segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Paixão e política

Percepção crítica da realidade é como carga horária de departamento em universidade pública: todos acham que já têm mais do o suficiente. Mas, quando nos aproximamos, todos têm um pequeno déficit. Assim, o viés passional domina.

Em um ambiente político dominado pelo não-reconhecimento do outro, como é o brasileiro, a disputa é sempre carregada de uma lógica de soma zero: um leva tudo, o outro nada.

O comum, então, é que quem escreve, especialmente no dia a dia, tem que lidar com as percepções passionais dos seus cada vez mais raros leitores. Comigo sói ocorrer isso, constantemente.

Na minha coluna da TERRA MAGAZINE da sexta passada, reproduzida em alguns blogs por aí afora, cobrei uma análise mais distanciada da chamada Era Lula. Apontei, ali, a necessidade de uma sociologia crítica do período. E questionei, para desconforto dos anti-lulistas, as explicações chinfrins sobre a popularidade do ex-presidente. Para quê? Meu endereço eletrônico ficou atulhado de mensagens passionais. Gente, sincera, mas dominada pela emoção passou a me tomar como uma espécie de representante oficial do Lula. Imagina! Euzinho, representante do Lula...

Vamos devagar! Se você acompanha este blog, sabe que eu tenho sido crítico, algumas vezes até de forma dura, em relação ao PT. Mas, penso eu, o Governo Lula é maior do que o partido. E, goste-se ou não de um determinado fenômeno, você tem que fazer um exercício de objetivação e apreendê-lo tal como ele é.

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