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sexta-feira, 14 de agosto de 2009
A pós-graduação em Sociologia no Brasil: uma avaliação
Em palestra proferida no Fórum sobre "Política Científica e Ciências Humanas", ocorrido no último pelo Congresso da SBS, o Presidente da CAPES, Profº Jorge Guimarães, apresentou um "estado da arte" da área. Naquela oportunidade, o dirigente afirmou que, comparativamente às outras disciplinas das ciências humanas, a sociologia tem alcançado um status de "ciência madura". Acesse aqui as transparências da referida palestra.
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sábado, 8 de novembro de 2008
O anarquismo de parque infantil e o boicote ao ENADE
Nesta semana, em meio a correria de sempre, participei de duas atividades relacionadas ao ENADE aqui na UFRN. Na primeira, convidado que fui pela Professora Irene Alves de Paiva, coordenadora do curso de Ciências Sociais, encontrei-me com os estudantes do curso selecionados para fazerem a prova do ENADE. Lá, na companhia da Professora Ormízia, da Pró-Retoria de Graduação, tivemos uma boa conversa sobre o exame. E a professora deu um show. Apresentou slides explicativos sobre a prova, fez uma análise técnica detalhada e tentou convencer os alunos da importância de sua participação. Segui, com menos competência, os seus passos. Os estudantes, com uma única exceção, mostraram-se decididos a fazer a prova. O estudante que discordava, um calouro, falou que o ENADE era “autoritário” e atendia aos “interesses do capital”. Finalizou pregando o “boicote” (no caso, comparecer ao local e não responder nenhuma questão da prova).
Na segunda atividade, um debate promovido pelo CONLUTE, tive o prazer da companhia do Professor Antônio Lisboa, dirigente do ANDES. O colega também chamou a atenção, com mais argumentos, sobre a insuficiência do ENADE. Tentou ajuntar elementos para demonstrar que, por trás da proposta de avaliação do ensino superior, encontra-se em marcha um perigoso processo de padronização da educação superior brasileira e a sua adequação aos ditames dos interesses do "capitalismo globalizado". Também Lisboa, em comum acordo com a maior parte do público presente, propôs o boicote ao ENADE.
Neste segundo evento, ouvi afirmações sobre o "autoritarismo" do MEC ao condicionar, para os selecionados a fazerem a prova, a concessão do diploma a participação no exame. A alternativa proposta era, digamos, cândida: deveria participar do exame quem quisesse. Como, aliás, já está ocorrendo nas salas de aulas de nossas universidades estatais (dizer que elas são públicas, acho eu, é, hoje, meio temerário): em muitos cursos, menos da metade dos matriculados realmente freqüentam as aulas. Mas até o Professor Lisboa achou que essa atitude “tolerante” e “não-autoritária” seria a mais coerente com a “autonomia universitária”.
Se você conseguiu ler este post até aqui, deve estar rindo. Mas, por favor, não ria: esse tipo de discurso ainda encontra um público bem razoável em nossas universidades . Não por acaso, a própria UNE, que foi contra o provão na era FHC, volta à carga e se coloca também a favor do boicote. A presidente da UNE, leio no site do UOL, afirma com a maior tranqüilidade que, sim, o ENADE é “insuficiente”.
Visto assim, parece que o boicote vai ser um sucesso. ANDES, UNE, CONLUTE, PSOL, PCdo B, PSTU e congêneres embarcaram alegremente nessa “construção” (o termo “construção do boicote” foi pronunciado muitas vezes no debate promovido pelo CONLUTE!). Há um caldo de cultura favorável a isso, não apenas porque ninguém gosta de ser avaliado, mas, e aí adianto uma posição talvez um tanto conservadora, porque parece predominar, nos tempos que correm, uma certa atitude de irresponsabilidade e desrespeito aos interesses coletivos entre os nossos estudantes universitários. Tudo se passa como se, de uma hora para outra, todos tivessem se convertido ao anarquismo. Mas não se trata mais da velha consigna de “se hay gobierno, soy contra”, mas, sim, de algo aparentemente mais radical: “se há normas, sou contra”. Ou melhor: as regras têm que se submeter ao que é melhor para mim, para minha individualidade. Esse suposto anarquismo, de que se alimentam agora velhos atores de uma esquerda também velha (nas suas práticas e visões de mundo), é a expressão mais pura de uma geração mimada para quem todas as normas sociais são opressivas e intolerantes.
