domingo, 7 de agosto de 2011

Lula e a disputa pela prefeitura de São Paulo

Na sua coluna de hoje, no portal UOL, o jornalista Gilberto Dimenstein aporta alguns elementos para a análise da disputa da candidatura petista à Prefeitura de São Paulo que coincide, em parte, com o que eu havia colocado neste espaço. Um fato é inegável: o que ocorrer na secção paulistana do PT (e, mais ainda, na disputa eleitoral) terá um grande reflexo sobre as eleições de 2014. Confira aqui a coluna do jornalista.

sábado, 6 de agosto de 2011

Jogo bruto contra o SINTE

O sindicato dos professores, o SINTE, está sendo alvo de ataques, mais ou menos sutis, de parte da imprensa rosalbista. Primeiro, construíram a idéia de um sindicato marcado por disputas políticas exóticas. Referentes para tanto, sabemos todos, existem. Mas daí, como querem os acólitos da Rosa, a explicar a greve (ou a sua continuidade) pelas disputas políticas é simplesmente falsear a realidade. Agora, em um segundo movimento, apresentam o SINTE como uma mega-estrutura, algo como uma prefeitura municipal.

Pelo não dito, a comparação com uma prefeitura é mais do que reveladora. Prefeitura, entendamos bem, é para domínio de um grupo inserido em uma das redes de poder da província. Fora disso, não há legitimidade é o que dizem nas entrelinhas. Onde é que se viu uma reles professora como Fátima Cardoso ter nas mãos o poder de uma prefeitura? Ela nunca namorou com uma celebridade, não tem uma cabine dupla e nem é filha de deputado, senador ou governador! Que coisa mais sem propósito!

Essa gente, e seus novos aliados, alguns deles transitando serelepes pelos corredores da UFRN, desejam um SINTE diminuído, agastado. Esquecem que a tal mega-estrutura do SINTE, se é que existe, é fruto de um trabalho de décadas. De direções empenhadas em construir um patrimônio que é de toda uma categoria. E de uma categoria que a monitora, como deveríamos fazer todos nós em relação às nossas prefeituras.

Por outro lado, desde a Secretaria de Educação ecoa um discurso que afirma o seguinte: tudo esteve errado até agora no órgão. Não existiriam dados organizados, muitos professores estariam deslocados de suas funções e ninguém saberia exatamente quantos mestres são necessários para que o Estado cumpra as suas funções. Tudo se passa como se o grupo que agora assumiu a SEC fosse uma espécie de Khmer Vermelho da educação potiguar. Eles seriam os refundadores da educação. Os iniciadores do "ano zero" do nosso ensino. É muita miragem. E uma certa desfarçatez política. Ora, Garibaldi e Agripino, dois apoiadores de primeira da Rosa, governaram o RN por dezesseis anos. Se tudo o que foi feito até agora está errado, a responsabilidade também recai sobre os ombros deles.

Mas, nos discursos da miragem, também deles sobram bordoadas para o SINTE. E para os professores. Curiosamente, intelectuais ditos críticos unem-se ao jornalismo rosalbista para desacreditar o SINTE. Seria trágico, não fosse cômico. E meio passadista, devo acrescentar.

Claro, há um quê de chique nisso tudo. Uma coisa meio francesa, pois não? Sim, francesa. Afinal, não é de lá, da França, que vem a mensagem do papa dos moderninhos, o Maffesoli, o qual, em um livro recente, defendeu, com ardor de cristão novo, o Governo direitista do Sarkozy? O certo é que, na esquina do Atlântico, todo alinhamento ideológico é permetido. E os trópicos, décadas depois do grande livro de um certo Claude, continuam mais demodês que exóticos.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Voltei!

Pois é, após um período turbulento, eis-me aqui, na pilotagem de sempre. Agora, não esqueça de passar por aqui. Teremos sempre uma postagem nova.

Em São Paulo, no PT, a disputa é entre o novo e o velho

Duas candidaturas principais buscam se credenciar no PT paulistano para a disputa da mais importante prefeitura do país em 2012. De um lado, com boa performance nas pesquisas eleitorais realizadas até o momento, encontra-se a ex-prefeita Marta Suplicy, de outro, ainda patinando nas mesmas pesquisas, dado que é desconhecido da maioria, o ministro da educação, o Professor Fernando Haddad. O controle da máquina partidária parece estar com os apoiadores de Marta, mas não há garantias de que a sua candidatura venha a ser aquela referendada no início do próximo ano. Isso porque ninguém menos que o Lula está com Haddad.

