Mostrando postagens com marcador Globalização. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Globalização. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Morre Samuel P.Huntington

Morreu ontem Samuel Huntington. Historiador competente, Huntigton era um analista arguto e provocador. Conservador, situava-se politicamente bem mais à direita do que a maioria dos intelectuais bem pensantes que fazem sucesso no universo acadêmico. Foi autor, dentre outros, do livro Choque de civilizações, leitura obrigatória para quem se interessa pelo debate a respeitos dos impactos sociais e culturais da globalização. Huntington travou, no início desta década, um interessante debate a respeito da globalização com o sociólogo inglês Anthony Giddens. Esse debate foi lançado em livro e se encontra traduzido para o português. Leia abaixo, em espanhol, publicada no El País, sobre o analista.





Samuel Huntington, el gran valedor de la idea de Occidente
Fernando Vallespín

La labor de los científicos sociales no se limita a acumular conocimientos sobre la realidad social para luego ponerla al servicio de la sociedad. Su dimensión más notable consiste en que, a través de su trabajo, la sociedad pueda tomar después conciencia de sí, contribuir a la autocomprensión colectiva. Ésta es la función en la que siempre destacó la obra de Samuel Huntington, y quizá por ello fue valorado por sus pares como el politólogo número uno del mundo. Su impacto siempre se ha medido así más por la forma en la que sus teorías ayudaron a crear una determinada imagen del mundo en la que vernos reflejados que por la sofisticación de sus análisis sociopolíticos.

De su extensa obra -centrada sobre todo en temas como la democratización, las relaciones entre los poderes civil y militar, el desarrollo político o la política comparada-, hay dos libros que dejaron una importante huella en la ciencia política y en nuestra visión de nosotros mismos. El primero, La tercera ola (1991), aborda los procesos de democratización habidos durante los años setenta en el sur de Europa y América Latina. Lo peculiar del análisis de Huntington reside en resaltar la importancia de la "influencia exterior" sobre los países que entonces comenzaron su proceso de transición democrática. En particular, de Estados Unidos u otros países democráticos desarrollados, que por aquellas fechas harían de la democratización una de las señas de identidad de su política exterior.

El segundo ya es bien conocido por el gran público, El choque de civilizaciones (1996), que tiene su origen en un artículo con el mismo título publicado en 1993 en el Journal of Foreign Affairs. Su tesis básica es que el orden mundial se construye sobre diferencias culturales, no sobre ideologías, y es aquí, en el enfrentamiento entre esas disensiones culturales, donde se encuentra la sede de los conflictos del presente y del futuro. Dichas diferencias no pueden aspirar, en principio, a una aminoración desde supuestos principios compartidos. Lo que prevalece en el mundo es una radical inconmensurabilidad entre diferentes órdenes culturales o "civilizaciones", construidas a partir de diferentes principios religiosos, que no se dejan domar por el recurso a valores con eficacia universal. El particularismo y las diferencias culturales estarían ahí para quedarse.

La preocupación fundamental de Huntington no reside en afirmar una supuesta superior capacidad de Occidente por haber sido capaz de vislumbrar principios dotados de valor universal.

Su interés es exclusivamente estratégico. No se trata de extender el "universalismo occidental" a otros lugares del mundo. Lo que se busca es más bien lo contrario: que la protección de la identidad y seguridad de Occidente -sus "intereses de civilización"- no se vea amenazado por los dos movimientos que supuestamente más lo desafían: el afán por intervenir en áreas culturales distintas a la occidental para potenciar los derechos humanos. Y, en segundo lugar, el continuo proceso de "multiculturización" interna.

El multiculturalismo en Europa y Estados Unidos se vislumbra como la gran amenaza para la estabilidad de un bloque cultural en conflicto potencial con otros bloques culturales.

El objetivo reside más bien en estabilizar y reforzar la identidad cultural de Occidente en unos momentos de un supuesto declive del credo cristiano, su mayor factor de cohesión cultural. De lo que se trata, pues, es de aceptar la multiculturalidad en el ámbito externo y en negarla hacia dentro, en el propio interior de la cultura occidental. Esto último salió claramente a la luz en su último libro, ¿Quiénes somos? (2004), donde aborda el desafío que la inmigración latina está planteando a la identidad nacional estadounidense.

