao qual eu deveria ter dado bola antes: “Pro dia nascer feliz”, de João Jardim, lançado há três anos. Tomei um soco no estômago. E veio em boa hora.
O filme dura o tempo de um jogo de futebol e capta as realidades contrastantes de adolescentes nas extremidades sociais e regionais do Brasil. Na pauta, a educação (ou a falta dela), a cultura, a sexualidade, a violência. Bom de passar na televisão aberta em horário nobre. Logo depois da novelinha “como é verde meu vale” da vez.
Quando o comentarista político senta diante do teclado, especialmente no ano eleitoral, a tentação quase irresistível é escrever sobre a politicagem, sobre os joguinhos. “Oposição acusa Dilma de fazer campanha antes da hora”, “Ciro mantém mistério sobre se vai ser candidato a presidente ou a governador”, “PSDB não se entende sobre a vice”, “Lula diz que a eleição não vai ter terrorismo”.
E daí?
Tem também as pesquisas, E lá se vão páginas e mais páginas, manchetes sobre manchetes. As eleições transformaram-se nisto: um mar de politicagem pontilhado aqui e ali por levantamentos estatísticos de intenção de voto e escândalos –reais ou convenientemente fabricados. Só.
Parece-lhe até aqui pueril, um adjetivo incompatível com a função de colunista? Talvez seja mesmo. Mas vou correr o risco, para tentar abrir cartas novas no baralho. Uma: será que os modelos de eleição e de cobertura jornalística da dita cuja não estão a reproduzir na circunstância eleitoral exatamente o desenho econômico e social excludente que os políticos dizem querer combater? E que o jornalismo teoricamente deveria criticar?
Qual é a maior tragédia nacional? Todos têm uma opinião. Na minha modesta, é a distância galáctica entre, de um lado, a beleza de escola frequentada pelo filho do rico e do classe média e, de outro, a tristeza da “escola” oferecida ao filho do pobre. Se você discorda dessas minhas aspas, assista “Pro dia nascer feliz”.
Querem uma segunda desgraça? A expansão ainda muito lenta da rede de água e esgoto para as regiões que o eufemismo nacional chama de “carentes”. Uma terceira? A deplorável situação do transporte coletivo nas grandes cidades. Metrô escasso e ônibus caindo aos pedaços, enquanto empresários espertos, além de muito bem relacionados e sortudos em licitações, faturam os tubos.
Uma quarta? A impunidade crônica dos autores de crimes de morte. O Brasil é o país da boa relação custo-benefício para o homicida. Especialmente se é “de menor”.
Assuntos há de monte. Mas é como se os temas “populares” pertencessem a uma casta inferior. Perto da eleição, o marqueteiro talentoso e maravilhosamente bem pago com o dinheiro de doações ocultas dos sócios do Estado vai dar um jeito de mostrar como o candidato dele, sempre sorridente, “já fez muito, e fará muito mais pelas pessoas, pelos que precisam”. Quais vão ser as prioridades? “Educação, Saúde e Segurança!”. O fulano se dará inclusive ao trabalho de apresentar um “programa de governo”. Ah bom.
Pronto. Já desabafei e estou novamente em condições de voltar à rotina. Antes, fica uma pergunta aos presidenciáveis. “Quais medidas o senhor (ou senhora) adotará para igualar a qualidade da escola pública à da particular nos níveis fundamental e médio? E em quanto tempo o senhor (ou senhora) acredita que a defasagem estará superada? O senhor (ou senhora) assume esse compromisso?”
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sexta-feira, 5 de março de 2010
quinta-feira, 26 de novembro de 2009
Vulnerabilidade juvenil
Reeproduzo mais abaixo o editorial de hoje do jornal Folha de São Paulo. O tema é de interesse de todos nós, preocupados com a cidadania no país.
Violência e juventude
DUAS PESQUISAS realizadas a pedido do Ministério da Justiça ajudam a tornar mais preciso o diagnóstico que relaciona os altos índices de violência do país a seus principais protagonistas e vítimas, os jovens. Dos entrevistados, entre 12 e 29 anos, 30% estão em constante contato com a violência. São agredidos, testemunham assassinatos e abusos policiais, têm fácil acesso a armas de fogo.
O retrato é preocupante, mas é também necessário evitar "a sensação de caos paralisante", na expressão de Renato Sérgio de Lima, secretário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, que coordenou os levantamentos.
Há motivos ponderáveis para crer na perspectiva de melhora gradual do atual cenário. O fenômeno da violência é intenso, porém localizado, dizem os especialistas. Geograficamente, os jovens são hoje mais vulneráveis em cidades médias do que nas grandes cidades do centro-sul do país, exceção feita ao Rio. No corte de renda, como se sabe, as principais vítimas são pobres.
Mas são sobretudo jovens. Esse fato, por si só perverso, é também o que aponta para a possibilidade de melhorias. Estudos demonstram que a evolução demográfica em curso -com o envelhecimento da população e a consequente diminuição da proporção de jovens- associada ao aumento da escolaridade média e da frequência escolar têm forte impacto negativo nos índices de violência e criminalidade.