O corolário do acima exposto são aquelas indagações tão profundas e radicais quanto brincar no parquinho do condomínio: “que história é essa de prova, cara?”, “Prova não prova nada”... Quando perguntados se são contra todo e qualquer tipo de avaliação, respondem prontamente: “não!, mas a gente quer uma avaliação que leve em conta o que a gente pensa...” E o que “pensam”? Que a avaliação tem que levar em conta a realidade. E por aí vai...
Bom, mas as avaliações propostas não visam exatamente tal objetivo? Alguma vezes, incauto, ouso questionar. E, via de regra, tenho uma resposta fantástica : “não ouviram a gente prá montar o ENADE...” E a conversa pode prosseguir por horas, caso você tenha paciência para tanto.
Voltando aos meus debates, aproveito para afirmar que não sou masoquista. Vou para esses encontros de alma aberta e, juro!, aprendo muito. E, não raro, sou surpreendido com informações preciosas e algumas análises muitos instigantes. Foi o que eu ouvi de um dirigente do Centro Acadêmico do curso de História da UFRN. Henrique, se não me engano, é o nome dele. Apresentou um quadro da irresponsabilidade coletiva de estudantes e professores das universidades estatais brasileira com muita precisão e acuidade. Valeu a noite...
Mas o ENADE, que não é uma política de governo, mas, sim, uma ação de Estado, vai ser realizado. Os estudantes das instituições privadas estão sendo estimulados a participar, os seus colegas das públicas a boicotar. Quando os resultados saem, e a mídia promove uma hierarquia das instituições com base nos resultados do “exame”, os impávidos militantes se regozijam: “tão vendo? O Enade é para fazer o jogo das particulares...”. Mais uma vez, infelizmente, os estudantes que seguirem os grupos políticos identificados com as siglas mais acima identificadas terão contribuído para prejudicar o sistema público de ensino que dizem defender. Por que? Porque, sabemos todos, a avaliação é fundamental. É, na verdade, o que alimenta esse sistema. E o SINAES, com todas as limitações próprias de qualquer sistema avaliativo, é uma das melhores ferramentas avaliativas já produzidas na educação brasileira.
Na segunda atividade, um debate promovido pelo CONLUTE, tive o prazer da companhia do Professor Antônio Lisboa, dirigente do ANDES. O colega também chamou a atenção, com mais argumentos, sobre a insuficiência do ENADE. Tentou ajuntar elementos para demonstrar que, por trás da proposta de avaliação do ensino superior, encontra-se em marcha um perigoso processo de padronização da educação superior brasileira e a sua adequação aos ditames dos interesses do "capitalismo globalizado". Também Lisboa, em comum acordo com a maior parte do público presente, propôs o boicote ao ENADE.
Neste segundo evento, ouvi afirmações sobre o "autoritarismo" do MEC ao condicionar, para os selecionados a fazerem a prova, a concessão do diploma a participação no exame. A alternativa proposta era, digamos, cândida: deveria participar do exame quem quisesse. Como, aliás, já está ocorrendo nas salas de aulas de nossas universidades estatais (dizer que elas são públicas, acho eu, é, hoje, meio temerário): em muitos cursos, menos da metade dos matriculados realmente freqüentam as aulas. Mas até o Professor Lisboa achou que essa atitude “tolerante” e “não-autoritária” seria a mais coerente com a “autonomia universitária”.
Se você conseguiu ler este post até aqui, deve estar rindo. Mas, por favor, não ria: esse tipo de discurso ainda encontra um público bem razoável em nossas universidades . Não por acaso, a própria UNE, que foi contra o provão na era FHC, volta à carga e se coloca também a favor do boicote. A presidente da UNE, leio no site do UOL, afirma com a maior tranqüilidade que, sim, o ENADE é “insuficiente”.
Visto assim, parece que o boicote vai ser um sucesso. ANDES, UNE, CONLUTE, PSOL, PCdo B, PSTU e congêneres embarcaram alegremente nessa “construção” (o termo “construção do boicote” foi pronunciado muitas vezes no debate promovido pelo CONLUTE!). Há um caldo de cultura favorável a isso, não apenas porque ninguém gosta de ser avaliado, mas, e aí adianto uma posição talvez um tanto conservadora, porque parece predominar, nos tempos que correm, uma certa atitude de irresponsabilidade e desrespeito aos interesses coletivos entre os nossos estudantes universitários. Tudo se passa como se, de uma hora para outra, todos tivessem se convertido ao anarquismo. Mas não se trata mais da velha consigna de “se hay gobierno, soy contra”, mas, sim, de algo aparentemente mais radical: “se há normas, sou contra”. Ou melhor: as regras têm que se submeter ao que é melhor para mim, para minha individualidade. Esse suposto anarquismo, de que se alimentam agora velhos atores de uma esquerda também velha (nas suas práticas e visões de mundo), é a expressão mais pura de uma geração mimada para quem todas as normas sociais são opressivas e intolerantes.