Samuel Huntington pasará a la historia, sin embargo, por haber explicitado en forma de tratado científico la necesidad de mantener una oposición casi existencial entre Occidente e islam, algo de lo que tomaron buena nota los neocons y la Administración del ya casi ex presidente George Bush.

Fernando Vallespín es catedrático de Ciencia Política y de la Administración en la Universidad Autónoma de Madrid.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Os limites da globalização


Africanos presos pela polícia espanhola quando tentavam adentrar o velho continente. Com o acirramento da crise, cresce a xenofobia e a agressividade das políticas anti-imigração. E as análises de Zigmunt Bauman sobre os limites da globalização tornam-se mais e mais referentes para a apreensão do nosso presente.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

A crise e o mundo em descontrole

Com o título "Um mundo em descontrole", postei, há alguns dias, um artigo, publicado no EL PAÍS, de autoria do Professor Daniel Innerarity, da Universidade de Zaragoza. Pois bem, recebi o Ex-Blog do César Maia e nele uma parte do interessante artigo está traduzido para o português. Para facilitar a sua leitura, transcrevo o artigo mais abaixo, alertando sempre que a tradução e organização do artigo é de responsabilidade daquele "ex-blog".


1. A idéia de um mundo interconectado, que nos serviu de lugar comum para designar a realidade da globalização, implica, em princípio, um mundo de responsabilidade limitada, porque não difunde o abertamente irresponsável, sobre o qual não se pode estabelecer nenhum controle e de que ninguém se ocupa.

2. A interconexão significa, por um lado, equilíbrio e contenção mútua, mas também se refere ao contágio, os efeitos em cascata e a amplificação dos desastres, como é o caso da recente crise financeira. O mundo interligado é também esse "mundo atrevido" de que falava Giddens na hora de qualificar os aspectos menos gratos da globalização. No entanto, não sabemos detectar, gestionar e comunicar os riscos globais. A globalização financeira é muito mais frágil do que a comercial.

3. Uma parte dos riscos havia sido dispersa no mercado, de maneira que as instituições financeiras apenas podiam medi-los e estimar seu impacto futuro. Quando o horizonte temporal se estreita e só é levado em conta o interesse mais imediato, é muito difícil evitar que as coisas evoluam catastroficamente. A crise financeira é, em última instância, uma crise de responsabilidade e o procedimento que melhor representou isso foi a extensão dos produtos financeiros, como a titulação (produção das correntes de derivativos), que traduziam a vontade de afastar os riscos até ao infinito, ou seja, aceitar os riscos sem querer assumir suas conseqüências.

4. Tratar-se-ia de algo que poderíamos denominar de "riscos sem riscos". A titulação atuou como um mecanismo global de "irresponsabilização", que disseminava e dissimulava ao mesmo tempo os riscos, tornando opacos os mercados. Este e outros produtos financeiros permitiam evitar ou neutralizar os riscos das operações de empréstimo, transferindo a responsabilidade para os mercados de natureza especulativa. A opacidade dos mercados impedia o controle e tolerava os riscos excessivos, títulos opacos cujos riscos ninguém era capaz de avaliar.

5. A isso se juntaram certas operações de resgate, que serão inevitáveis, mas que não servirão para promover condutas responsáveis. Beneficiaram-se de tais medidas aqueles atores econômicos que podem assumir riscos excessivos sem ter de sofrer as conseqüências das catástrofes em série que sua quebra poderia produzir no resto da economia.

6. Por isso tudo, deve-se limitar a titulação, ou seja, a opacidade dos riscos no mercado de produtos derivados, de maneira a que as dívidas não sejam instrumentos de especulação; responsabilidade dos acionistas, reservando o direito de voto aos que se comprometam de forma estável com a empresa para permitir-lhe conduzir uma verdadeira estratégia; responsabilidade dos Estados, que se devem entender sobre um sistema de paridades estáveis, impedindo, assim, as oscilações violentas de divisas, desconcertantes para os agentes econômicos; e responsabilidade dos bancos centrais.

