sábado, 31 de janeiro de 2009

De volta!

Como você já percebeu, estou de volta. Com todo o gás, como sempre.

A Análise de Alon sobre a disputa para a presidência do Senado

Leia abaixo a análise de Alon Feurwerker sobre a disputa pela presidência do Senado. Eu sei que você está de férias e o tema não é lá muito empolgante, mas faça uma forcinha e se ligue um pouco. Essa eleição terá impactos sobre as disputas políticas de 2009, especialmente na arrigimentação de forças com vistas a 2010.





De frente para a esfinge (30/01)

Sarney anda desconfiado do que ele considera uma propensão petista ao monopólio do poder. E Lula sabe dissoA esta altura, só uma zebra tira do senador José Sarney (PMDB-AP) a prerrogativa de sentar nos próximos dois anos na cadeira de presidente da Casa. Dando a lógica, a segunda-feira anoitecerá com Sarney a caminho da mansão no Lago Sul e Tião Viana (PT) passando a cuidar exclusivamente da sua favoritíssima candidatura a governador do Acre. Qual seria o significado de um triunfo do petista? Talvez a renovação de certos costumes políticos no Senado. Talvez uma maior transparência da instituição. É verdade que as posições de Viana sobre isso só foram ficando mais explícitas à medida que suas chances de vitória minguavam, mas não importa: interessa mesmo é que ele se coloca a favor de um Senado mais próximo do povo. Eleição se perde e se ganha. O que não se deve perder são as convicções. E a possível vitória de Sarney, representará o quê? Nos corredores do Senado, especialmente nas zonas de sombra, festeja-se antecipadamente o triunfo do establishment. Melhor dizendo, o establishment comemora por antecipação, convencido de que pouco vai mudar. Certo de que o uso dos gordos e belos recursos públicos colocados à disposição da Casa permanecerá protegido, blindado contra a fiscalização e a crítica dos que, afinal, pagam os impostos para que o Senado possa gastar o dinheiro. Mas, quem sabe?, e lá vou eu no meu eterno otimismo, o establishment não possa vir a ter uma surpresa? Errar na análise política é humano, mas o analista subestimar Sarney seria burrice. A história do senador não autoriza que o subestimem. Sarney saiu da presidência do então PDS para a vice de Tancredo Neves na disputa presidencial de 1985. Teve que assumir na morte do titular e conseguiu promover uma transição política eficaz. Tão eficaz que ele próprio sobreviveu a ela. De todos os políticos que participaram da base de sustentação do regime militar, Sarney talvez tenha sido o que mais vezes e mais bem conseguiu se reinventar. A ponto de fazer Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, do alto de seus 80% de popularidade, ter que aceitar agora a frustração de não poder fazer muito pelo seu candidato preferido. É improvável que Sarney, com seu mais de meio século de vitoriosa sobrevivência política, após uma bem operada transição da UDN e da Arena para a base de apoio de um governo do PT, caia na armadilha e seja tragado por um turbilhão nascido de interesses alheios. Mas vamos esperar para ver. Que o próprio José Sarney, a partir da terça-feira, se conseguir mesmo a vitória, diga a que veio desta vez. Pensando prospectivamente, algo que o senador poderia fazer, desde que de fato chegue à cadeira, seria ajudar a resolver um problema criado por ele mesmo lá atrás. Quando presidente da República, lutou e conseguiu que a Constituinte mantivesse a figura do decreto-lei, com o nome novo de medida provisória. Hoje, a medida provisória é o pelourinho do Legislativo, sistematicamente acorrentado e chicoteado pelo Executivo. A reforma da execução orçamentária é outro avanço institucional que Sarney talvez devesse estimular. Ainda agora, o governo vem de congelar todos os investimentos inseridos pelo Congresso no Orçamento de 2009. E manteve intocados todos os investimentos de iniciativa do Executivo. Não poderia haver sinal mais nítido de desprestígio do Legislativo. O senador Antonio Carlos Magalhães morreu sem ver realizado seu sonho de um orçamento impositivo. Quem sabe Sarney não destranca essa pauta? Agora, dor de cabeça mesmo com José Sarney presidente do Senado quem pode ter é Hugo Chávez. O senador pelo Amapá vem sendo o mais duro opositor do líder venezuelano entre os seus pares. Basta pesquisar os discursos. E o problema não é só retórico. A absorção da Venezuela no Mercosul já passou pela Câmara dos Deputados e espera um lugarzinho na agenda do Senado, onde vai enfrentar resistência cerrada da oposição. E de Sarney. Bem, vamos esperar para ver. E também, claro, aguardar a eleição, antes da qual um artigo como este não passa de especulação. Assim como há muita especulação sobre o que um eventual José Sarney presidente do Senado faria na sucessão presidencial. Lula prefere Tião Viana também por acreditar que o pai de Roseana pode eventualmente caminhar separado de Dilma Rousseff daqui a dois anos. Lula tem seus muitos defeitos, mas falta de olfato político certamente não é um deles. Sarney anda desconfiado do que ele considera uma propensão petista ao monopólio do poder. E Lula sabe disso.

Petrobrás na contramão. Ainda bem!

Transcrevo abaixo matéria publicada no Estadão sobre o plano de investimentos da Petrobrás para o próximo período. Como você pode verificar, a estatal está na contramão do que apregoam os conselheiros econômicos. Cá do meu canto, confesso a vocês, dei um suspiro de alívio. Caso queira, acesse diretamente o site do jornal aqui.

O otimismo da Petrobras


Com atraso de quatro meses, a Petrobrás anunciou investimentos de US$ 174,4 bilhões no quinquênio 2009-2013, 55% mais do que os US$ 112,4 bilhões projetados para 2008-2012, o que exigirá decisivo apoio do governo, por intermédio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Este ano, para investir US$ 28,6 bilhões, a Petrobrás empregará US$ 10,5 bilhões de recursos próprios e terá de tomar, no mercado, US$ 18,1 bilhões, dos quais o BNDES responderá por quase dois terços, ou US$ 11,9 bilhões. Mais de US$ 5 bilhões virão de um pool de bancos privados. Para 2010, quando a empresa terá de ir ao mercado para obter US$ 18,9 bilhões, o BNDES deverá comparecer com até US$ 10 bilhões, se faltarem fontes alternativas - afirma o seu diretor-financeiro, Almir Barbassa.

A estatal terá prazo de 30 anos para pagar ao banco. Apenas em 2009 o BNDES destinará à Petrobrás mais de 25% de toda a verba adicional de R$ 100 bilhões recentemente anunciada pelo governo. E, se tiver que atender às necessidades da estatal até 2010, comprometerá metade dos seus novos recursos.

O especialista em energia Adriano Pires, do Centro Brasileiro de Infra-Estrutura (Cbie), considerou o plano 2009-2013 um exercício acadêmico. "Politicamente, o governo deve cumprir o papel de anunciar à sociedade que a crise não afetou a Petrobrás", disse ele. Outro analista, Giuseppe Bacoccoli, pesquisador da Coppe, da UFRJ, enfatizou que o governo federal quer transmitir à sociedade, "por meio da estatal, que o momento é de investir mais".

Os investimentos da Petrobrás em exploração e produção - de US$ 104,6 bilhões - representam 60,7% mais do que os US$ 65,1 bilhões do plano anterior. Neste item, os dois grandes destaques são os investimentos no pré-sal, de US$ 28 bilhões, e em gás natural, que passam de US$ 6,7 bilhões para US$ 11,8 bilhões (+76,1%), evidenciando que o Brasil pretende se tornar autossuficiente. Para o abastecimento - que inclui as refinarias de Pernambuco e do Maranhão e o complexo petroquímico Comperj - estão previstos US$ 43,4 bilhões, 46,6% mais do que os US$ 29,6 bilhões do quinquênio anterior.

Os planos da Petrobrás preveem uma produção de 2,68 milhões de barris de petróleo por dia em 2013, passando a 3,34 milhões em 2015 e a 3,92 milhões em 2020. Do pré-sal virão 219 mil barris/dia, em 2013, e 518 mil barris/dia, em 2015, chegando a 1,81 milhão de barris/dia, em 2020.

O plano foi debatido pelos diretores da Petrobrás com o presidente Lula, no Palácio do Planalto, na presença da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. A sua motivação política é evidente.

Os diretores da Petrobrás justificam a visão otimista que nele transparece com o fato de que são investimentos de longo prazo, que não devem levar em conta dados de conjuntura, como a queda dos preços do petróleo e a escassez de crédito no mercado internacional.

