Há um ano, mais ou menos, perdi um grande amigo, o advogado João Régis. Assassinado friamente, por pistoleiros, em frente à sua casa. Régis foi militante do PT nos anos oitenta. No final daquela década, desiludido com a militância política, construiu uma brilhante carreira de advogado trabalhista. Quandos os sindicatos, mesmo aqueles que se diziam combativos, começaram a funcionar como pequenas máfias, máquinas de corrupção comandadas por pessoas apenas na retórica pertencentes à esquerda, Régis decidiu sair da área. Era um dissidente por excelência.
De volta à Natal, para trabalhar na UFRN, em 2002, passei a me encontrar regularmente com o velho amigo. Sua companhia era sempre prazerosa. Amante do bom papo, dos livros e do café, Régis era uma das razões pelas quais eu acreditava que valia a pena apostar em Natal. A sua morte pesa muito. Sempre que vou a um dos cafés em que nos encontravámos, pensando nele, bate uma vontade danada de chorar pela ausência do amigo.
Nada foi apurado quanto aos mandantes de sua morte. Não tenho muitas esperanças a respeito. Régis era um inquieto e um homem de posições firmes e, não raras, assumidas com radicalidade e solidão. Muito provavelmente, por causa delas, direta ou indiretamente, foi assassinado. Não tinha, e isso foi investigado, nenhum inimigo pessoal.
O registro na memória dos vivos, essa a marca deixada pelos que viveram com dignidade as suas existências. João Régis foi um deles.
sábado, 14 de março de 2009
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