7. Mas convém não perder de vista que estes compromissos foram conseguidos por meio de uma rede cada vez mais densa de dependências, onde as obrigações perderam visibilidade e nitidez. Ao mesmo tempo, um mundo de crescentes interdependências aumenta também o número de conseqüências das ações que não são fáceis de imputar. Este conjunto de circunstâncias e outras similares justificam a denominação de "irresponsabilidade organizada" (Ulrich Beck) na hora de qualificar nossas sociedades.

(*) Titulação consiste em converter um empréstimo ou um ativo não negociável (participações hipotecárias) num título negociável (bônus denominados hipotecários), etc...

domingo, 23 de novembro de 2008

A “economia da grandeza”: um filão teórico para a análise da globalização

Não raro, as análises sobre a chamada globalização, mesmo aquelas que se pretendem sociológicas, escorregam em duas armadilhas comuns: a denúncia ou o discurso profético. Por isso, o empreendimento sociológico desenvolvido por Luc Boltansky e Laurent Thévenot, centrado na explicitação das gramáticas políticas e dos mundos morais nos quais estão encaixadas as transformações econômicas contemporâneas, é uma alternativa aos lugares-comuns. Unindo pesquisa empírica e refinadas referências teóricas, além de um sofisticado conhecimento filosófico, a “empresa” sociológica dos dois cientistas sociais franceses é um aporte fundamental para os que querem adentrar na seara da análise sociológica da vida econômica. Sem jogar os valores para debaixo do tapete, ou descartá-los como próprios da individualidade ou das normas, como é usual para muitos sociólogos e economistas, Boltansky e Thévenot fazem um exercício radical: tomam os valores que referenciam as práticas para compreender as transações efetuadas entre os atores. A idéia é a de que, especialmente nas disputas desenvolvidos pelos agentes sociais nas mais diversas esferas, estão em jogo valorações de si e dos outros (“grandezas”) que necessitam ser levadas em conta na análise sociológica. Essa “economia da grandeza”, posso afirmar sem medo, é o que há de mais promissor na sociologia contemporânea.

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Wallerstein, Obama e a crise.

O Profesor Ivonaldo Neres Leite, meu amigo e ex-colega, ex-professor da UERN, agora da UFPE, manda-me uma dica de link para uma entrevista com Immanuel Wallerstein. Trata-se de um áudio em inglês. Leia o comentário de Ivonaldo:

É uma abordagem, penso eu, equilibrada, realçando limites e possibilidades e, acima de tudo, compromissada com a análise social autônoma, sem ceder aos holofotes ou as modas acadêmicas. O que não é surpresa para aqueles que, como eu, conhecem o seu tour de force analítico de londa data. Tomei contacto com os seus textos a partir do meu interesse por Fernand Braudel, nos anos juvenis, e desde cedo convenci-me que a interpenetração entre história e sociologia não permite disputa corpotativa entre estes dois campos. Mais tarde, frequentei um seminário dele em Coimbra, por ocasião do Relatório da Gulbekian ("Para Abrir as Ciências Sociais"), e não me decepcionei. A menção feita por ele ao Brasil, na entrevsita, creio que seja algo a ter em conta.


Você pode baixar o áudio aqui.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Um mundo em descontrole

O título do post corresponde ao título de uma obra de Anthony Giddens. Em parte, corresponde ao texto que transcrevo abaixo, publicado hoje no El País. Está em espanhol. Faça um exercício e o leia. Vale a pena! Trata-se de uma discussão sobre a globalização que foge um pouco aos lugares-comuns.


