Em uma entrevista que li em algum lugar, Anthony Giddens, um dos maiores sociólogos ingleses das últimas décadas, afirmava que o exercício da docência na Universidade atraia cada vez menos os melhores alunos. Mas, continuava Giddens, isso era coisa do passado. A partir da década de 1990, o mundo glamoroso do Mercado é que passou a ofertar os lugares mais ambicionados pelos jovens mais inteligentes.
Giddens tomava como referente a situação da Inglaterra. Cá, nos trópicos, a situação ainda não é essa. Ou, ainda não era essa. Pois, cada vez mais, vejo com que desdém os melhores alunos referem-se à possibilidade de assumirem, em futuro próximo, a condição de professor universitário. Querem outras possibilidades, onde ganhem mais e não tenham que se submeter ao escrutínio de tantos atores. Do Ministério Público aos coleguinhas de Departamento. Escrutínio que, nem sempre, tem como resultado final uma melhoria na produção intelectual.
Qual o cenário que podemos projetar com essa situação? Um deles, o que me vem de imediato na cabeça, é um afundamento da Universidade na mediocridade. Ué, se os melhores não vêem, outros virão. E se aboletarão na docência. E nos cargos. E no controle das instâncias decisórias. E nas comissões de concursos. E por aí afora...
Bom. Mas ainda temos tempo de reverter essa situação. Os melhores ainda podem adentrar a Universidade e inverter a tendência que nos levaria a cair no cenário desenhado por Giddens para a Inglaterra.
Por falar nisso, teremos, na UFRN, concurso para professor de Sociologia do Trabalho. Você conhece alguém que se interessa por esse campo de estudo? Avise prá ele ou ela, então. Ah, o edital sairá, se não me engano, no início de janeiro.
sexta-feira, 24 de dezembro de 2010
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário