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domingo, 27 de dezembro de 2009

A bolada que Padre Fábio recebeu nem é o mais grave...

O cantor Pare Fábio de Melo recebeu, da Prefeitura da cidade do Natal, nada menos que R$ 221.000,00 para um show realizado no dia 25, sexta-feira passada.

O fato passou a merecer críticas da imprensa norte-riograndense. Não é para menos, afinal o valor pago ao padre cantor é, no mínimo, quatro vezes maior do aquele pago a nomes consagrados da música brasileira, como Bibi Ferreira e Zé Ramalho.

Ontem, no RN TV, telejornal noturno da TV Cabugi (Rede Globo), um secretário municipal tentava justificar o injustificável. Em certa altura, comentou que vinte e cinco mil pessoas que estavam participando de uma missa assistiram ao show. Nesse momento, demo-nos conta de que a atividade musical estava incluída no conjunto de atividades de comemoração dos 100 anos da Arquidiocese de Natal. E que o problema é mais grave do que drenar rios de dinheiro público para a conta de um padre cantor...

Muito mais grave do que a quantia paga é o fato de uma prefeitura municipal pegar o meu, o seu, o nosso suado dinheirinho para financiar atividades de uma determinada religião. Mesmo quando essa religião tem, supostamente, a adesão da maioria dos municípes.

O atentado cometido pela gestão da Prefeita Micarla de Sousa foi não apenas contra o erário público, mas, o que é mais grave e prejudicial, contra o princípio republicano de separação entre Igreja e Estado.

Sobre essa questão, em artigo publicado hoje no jornal Folha de São Paulo, Dom Dimas Lira Barbosa, Secretário Geral da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), escreveu:

"A separação entre igreja e Estado, conquistada, no Brasil, com a proclamação da República, significou, para ambos, um ganho enorme em termos de autonomia e liberdade de ação. Nada, hoje, justificaria um retrocesso nesse campo."

Pois, em Natal, Igreja e Estado estão em conúbio e quem paga a conta do matrimônio é o distinto público,

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

DEBATE

Hoje tem debate, na INTERTV CABUGI, com os candidatos a prefeitura de Natal. Acompanhe aqui os nossos comentários sobre o desenrolar do confronto

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

A eleição começa a esquentar em Natal

Enfim! A disputa pela prefeitura da cidade do Natal, finalmente, começou a esquentar. E quem faz a festa são os advogados. Com as eleições cada vez mais tuteladas pelo judiciário, os advogados são alçados à condição de atores principais. É mandado judicial para todos os lados. E juízes desperdiçam o seu precioso tempo decidindo se alguém pode dizer que a outra é "dona de televisão" e se fulana "trouxe verbas para Natal". Quanta besteira!

Tratam o eleitor como um demente. Como se ele precisasse, a todo momento, ser protegido para "fazer sua escolha". Ora, o eleitor é um ator reflexivo e faz suas escolhas levando em conta muitos fatores, e não só aqueles que os "bem pensantes" gostariam que ele tomasse como referências.

Pessoalmente, acho que liberdade de expressão politiza mais e produz melhores escolhas. A tutela e o paternalismo tornam as eleições cansativas e modorretas.

Mas, como ia dizendo, a eleição esquentou. As principais candidatas começaram a descer dos tamancos. Isso e bom! Precisamos de mais política e menos marketing. Agora é torcer para que os "operadores do direito" não queiram tomar o centro do palco.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Micarla virou petista? Ou a mágica do marketing.

A campanha de Micarla à prefeitura de Natal realiza algumas mágicas. A mais interessante delas é fazer a candidata "verde" se passar como alguém da base do presidente Lula, sendo patrocinada pelo líder do DEM no senado, o modesto Senador José Agripino. Mas não é só. No CTLC e CTLV, clona a vinheta de entrada da última campanha do Lula.

