sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Sobre o mega-corte da Dilma

A tesoura da Dilma está enterrando os soluços desenvolvimentistas dos últimos anos? Sei lá, mas que a mídia nativa está em festa, está. Hoje, na CBN, a Lúcia Hipólito era só elogios para a presidenta. E pau no Lula: "um cultor da ignorância".

Bom, vamos continuar tocando no assunto aqui, ok? Por enquanto, abaixo, reproduzo comentário do Anderson sobre a questão.


Prof.,

Em primeiro lugar, veja como sou assíduo, rs.

Mas, veja bem, é preciso separar o ajuste fiscal de FHC, que era horizontal, afetando o custeio e os programas sociais; e o ajuste de Dilma, que não afeta investimento e nem programa social.

Agora, qual foi a razão para Dilminha cortar 2% do orçamento?

A resposta está no desequilíbrio monetário criado pelo plano de recuperação do Obama e pela política cambial chinesa.

Como assim? Esses 50bi, em tese, se a tesoura for desse tamanho, servem para recolher os dólares que entram aqui, evitando uma desvalorização do nosso real.

Veja bem: existe um aumento dos juros praticado pela autoridade monetária para manter a economia em voo de cruzeiro. Essa medida atrai dólares, que precisam sair de circulação... precisam ser comprados e engordarem as reservas, majoritariamente aplicadas no tesouro americano. Paga-se juros daqui e recebe-se juros de lá...

Só que a grana pra retirar os dólares tem de sair de algum lugar. Tem vindo de déficit. Isso tem causado uma fragilidade na nossa economia. É uma coisa que pode nos derrubar, e não é para depois de amanhã... é crise no horizonte, se a recuperação das economias centrais não começar e enxugar os dólares.

Não acontece isso só no Brasil, não! Acontece em outros emergentes. A situação pode ficar insustentável e começar um segundo ciclo de crise mundial, mas agora nos emergentes.

Agora, com déficit nominal zero, o nosso país vai consolidar o ciclo de desenvolvimento.

É muito diferente de FHC: ajuste fiscal e privatização que nunca foram acompanhados de superávit nas contas públicas. FHC vendeu tudo e a dívida saltou de 30 p/ 60% do PIB.

Nós não vamos acabar com o déficit com esses 50bi. Mas a projeção é segurar o custeio e crescer economicamente.

O que nos trará de bom o superávit? Juros reais compatíveis com a média mundial, de 2%, em 2014.

O corte de 50bi já era conhecido antes desse anúncio. Não é novidade. Gostei da presidenta, espero muito uma reforma administrativa, que não vai agradar aos setores da sociedade civil que são os mais organizados.

Em breve, Dilminha anuncia redução de encargos trabalhistas para desonerar a contratação formal. Quem não tem oportunidade de ter emprego como carteira assinada (eu só tive 1 mês em toda a minha vida, estou incluído), poderá ter. Poderá financiar uma casa própria (que sonho distante... já pensou?)... mas essa redução sem prejuízo ao trabalhador só é possível com essa tesourada no começo.

Nem precisa chegar ao fim de ano com esse corte, em geral há um afrouxamento qdo a economia responde bem.

Abs.

Anderson

2 comentários:

Anônimo disse...

Eu não entendo de economês, mas que estão usando as atitudes da Dilma para tentar descontruir o Lula, ah, isso estão.
E não é a primeira vez. A estratégia já foi utilizada quando Dilma freou alguns projetos em andamento, como foi o caso do projeto do pndh e as declarações dela com relação a política externa.
Não estou entrando no mérito das questões. Estou enfatizando o que o Prof Edmilson quis ressaltar e tentando ampliar, dizendo que essa tentativa de desconstruir o governo Lula, a partir da comparação com a Dilma, desde o final da gestão do barbudo.
Estão tentando recontar a história.

abs.

Daniel

Anônimo disse...

Apareço aqui, de novo, antes que eu me passe como um "de direita". Tanto nome feio e, já pensaram, ser chamado "de direita"?

Como eleitor do Lula e da Dilma, acho que sou de esquerda, mas penso que o gasto de custeio não é do interesse de toda a população. Como deixei exposto no meu comentário anterior, quero um governo que permita a todos os trabalhadores uma carteira assinada.

Concordo com o Daniel. Querem opor Lula a Dilma, e me parece que ela ri disso. A história será construída sem o nosso aval, e nem o aval de ninguém.

O resumo é esse: o ajuste de Dilma é diferente.

Se a economia responder bem, e parece que os emergentes estão cuidando dessa crise cambial, ela pode afrouxar.

Finalmente, Dilma não vetou a expansão da universidade e do ensino técnico. As contratações necessárias estão autorizadas.

Abs.
Anderson