Pelo que é possível acompanhar pela imprensa, a disputa está em um bom nível... de caneladas. Jogo pesado é pouco. Questiúnculas, como critérios de filiação, tornam-se pontos de referência para escaramuças rocambolescas dos exércitos de ambos os lados.
Vai longe aquele tempo em que as disputas partidárias no PT terminavam com um abraço entre a companheirada. É mais do que provável que as sequelas deixadas pela disputa compliquem o desempenho do candidato no próximo ano.

Não é também uma disputa sem sentido. Marta representa o de sempre. Foi novidade, não é mais. É a cara de uma burocracia partidária. Haddad representa a possibilidade de renovação do PT em São Paulo. O Lula, que tem tino político, fez a sua aposta. Você sabe: quando o ex-presidente se movimenta no xadrez político, a gente deve reparar com cuidado os seus movimentos. Ele não joga por brincadeira. É, como diria a Bebel, profissa.

Cá do meu canto, na esquina do continente, imiscuído nas coisas da província, torço pelo Haddad. Embora a candidatura do Eduardo Jorge, um ex-petista, muito maltratado pelos compas quando estava no partido da estrela, também seja merecedora de minha torcida. Eduardo Jorge é um eficiente secretário de meio ambiente da Prefeitura de São Paulo e poderá vir a ser o candidato do atual prefeito, Gilberto Kassab. Um embate entre Marta e Eduardo Jorge seria o confronto entre o velho e o novo.

A candidatura do Haddad detona o cenário desejado pelo kassabismo, e abre possibilidades novas, instigantes. Que podem ter reflexos em todo o país. Especialmente no rearranjo de poder interno no PT. Não é por acaso que a Dilma não morre de amores pela candidatura do seu ministro.

A derrocada do império?

Paulo Linhares, jurista reconhecido não apenas nestas plagas, possui uma capacidade de análise invejável. No artigo desta semana, abaixo, ele traça, com fina ironia, um retrato da decadência do império americano. Vale a pena conferir!


O FALIDO TIO SAM

PAULO AFONSO LINHARES*

Se um rosto puder personificar todo um povo, aquele velho da barbicha (de bode) branca, nariz e olhos aquilinos, cartola e fraque nas cores azul-vermelho-branco além de estrelas e listas, conhecido como Tio Sam, é a personificação dos Estados Unidos da América. O nome de uma personagem ficcional que representaria o homo medius norte-americano, chamada de Uncle Sam, foi usado pela primeira vez na guerra anglo-americana de 1812 (War of 1812), em que apelava para o orgulho e o sacrifício dos cidadãos na luta contra os invasores britânicos. Deu certo: a grande arrancada do desenvolvimento daquele país se deu a partir do fim dessa guerra, com a celebração do Treaty de Ghent (Tratado de Gand), de 1814, e o crescimento do sentimento nacionalista norte-americano. Em 1852 o Tio Sam ganhou a imagem que se tornou tão conhecida no mundo, porém, foi melhor estilizada em 1917, pelo artista James Flagg, com aquele dedo em riste e a frase "I want you for U.S.Army" ("Eu quero você para o Exército dos EUA").

No entanto, para que essa imagem representasse, neste momento, os EUA, seguramente seria outra: o mesmo velho, porém, sem os gestos arrogantes de águia, de olhos penetrantes de quem não aceitaria receber um "não" como resposta; no lugar do ameaçador dedo em riste, haveria uma mão de súplica de quem pede uma esmola. E as roupas? Claro, estaria vestido como as mesmas cores e elementos da bandeira do Estados Unidos da América, mas bem ao estilo tramp (morador de rua, um sem-teto), com o tampo da famosa cartola rasgado e o paletó de feições molambentas, sujo e roto. Fato é que o Estado norte-americano, personificado pela figura do Tio Sam, a despeito de ostentar a posição de mais poderosa superpotência do planeta, está literalmente falido.

Uma política de superendividamento com abissais gastos militares, com armamentos e operações de guerra absurdas, exauriram as reservas do país. Somente para se ter uma pálida ideia disso, de segundo a National Priorities Project, organização não-governamental cuja atividade é a de medir os gastos governamentais em diversas áreas, os conflitos consumiram até o ano 2008 mais de US$ 504 bilhões [R$ 859,82 bilhões] dos cofres públicos americanos. O prêmio Nobel de Economia Joseph E. Stiglitz e a professora Linda J. Bilmes, autores do livro "The Three Trillion Dollar War" ( A Guerra de Três Trilhões de Dólares", em tradução livre). Sim, um número absurdo, mas, verdadeiro: US$ 3 trilhões. Bem comparando, nos 12 anos da sangrenta Guerra do Vietnã, o Tio Sam desembolsou US$ 670 bilhões. Em 20 de março de 2011, os EUA lançaram 110 mísseis Tomahawk na Líbia, a um custo unitário de US$ 572 mil, custando a brincadeira U$ 57,2 milhões, isto sem falar nos outros gastos que envolvem um missão dessa natureza.