¿Un mundo fuera de control?
Por Daniel Innerarity

La idea de un mundo interconectado, que nos ha servido como lugar común para designar la realidad de la globalización, implica, en principio, un mundo de responsabilidad limitada, cuando no difusa o abiertamente irresponsable, sobre el que no puede establecerse ningún control y del que nadie se hace cargo. La interconexión significa, por una parte, equilibrio y contención mutua, pero también alude al contagio, los efectos de cascada y la amplificación de los desastres, como es el caso de la reciente crisis financiera. El mundo interconectado es también ese "mundo desbocado" del que hablaba Giddens a la hora de calificar los aspectos menos gratos de la globalización.

En el caso concreto de la reciente crisis financiera la irresponsabilidad ha comenzado por la imprevisión. Han funcionado muy mal los sistemas de advertencia y prevención de riesgos. Las autoridades correspondientes han tenido una mala percepción de la gravedad de la crisis. Esta falta de anticipación revela no tanto un problema moral o político cuanto una grave deficiencia cognoscitiva, pues es difícil entender por qué no se sacan las conclusiones lógicas de una historia saturada de burbujas especulativas con consecuencias desastrosas. Tenemos muy reciente la crisis de la nueva economía y no hemos aprendido la lección: entonces se nos anunciaba una nueva era económica muy prometedora. Cuando domina la euforia financiera la hipótesis de una crisis parece lejana y por tanto incapaz de provocar las reacciones que aconsejaría la prudencia. La primera explicación antropológica de esta inadvertencia es que los profetas de las malas noticias no son nunca bienvenidos. Pero hay también una explicación ideológica y es que los defensores de la teoría de la eficiencia financiera llevan mucho tiempo diciendo que el mercado no se equivoca nunca y celebrando "la sabiduría de las masas" (Surowiecki). Y eso desincentiva la creación de instrumentos de regulación.

No sé si es una falta de memoria financiera, como ha dicho alguno, o una ceguera ante el desastre. En cualquier caso, está claro que prevenimos muy mal los desarrollos catastróficos y eso que no andamos faltos de cálculos matemáticos sofisticados. No disponíamos de una cartografía precisa de los riesgos que permitiera anticipar su encadenamiento irracional. Una parte de los riesgos había sido dispersada en el mercado, de manera que las instituciones financieras apenas podían medirlos y estimar su impacto futuro. Cuando el horizonte temporal se estrecha y sólo es tenido en cuenta el interés más inmediato es muy difícil evitar que las cosas evolucionen catastróficamente. Tanto desde el punto de vista informativo como de control, los mecanismos de autorregulación se han revelado como insuficien-tes. Lo que todo esto pone de manifiesto es que no sabemos todavía detectar, gestionar y comunicar los riesgos globales.

La crisis financiera es, en última instancia, una crisis de responsabilidad y el procedimiento que mejor lo ha representado ha sido la extensión de productos financieros como la titulización, que traducían la voluntad de desplazar los riesgos hacia el infinito, es decir, aceptar riesgos sin querer asumir las consecuencias. Se trataría de algo que podríamos denominar como "riesgos sin riesgos". La titulación ha actuado como un mecanismo global de irresponsabilización, que diseminaba y disimulaba a la vez los riesgos, haciendo opacos los mercados. Éste y otros productos financieros permitían evacuar o neutralizar los riesgos de las operaciones de préstamo transfiriendo la carga hacia los mercados de naturaleza especulativa. La opacidad de los mercados impedía el control y toleraba riesgos excesivos, títulos opacos cuyos riesgos nadie era capaz de evaluar. De este modo se ha constituido un mercado financiero global en el que los accionistas minoritarios de las empresas han presionado para obtener unas tasas de rentabilidad cada vez más elevadas. La irrealidad de los intercambios económicos ha revelado que la globalización financiera es mucho más frágil que la globalización comercial.

Todo ello no hubiera sucedido si, al mismo tiempo, no hubiera habido una dejación de responsabilidad por parte de los Estados, de los bancos centrales y las instituciones financieras mundiales. Los dirigentes económicos y financieros han cometido el error de confiar absolutamente en la capacidad autorreguladora de los mercados financieros y han aceptado esta irresponsabilidad de los mercados de crédito, sometidos al mismo modelo de comportamiento que el que funciona en las Bolsas. A esto se han añadido unas operaciones de rescate que serán inevitables pero que no van a servir para promover las conductas responsables. Se han beneficiado de esas medidas aquellos actores económicos que pueden asumir riesgos excesivos sin tener que sufrir las consecuencias en virtud de las catástrofes en serie que su quiebra podría producir en el resto de la economía.

