Reproduzo abaixo texto de autoria de Marcos Rolim a respeito do WikiLeaks. O Rolim, penso eu, não necessita de apresentações. Você já o conhece, não? Não! Então, visite-o aqui antes.
WIKILEAKS
18 de dezembro de 2010
Marcos Rolim
1) A melhor notícia para a democracia neste século atende pelo nome de “WikiLeaks”.
O site fundado por Julian Assange e que reúne a colaboração de centenas de ativistas digitais tem apenas 4 anos de existência e, neste período, já publicou mais informações confidenciais a respeito das atividades dos Estados contemporâneos do que todos os órgãos de imprensa do mundo somados. Há uma novidade radical aqui, penso, que ainda não foi devidamente valorizada. Não estamos tratando de um site apenas, mas de um projeto ousado que agrega tecnologia de ponta para permitir o envio não rastreável de informações até então guardadas como segredos de Estado. Assange afirma que há segredos legítimos que não devem ser divulgados. Mais do que isso, assume o compromisso de não divulgar informações que coloquem a vida de pessoas em risco. Seu foco é a divulgação de segredos espúrios, informações que só são protegidas porque revelam a hipocrisia e os interesses escusos de governantes, banqueiros e grandes grupos econômicos. WikiLeaks não subtrai informações, nem agencia ilicitudes. Recebe dados que lhes são remetidos e procura se certificar se os documentos são genuínos, valendo-se, para isso, também da colaboração de alguns dos melhores jornais do mundo. Em uma época onde as pessoas são controladas, monitoradas, filmadas e investigadas; onde suas ligações telefônicas são ouvidas por agentes do Estado e seus emails violados, WikiLeaks representa algo como uma resposta cidadã. A mensagem poder ser resumida da seguinte forma: “- pessoal do andar de cima, estamos de olho em vocês”. Para quem quiser mais informações a respeito do projeto WikiLeaks, recomendo a esclarecedora entrevista de Assange em http://www.ted.com/talks/lang/eng/julian_assange_why_the_world_needs_wikileaks.html (há um comando para legendas em português). Quem acessar, poderá ver, por exemplo, a cena gravada de dentro de um helicóptero norteamericano no Iraque, quando os militares tomam a decisão de assassinar pessoas desarmadas que estavam em uma esquina; entre elas, dois jornalistas da Reuters.
2) A Corte Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), órgão da OEA, condenou o Brasil pelos crimes de homicídio, tortura e desaparição forçada praticados durante a ditadura militar, afirmando que nenhuma lei de Anistia pode ser invocada para o não esclarecimento das responsabilidades envolvidas. A sentença, de 24 de novembro, possui 325 páginas e constitui um dos documentos mais importantes sobre a história recente do Brasil. Ela transforma os votos proferidos nesta matéria pela maioria dos ministros do STF em pó. O fato, entretanto, não suscitou interesse da mídia nacional. Compreensível. Neste ponto, a maior parte dos órgãos de imprensa acha que “é bom não mexer com estas coisas” (mesma posição, aliás, do Presidente Lula). O que é apenas o primeiro passo para que a sentença – que obriga o Brasil a várias providências administrativas e penais – seja ignorada. Tudo porque, no Brasil, a lei, como se sabe, não vale para o andar de cima. A íntegra da sentença pode ser acessada em: http://www.corteidh.or.cr/docs/casos/articulos/seriec 219 esp.pdf .
sábado, 25 de dezembro de 2010
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