Nestes dias, conversando com um alguém que tinha recentemente conhecido, fui levado a confessar que era sociólogo. Mais que isso, professor de sociologia. O meu interlocutor se animou. Disse-me que talvez a sociologia fosse algo interessante, mas, na faculdade onde estudava (e que leva quase um terço do seu suado salário de taxista), a coisa não era lá muito atraente, não. E a “culpa” era daqueles “caras”. Que caras? Durkheim, Marx e Weber! Foi o que ele me respondeu de bate pronto.
Por que continuamos nessa pisada? Por que continuamos a espantar as novas gerações com uma estrutura de ensino de sociologia que tem pouco ou nenhum sentido para quem está cursando, sei lá, contabilidade? Quem é esse OUTRO com o qual os nossos alunos de hoje (e futuros professores de colégios e faculdades amanhã) se defrontam? Por que temos que reproduzir o modelo canônico?
Os nossos cursos de Ciências Sociais estão ficando ultrapassados, obsoletos. Isso não é novidade. O problema é que, com as nossas práticas de ensino ou com a nossa omissão, poderemos estar solapando um enorme espaço para a reflexão sociológica. Não! Não podemos reproduzir, do Oiapoque ao Arroio Chuí, o mesmo, como direi?, paradigma uspiano de ensino de ciências sociais.
A sociologia tem que dizer (e fazer algo mais) para o taxista que cursa contabilidade. Tá, eu sei, os “caras” são importantes e incontornáveis. Mas, vem cá, por que cargas d’água temos que começar a abordar a sociologia a partir de suas biografias ou obras? “Obras”? Ora, ninguém vai ler de verdade, sei lá, “Economia e Sociedade”, no primeiro período de um curso que não seja Ciências Sociais (e, mesmo cá, olhem lá!).
Voltarei ao assunto.
quarta-feira, 21 de dezembro de 2011
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