quinta-feira, 1 de novembro de 2012

SOBRE A INTERRUPÇÃO DA REUNIÃO DO CONSUNI DA UFRN


Ontem, dia 31 de outubro de 2012, não apenas a UFRN, mas a ideia mesma de Universidade foi brutalmente pisoteada no Auditório da Reitoria. Quem conhece a história de nossa instituição, sabe que esse é um teatro da memória de alguns dos nossos mais importantes e solenes momentos. Memoráveis assembleias, palestras, simpósios, colações de grau e concessões de títulos honoríficos são ali realizadas.

Mais do que uma estrutura arquitetônica, o Auditório da Reitoria é representação simbólica da Àgora na UFRN. Um lugar para o bom debate. Como aquele que deve ocorrer quando o seu Conselho Universitário (CONSUNI) está em reunião. Um debate que não exclui a paixão, mas que deve ser racionalmente alicerçado. E, mais importante, onde ideias e proposições entram em choque, mas nunca, nunca mesmo, pessoas.

E o que estava em pauta na reunião do CONSUNI brutalmente interrompida? A adesão ou não do sistema hospitalar da UFRN à EBSERH (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares), empresa pública, com 100% de capital estatal, que absorverá, a partir de contratos pactuados entre as universidades federais e o Governo Federal, a gestão dos HUs. O SINTEST e a FASUBRA são contra a proposta. Têm suas razões, é certo. Assim como o têm aqueles que entendem que a adesão à EBSERH é o único caminho para a sobrevivência de um sistema hospitalar fundamental para a assistência de qualidade à população e para a realização de atividades formativas no campo da saúde para os estudantes universitários. Visões e compreensões opostas a serem discutidas e definidas nas instâncias legais e legitimamente instituídas.

A reitora da UFRN apostou na racionalidade e civilidade das lideranças sindicais do SINTEST e da FASUBRA. Tanto assim que, antes da reunião, os recebeu em seu gabinete e pactou sobre detalhes da mesma: as duas posições (contra e a favor a adesão a EBSERH) teriam o mesmo espaço de tempo para desenvolver suas argumentações, utilizando-se inclusive do auxílio de equipamentos audiovisuais; além dos conselheiros, dirigentes da FASUBRA e do Conselho Estadual de Saúde teriam direito a voz e, atendendo a uma demanda do sindicato, antes da votação principal, do mérito, votaríamos a proposta de um plebiscito, proposto pelo Sindicato, para que a comunidade universitária (e, segundo algumas defesas, os usuários) se posicionasse sobre a questão em pauta.

Ao adentrarem no Auditório, os conselheiros se depararam com um ambiente adverso ao debate franco e leal. Apupos, gritos e a utilização ostensiva de objetos de som dominavam. Os atores dessa mácula contra a Universidade foram muitos, a maior parte deles estranha à UFRN e ao ambiente acadêmico.  Alguns, dirigentes da FASUBRA. Além de dirigentes sindicais de outras unidades da federação. No meio, algumas dezenas de alunos de uma escola pública, arregimentados para participar de uma assembleia sobre assunto sobre o qual eles pouco ou nada entendiam.  Alguns desses alunos eram adolescentes, que estavam ali, muito provavelmente, sem a autorização de pais ou responsáveis.

Apesar do clima hostil criado pelos sindicalistas, a Magnífica Reitora conduziu com serenidade e tranquilidade a discussão da pauta.  Mesmo com o desrespeito e as agressões verbais de parte da plateia aos conselheiros que apresentaram posições discordantes daquela defendida pelo SINTEST, conseguiu-se chegar à votação do plebiscito. Antes mesmo de concluída a votação, quando se deram conta de que a sua proposta havia sido rejeitada pela esmagadora maioria dos conselheiros presentes, parte dos presentes, atendendo a instigação de alguns, tomou de assalto à mesa. Em seguida, as luzes do auditório foram apagadas. Desse momento em diante, a truculência tomou conta de um espaço que deveria ser do debate racional.  Insultos, gritos ensurdecedores e ameaças veladas aos conselheiros.

De repente, o palco no qual a UFRN teve alguns de seus melhores momentos como Universidade, foi tomado por gente que queria não apenas gritar, mas também esmurrar, bater. Pessoas foram poupadas, felizmente. Até porque os conselheiros não reagiram às provocações insultuosas. Mas a mesa foi alvo da truculência. Nela, pessoas, algumas com máscaras, desferiam seus golpes de ira.
Interrompida a reunião, a Magnífica Reitora convocou, para hoje, dia 01, a sua continuidade no Auditório da SEDIS. Os mesmos atores da patuscada do dia anterior protagonizaram novo ataque ao CONSUNI, à UFRN e ao ideal de Universidade. Invadiram o local e impediram a entrada dos conselheiros. Para complementar a sua ação, e buscar alguma legitimidade para a sua violência, os dirigentes sindicais protagonizaram uma farsa: impediram o Pró-Reitor de Administração, Profº João Batista, de adentrar o local, empurrando-o e levando-o a reagir para defender a sua integridade física, o que fez com que, de forma inescrupulosa, o grupo tivesse um referente para posar de vítima e, assim, diminuir o peso da ação anti-Universidade de que foram os protagonistas.

5 comentários:

Anônimo disse...

Pelo que eu entendo, o movimento social se manifestar contra a "terceirização" dos Hospitais Universitários é mais do que legítmo! A EBSERH vai permitir a contratação de servidores via CLT.

Edmilson Lopes Júnior disse...

O posicionamento perde legitimidade quando rompas regras da convivência democrática. A direção do SINTEST não expressa mais um movimento social, mas, sim, um parassindicalismo miliciano truculento e anti-democrático.

Anônimo disse...

Os dirigentes sindicais que levaram os alunos da Escola Pública para esse ambiente têm que ser criminalmente responsabilizados! Essa gente sem escrúpulos precisa ter limites.


João Galdino

Anônimo disse...

Eu assiti ao vídeo no youtube e eram cenas aterrorizantes. Aterrorizante porque lá estavam crianças, que foram levadas, enganadas, para participar de algo que eles não entendiam. Algo que, com certeza, não fazia parte de nenhuma proposta pedagógica.
A minha pergunta é: quem, da UFRN, levou essas crianças e adolescentes? Com que direito?
Essas crianças e adolescentes foram expostos a riscos de integridade física. Por que fizem isso com eles? É assim que são encarados os alunos da Escola Pública e da Zona Norte?
Cadê a Promotoria da Criança e do Adolescente? Cadê a Procuradoria Federal? Quem garante o Estado de Direito?
E Sandro Pimentel tava nesse meio? É esse o vereador que Amanda Gurgel elegeu?

Uma professora de português da Rede Pública.

Anônimo disse...

Amanda Gurgel, é a professora!!!!