O corolário do acima exposto são aquelas indagações tão profundas e radicais quanto brincar no parquinho do condomínio: “que história é essa de prova, cara?”, “Prova não prova nada”... Quando perguntados se são contra todo e qualquer tipo de avaliação, respondem prontamente: “não!, mas a gente quer uma avaliação que leve em conta o que a gente pensa...” E o que “pensam”? Que a avaliação tem que levar em conta a realidade. E por aí vai...
Bom, mas as avaliações propostas não visam exatamente tal objetivo? Alguma vezes, incauto, ouso questionar. E, via de regra, tenho uma resposta fantástica : “não ouviram a gente prá montar o ENADE...” E a conversa pode prosseguir por horas, caso você tenha paciência para tanto.
Voltando aos meus debates, aproveito para afirmar que não sou masoquista. Vou para esses encontros de alma aberta e, juro!, aprendo muito. E, não raro, sou surpreendido com informações preciosas e algumas análises muitos instigantes. Foi o que eu ouvi de um dirigente do Centro Acadêmico do curso de História da UFRN. Henrique, se não me engano, é o nome dele. Apresentou um quadro da irresponsabilidade coletiva de estudantes e professores das universidades estatais brasileira com muita precisão e acuidade. Valeu a noite...
Mas o ENADE, que não é uma política de governo, mas, sim, uma ação de Estado, vai ser realizado. Os estudantes das instituições privadas estão sendo estimulados a participar, os seus colegas das públicas a boicotar. Quando os resultados saem, e a mídia promove uma hierarquia das instituições com base nos resultados do “exame”, os impávidos militantes se regozijam: “tão vendo? O Enade é para fazer o jogo das particulares...”. Mais uma vez, infelizmente, os estudantes que seguirem os grupos políticos identificados com as siglas mais acima identificadas terão contribuído para prejudicar o sistema público de ensino que dizem defender. Por que? Porque, sabemos todos, a avaliação é fundamental. É, na verdade, o que alimenta esse sistema. E o SINAES, com todas as limitações próprias de qualquer sistema avaliativo, é uma das melhores ferramentas avaliativas já produzidas na educação brasileira.
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sábado, 9 de agosto de 2008
A volta do boicote
Leia o que foi publicado hoje no blog da jornalista Renata Cafardo, do Estadão. Mais abaixo, o meu comentário.
A volta do boicote
por Renata Cafardo, Seção: Ensino Superior s 11:33:57.
O boicote ressurgiu no último Exame Nacional de Desempenho do Estudante (Enade), cujos resultados foram divulgados nesta semana. Depois de anos de trégua, a União Nacional dos Estudantes (UNE) iniciou em 2007 um movimento contra o exame. "Enade, uma avaliação pela metade" foi o slogan da campanha contra a prova feita pelo Ministério da Educação (MEC) desde 2004. A avaliação subsitituiu o Provão, seguidamente boicotado por milhares de estudantes - o bordão era "O Provão não prova nada" - enquanto existiu.
O argumento para o boicote foi o de que o governo estava, como fazia na época do Provão, focando a avaliação do ensino superior no aluno. Ou seja, as instituições continuavam a ser julgadas apenas pela nota que o estudante tirava no Enade, deixando com peso menor a estrutura, os professores, o currículo do curso.
Pelo menos em um curso importante do Estado, o boicote pegou. A tradicional Medicina da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) teve conceito 3 no Enade. A avaliação vai de 1 a 5 e a antiga Escola Paulista de Medicina ficou a um pulinho de integrar o grupo dos "piores do País", aqueles que tiveram conceito 1 e 2. “Os alunos não percebem que, assim, prejudicam a própria instituição na qual estudam, porque processos avaliativos são importantes, inclusive para nós mesmos”, disse o pró-reitor de graduação da Unifesp, Luiz Eugênio Mello.
