quinta-feira, 6 de novembro de 2008

A NSE e o vinho

Mondovino, o filme-documentário produzido por Jonathan Nossiter, é uma boa aula de sociologia econômica. Com um certo verniz bourdieusiano, vá lá. Trata-se de uma abordagem leve sobre a construção social do gosto (do vinho) e de como o seu consumo é encaixado em processos de distinção social. Há também quem o "leia" como uma investigação sobre o processo de globalização. É assim, inclusive, que a obra é apresentada na Wikipedia. Acho essa última abordagem meio convencional.

Bom. Mas o que eu queria mesmo era te chamar a atenção para alguns dos campos de aplicação das ferramentas analíticas da Nova Sociologia Econômica (NSE), como aquele do mercado do vinho. Aproveito, então, para colocar a sua disposição um texto de autoria de Mauro Roese e Laura de Oliveira Neis intitulado "A construção Social do Vale dos Vinhedos: tradição e inovação na indústria vinícola de Bento Gonçaves -RS". Mauro é professor do Departamento de Sociologia da UFRGS e foi meu colega de estudos em Porto Alegre na agora tão longíqua década de 80. O texto foi apresentado no Encontro Anual da ANPOCS de 2007, no GT de Sociologia Econômica. Acesse-o aqui.

Um comentário:

carla disse...

Edmilson, me interessei pelo teu texto, conheço o filme, então fui ler o texto do teu amigo.
Como ele pode dizer isso:

"A produção de vinhos de alta qualidade e aptos a competir nesse mercado seleto pode portanto ser “criada”, ser fomentada por investimento em ciência e tecnologia aplicadas a esse fim, em suma pode ser um alvo relevante para políticas públicas de inovação.
A globalização em si tem muito a ver com esse processo. Logicamente que ninguém importa vinho “ruim”. O vinho de baixa qualidade se produz e se
consome regionalmente. O mercado para o vinho de baixa qualidade não é afetado pela globalização, mas pela mudança dos hábitos de consumo. Por
outro lado, quem produz vinho de boa qualidade é profundamente afetado pela globalização do mercado vinícola, pois se vê obrigado a competir em preço e qualidade com os bons vinhos que são importados.


Mas é exatamente o contrários.
Hoje é dificil os vinhos bons sobreviverem, pois todo o mercado de exportaçao, a maioria, são de vinhos ruins.
se ele acha que os vinhos franceses que estão em nossas lojas, sao melhores do que estão numa cave francesa, não entendeu nada.
A maioria dos vinhos ditos "globalizados" são vinhos feitos cheios de SO2, quimica, barricas novas, tudo menos uva de qualidade.
90% dos proseccos que os brasileiros tomam em vernissages, festas e comemoraçoes, são marcas praticamente desconhecidas na italia. Pois eles tomam os bons, que ficam lá!
sao proseccos de mega empresas, feitos para serem exportados em massa para o mundo.
sabe o que?
a quantidade de quimica garante a dor de cabeça no dia seguinte.
e nos estamos bebendo estes vinhos.
desculpa o desabafo, mas a partir dai, a teoria dele é o opsto do que penso.
quantos pequenos produtores que existem na europa, que fazer otimos vinhos, tradicionais a otimos preços.
ja por 4, 5 euros se compra uma garrafa descente.
com 10, 15 de compra uma otima!
pena que sao pouco destes vinhos que chegam aqui.
la se bebe por muito menos, muito melhor do que aqui!
bem, é isso.
seria bom ele assistir mondovino, não acha?
um abraço