La crisis nos exige construir una nueva responsabilidad financiera, algo que se llevará a cabo más a través del control y la supervisión que mediante la regulación normativa. Nuestros dirigentes deberían comprender que les corresponde poner a los grandes actores económicos y financieros cara a sus responsabilidades: responsabilidad de los prestamistas, limitando la titulización, es decir, la opacidad de los riesgos en el mercado de los productos derivados, de manera que las deudas no sean instrumentos de especulación; responsabilidad de los accionistas, reservando el derecho de voto a quienes se comprometen establemente con la empresa para permitirle llevar una verdadera estrategia; responsabilidad de los Estados que se deben entender sobre un sistema de paridades estables, impidiendo así las oscilaciones violentas de divisas, desconcertantes para los agentes económicos; responsabilidad de los bancos centrales, que deben aceptar someter su gestión a la aprobación de los Estados democráticos, con la preocupación de tomar en cuenta todos los grandes parámetros decisivos para la marcha de las economías: producción, empleo, precios, endeudamiento, saldo presupuestario y saldo exterior.

Pero conviene no perder de vista que estos compromisos han de conseguirse en medio de una red cada vez más densa de dependencias, donde las obligaciones pierden visibilidad y nitidez. Al mismo tiempo, un mundo de crecientes interdependencias aumenta también el número de consecuencias de las acciones que no resultan fáciles de imputar. Este conjunto de circunstancias y otras similares justifican la denominación de "irresponsabilidad organizada" (Ulrich Beck) a la hora de calificar a nuestras sociedades, aunque también cabe preguntarse si no se trata más bien de una falta de organización, de que no hemos sido capaces de organizar socialmente la responsabilidad a la vista de que algunas de esas dinámicas contradicen claramente muchos de nuestros derechos y nuestros deberes. La debilitación del sentido de responsabilidad no es una cuestión que pueda achacarse únicamente a los políticos o a la desafección ciudadana, sino que resulta más bien de esa mezcla de debilidad institucional y fatalismo que caracteriza a nuestros compromisos democráticos. Se pueden organizar muchas cosas para identificar la responsabilidad y transformar dinámicas ciegas en procesos gobernables.

Han cambiado las condiciones en las que se pensaba y ejercía la responsabilidad política. El problema estriba en cómo representar esa responsabilidad en un momento en el que ha perdido evidencia la relación entre mi comportamiento individual (como prestamista, consumidor, accionista, votante o cliente) y los resultados globales. La ilustración de esta nueva articulación entre lo propio y lo común sólo se conseguirá si desarrollamos un concepto de responsabilidad que haga justicia a la actual complejidad social y corresponda a nuestras expectativas razonables de conseguir un mundo que pueda ser gobernado, del que nos hagamos cargo.

Daniel Innerarity es profesor de Filosofía en la Universidad de Zaragoza y autor de El nuevo espacio público.

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Artigo de Boaventura sobre a crise no mercado financeiro

Leia, abaixo, trechos de um artigo de autoria do sociólogo Boaventura de Sousa Santos. Publicado na edição de hoje do jornal Folha de São Paulo, o texto trata da atual crise que assola o mercado financeiro.

O impensável aconteceu
BOAVENTURA DE SOUSA SANTOS


--------------------------------------------------------------------------------
Esta não é a crise final do capitalismo e, mesmo se fosse, talvez a esquerda não soubesse o que fazer dela
--------------------------------------------------------------------------------


A PALAVRA não aparece na mídia dos EUA, mas é disso que se trata: nacionalização.
Perante as falências ocorridas, anunciadas ou iminentes de importantes bancos de investimento, das duas maiores sociedades hipotecárias do país e da maior seguradora do mundo, o governo federal norte-americano decidiu assumir o controle direto de uma parte importante do sistema financeiro.