E, dado que a campanha de Fátima está empenhada em desconstruir Fátima, tentando viabilizá-la como uma caricatura de Vilma Maia ("Sim, Fátima Trabalha"), a campanha de Micarla pode se dar ao luxo de ser agressiva com a candidata petista. E, sejamos sinceros, tem feito isso com competência e utilizando os recursos corretos. A campanha de Micarla tem assestado suas baterias contra a Fátima Vilmizada. E faz isso, especialmente, utilizando o rádio.

A campanha de Fátima, enrolada em fabricar um "produto" que se conjugue e dê substância à Vilma Maia, está se mostrando de uma incompotência sem par em reagir ao ataque "verde". Assim, Micarla parece uma petista. E Fátima, conduzida pelo seu marketing a um dilema hammletiano - ser ou ser (Fátima)? - não é mais ela mesma. Por enquanto, Fátima escolheu ser uma Vilma. Talvez precisa voltar a ser petista para poder pensar em ir para o segundo turno.

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

A disputa pela prefeitura de Natal está no ritmo da dança do quadrado

Estou em casa, recuperando-me de uma cirurgia, então, sou obrigado a ouvir uma música, tocada com insistência na vizinhança. É um barulho infame, com uma letra que repete à exaustão: “ado, ado, ado, cada um no seu quadrado...”. Parece que a “proposta” estética da “coisa” é a de uma evolução corporal, um rebolado, vá lá!, em que o dançarino se movimenta apenas em um espaço previamente demarcado (o “seu quadrado”). Pois bem, a eleição para a prefeitura de Natal neste ano está seguindo as regras desse novo ritmo. O resultado é uma coreografia previsível, sem tesão, nem emoção. Até o humor saiu de cena. Talvez, quem sabe, todos estejam de acordo com o Dr. Joanilson e tenham incorporado a sua consigna de que “eleição é coisa séria”. Vejamos, então, o quadro, ou melhor, o quadrado de cada um até o presente momento.

O quadrado de Micarla

Primeiro lugar nas pesquisas eleitorais, Micarla não tem porque sair do seu quadrado. Como era de se esperar, ela tem um bom desempenho na TV. As suas peças publicitárias copiam os truques da última campanha de Lula, e, segundo os experts, também o material publicitário de Barak Obama. Vai no CTRL C+ CTRL+V, mas vai bem. E lança uma densa cortina de fumaça, tão densa que faz todos esquecerem que a sua candidatura é ancorada em forças políticas muito distantes do modelito moderno e verde com que se apresenta.

Assim, bem situada no seu quadrado, pode se dar ao luxo de ser (ou se passar por) propositiva em relação a duas temáticas fundamentais: segurança pública e saneamento básico. Como no Brasil não é de bom tom se fazer aquele tipo de pergunta, tipicamente norte-americano, a respeito de quem vai pagar o almoço (alguns dizem que é coisa de seguidores de Milton Friedman e dos neoliberais fazer tal tipo de questão), pode prometer coisas mirabolantes sem explicar de onde virão os recursos. E dá-lhe promessas!

Com os adversários cometendo tantos erros, como veremos mais abaixo, Micarla só pode temer mesmo as trapalhadas de integrantes de sua inacreditável trupe. Tem que torcer para que o tempo passe rápido e ninguém preste muito atenção no Senador José Agripino, o verdadeiro patrono de sua candidatura. E parece não ser fácil segurar o senador. Ele tem se insinuado no horário eleitoral e, com a sua reconhecida modéstia, tem nos lembrado de sua passagem pela administração da capital potiguar no final dos anos setenta. Convenientemente, esquece de mencionar que foi prefeito biônico, em um tempo em que a legislação da ditadura fazia das Câmaras Municipais legislativos mais figurativos do que reais. Bom, mas o fato é que o Senador, algumas vezes, enfia os pés pelas mãos e dá uma ajudinha involuntária ao PT. Lembremo-nos da sua atuação desastrosa como inquiridor da Ministra Dilma. Se ele continuar a querer aparecer mais do que a candidata pode fazer algum estrago.