O presidente da Petrobrás, Sérgio Gabrielli, procurou ser ainda mais otimista, afirmando que houve uma desaceleração geral dos custos na área do petróleo - por exemplo, do transporte da commodity - e que a estatal pretende se beneficiar disso, pagando menos pelos insumos que comprará.

Em seus planos, a Petrobrás trabalhou com um preço do petróleo tipo Brent de US$ 40 o barril em 2010, muito próximo do preço corrente. Neste caso, a estatal foi prudente, pois é provável que os preços se recuperem quando a economia mundial retomar o crescimento - mas não há prazo para isto.

Um analista, Eduardo Roche, do Modal Asset, observou que a Petrobrás "está indo na contramão das empresas do setor de commodities, que estão reduzindo seus investimentos". O aspecto mais negativo da política da Petrobrás é que ela só pode ser executada com o apoio indireto do Tesouro, que venderá títulos para capitalizar o BNDES, que só assim terá recursos, em 2009 e 2010, para emprestar à Petrobrás. E, se o BNDES cobrar da estatal um juro inferior ao que o Tesouro paga para colocar seus títulos, haverá um custo a mais para os contribuintes.

O computador na sala de aula

No site do Estadão, você encontra um conjunto de matérias sobre o uso do computador na escola. Vale a pena dar uma espiada para conferir o tamanho do desafio brasileiro nessa área. Acesse aqui.

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Marcelo Coelho e os neocons

Marcelo Coelho é um dos melhores colunistas de nossa imprensa. Há anos, exceto no período de férias, toda quarta-feira publica um bom artigo no caderno "Ilustrada" do jornal Folha de São Paulo. Leio-o sempre. Os seus textos esbanhjam inteligência, sensibilidade e lucidez crítica. Você os lê com prazer. Bueno, talvez por isso mesmo, ele vem sendo desancado pelo Reinaldo Azevedo, o ícone dos neocons brasileiros. E tem respondido com elegância aos ataques do parajornalista da revista Veja. Acesse o blog do Marcelo aqui e tome pé dessa pequena batalha.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Gaza - a posição de José Genoíno

José Genoíno, um dos melhores parlamentares que o PT já teve em toda a sua história, assinou documento contrariando a desastrada posição da direção do partido sobre o conflito na faixa de Gaza. Em um texto, publicado no site do partido, o deputado (acesse aqui sua página) reforça o seu posicionamento. Vale a pena ler!

Gaza - não existe um terror menor que outro

A política externa do governo Lula é baseada na não-intervenção, na paz, no multilateralismo e na busca de solução negociada para os conflitos e não tem se omitido diante de nenhum fato importante no mundo nestes últimos 6 anos.

Isto está na base da orientação que o governo tem adotado frente aos acontecimentos em Gaza. A posição clara do Brasil em condenar a invasão israelense e em invocar o cessar fogo, somadas a iniciativas concretas - como a recente viagem do ministro Celso Amorim ao Oriente Médio - demonstram a mudança de rumo do Itamaraty sob o comando do governo Lula.

Os críticos desta viagem não compreendem que a diplomacia não é só elaboração de notas ou a defesa deste ou daquele setor comercial. A miopia, o preconceito e o sectarismo impedem que alguns analistas da mídia e setores da oposição percebam o sentido estratégico deste tipo de ação. Missões como esta não podem ser avaliadas pelo seu resultado imediato. É um processo! Por isso, seu sucesso ou seu fracasso só podem ser mensurados dinamicamente. É o Brasil construindo uma posição de prestígio no cenário mundial, já visíveis no crescimento das relações comerciais com os países árabes e na intensificação das relações com o Estado de Israel.

É importante, na condenação à ação militar israelense na Faixa de Gaza e a suas bárbaras consequências, reafirmarmos referenciais e valores já estabelecidos na política internacional do PT ao longo destes 28 anos. A legitimidade histórica, institucional e legal do estado de Israel e a defesa incondicional da criação do estado palestino, bem como a condenação de qualquer tipo de ação terrorista fazem parte, há muito tempo, do programa petista.

