terça-feira, 4 de novembro de 2008

Anônimo faz uma análise interesante do resultado eleitoral em Natal

Alguém que não se identificou enviou uma mensagem analisando o resultado das eleições municipais em Natal. Comentou especialmente o posicionamento do PT. A missiva teve como mote um post intitulado O PT nas eleições de Natal: crônica de um desastre anunciado. Transcrevo abaixo o texto.


Caro Edmilson,

Cadu me falou hoje a respeito do teu blog. Os seus textos sobre as eleições municipais são legais. É preciso, apenas, ressaltar uma questão importante - a necessidade de renovação dos quadros do partido. Acredito, em minha vã ignorância que, sem isso, o PT vai ser totalmente engolido por aqui. Segue um texo que eu escrevi dois dias depois das eleições. Foi essa a maneira que encontrei de colocar a minha decepção para fora.

As últimas avaliações de membros da cúpula do PT sobre a derrota nas eleições municipais merecem, no mínimo, algumas análises. As teses levantadas são desenvolvidas em torno dos problemas sobre a coligação feita entre o PT / PMDB e PSB, falta de renovação política dos quadros do partido dos trabalhadores, a fraca atuação do marketing criado pelos publicitários da campanha e a imposição do nome da deputada Fátima Bezerra sem a prévia discussão do seu nome em âmbito local. É interessante refletir sobre cada uma delas.

Primeiro, não foi negativa a aliança desenvolvida pelos partidos coligados na “União por Natal”. Apoio foi importante. O problema foi a maneira como esses apoios foram canalizados, discutidos e utilizados no decorrer da campanha. As eleições das demais capitais mostraram que é preciso considerar o cenário local de um ambiente eleitoral. Federalizar uma eleição municipal, apesar de tentador pela simplicidade que apresenta, não resolve o problema. Será que apenas mostrar imagens televisivas dos caciques políticos, defendendo o voto a Fátima Bezerra resolveria a questão? As eleições mostraram, entre outras coisas, que tal medida não é suficiente. O apoio se processou como se Garibaldi e Vilma tivessem, “agora sim”, avalizando a campanha de Fátima Bezerra. Ocorre que Fátima construiu toda sua carreira política contra a necessidade desse aval das “forças políticas mais atrasadas do Estado”, como ela disse em outras campanhas. A estratégia desastrosa, ao invés de potencializar a candidatura da PTista, trouxe uma imagem de incoerência extremamente negativa.

Segundo, a eleição nos traz outras lições importantes. Em alguns momentos, é melhor investir em um candidato desconhecido do que descaracterizar uma imagem de uma política já consolidada. Daí a necessidade de renovação. Fátima Bezerra foi totalmente descaracterizada. Ela foi uma personalidade política que nunca se serviu do discurso de devoção à família ou da sua eficiência para conseguir recursos para Natal enquanto deputada. A imagem da candidata do PT nessas eleições parecia ter sido construída pela escritora inglesa de Frankestein – Mary Shelley.
Terceiro, a estratégia de Marketing desenvolvida pelo PT se apresentou como uma das campanhas publicitárias mais ridículas dos últimos tempos. Acredito que há questões sobre esse tema que só quem pode responder é o “brilhante” publicitário que promoveu a estratégia. Até hoje não entendo por “Agora Sim”? Fátima antes era uma despreparada que foi jogada na disputa eleitoral? Porque não explorar mais a aproximação da candidata do partido verde com os democratas, em especial, com o Senador Jose Agripino. Sua rejeição em Natal é alta. Não adianta tentar entender. Incompetência é incompetência! Ponto!

Quarto, a maneira “pouco” democrática, para não dizer totalitária, como Fátima impôs seu nome ao PT, sem dúvida enfraqueceu a militância e atentou contra uma das questões fundamentais do partido, que é sua democracia interna. Seria interessante que ela deixasse, pelo menos um pouquinho, de pressionar o PT em âmbito local, para assim permitir que novos quadros emirjam dos escombros que sobraram da sua derrota eleitoral.

Enfim, acredito que as explicações são válidas. O problema é que elas são fragmentadas. E são mobilizadas isoladamente por determinados grupos do partido para fazer valer as suas intenções. Todas contribuem para compreender a derrota e o enfraquecimento do PT na esfera estadual. Não dá para fazer política com amadorismo, produzindo, como dizia minha avó, a “papagaiada” que os publicitários e politiqueiras da campanha fizeram. É preciso saber tirar aquilo que os apoios podem proporcionar. Além disso, Fátima precisa deixar o partido “respirar” e renovar seus quadros. Novos nomes com carisma e com ética responsável devem surgir. Caso contrário, ele será engolido e a estrela vermelha irá deixar de brilhar por essas bandas.


Agradeço sinceramente ao anônimo pela mensagem enviada. Aproveito para parabenizá-lo pela boa qualidade da argumentação desenvolvida.

Um comentário:

Anônimo disse...

Edmilson sobre o texto que o anônimo publicou gostaria de questionar duas coisas,quem é esse novo que ele se refere?Será alguns vereadores carimbados do partido que tiveram votação pífia.
Outra questão,sou a favor de novas lideranças,isso traz oxigenação para o partido,mas vejo isso como uma formar de somar com as lideranças já existente,nunca como exclusão,e pra encerrar vamos tratar de trabalhar para renovar os nomes de Fátima e Mineiro,senão em 2010 ficaremos sem representantes no parlamento,fora esses dois não vejo nenhum outro nome viável com capacidade de eleger-se.