O certo é que Micarla, tal qual a Lady Kate do “Zorra Total”, também busca o glamour (no seu caso, a prefeitura) amparada por um senador. E, por falar em José Agripino, a incompetência da campanha petista em explorar negativamente essa companhia da candidata verde está a merecer algum estudo psicanalítico. Sem o questionamento da campanha petista, Micarla pode se dar ao desfrute de confundir as coisas, como fez no horário eleitoral desta semana, chamando a atenção para a sua vinculação com Lula, afirmando que o seu partido faz parte da base aliada. Tivesse um cadinho mais de competência, o marketing petista questionaria: como pode Micarla estar ao lado de Lula se a sua candidatura é patrocinada pelo maior adversário do presidente?


Fátima no seu quadrado

Fátima tenta se vender como a candidata do Presidente Lula. É o que tem à mão. Em outro contexto, o da eleição para governador de 2006, por exemplo, seria um trunfo decisivo, mas, nesta eleição em Natal (ressalve-se o “em Natal”), esse é um dado que tende a não pesar tão significamente. A popularidade de Lula não rende votos? Rende, mas esse é um “rendimento” mediado pelas variáveis locais. Em outras palavras, o apoio de Lula pesa, mas não é decisivo. O candidato ou candidata apoiado por ele tem que saber (ou poder) sair do seu “quadrado” para faturar a proximidade com o grande cabo eleitoral. É o caso de Marta Suplicy, candidata à prefeitura paulistana pelo PT, que cresce colada à imagem do presidente. Mas, e é aí que está o nó da questão, sendo ela mesma, sendo Marta. Não é, como aponto mais abaixo, o caso de Fátima.

Na sua dança, Fátima também tenta se mostrar como a candidata da Governadora Wilma de Faria, do Senador Garibaldi Filho e do Prefeito Carlo Eduardo. Mas esses apoios não estão se traduzindo em crescimento significativo nas intenções de votos na candidata petista. Isso quer dizer que os apoios da Governadora, do Presidente do Senado e do Prefeito não são importantes? Pelo contrário, eles o são, mas, tal qual o apoio de Lula, tais apoios também têm que ser mediados pela vida política local. Em Recife e em Belo Horizonte, só para citar dois casos nestas eleições, verdadeiros “postes” estão sendo alçados aos primeiros lugares das disputas locais. O “poste” de Recife, João Costa (PT), é bancado pelo prefeito João Paulo (PT), que, está a concluir um governo de oito anos com forte reconhecimento e aceitação. Já em Belo Horizonte, o que vitaminou o “poste”, Márcio Lacerda, do PSB, foi a aliança, muito torpedeada pelo petismo paulista, entre o Governador Aécio Neves (PSDB) e o Prefeito Fernando Pimentel (PT). E, então, por que Fátima não se beneficia dos seus apoios? Ora, a minha hipótese é a de que é mais fácil dar vida a um poste do que mudar um perfil identitário fortemente arraigado. E é exatamente esse o caso de Fátima.

No que interessa em uma eleição, isto é, a imagem percebida pela população, Fátima cristalizou, com as três disputas anteriores, um “lugar” político e social: era a política de origem popular que enfrentava todos os “outros”. Não importa a veracidade ou não dessa imagem, mas, sim, a sua força mobilizadora. Ora, é exatamente tal imagem que está sendo desconstruída com a coligação “união por Natal”. Cada vez que Wilma, Carlos Eduardo ou Garibaldi aparecem na TV, com ares compungidos, pronunciando discursos autorizativos sobre Fátima (“nela, eu confio”, “agora, ela está madura”, “Fátima está preparada”, etc.), aquela imagem, que dava vida à personagem perde os seus referentes. E toda uma biografia desmancha-se no ar. Em seu lugar, o que propõem os experts e marqueteiros da campanha petista? A imagem de uma Fátima que traz recursos para a cidade, que é “competente”. Essa, entretanto, não é uma imagem ancorada em coisa mais substantiva do que a tradicional intermediação parlamentar de recursos da União. É pouco, muito pouco.