Nenhuma ação terrorista pode justificar a barbárie, a violência, a destruição e os assassinatos de civis, noticiados nos últimos dias pela imprensa mundial. Da mesma forma, não se pode estabelecer níveis proporcionais ou fazer comparações para ações bárbaras. Nossa repulsa à barbárie não depende do seu tamanho ou da magnitude, porque não existe um terror menor que outro. Por outro lado, em minha opinião, não é correto equiparar o que foram as práticas nazistas com as atitudes dos militares israelenses e isso não deve fundamentar nosso repúdio às atitudes de Israel em Gaza. Até porque setores da sociedade israelense como intelectuais e entidades de defesa dos direitos humanos, se mobilizam e se articulam na defesa do cessar fogo e na denúncia da crueldade de algumas ações do Exército de Israel.

Para concluir, não é demais lembrar que os conflitos no Oriente Médio são historicamente complexos, de difícil solução. A conquista da paz naquela região exige dos líderes e da opinião pública mundial, dos partidos políticos e da sociedade muita determinação e vontade política. Só assim construiremos uma ordem mundial justa, pacífica e democrática.

José Genoino é deputado federal pelo PT-SP

O PT desliza na maionese em relação à Israel

Que viceja em certos ambientes da auto-proclamada esquerda brasileira um mal-disfarçado anti-semitismo, essa é uma constatação que qualquer pessoa mais crítica pode chegar ao ler os posicionamentos produzidos a respeito do conflito entre Israel e palestinos. Não é raro, mesmo aqui na Universidade, ouvir colegas proferindo boutades ao expressar sua solidariedade aos palestinos. Sempre reajo a isso e digo-lhes que nenhuma solidariedade pode ser fundamentada na negação radical do outro, como é o caso do anti-semitismo. Pois não é que o Partido dos Trabalhadores, em nota publicada no dia 04 de janeiro (leia-a aqui), desliza para uma posição que pode alimentar o anti-semitismo já existente em alguns (poucos, felizmente) de seus militantes. Basta chamar a atenção para o fato de que a existência do Estado de Israel não é ali claramente defendida. Em reação a essa pisada de bola, um grupo de destacados militantes e dirigentes do partido publicou uma carta à direção partidária colocando as coisas nos seus devidos termos. É irretocável! Leia-a abaixo.

Ao companheiro Ricardo Berzoini,
Presidente Nacional do PT,

Nós aqui subscritos, na qualidade de militantes do PT profundamente consternados com a tragédia que vem se desenrolando no Oriente Médio e com o número crescente de vítimas, inclusive de crianças, gostaríamos de manifestar publicamente desacordo com o teor da nota do Partido sobre o conflito, divulgada a 4 de janeiro corrente.

Em nossa visão, a nota posiciona equivocadamente o PT em relação a um conflito de notável complexidade, devido, em síntese, aos seguintes pontos:
i. ignora a posição histórica do Partido, que sempre se pautou pela defesa da coexistência pacífica dos povos;
ii. banaliza e distorce o fenômeno histórico do nazismo;
iii. não registra a necessária condenação ao terrorismo;
iv. não afirma o reconhecimento do direito de existência de Israel negado pelo Hamas;
v. não se coaduna com a posição equilibrada assumida pelo governo brasileiro sobre a questão; e
vi. queima, ao invés de construir, pontes para o entendimento.

Estamos convictos de que o Brasil, conforme propõe o Governo Lula e com base na convivência exemplar das duas comunidades em sua sociedade, pode contribuir para o engajamento das partes na busca de uma paz duradoura, baseada na coexistência pacífica de um Estado Palestino viável e próspero e de um Estado de Israel definitivamente seguro.

Nosso partido pode desempenhar um papel importante no aprofundamento do debate e na defesa, junto às partes e à sociedade brasileira, do caminho do cessar-fogo imediato e do desbloqueio da entrada de ajuda humanitária.