A medida não é inédita. O governo interveio em outras crises profundas: 1792 (no mandato do primeiro presidente do país), 1907 (o papel central na resolução da crise coube ao grande banco de então, J.P. Morgan, hoje, Morgan Stanley, também em risco), 1929 (a Grande Depressão: em 1933, mil norte-americanos por dia perdiam suas casas para os bancos) e 1985 (crise das associações de poupança e empréstimo). O que é novo na intervenção em curso é sua magnitude e o fato de ela ocorrer ao fim de 30 anos de evangelização neoliberal conduzida com mão-de-ferro em nível global pelos EUA e pelas instituições financeiras por eles controladas, FMI e Banco Mundial: mercados livres e, porque livres, eficientes; privatizações; desregulamentação; Estado fora da economia, porque inerentemente corrupto e ineficiente; eliminação de restrições à acumulação de riqueza e à correspondente produção de miséria social.
(...)

À luz disso, o impensável aconteceu: o Estado deixou de ser o problema para voltar a ser a solução; cada país tem o direito de fazer prevalecer o que entende ser o interesse nacional contra os ditames da globalização; o mercado não é, por si, racional e eficiente, apenas sabe racionalizar a sua irracionalidade e ineficiência enquanto estas não atingem o nível de autodestruição.

Esta não é a crise final do capitalismo e, mesmo se fosse, talvez a esquerda não soubesse o que fazer dela, tão generalizada foi a sua conversão ao evangelho neoliberal. Muito continuará como dantes: o espírito individualista, egoísta e anti-social que anima o capitalismo; o fato de que a fatura das crises é sempre paga por quem nada contribuiu para elas, a esmagadora maioria dos cidadãos.
Mas muito mais mudará. Primeiro, o declínio dos EUA como potência mundial atinge novo patamar. O país acaba de ser vítima das armas de destruição financeira maciça com que agrediu tantos países nas últimas décadas e a decisão "soberana" de se defender foi afinal induzida pela pressão dos seus credores estrangeiros (sobretudo chineses) que ameaçaram com uma fuga que seria devastadora para o atual "american way of life".

Segundo, FMI e Banco Mundial deixaram de ter autoridade para impor suas receitas, pois sempre usaram como bitola uma economia que se revela fantasma. Daqui em diante, a primazia do interesse nacional pode ditar, por exemplo, taxas de juro subsidiadas para apoiar indústrias em perigo (como as que o Congresso dos EUA acaba de aprovar para o setor automotivo).
(...)
Terceiro, as políticas de privatização da segurança social ficam desacreditadas: é eticamente monstruoso acumular lucros fabulosos com o dinheiro de milhões de trabalhadores humildes e abandonar estes à sua sorte quando a especulação dá errado.
Quarto, o Estado que regressa como solução é o mesmo que foi moral e institucionalmente destruído pelo neoliberalismo, o qual tudo fez para que sua profecia se cumprisse: transformar o Estado num antro de corrupção. Isso significa que, se o Estado não for profundamente reformado e democratizado, em breve será, agora, sim, um problema sem solução.
Quinto, as mudanças na globalização hegemônica vão provocar mudanças na globalização dos movimentos sociais e vão certamente refletir-se no Fórum Social Mundial: a nova centralidade das lutas nacionais e regionais; as relações com Estados e partidos progressistas e as lutas pela refundação democrática do Estado; as contradições entre classes nacionais e transnacionais e as políticas de alianças.

BOAVENTURA DE SOUSA SANTOS, 67, sociólogo português, é professor catedrático da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra (Portugal). É autor, entre outros livros, de "Para uma Revolução Democrática da Justiça" (Cortez, 2007).

Assinante UOL lê o artigo completo aqui.

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Globalizações alternativas. Leia na CRONOS.

Foi publicado um novo número da revista CRONOS, do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da UFRN. "Globalizações alternativas", essa a temática central da nova edição. Você pode acessar a revista aqui.