Por outro lado, e muito ao contrário de um dos mitos que move o PT, as eleições municipais brasileiras apenas em alguns momentos excepcionais (1988, por exemplo) são “federalizadas”. Ora, o eleitor já “sabe” que Fátima é a candidata de Lula. E isso muda muito pouco dado que o que ele, eleitor, precisava era de uma imagem, uma identidade definida, e é exatamente isso que Fátima não conseguiu passar até agora. A sua campanha na TV tem sido um strip-tease político degradante. Os vocábulos dominantes nas suas peças publicitárias - “continuidade”, “competência” e “maturidade” – destroem quaisquer veleidades políticas críticas e progressistas. E pior ainda: desarmam o PT para as disputas políticas futuras, especialmente no período pós-Lula (e pós-governo) que se avizinha.

Pode ser que a situação mude. As tais “máquinas” podem entrar em cena e arrastar a disputa para um imprevisível segundo turno. Não é a hipótese mais provável, penso eu. E por quê? Porque a imagem de Fátima que existia, alimentada em certo sectarismo, reconheçamos, teve que ser desconstruída para dar lugar a uma outra (a da “obreira” e “garantidora de recursos”) que não cola com a história do personagem.

Mas há algo mais encerrando Fátima em seu quadrado. É a história da administração municipal de Natal. Há quase duas décadas, Natal é uma cidade governada por mão única. Com a exceção de um pequeno interregno, durante uma parcela de tempo da gestão de Aldo Tinoco, o wilmismo tem dado as cartas por aqui. E isso cansa, mesmo quando as administrações são boas. Foi o caso do PT em Porto Alegre, em 2004. O que isso significa? Que Fátima comprou uma empresa, a “União por Natal”, com uma fachada vistosa e ações futuras que se anunciavam sedutoras, mas, ao abrir o livro de contas, descobriu um imenso passivo. Daí que vai Fátima vai ficando no seu quadrado...

Miguel Mossoró não dança, mas fica no seu quadrado

Miguel Mossoró, em 2004, foi um fenômeno. O candidato-cacareco que encantou a criançada e foi adotado irreverentemente por uma parcela da juventude natalense, especialmente da zona sul da cidade. Agora, ele tenta repetir o feito. Mas é uma farsa. Perdeu originalidade. E, sem esta, toda a sua graça anterior. Engolido pelo marketing, o personagem divide o seu quadrado com um ator metido a engraçadinho. Empurraram-no um script que não cola com o personagem. Assim, Miguel Mossoró fica no seu quadrado, faz porocotó, mas não dança e o seu espaço só tende a diminuir. Como o horário eleitoral é tudo, menos gratuito, já que é bancado com o seu, o meu, o nosso suado dinheirinho, então, o humor de Miguel Mossoró está ficando caro. Se em 2004, a sua ascensão significou uma crítica da juventude ao esgotamento do sistema político, em 2008, é apenas uma caricatura de si mesmo. A cidade não perderá grande coisa com o ocaso dessa figura.

Vober não tem um quadrado

A performance mais intrigante desta eleição em Natal é, sem dúvidas, a de Vober Jr. De um político com a experiência e trajetória de Vober, esperávamos muito mais. Vereador, deputado e secretário de governo, Vober foi tudo isso e mais um pouco. Foi também militante do movimento estudantil e membro dessa escola de política que foi o PCB. Por tudo isso, a nossa expectativa era a de que ele, no mínimo, se mostrasse um candidato com um quadrado definido para se movimentar.

Sandro Pimentel, se conseguir um quadrado, vira bailarino

Sandro Pimentel alia a condição de metralhadora giratória dos candidatos ditos “nanicos” com uma ousada investida em um campo pouco explorado pela ultra-esquerda: o posicionamento, com alguma desenvoltura, sobre temas como segurança, saneamento, transporte coletivo e saúde. No debate da TV Universitária, por exemplo, conseguiu se mostrar e marcar um espaço próprio. Foi o melhor dentre os candidatos “pequenos”. Só escorrega na maionese quando começa a falar de um certo “governo do sol”. Sandro é sagaz, tem tino, e, se conseguir demarcar um quadrado, com certeza, vira bailarino. Em outras palavras, alcançar uma votação típica do PT nos anos oitenta: 5%.

