Palestras, amplamente divulgadas e com custo altíssimo, para as quais comparecem dez pessoas. Eventos, como lançamentos de livros, restritos aos amigos do autor da obra. O esvaziamento das atividades, comentam alguns colegas, é crescente no Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes da UFRN. Há quem se aventure a longas digressões, com análises sofisticadas sobre a produção do conhecimento na pós-modernidade e firulas assemelhadas. Talvez, como dizem em Apodi, "o buraco seja mais embaixo". Quem sabe, não esteja na programação mesma das atividades e na ausência de sintonia com o que realmente as pessoas querem e fazem? Como assim? Ora, ainda temos atividades com grande comparecimento de público. Quais as suas características? No geral, são patrocinadas por grupos ou bases de pesquisas ancoradas em densas redes de relacionamentos. Ou, o que também deve se levar em conta, por professores que, carismáticos, contam com o apoio e a adesão dos seus alunos e colegas. No geral, atividades pretensamente grandiosas, cercadas de pompas ("abertura de semana disso ou aquilo", "conferência tal"...), estão condenadas ao ostracismo.
Deve-se levar em conta também o fato de que, com a entronização da lógica de avaliação de agências como CAPES e CNPq, o tempo nas universidades passa a ser regida pela instrumentabilidade. Ora, se são tantas as atividades ocorrendo ao mesmo tempo, as pessoas procurarão ir às atividades relacionadas com o que elas fazem. Vai ficando, portanto, distante aquele tempo em que um grande literato ou um historiador famoso proferiam palestras para alunos e professores de todo um centro. Hoje, apenas os pensadores mais inseridos (e incensados) nos mass media - um Maffesoli ou um Morin - atraem grandes públicos.
Talvez seja o momento de, como diria minha prima, "levantarmos alguns questionamentos" (minha prima gosta de levantamentos...). Penso em algumas perguntinhas simples. Palestras-comícios são realmente produtivas? Que efeitos produzem, além da auto-satisfação dos promotores? Uma "oficina de trabalho", na qual um pequeno grupo trabalho concentrado, não tem menor custo e mais ganhos?
Há ainda que se levar em conta o fato de que as diversas instâncias da instituição parecem que só se asseguram de sua existência se nos convocarem para uma reunião. Ocupe um cargo qualquer, coordenador de curso, por exemplo, e aí você vai ser convocado para trezentas reuniões. Cada pró-reitoria te quer em uma delas, cada colegiado também. Aí, pragmaticamente, você vai escolhendo àquelas que irá, do contrário não terá tempo nem para se coçar...
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Um comentário:
Concordo plenamente. Como diria minha prima do Catete: de cabo a rabo.
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