Quase como uma resposta à UNE, o MEC criou neste ano mais uma nota que faz parte da avaliação, chamado de conceito preliminar de curso. Ele é composto pela nota dos alunos no Enade, pelo índice que mostra quanto a instituição agregou ao aluno durante o curso (chamado IDD) e ainda itens como a titulação de professores e a opinião dos estudantes sobre o curso. Todos os 508 cursos que tiveram conceitos 1 e 2passarão por vistoria in loco do governo.
Comentário:
Conheço essa história de perto. Em 2005, os estudantes de ciêcias sociais, quando do Enade do curso,boicotaram-no por ser, segundo alguns deles, "expressão da política neoliberal (sic)" do Governo Lula. É uma postura irresponsável que só contribui para prejudicar a própria instituição dos estudantes. E é uma burrice também: quando as notas são divulgadas, quem se lembra do boicote? O filme que fica queimado é mesmo o dos estudantes...
A volta do boicote
por Renata Cafardo, Seção: Ensino Superior s 11:33:57.
O boicote ressurgiu no último Exame Nacional de Desempenho do Estudante (Enade), cujos resultados foram divulgados nesta semana. Depois de anos de trégua, a União Nacional dos Estudantes (UNE) iniciou em 2007 um movimento contra o exame. "Enade, uma avaliação pela metade" foi o slogan da campanha contra a prova feita pelo Ministério da Educação (MEC) desde 2004. A avaliação subsitituiu o Provão, seguidamente boicotado por milhares de estudantes - o bordão era "O Provão não prova nada" - enquanto existiu.
O argumento para o boicote foi o de que o governo estava, como fazia na época do Provão, focando a avaliação do ensino superior no aluno. Ou seja, as instituições continuavam a ser julgadas apenas pela nota que o estudante tirava no Enade, deixando com peso menor a estrutura, os professores, o currículo do curso.
Pelo menos em um curso importante do Estado, o boicote pegou. A tradicional Medicina da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) teve conceito 3 no Enade. A avaliação vai de 1 a 5 e a antiga Escola Paulista de Medicina ficou a um pulinho de integrar o grupo dos "piores do País", aqueles que tiveram conceito 1 e 2. “Os alunos não percebem que, assim, prejudicam a própria instituição na qual estudam, porque processos avaliativos são importantes, inclusive para nós mesmos”, disse o pró-reitor de graduação da Unifesp, Luiz Eugênio Mello.
Quase como uma resposta à UNE, o MEC criou neste ano mais uma nota que faz parte da avaliação, chamado de conceito preliminar de curso. Ele é composto pela nota dos alunos no Enade, pelo índice que mostra quanto a instituição agregou ao aluno durante o curso (chamado IDD) e ainda itens como a titulação de professores e a opinião dos estudantes sobre o curso. Todos os 508 cursos que tiveram conceitos 1 e 2passarão por vistoria in loco do governo.
Comentário:
Conheço essa história de perto. Em 2005, os estudantes de ciêcias sociais, quando do Enade do curso,boicotaram-no por ser, segundo alguns deles, "expressão da política neoliberal (sic)" do Governo Lula. É uma postura irresponsável que só contribui para prejudicar a própria instituição dos estudantes. E é uma burrice também: quando as notas são divulgadas, quem se lembra do boicote? O filme que fica queimado é mesmo o dos estudantes...
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quinta-feira, 7 de agosto de 2008
Os cursos de medicina das particulares vão mal
A Folha de São Paulo de hoje, em matéria construída a partir dos dados do último ENADE (o exame nacional dos estudantes, feito pelo MEC através do INEP), chama a atenção para uma situação preocupante: um em cada médico deste país está sendo formado (no caso, não formado) em cursos ruins. E pensar que essas faculdades que ofertam ensino de qualidade duvidosa cobram mensalidades caríssimas! Logo, logo, as pessoas vão começar a levar em conta, na escolha do seu médico, a informação sobre a instituição que o formou. O drama é que, rejeitados pelo mercado, esses profissionais de segunda categoria certamente irão parar no serviço público (onde há sempre carência de profissionais) e aí quem irá pagar o pato serão os de sempre: os mais pobres. Por que o MEC não fecha esses cursos? Ora, a maioria deles funcionam em instituições cujos proprietários têm força política considerável (são parlamentares ou "têm" seus parlamentares). Ninguém quer, verdadeiramente, meter a mão nesse vespeiro. Voltarei ao assunto outra hora.
Assinante UOL lê a matéria aqui.
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