domingo, 23 de novembro de 2008

A “economia da grandeza”: um filão teórico para a análise da globalização

Não raro, as análises sobre a chamada globalização, mesmo aquelas que se pretendem sociológicas, escorregam em duas armadilhas comuns: a denúncia ou o discurso profético. Por isso, o empreendimento sociológico desenvolvido por Luc Boltansky e Laurent Thévenot, centrado na explicitação das gramáticas políticas e dos mundos morais nos quais estão encaixadas as transformações econômicas contemporâneas, é uma alternativa aos lugares-comuns. Unindo pesquisa empírica e refinadas referências teóricas, além de um sofisticado conhecimento filosófico, a “empresa” sociológica dos dois cientistas sociais franceses é um aporte fundamental para os que querem adentrar na seara da análise sociológica da vida econômica. Sem jogar os valores para debaixo do tapete, ou descartá-los como próprios da individualidade ou das normas, como é usual para muitos sociólogos e economistas, Boltansky e Thévenot fazem um exercício radical: tomam os valores que referenciam as práticas para compreender as transações efetuadas entre os atores. A idéia é a de que, especialmente nas disputas desenvolvidos pelos agentes sociais nas mais diversas esferas, estão em jogo valorações de si e dos outros (“grandezas”) que necessitam ser levadas em conta na análise sociológica. Essa “economia da grandeza”, posso afirmar sem medo, é o que há de mais promissor na sociologia contemporânea.

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