Os números revelados pelo Departamento do Tesouro, mostram uma dívida pendente dos EUA que somava, no último dia 30 de junho, US$ 14,3 trilhões, dos quais US$ 4,6 trilhões eram "pastas intergovernamentais" e US$ 9,7 trilhões eram dívidas nas mãos do público. Aliás, os EUA devem somente ao Brasil a quantia de US$ 187 bilhões. Contudo, o seu maior credor é a China, com US$ 1,1 trilhão, seguida pelo Japão com US$ 882,3 bilhões, o Reino Unido com US$ 272,1 bilhões e os exportadores de petróleo com US$ 211,9 bilhões. Os EUA vivem perdulariamente, com seus desperdícios de toda ordem, às custas de outros países. A situação chegou no limite do razoável: o presidente Obama teve que "ir a Canossa" para conseguir dos Congresso permissão para um endividamento do tesouro norte-americano em mais US$ 400 bilhões. Caminhou no fio da navalha, pois se não houvesse um acordo, não haveria saída para o governo dos EUA senão aplicar uma mega-calote naqueles detentores de títulos do Tesouro, inclusive o Brasil.

E a notícia mais surpreendente, no final de julho de 2011, foi que a Apple, aquela empresa da maçã meio comida que fabrica bugigangas eletrônicas (I-Pod, I-Pad, I-Phone, I-Mac etc): Steve Jobs pode ir ao banco sacar mais dinheiro que Barack Obama. Os últimos resultados financeiros da Apple mostram que a companhia de Jobs tem um total de US$ 76,2 bilhões em reserva de capital, enquanto o governo americano tem “apenas” US$ 73,8. O Tio Sam está na lata, velho pobretão. De lascar os tamancos!



* Jurista. Doutor em Direito pela UFPE e Professor de Direito na UERN.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

CERVEJA, PROTESTO E LAVAGEM DE CARRO

As moças das fotos abaixo, acreditem!, estão fazendo uma manifestação política. Pois é! Elas estão apoiando o Presidente de seu país, o obscuro Dimitri Medvedev (na verdade, quem manda por lá é mesmo o ex-KGB Putin), que quer acabar com a venda de cervejas no país.

No país da vodka, eles acham que a gradação alcoólica da cerveja é muito alta. O Presidente quer proibir a venda da cerveja em quiosques. De quebra, quer também acabar com a propaganda do precioso líquido. Se ele quisesse mesmo apenas proibir, teria feito isso há tempos. Ué, a Duma (o parlamento russo diz amém a tudo que a dupla Putin-Medvedev manda). Mas, não, o cara quer um bom, como é mesmo que os publicitários falam, ah, é isso mesmo!, recall.

E aí aparecem essas moças para, fala sério!, protestar! Você acha degradante? É não, macho velho! Né, não, Degradante é a situação daquelas modelos utilizadas nas “blitzes” de algumas rádios natalenses. Você já deve ter visto a arrumação: modelos vestidas com roupas de banho, contorcem-se ao som de músicas de gosto duvidoso enquanto ensaboam os carangos de atentos motoristas.



Polícia? Qual polícia?

Nos últimos dois dias, ministrei aulas no Centro de Ensino Superior da Polícia Militar do RN. Na verdade, seria mais apropriado dizer que conduzi conversas e debates, alguns bem agitados, sobre alguns temas da criminologia. Meus “alunos” (na prática, eu mais aprendi do que lhes ensinei alguma coisa) eram oficiais (inclusive, alguns coronéis) de polícias militares do Amapá, Rondônia, Mato Grosso, Alagoas, Maranhão e Brasília. Esses eram os alunos de outros estados. O grosso do contingente era formado, entretanto, por oficiais do Rio Grande do Norte. Alguns delegados também faziam parte do corpo discente.

Na aula de hoje, já bem no final, um oficial da PM de Mato Grosso, meio que em tom de desabafo, interveio na discussão que eu estava provocando sobre a “integração das polícias”. A sua fala foi uma brilhante análise do campo policial. Com detalhes minuciosos, ele mostrou como se constrói uma hierarquia das polícias no Brasil (com a PF no topo) que em nada faz justiça ao trabalho realizado cotidianamente pelos contingentes policiais.

O policial mato-grossense deveria ser ouvido por todos quantos se preocupam seriamente com a segurança pública no Brasil.