Tendências demográficas ajudam, decerto, mas as autoridades também precisam fazer a sua parte. Além de constante investimento em segurança, urge melhorar a qualidade e a atratividade das escolas, atendendo à população desde os anos anteriores à alfabetização até a conclusão do ensino médio.
Violência e juventude
DUAS PESQUISAS realizadas a pedido do Ministério da Justiça ajudam a tornar mais preciso o diagnóstico que relaciona os altos índices de violência do país a seus principais protagonistas e vítimas, os jovens. Dos entrevistados, entre 12 e 29 anos, 30% estão em constante contato com a violência. São agredidos, testemunham assassinatos e abusos policiais, têm fácil acesso a armas de fogo.
O retrato é preocupante, mas é também necessário evitar "a sensação de caos paralisante", na expressão de Renato Sérgio de Lima, secretário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, que coordenou os levantamentos.
Há motivos ponderáveis para crer na perspectiva de melhora gradual do atual cenário. O fenômeno da violência é intenso, porém localizado, dizem os especialistas. Geograficamente, os jovens são hoje mais vulneráveis em cidades médias do que nas grandes cidades do centro-sul do país, exceção feita ao Rio. No corte de renda, como se sabe, as principais vítimas são pobres.
Mas são sobretudo jovens. Esse fato, por si só perverso, é também o que aponta para a possibilidade de melhorias. Estudos demonstram que a evolução demográfica em curso -com o envelhecimento da população e a consequente diminuição da proporção de jovens- associada ao aumento da escolaridade média e da frequência escolar têm forte impacto negativo nos índices de violência e criminalidade.
Tendências demográficas ajudam, decerto, mas as autoridades também precisam fazer a sua parte. Além de constante investimento em segurança, urge melhorar a qualidade e a atratividade das escolas, atendendo à população desde os anos anteriores à alfabetização até a conclusão do ensino médio.
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segunda-feira, 15 de dezembro de 2008
Texto sobre delinqüência juvenil.
Acesse aqui um interessante texto sobre delinqüência juvenil. Foi publicado na revista Caderno CRH, da UFBA.
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terça-feira, 19 de agosto de 2008
Um bom estudo sobre gangues juvenis

Sociedade de Esquina não é apenas um bom livro de ciências sociais, é também uma boa leitura. Um marco na pesquisa qualitativa, especialmente na chamada "observação partcipante". Escrito por William Foot Whyte, o livro é uma leitura obrigatória para quem quer pensar, ou pesquisar, sobre o universo das gangues juvenis. Resultado de um trabalho de investigação realizado nos EUA, no início da década de quarenta do século passado, a obra pode ser instrutiva também para quem quer se iniciar na arte da pesquisa antropológica.
Bom. Aproveito para indicar uma resenha do livro, publicada na revista "Sociedade e Estado" da UNB. Acesse aqui.
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segunda-feira, 18 de agosto de 2008
Violência na escola
Leia, abaixo, trecho de matéria publicada hoje no jornal Folha de São Paulo.
comportamento
Celular do mal
Violência, constrangimento e trapaças entram no foco das câmeras de celulares em colégios de SP; torpedos divulgam "brincadeiras"
LETICIA DE CASTRO
DA REPORTAGEM LOCAL
"As escolas vetaram e o governo proibiu. Mas todo esse esforço não é suficiente para banir de vez os celulares das escolas. Seja para gravar vídeos, ouvir música ou passar cola, os adolescentes driblam a atenção dos professores e continuam usando o aparelho em plena sala de aula.
A nova mania é filmar brigas e outras "brincadeiras" violentas e constrangedoras, como tapões na cara e montinhos (quando um garoto é derrubado no chão e um grupo se joga em cima dele), e depois distribuir as imagens por bluetooth ou MSN para a turma e ainda jogar o vídeo no YouTube.
Em uma tradicional escola particular de São Paulo, a moda ganhou um nome: "cinco minutos sem perder a amizade".
"É quando um amigo desafia o outro para uma briga de cinco minutos. A idéia é ver quem chora e desiste primeiro", conta André, 16, aluno do segundo ano do ensino médio.(..,)
Assinante UOL lê matéria completa aqui.
comportamento
Celular do mal
Violência, constrangimento e trapaças entram no foco das câmeras de celulares em colégios de SP; torpedos divulgam "brincadeiras"
LETICIA DE CASTRO
DA REPORTAGEM LOCAL
"As escolas vetaram e o governo proibiu. Mas todo esse esforço não é suficiente para banir de vez os celulares das escolas. Seja para gravar vídeos, ouvir música ou passar cola, os adolescentes driblam a atenção dos professores e continuam usando o aparelho em plena sala de aula.
A nova mania é filmar brigas e outras "brincadeiras" violentas e constrangedoras, como tapões na cara e montinhos (quando um garoto é derrubado no chão e um grupo se joga em cima dele), e depois distribuir as imagens por bluetooth ou MSN para a turma e ainda jogar o vídeo no YouTube.
Em uma tradicional escola particular de São Paulo, a moda ganhou um nome: "cinco minutos sem perder a amizade".
"É quando um amigo desafia o outro para uma briga de cinco minutos. A idéia é ver quem chora e desiste primeiro", conta André, 16, aluno do segundo ano do ensino médio.(..,)
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