Dr. Joanilson se diverte no seu quadrado

Para Dr. Joanilson, eu desconfio, tudo não passa de uma grande brincadeira. Eu o vejo na TV e fico com a impressão de que ele está apenas se divertindo. Um advogado de sucesso que, após uma longa carreira, decidiu espairecer um pouco. Dança direitinho no seu quadrado... Não se pode esperar muito mais de um democrata-cristão.

Dário Barbosa

E trotskista dança?

Pedro Quithé

Quem?

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Fátima se sai melhor no segundo bloco

O segundo bloco mostra o quão esdrúxulo é o processo eleitoral eleitoral brasileiro. Por que todos os candidatos precisam participar de todos os debates? A presença de todos, penso eu, mais atrapalha do que ajuda o debate. Miguel Mossoró, nesse bloco, tentou reviver as boutades da última eleição para prefeito. A sua verve de humorista parece que está esgotada. Wolber foi melhor e falou com mais segurança. Micarla também evoluiu, falou de esgotamento sanitário, e, embora genérica, apontou críticas razoáveis à atual administração municipal. Sandro continuou bem. Dário não conseguiu demarcar um espaço próprio. Joanilson falou da cultura... do seridó. E Pedro Quithé? Não dá prá lembrar... Fátima falou com veemência, mostrou que é candidata de continuação e fez menção ao Governo Lula. Foi um movimento objetivo: procurou se vincular à Carlos Eduardo e à Lula. Foi competente! Foi a melhor candidata nesse segundo bloco.

Iniciado o debate com os candidatos à prefeitura de Natal

Iniciado há pouco, na TV Universitária, o debate com os candidatos à prefeitura de Natal. Trata-se de uma promoção do Centro Acadêmico Amaro Cavalcanti, entidade estudantil representativa dos estudantes de Direito da UFRN, e pioneira na promoção de debates públicos eleitorais no Rio Grande do Norte.

O importante é que o debate ocorre um dia antes do início do horário eleitoral. O momento, entretanto, não é o melhor, dado que as atenções ainda estão voltadas para os Jogos Olímpicos de Pequim. Por outro lado, embora em concorrência direta com o Jornal Nacional, da TV Globo, o horário do debate não poderia ser melhor. Acredito que não poucas pessoas, zapeando na TV, acompanharão, nem que seja por alguns minutos, esse primeiro confronto. Daí a sua importância. Daqui em diante, na medida do possível, tecerei alguns comentários sobre o desempenho dos(as) candidatos (as) e sobre a evolução do debate.

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Seminário de Fátima revela miopia da esquerda brasileira

Recebi um e-mail com convite para seminário da campanha da Deputada Fátima Bezerra (PT). No convite, informa-se que doze grupos temáticos discutirão temas que, acredito, constituirão os eixos articuladores da campanha da deputada à prefeitura da cidade do Natal. Estaria tudo bem se não tivesse constatado, não sem um certo desapontamento, que não haverá espaço para a discussão da segurança pública no referido evento. Desapontado, mas não surpreso. Talvez fosse realmente pedir demais que máquinas eleitorais, encimadas por projetos eleitorais e não políticos, abrissem espaço para discussões realmente substantivas. Por outro lado, essa é uma ausência reveladora. Expressa a incapacidade da esquerda brasileira em enfrentar, com algo mais do que figuras retóricas, uma questão central das grandes metrópoles nos dias atuais: a sensação generalizada de insegurança e de aumento da criminalidade da maioria da população. É como se, de forma um tanto dissimulada, permanecesse aquele velho e empobrecido jargão de que a segurança pública se resolverá quando se solucionar a questão social. Além de um convite para o imobilismo, trata-se de um caminho que distancia tal esquerda das questões que afligem cotidianamente a maioria dos cidadãos. Como conseqüência, ao seguir essa trilha, a esquerda deixa uma avenida aberta para que o discurso autoritário e demagógico, sedento de ações repressivas, cresça e conquiste corações e eleitores.