Alberto Kleiman

Alexandre Padilha

Alfredo Schechtman

Aloizio Mercadante

Ana Copat Mindrisz

Carlos Minc Baumfeld

Clara Ant

Denise Rosa Lobato

Diogo de Sant’Ana

Edna Cassimiro

Esther Bemerguy de Albuquerque

Fernando Haddad

Fernando Kleiman

Itajaí Oliveira de Albuquerque

Ivo Bucaresky

Ivone de Santana

Jaques Wagner

José Genoino

Luciano Pereira da Silva

Marcelo Behar

Marcelo Zero

Marcos Damasceno

Maria Luíza Falcão

Marta Suplicy

Mauricio Mindrisz

Nadia Somekh

Paul Israel Singer

Paulo Moura

Paulo Vannuchi

Pedro Vieira Abramovay

Rômulo Paes de Sousa

Sergio Gusmão Suchodolski

Suzanne Serruya

Tarso Genro

Thiago Melamed de Menezes

Vitor Sarno

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

LEITURAS DE FÉRIAS I

De férias, após um ano díficil e de muita labuta, devoro livros que fui guardando na estante para um futuro que, parece-em agora, chegou faz um tempão. E Kilder Barbosa, amigo do presente e dos velhos tempos, empresta-me algumas obras de leitura obrigatória. Foi o caso de "Conversa na Catedral", de Mário Vargas Llosa. Trata-se de um dos maiores romances da literatura latino-americano. No cruzamento de diversas trajetórias e de diversas conversas, especialmente àquelas que têm como lócus o bordel "Catedral", um painel da vida social e política peruana das décadas de 40, 50 e 60. Mas isso é pouco, quase nada, para descrever o grande livro. Na descrição dos personagens e dos cenários, o autor vai desenhando os dramas, expectativas e fracassos de todos nós homens e mulheres mergulhados tardiamente na modernidade no extremo ocidente. É um daqueles livros que, após iniciada a leitura, você não consegue mais sossego enquanto não termina.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Um artigo impecável do Delfim Netto

Mesmo de férias, fico bisbilhotando os jornais na internet. E não me seguro e termino postando algo. Lendo o jornal Folha de São Paulo, de hoje, deparei-me com um artigo do ex-ministro Delfim Netto. O articulista é alguém a quem, nos anos setenta e oitenta, odiávamos com fervor. O tempo mudou, nós também e, acredito, o Delifim também. Os seus artigos, coisa rara hoje em dia, expressam lucidez e espírito crítico. Leia abaixo trechos do artigo.

ANTONIO DELFIM NETTO

Defesa nacional


O PREÂMBULO da Constituição informa que o povo brasileiro (por seus representantes livremente eleitos) reuniu-se para instituir um Estado democrático destinado a assegurar a sua liberdade, a sua segurança, o seu bem-estar e o seu desenvolvimento com igualdade e justiça... comprometido, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias.
(...)
Os últimos 20 anos mostraram: 1º) a desaparição da bipolaridade criada pela Guerra Fria entre EUA e URSS e o grave descumprimento por parte das potências atômicas da promessa de desmontagem de seus arsenais; 2º) a deplorável ineficiência do controle da proliferação atômica, o que tornou incômoda a situação dos países que, como o Brasil, acreditaram nela e a respeitaram. Sob a hipótese de "racionalidade", não sabemos com certeza se a proliferação aumenta ou reduz a probabilidade de conflito (teorema de Brito-Intriligator); 3º) o surpreendente retorno do barbarismo. Temos hoje dez disputas armadas graves no Mundo, e 4º) os riscos produzidos pela "inovação" financeira internacional desregulada, o que prova que há armas de destruição em massa tão sutis quanto as atômicas...
Aceitem ou não nossos estruturais pessimistas, o Brasil já é, com seus defeitos e virtudes, importante protagonista deste mundo incerto. É tempo, portanto, de construir -tanto quanto seja possível- pelo menos três autonomias: a alimentar, a energética e a militar. E construí-las harmonizando-as com os valores e objetivos constitucionais.
(...)
É a compreensão dessa profunda interação entre as três autonomias que dá singular importância à Estratégia Nacional de Defesa, que o governo acaba de apresentar à nação. Ela merece ser cuidadosamente escrutinada. A ligação entre ciência, tecnologia e indústria com a defesa nacional que ela propõe será fator importante e decisivo para o Brasil cumprir bem o seu destino.



ASSINANTE DA FOLHA OU DO UOL LÊ O ARTIGO COMPLETO AQUI.

PAUSA NO BLOG. FÉRIAS, FINALMENTE!

Desde o dia primeiro, estou curtindo um pequeno descanso. Umas merecidas férias de uns quinze a vinte dias. Depois, volto com toda a garra. E aproveito para desejar aos que aqui transitaram (e que, se os deuses me forem favorável, voltarão a fazer o mesmo neste ano que se inicia), amigos de verdade, um 2009 de paz e saúde. É o que importa, pois, acredite, todo o resto a gente corre atrás.